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Cineclube terá debates sobre filmes com temas relevantes da atualidade

Comunicação FAP

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e a Biblioteca Salomão Malina, mantida pela entidade, lançarão no dia 31 de julho um novo projeto cultural para discutir temas relevantes e de interesse público a partir de temas abordados em filmes. De acordo com a direção executiva da instituição, a ideia é realizar debates on-line toda última segunda-feira do mês, às 19h30, com participantes do Cineclube Vladimir Carvalho.

O lançamento do projeto ocorrerá com a discussão sobre o tema da escravidão contemporânea, a propósito do Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas, celebrado no dia 30 de julho. O público em geral pode participar dos debates do cineclube.

A primeira sugestão é o filme Os Sete Prisioneiros, de Alexandre Morato, com Rodrigo Santoro, produção de Fernando Meirelles (Ensaio sobre a Cegueira) e Ramon Bahrani (Tigre Branco). A abertura da discussão será feita pela crítica de cinema Lilia Lustosa.

Em busca de uma vida melhor, Mateus, um rapaz humilde de uma cidade pequena, e outros jovens aceitam trabalhar em um ferro velho em São Paulo. No entanto, todos logo percebem que foram enganados e caíram em uma rede de trabalho escravo. Olhando para esse cenário, Mateus decide se unir ao seu captor e se tornar seu braço direito, mesmo sofrendo com grandes conflitos morais.

Veja, abaixo, o trailer do filme:

https://www.youtube.com/watch?v=Mr2vNNe-qk8

As propostas de filmes do projeto são apresentadas, previamente, em um coletivo do Cineclube Vladimir Carvalho. As pessoas interessadas em participar do projeto devem entrar em contato com a Biblioteca Salomão Malina, por meio do WhatsApp oficial (61 984015561) e solicitar acesso ao grupo de discussão.

Biblioteca Salomão Malina

Inaugurada em 28 de fevereiro de 2008, a Biblioteca Salomão Malina se tornou um importante espaço de incentivo à produção do conhecimento em Brasília. Localizada no Conic, tradicional ponto de cultura urbana próximo à Rodoviária do Plano Piloto, a biblioteca foi reinaugurada em 8 de dezembro de 2017, após ser revitalizada. Isso garantiu ainda mais conforto aos frequentadores do local e reforçou o compromisso da biblioteca em servir como instrumento para análise e discussão das complexas questões da atualidade, aberta a todo cidadão.

Adolescente pesquisando um livro para leitura/ Arte: FAP
Visitante da Biblioteca Salomão Malina/ Arte: FAP
Os colaboradores Thalyta e Alexandre/ Arte: FAP
Espaço interno da Biblioteca Salomão Malina/ Arte: FAP
Leitora usufruindo do espaço da Biblioteca Salomão Malina/ Arte: FAP
Livros e jornais disponíveis na Biblioteca Salomão Malina/ Arte: FAP
Jovem lendo notícias do jornal diária na Biblioteca Salomão Malina/ Arte: FAP
Livro disponível para empréstimo/ Arte: FAP
Espaço reservado para leitura na Biblioteca Salomão Malina/ Arte: FAP
Auditório da Biblioteca Salomão Malina/ Arte: FAP
Adolescente pesquisando um livro para leitura
Visitante da Biblioteca Salomão Malina
Os colaboradores Thalyta e Alexandre
Espaço interno da Biblioteca Salomão Malina
Leitora usufruindo do espaço da Biblioteca Salomão Malina
Livros e jornais disponíveis na Biblioteca Salomão Malina
Jovem lendo notícias do jornal diária na Biblioteca Salomão Malina
Livro disponível para empréstimo
Espaço reservado para leitura na Biblioteca Salomão Malina
Auditório da Biblioteca Salomão Malina
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Adolescente pesquisando um livro para leitura
Visitante da Biblioteca Salomão Malina
Os colaboradores Thalyta e Alexandre
Espaço interno da Biblioteca Salomão Malina
Leitora usufruindo do espaço da Biblioteca Salomão Malina
Livros e jornais disponíveis na Biblioteca Salomão Malina
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Espaço reservado para leitura na Biblioteca Salomão Malina
Auditório da Biblioteca Salomão Malina
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O espaço integra a Fundação Astrojildo Pereira (FAP), mantida pelo Cidadania, e conta com quase 5 mil títulos para empréstimos, que são constantemente atualizados por meio de doações e pela aquisição de obras de pensadores contemporâneos. O acervo é especializado em Ciências Sociais e Humanas, contando também com livros da literatura que fazem menção à crítica social e dos costumes, na transição do Brasil rural para o urbano.


Argentina, 1985 conquistou o Globo de Ouro de Melhor filme estrangeiro, seguindo ainda no páreo para o Oscar em março próximo | Foto: Reprodução/Best Movie Cast

Revista online | Cinema e democracia

Lilia Lustosa*, crítica de cinema, especial para a revista Política Democrática online (51ª edição: janeiro de 2023)

A onda de filmes sobre a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais que assola os streamings ultimamente é um fator a ser considerado. O historiador francês Marc Ferro já dizia que o cinema, por ser um testemunho singular de seu tempo, traz à tona elementos que viabilizam uma análise da sociedade em que está inserido, independentemente da vontade do diretor, do roteirista ou do produtor. Para Ferro, o documento fílmico “traz sem querer uma informação que vai contra as intenções daquele que filma, ou da firma que mandou filmar”. Ou seja, mesmo que não seja a intenção, determinados aspectos da sociedade vão emergir, aparecendo na tela em forma de “lapsos”.

Como se observa diariamente nos jornais e nas redes sociais, o mundo anda bem complicado ultimamente, e a América Latina não é exceção, parecendo até ter sido selecionada como um dos cenários preferidos para extremistas e fanáticos que colocam cotidianamente a democracia em xeque.

No nosso Brasil, os acontecimentos de 8 de janeiro, em Brasília, são um exemplo triste  de que a ameaça é bem mais real do que se imaginava. Vidraças quebradas, obras de arte perfuradas e parte do nosso patrimônio dilapidado por vândalos alucinados não são obra de nenhuma ficção concorrendo ao Oscar deste ano. Infelizmente. São, na verdade, o retrato da mais pura (e feia) realidade.

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Dentro desse contexto, há vários filmes que refletem as angústias dos nossos tempos e que podem ajudar a entender que o caminho que estamos percorrendo precisa ser combatido já. 

Nada de Novo no Front (2022), longa alemão que concorre ao Oscar de Melhor filme internacional neste ano, é um bom exemplo. O filme, que é baseado no livro homônimo de Erich Maria Remarque, de 1929, além de contar a história pelo lado do perdedor – coisa rara nos livros de História – não se furta a fazer uma mea culpa sobre as ações da Alemanha na 1ª Guerra, deixando bem claro, porém, que em uma guerra ninguém sai vencedor.

Argentina, 1985 (2022), de Santiago Mitre, que concorre ao Oscar na mesma categoria,  surge, por sua vez, como uma espécie de luz no fim do túnel. Um banho de esperança, disfarçado de filme. Aliás, uma senhora aula de cinema político, tocando em pontos cruciais e doloridos da História, sem ter nem que recorrer à troca de nomes reais por fictícios. Filme sem medo!

Estrelado por Ricardo Darín no papel do promotor Júlio César Strassera, chefe do Ministério Público argentino, o longa reproduz com maestria um momento bastante tenso na história do país, logo após o fim da ditadura militar. Período em que o então presidente Raúl Alfonsín assinara um decreto que previa o julgamento dos militares implicados em crimes durante a ditadura, baseado no informe Nunca Más, documento escrito pela Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep), que registrou a existência de mais de 340 centros clandestinos e mais de 9 mil desaparecidos no país.

O foco é então o Julgamento das Juntas Militares, ineditamente composto por um júri de civis. Para auxiliar Strassera nessa missão quase impossível, estava o jovem Luis Moreno O’Campo (Peter Lanzani), de família tradicional argentina, um dos poucos a ter coragem de se juntar ao promotor para enfrentar o rojão que viria pela frente. Com eles, havia ainda um grupo de jovens neófitos destemidos, dispostos a trabalhar noite e dia para fazer justiça.

Confira, a seguir, galeria:

Primeira guerra mundial | Foto: reprodução/UOL
Segundo guerra mundial | Foto: Brasil Escola
Filme Nada de Novo no Front | Foto: reprodução/O Globo
Filme Argentina, 1985 | Foto: reprodução/Outras Palavras
Brasil em defesa da democracia |Foto: Joa Souza/Shutterstock
Ticket cinema | Foto: ktsdesign/Shutterstock
Primeira guerra mundial | Foto: reprodução/UOL
Segundo guerra mundial | Foto: Brasil Escola
Filme Nada de Novo no Front | Foto: reprodução/O Globo
Filme Argentina, 1985 | Foto: reprodução/Outras Palavras
Brasil em defesa da democracia |Foto: Joa Souza/Shutterstock
Ticket cinema | Foto: ktsdesign/Shutterstock
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Primeira guerra mundial | Foto: reprodução/UOL
Segundo guerra mundial | Foto: Brasil Escola
Filme Nada de Novo no Front | Foto: reprodução/O Globo
Filme Argentina, 1985 | Foto: reprodução/Outras Palavras
Brasil em defesa da democracia |Foto: Joa Souza/Shutterstock
Ticket cinema | Foto: ktsdesign/Shutterstock
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Como é praxe no cinema argentino, Argentina, 1985 propõe uma reflexão sobre a história do país, espécie de autoanálise que surpreende por não se contentar em ficar na categoria de filmes de tribunal, centrado em cenas de julgamento e em eloquentes discursos enfeitados. O que Mitre constrói aqui é algo bem mais complexo. Uma obra que mistura História, suspense e até humor, sem nunca se deixar cair na armadilha do dramalhão regado a lágrimas e sofrimentos. Por meio de uma reconstituição histórica de alto nível e de uma recriação sublime dos anos 1980 –  com belo design de produção e de figurino –, o diretor apresenta o passo a passo do julgamento de 1985, sem desconsiderar aspectos individuais e sentimentos dos personagens envolvidos.

Argentina, 1985 já levou alguns prêmios nesta temporada, entre eles o disputado Globo de Ouro de Melhor filme estrangeiro, seguindo ainda no páreo para o Oscar em março próximo. Um sinal de que, apesar do temor de que algo parecido com uma 3ª Guerra Mundial aconteça, os “lapsos” dos nossos tempos ainda indicam que a democracia é o melhor caminho.

Sobre a autora

* Lilia Lustosa é crítica de cinema, formada em publicidade, especialista em marketing, mestre e doutora em História e Estética do Cinema pela Universidade de Lausanne, França.

** Artigo produzido para publicação na Revista Política Democrática Online de janeiro/2023 (51ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na Revista Política Democrática Online são de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, as opiniões da Revista.

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Jean-Luc Godard é um diretor, roteirista e crítico de cinema franco-suíço | Foto: TV Pampa

Revista online | Godard, o gênio exausto

Vladimir Carvalho*, especial para a revista Política Democrática online (47ª edição: setembro/2022)

A morte consentida de Jean-Luc Godard pode sinalizar para muitos o final de uma era cinematográfica marcada desde a primeira vanguarda, nos anos 1920, por uma incessante busca de legitimação de uma atividade artística que, de cara, se autodenominava de Sétima Arte, com técnica e linguagem próprias. Cedo seria respaldada pela formação de uma mentalidade que nasceu com os cineclubes, os críticos e as revistas especializadas – o que hoje é conhecido de forma generalizada por cinefilia. Teorias e posturas estéticas renovadoras já se faziam sentir ao tempo do cinema soviético com Sergei Eisenstein, Dovijenko, Dziga Vertov e outros até a explosão que foi o Cidadão Kane, de Orson Welles, nos anos de 1940.

Na década posterior, os franceses jogaram papel importante a partir da ação desenvolvida pela Cinemateca Francesa e com o aparecimento do grupo liderado por André Bazin, grande influenciador e principal crítico da revista Cahiers du Cinéma, que se tornaria célebre e em cujo agitado seio surgiria o até ali desconhecido franco suíço. Ao lado de outros, como François Truffaut, Jacques Rivette, Eric Rohmer e Claude Chabrol, compondo a tendência que seria conhecida, ou apelidada, de “jovens turcos”. Mais tarde, alguns deles se renderiam aos encantos da prática cinematográfica como ativos diretores que defendiam a todo custo a autonomia de um cinema autoral, desde ali, em confronto com o poderio dos produtores que condenavam por princípio o filme clássico francês e valorizavam uma política de autores.

Nesse clima de camaradagem solidária, o futuro autor de Acossado (1960) pontificou-se como um ferrabrás da crítica atento à condução moderadora de Bazin, mas em franco contraste com Georges Sadoul, um marxista militante, que sempre defendeu o cinema soviético não só do período eisensteiniano como também os das gerações posteriores. Godard foi desde sempre um anarquista, pontificando-se na avaliação e cotação dos filmes, no famoso Conseil des Dix, da revista.

Em 1960 Godard vai à “guerra” com uma narrativa desconcertante e uma linguagem inédita até aquele momento. O público delirou com Acossado, e a crítica foi obrigada a reconhecê-lo. Segue-se com igual liberdade estética, Uma Mulher é uma Mulher (1962) e O Desprezo (1963). Depois a política faz a festa em Masculino, Feminino (1966); a moda godardiana continua em Made in USA (1966) e em A Chinesa (1967), que radicaliza em termos de desdramatização e nos aspectos políticos. É um cinema diametralmente oposto aos clássicos americanos, mas que tinha muito da simpatia que os “jovens turcos” nutriam pelos filmes B, nos Cahiers. Porém, ainda não era, claro, o Godard radical e em mutação do Grupo Dziga Vertov, do final dos anos 1960, e que, em Maio de 68, se confunde com os estudantes revoltados, filmando nas barricadas de Paris.

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E foi nessa rumorosa onda de 1968, num veemente protesto contra a demissão do carismático Henri Langlois, da curadoria mor da Cinemateca Francesa, que o Festival de Cannes foi atropelado e quase não aconteceu. Godard protagonizou a cena principal, pendurado nas cortinas do Palais, impedindo que as sessões começassem, com ampla cobertura da imprensa. Em Paris, a redação dos Cahiers, na rua Marbeuf, virara um comitê de agitação em favor dos estudantes; e a temperatura subiu quando o filme de Jacques Rivette, A Religiosa, foi proibido. Novamente é um empedernido Godard que toma as dores e defende Rivette e seu filme, rompendo com o grande André Malraux, então ministro da Cultura, em carta que passou aos anais como uma irrespondível peça de condenação do Estado gaullista.

Entretanto, no âmbito de certa crítica, “a sua utopia de um cinema marxista, de parceria autoral com a classe trabalhadora, resultou tão frustrada quanto a aliança dos estudantes com os proletários da Renault”, como argutamente observou o crítico e escritor Sergio Augusto.

A propósito do perfil muitas vezes contraditório do autor de Je Vous Salue Marie (1985), podemos recordar aqui episódio ocorrido durante o Festival Internacional do Filme, o histórico FIF, do Rio de Janeiro. Godard compareceria ao mesmo para a apresentação do seu filme Alphaville. Tudo acertado, pouco depois ele mandou um telegrama desistindo de participar, num gesto de protesto e condenação da ditadura militar no Brasil. Instalada a confusão, surpreendeu a todos, negando peremptoriamente a autoria da mensagem, e atribuindo-a a terceiros. Quando tomou conhecimento da negaça, o crítico Robert Benayon, da revista Positif, rival dos Cahiers, presente ao evento brasileiro, desabafou para quem quisesse ouvir. Para ele, tratava- se de “mais uma daquele fascista!”. Nesse tempo, andava o autor dessas notas, trabalhando como assistente de Arnaldo Jabor, num filme que realizou sobre o FIF, Rio, Capital do Cinema, e ouviu os comentários acerca desse lance, nos bastidores da sede da mostra, no Copacabana Palace.

Essa época no Rio foi muito marcada pelos filmes e paixão pelos diretores da Nouvelle Vague. Uma pequena multidão de cinéfilos não arredava o pé das sessões do Cinema Paissandu, no Flamengo. Ali enturmei-me levado pelas mãos de Cosme Alves Neto e assisti, imerso na euforia da rapaziada, a quase todos os filmes de Godard lançados ali naquele ano de 1968. A cidade tomada pelo alvoroço político e pela revolta em virtude da morte de Edson Luiz, secundarista assassinado pela polícia no restaurante Calabouço, no aterro do Flamengo, estava transtornada. O clima era de insegurança e medo, mas filmes como Tempo de Guerra, de Godard, nos convocavam à ação, e, portanto, era também do Paissandu que partíamos para engrossar as fileiras da célebre Passeata dos Cem Mil. O Maio de 68 estava fresquinho em nossas agitadas cabeças. Mesmo sabendo das restrições ao autor de Masculino, Feminino, taxado até de fascista pelo pessoal da revista Positif, numa linha editorial que confrontava com os Cahiers du Cinéma, eu pouco ligava. Já havia lido os elogios de Georges Sadoul à Aruanda, o filme de Linduarte Noronha, em que atuei como roteirista e assistente, e num rompante juvenil pouco me interessava que Godard o achasse um stalinista superado pelo tempo, que já era tomado pelo revisionismo que resultou das sérias denúncias feitas por Kruschev; nem tomáramos conhecimento das restrições de Lévi Strauss ao franco suíço; tampouco da ojeriza que Jeanne Moreau lhe dedicava. Godard vivia agora a sua febre maoísta junto ao Grupo Dziga Vertov. E era nosso herói.

Muito depois é que tomaríamos conhecimento das peripécias do nosso ídolo quando da realização de seu filme Vento do Leste. Ele proporia a Glauber Rocha, que fazia importante participação na obra, que juntos destruíssem o cinema como arte. O brasileiro, sagaz como sempre, logo sacou que Godard começava a sucumbir à depressão e militava numa espécie de autodestruição, e a sua resposta foi a de que ele, Glauber, ao contrário, optava pela construção de um cinema inovador e de salvação, no Brasil e no Terceiro Mundo.

Confira, abaixo, galeria de imagens:

Um dos maiores nomes do cinema mundial | Foto: Cinevitor
História do cinema brasileiro deve ser lembrada | Foto: Roman Rybaleov/Shutterstock
Vladimir Carvalho, um grande cineasta | Foto: FAP
Ticket cinema | Foto: ktsdesign/Shutterstock
O cinema é um do maiores entretenimento da sociedade | Foto: Fer Gregory/Shutterstock
Jean Paul Godard nos bastidores do filme Ária, em 1987 | Foto: Cinevitor
Cinema brasileiro | Foto: AlexLMX/Shutterstock
Um dos maiores nomes do cinema mundial | Foto: Cinevitor
História do cinema brasileiro deve ser lembrada | Foto: Roman Rybaleov/Shutterstock
Vladimir Carvalho, um grande cineasta | Foto: FAP
Ticket cinema | Foto: ktsdesign/Shutterstock
O cinema é um dos maiores entretenimentos da sociedade | Foto: Fer Gregory/Shutterstock
Jean Paul Godard nos bastidores do filme Ária, em 1987 | Foto: Cinevitor
Cinema brasileiro | Foto: AlexLMX/Shutterstock
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Um dos maiores nomes do cinema mundial | Foto: Cinevitor
História do cinema brasileiro deve ser lembrada | Foto: Roman Rybaleov/Shutterstock
Vladimir Carvalho, um grande cineasta | Foto: FAP
Ticket cinema | Foto: ktsdesign/Shutterstock
O cinema é um dos maiores entretenimentos da sociedade | Foto: Fer Gregory/Shutterstock
Jean Paul Godard nos bastidores do filme Ária, em 1987 | Foto: Cinevitor
Cinema brasileiro | Foto: AlexLMX/Shutterstock
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Gênio consumado, mas profundamente contraditório e iconoclasta, talvez naquele momento já se manifestasse no espírito de JLG o quadro psíquico que o dominou no fim da vida, depois da realização de filmes não tão brilhantes e plenos de vigor, como os daquela fase em que fez sombra a toda uma geração do cinema francês da Nouvelle Vague. Oriundos quase todos dos Cahiers, o qual terminou, é bom lembrar, por apoiar o Cinema Novo brasileiro, especialmente promovendo seus autores mais importantes e mais afinados com o ideário da revista, como é o caso de Glauber Rocha, Cacá Diegues e Gustavo Dahl.

Embora tumultuada, a existência de Godard foi profícua e intensa, mas sua morte assistida parece se justificar pelo cansaço e esgotamento que o vitimou, e sua descida se deu também pela inexorável ação, digamos assim, da força da gravidade em vista do peso de seus 91 anos. Que descanse em paz!

Sobre o autor

*Vladimir Carvalho é um cineasta e documentarista brasileiro de origem paraibana.

** O artigo foi produzido para publicação na revista Política Democrática online de maio de 2022 (47ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na revista Política Democrática online são de exclusiva responsabilidade dos autores. Por isso, não reflete, necessariamente, as opiniões da publicação.

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Foto: Reprodução/Cinepop

Revista online | Não! Não Olhe! Sim! Enxergue!

Lilia Lustosa*, especial para a revista Política Democrática online (47ª edição: setembro/2022)

Em um primeiro momento, o título pode confundir… Não, não se trata de outra resenha sobre o afiado Não Olhe Pra Cima (2021), de Adam McKay, lançado no ano passado. Desta feita, o assunto é o terceiro longa do diretor afro-americano Jordan Peele, autor dos também excelentes Corra (2017), Ópera Prima que lhe rendeu o Oscar de melhor roteiro original, e Nós (2019), filme assustador que se vale da mítica do doppelgänger para revelar o lado mais sombrio de cada um de nós. O que os três têm em comum é o mergulho em um gênero esnobado pela crítica, o terror, que no seu caso, vem sempre acompanhado de uma forte crítica social, centrada, principalmente, na questão da discriminação racial.  

Em Não! Não Olhe!, essa questão continua presente, claro, mas ela se dilui em tantas outras camadas de simbolismos e significados que a trama apresenta. Em uma primeira leitura, estamos diante de um “neowestern de ficção científica trabalhado no suspense”.

A história se passa em um rancho perdido na aridez da Califórnia, onde a família Haywood cria cavalos e faz o adestramento dos animais para que eles possam “atuar” em produções hollywoodianas. Uma tradição familiar que descende do jóquei que aparece nas primeiras imagens em movimento da história do cinema: as dos cavalos de Muybridge. Acontece que os livros só se atêm ao movimento do animal, sem dar nenhum crédito a quem teria sido aquele jóquei negro da foto. Segundo Peele, um legítimo Haywood.

A trama poderia girar simplesmente em torno dessa omissão histórica e já seria por si só bem interessante. No entanto, essa é apenas uma das possibilidades de leitura que o filme nos proporciona. Há muitas mais.

Partindo de um prólogo incompreensível e aparentemente desconectado do resto da história, em que um chimpanzé ensanguentado aparece no meio de um set de filmagem, passamos, por meio de um corte seco, diretamente ao rancho Haywood. Ali, a morte repentina e inusitada do patriarca da família dá início à trama do filme.

Leia artigo: 1789 e 1822: duas datas emblemáticas

A partir daí, O.J. (Daniel Kaluuya), primogênito do velho Haywood, toma a frente dos negócios e, por pura falta de habilidade, sobretudo social, fracassa em seguir os passos do pai. Nem com a ajuda da irmã Emerald (uma carismática Keke Palmer) os negócios conseguem ir adiante. O jeito então é vender alguns cavalos a fim de não perder o rancho. Seu maior comprador é o vizinho Jupe (Steven Yeun), um coreano, ex-ator-mirim, que agora ganha a vida com um parque de diversões temático, meio fajuto, instalado naquele meio do nada californiano. Jupe usa os cavalos para criar espetáculos não muito claros no começo da história. O que se sabe apenas é que a cada apresentação o empresário volta para comprar mais um animal.

Aos poucos, coisas estranhas começam a acontecer no rancho Haywood. Uma nuvem se fixa no céu, objetos caem sabe lá Deus de onde, a energia vai embora sem explicação, pessoas começam a desaparecer… Tudo muito surreal! A primeira suspeita é a de que esses fenômenos sejam obra de seres extraterrestres que estariam vigiando a Terra, talvez com o intuito de invadi-la. Até aí, nada de muito original. Acontece que Peele vai subverter essa lógica, e de observados, os terráqueos passarão a ser os observadores. De caçados a caçadores.

Isso porque os irmãos Haywood decidem instalar câmeras em todo o perímetro de sua propriedade, com o intuito de registrar qualquer objeto ou movimento suspeito no céu. Os olhos mecânicos voltados para o alto, vão devolver o olhar alienígena, que observa enquanto é observado.

O olhar é, portanto, central nessa história tão bem inserida em nossa sociedade do espetáculo, em que não basta ver, mas é preciso, sobretudo, ser visto. Não basta ter conhecimento da existência de algo, é preciso filmá-lo e/ou fotografá-lo a fim de midiatizá-lo, viralizá-lo, transformando-o em capital e fama. Vide aqui a insistência de Emerald para mandar o material filmado à apresentadora Oprah. Esse mesmo olhar, que é forma de controle para uns e de submissão para outros, é também fundamental para que Peele desenvolva a sua questão-destaque, que sempre é a das injustiças sociais enfrentadas até hoje pela população negra.  

Confira, abaixo, galeria de imagens:

Foto: Reprodução/G1
Foto: Reprodução/Correio Braziliense
Foto: Reprodução/Chippu
Foto: Reprodução/UOL
Foto: Reprodução/Omelete
Foto: Reprodução/Observatório do Cinema
Foto: Reprodução/Legião dos Heróis
Foto: Reprodução/Plano Crítico
Foto: Reprodução/Omelete
Foto: Reprodução/G1
Foto: Reprodução/Correio Braziliense
Foto: Reprodução/Chippu
Foto: Reprodução/UOL
Foto: Reprodução/Omelete
Foto: Reprodução/Observatório do Cinema
Foto: Reprodução/Legião dos Heróis
Foto: Reprodução/Plano Crítico
Foto: Reprodução/Omelete
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Foto: Reprodução/G1
Foto: Reprodução/Correio Braziliense
Foto: Reprodução/Chippu
Foto: Reprodução/UOL
Foto: Reprodução/Omelete
Foto: Reprodução/Observatório do Cinema
Foto: Reprodução/Legião dos Heróis
Foto: Reprodução/Plano Crítico
Foto: Reprodução/Omelete
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Menos assustador do que Corra, mas ainda mais complexo do que Nós, Não! Não Olhe! está mais para suspense do que para terror. Mas bem distante do tradicional, claro! Estamos aqui diante de um suspense com jeitão de western e de ficção científica, tudo junto e misturado, em que Jordan Peele parece ter ido beber da fonte de Hitchcock, Spielberg, Shyamalan e Sergio Leone, com direito a uma eclética trilha sonora, assinada por Michael Abels, espécie de homenagem às obras desses diretores.

Um filme que, em uma primeira leitura, pode parecer puro entretenimento, mas que a cada releitura, mostra que chegou para chacoalhar nossos neurônios. Para enxergar, é preciso, porém, abrir bem os olhos e a mente.

*Lilia Lustosa é crítica de cinema e doutora em História e Estética do Cinema pela Universidad de Lausanne (UNIL), Suíça.

** O artigo foi produzido para publicação na revista Política Democrática online de maio de 2022 (47ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na revista Política Democrática online são de exclusiva responsabilidade dos autores. Por isso, não reflete, necessariamente, as opiniões da publicação.

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O cineasta Jean-Luc Godard durante o Festival de Cannes, em 1987 - AFP

Morre Jean-Luc Godard, o grande mestre da nouvelle vague no cinema, aos 91

Inácio Araujo*, Folha de São Paulo

Jean-Luc Godard, o ícone da nouvelle vague, morreu nesta terça-feira. Ele teria recorrido ao suicídio assistido, não por estar doente, mas muito cansado, de acordo com o relato de um familiar ao jornal francês Libération. A prática é permitida na Suíça, onde Godard vivia.

O diretor por trás de uma revolução no cinema veio de uma família de banqueiros riquíssima, mas procurou se afastar por completo dessa riqueza e foi como operário que financiou seu primeiro curta-metragem.

Mais tarde, já morando em Paris, ele roubou do avô um exemplar de um livro autografado por Paul Valéry especialmente para o avô, de quem era muito amigo. Godard podia ter pedido dinheiro em casa, mas preferiu o furto. Era sua forma de mostrar o desejo de independência.

Quando escreve seu primeiro artigo para a já mundialmente famosa revista Cahiers du Cinéma, há 70 anos, deu ao seu texto o nome de "Defesa e Ilustração da Decupagem Clássica". Expunha ali as virtudes dos filmes feitos e montados à maneira clássica, pois, como explicitaria quatro anos mais tarde, a montagem e a direção de um filme são a mesmíssima coisa.

Isso ele fez na revista daquele que foi "o pai espiritual" dos jovens redatores da revista —André Bazin, o criador da teoria realista do cinema moderno, para quem a montagem era não mais do que uma trapaça.

Jean-Luc Godard foi assim desde sempre —iconoclasta. Gostava de pôr tudo em questão, até ele mesmo.

Confira filmes de Jean-Luc Godard

Jean Seberg e Jean Paul-Belmondo em cena do filme 'Acossado'; de 1960 Divulgação

Em 1959, questionaria o cinema inteiro, com "Acossado", sua retumbante estreia. Tudo era improvisado. Não havia roteiro. Pela manhã, o diretor tomava as notas sobre o que pretendia filmar naquele dia. Encerrava as filmagens quando entendia que a inspiração tinha acabado.

A classe cinematográfica tradicional, tão atacada nos Cahiers pela turma da nouvelle vague, se regozijava com aquele filme que, diziam, seria impossível de montar.

Doce ilusão. Não só "deu montagem", como a mais moderna do mundo. Aquela em que cada "raccord" —isto é, o encontro entre dois planos— parecia desafiar os postulados do "bom cinema" e anunciar o futuro de sua arte.

Desde então mudaram os parâmetros da montagem. Mas também os da filmagem. Com seu fotógrafo, Raoul Coutard, criou um estilo de reportagem, cinema com câmera na mão, sem luz artificial, ou quase, captação das ruas ao vivo, longe dos estúdios, um tanto de ficção e um tanto de documentário no mesmo filme.

Godard libertou o cinema de todas as convenções que o prendiam a um determinado tipo de forma. Sacudiu a poeira da sua arte com tal ênfase que com um único filme se tornou um diretor essencial para o conhecimento do cinema.

Sua arte era "a verdade em 24 quadros por segundo", disse. Era também a mais próxima do homem, pois a única que o captava por inteiro em seu tempo e espaço, sem intermediários. Mestre das frases de efeito (mas não só de efeito), postulou, com seu amigo Eric Rohmer, a superioridade de sua arte —"o cinema é um pensamento que toma forma, bem como uma forma que permite pensar".

Godard gostava da liberdade. Inclusive da de mudar de filme para filme. Cada filme era um novo experimento. Gostava, por isso mesmo, do cinema mudo, aquele de um tempo "em que o cinema ainda não sabia o que era" e se buscava, filme após filme. Antes de ser arte ou modo de expressão, o cinema se confundia então com a liberdade e a descoberta permanente.

Cena do filme 'Acossado', do diretor Jean Luc Godard Divulgação

Quando passou da crítica à direção, Godard desafiou todas as regras estabelecidas. Se as regras diziam que não se faz um primeiro plano com lente grande angular, ele fazia. Se diziam que não se pode usar branco para evitar o brilho, ele usava. Cada filme parecia ir em um sentido diferente do anterior. A contradição não deixa de ser uma forma de arte.

Além de Raoul Coutard, o fotógrafo, sua companheira nessa primeira fase foi a atriz dinamarquesa Anna Karina, por quem se encantou vendo um filme publicitário e com quem se casaria pouco depois, lançando seu rosto, já, em "Uma Mulher É u ma Mulher", de 1961.

O casamento duraria menos que a parceria. "Alphaville", de 1965, é o primeiro filme que eles fizeram depois da separação —e em não poucos momentos uma declaração de amor do cineasta por sua musa. Fariam ainda "Made in USA", de 1966.

A única fidelidade de Godard, desde então e até agora, foi à atualidade. Podemos vasculhar sua filmografia. É sempre do presente, de algo que o atrai ou inquieta que seus filmes estão falando. Além disso, se permitiu sempre ser contraditório.

A contradição atingiu também sua vida pessoal, como relata sua segunda ex-mulher, Anne Wiazemsky. Tão revolucionário na arte, podia ser doentiamente ciumento em casa. Casa que, por sinal, podia usar como locação. É Wiazemsky, de novo, quem relata a dureza de ser forçada a retomar pelo diretor, em cena, na manhã seguinte, a mesma discussão que tivera com ele, e no mesmo lugar, na noite anterior.

Para o bem e para o mal, assim construía sua arte. Seu amigo Eric Rohmer, também diretor, dizia que Godard era como um ladrão, que pilhava uma imagem aqui, uma citação literária ali, depois um trecho de música, depois a imagem de um outro filme, juntava tudo e transformava numa ideia própria. Assim montava seus painéis, colando pedaço a pedaço, às vezes desorientando o espectador que por vezes procurava ali uma profundidade que Godard mesmo nunca procurou. Sua arte era a do olhar, a da pele.

Era, também, do momento. Cada filme de Godard é uma espécie de documentário sobre o momento em que é feito —"O Pequeno Soldado", a Guerra da Argélia; "Alphaville", o totalitarismo informativo; "O Demônio das Onze Horas", a sociedade de consumo; "Weekend", a sociedade automobilística e seus congestionamentos-monstro; "A Chinesa" e a ascensão do maoísmo.

A esse último, por sinal, Godard aderiu nos idos de 1968. Renegou sua obra anterior, deixou o cinema comercial, passou a fazer filmes coletivos destinados à classe operária, que, verdade seja dita, não se sensibilizava muito com eles.

Godard passou daí às séries em vídeo, quando nenhum cineasta ousava usar essa tecnologia. Que importa? Godard experimentava. Foi experimentando que chegou à TV, com as séries "Seis Vezes Dois", de 1976, e "France, Tour, Détour, Deux Enfants", de 1977.

A partir daí, seus filmes podem ser definidos, cada vez mais, por um novo gênero —o ensaio cinematográfico. Nem ficção, nem documentário, às vezes os dois, às vezes nenhum. Voltou ao circuito comercial com "Salve-se Quem Puder (A Vida)".

Ora trouxe grandes estrelas, como Johnny Halliday e Isabelle Huppert, ora lançou talentos, como Marushka Detmers. Cada vez mais solitário, ele se recolheu à sua casa na Suíça e, não raro, apenas juntando pedaços de filmes de outros, soube impor, pela montagem, sua visão das coisas. Falou das guerras na Europa, da ascensão do neoliberalismo, da América, do socialismo.

Cena do filme 'A visitante francesa', trabalho mais recente Isabelle Huppert, que terá pré-estreia em São Paulo Divulgação

Desde "Acossado", que sedimentou também o poder de seu ator-fetiche Jean-Paul Belmondo, até os mais recentes filmes-ensaio, é possível gostar ou não de sua arte, "entender" ou não o que está lá, achar chato ou não. Mas três coisas não se poderá negar: a primeira é que se contam nos dedos os artistas com a inteligência e a inquietude de Godard; a segunda, cada vez que ele pôs a câmera para filmar, combinou cores, moveu seus atores e produziu beleza; a terceira, desde que começou a filmar o cinema nunca mais foi o mesmo.

O solo em que pisamos, quem o fecundou foi Godard. Com chatices e erros, mas também e sobretudo com gênio e grandeza.

*Texto publicado originalmente no portal da Folha de São Paulo.


Documentário da Globoplay Ecos de junho | Imagem: reprodução/Real Time 1

Revista online | 2013: ecos que reverberam até hoje

Henrique Brandão*, especial para a revista Política Democrática online (46ª edição: agosto/2022)

Desde o início de agosto, encontra-se disponível na Globoplay o documentário Ecos de Junho. Dirigido pelo jornalista Paulo Markun e pela socióloga Angela Alonso, pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), o filme busca mostrar como as gigantescas manifestações de 2013 reverberam, ainda hoje, na vida institucional e política dos brasileiros, quase dez anos depois de terem tomado de assalto as ruas das principais cidades do país.  

Na época, as manifestações surgiram em torno do Movimento Passe Livre, que propunha tarifa zero para os ônibus, no momento em que a Prefeitura de São Paulo anunciou o reajuste de R$ 0,20 no preço das passagens. 

A passeata inicial foi convocada por fora dos partidos tradicionais da esquerda. À essa convocação se juntaram, de forma difusa, vários outros movimentos, até então sem qualquer representação, que se organizavam por meio das redes sociais. O resultado foi uma manifestação com um perfil diferente do que até então se conhecia: não havia “comando” do ato, as palavras de ordem eram criadas na hora, e as faixas tradicionais foram substituídas por cartazes feitos à mão e trazidos de casa. Surgia, ali, a primeira manifestação de massa convocada pelas redes sociais.

Veja todos os artigos desta edição da revista Política Democrática online

Se o mote era o reajuste das passagens, os motivos que levaram as pessoas às ruas eram muitos, como ficou evidente nos cartazes improvisados. Os partidos da esquerda socialista foram surpreendidos pelo tamanho da manifestação. Talvez enferrujados pela ausência de reivindicações de rua durante os governos Lula e Dilma, foram tomados pela paralisia decorrente da perplexidade.

O fato é que as manifestações ganharam corpo, não apenas pelo caráter “novidadeiro” da convocação: a atuação desastrada da polícia e sua desmedida repressão, com bombas, farta distribuição de cassetadas e tiros de borracha – uma repórter fotográfica que cobria os atos foi atingida no olho por uma bala de borracha – acrescentaram o fator “solidariedade” às manifestações. A partir daí, os atos ganharam mais força e repercussão nacional, com manifestações se multiplicando por várias cidades do Brasil.

O documentário mostra muito bem os diversos grupos políticos que se uniram em torno das manifestações. Se começou com uma pauta articulada por um grupo de esquerda a favor do passe livre, rapidamente outros de formação diversa aderiram aos protestos. O que havia de comum, e "Ecos de Junho" indica com clareza, era uma insatisfação com o poder público, dirigida aos políticos, em geral, e aos governos do PT, em particular. 

Veja, abaixo, galeria de imagens do documentário:

Documentário da Globoplay Ecos de junho | Imagem: reprodução/Real Time 1
do documentário ecos de junho da Globoplay | Imagem: reprodução/Estado de Minas
Documentário Ecos de Junho | Foto: Reprodoção/Gobloplay
Lula entra em carro | Imagem: reprodução
Jornadas em 2013 | Imagem: reprodução/jornal de Brasília
Protesto em frente ao Congresso Nacional - BSB | Imagem: reprodução/Guia do estudante
Manifestação em junho de 2013 | Imagem: reprodução/F5-uol
Movimento Passe livre junho de 2013 | Imagem: reprodução/F5-UOL
Documentário da Globoplay Ecos de junho
Contra a tarifa - cena do documentário ecos de junho da Globoplay
Documentário Ecos de Junho | Foto: Reprodução/Globoplay
Lula entra em carro
Jornadas em 2013
Protesto em frente ao Congresso Nacional - BSB
Manifestação em junho de 2013
Movimento Passe livre junho de 2013
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Documentário da Globoplay Ecos de junho
Contra a tarifa - cena do documentário ecos de junho da Globoplay
Documentário Ecos de Junho | Foto: Reprodução/Globoplay
Lula entra em carro
Jornadas em 2013
Protesto em frente ao Congresso Nacional - BSB
Manifestação em junho de 2013
Movimento Passe livre junho de 2013
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Direita, esquerda, movimento anarquista, grupos identitários, todos foram para as ruas, num movimento variado, onde a reivindicação por passe livre acabou se diluindo em meio à profusão de palavras de ordem. “Não são só 20 centavos”, dizia um cartaz que sintetizou, de maneira emblemática, o espírito dos manifestantes, jovens em sua maioria.

O documentário traz imagens e depoimentos de diversas pessoas envolvidas naqueles acontecimentos. Mostra, por exemplo, como grupos de direita nasceram ou cresceram de algum modo vinculados aos eventos de 2013. São esses grupos que, dois anos depois, deram sustentação, nas ruas, ao impeachment de Dilma Rousseff, apoio político às reformas de Michel Temer e, em 2018, ajudaram a eleger Jair Bolsonaro. Nada disso aconteceria sem a incubadora de 2013. 

Independentemente da bandeira política de cada um, o filme tem enorme valor por trazer depoimentos de quem esteve lá no calor da hora e, hoje, uma década depois, pode rever, com certo distanciamento, sua participação nos acontecimentos.

Mas “os ecos de junho” não terminaram. Os choques de posição continuam em jogo. Em entrevista para a Folha de S. Paulo, Angela Alonso, codiretora do filme, afirmou: "Essa disputa, de certa maneira, ainda não acabou. Tem muito de junho de 2013 na atual disputa eleitoral".

Sobre o autor

*Henrique Brandão é jornalista e escritor.

** Artigo produzido para publicação na Revista Política Democrática Online de agosto/2022 (46ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na Revista Política Democrática Online são de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, as opiniões da Revista.

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Elvis em cartaz nos cinemas | Foto: Sarunyu L/Shutterstock

Revista online | Elvis eterno

Lilia Lustosa*, especial para a revista Política Democrática online (46ª edição: agosto/2022)

O famoso bordão “Elvis não morreu” parece mais atual do que nunca, já que o biopic sobre o “rei do rock”, lançado no Brasil em julho, vem fazendo enorme sucesso por onde passa, colocando o nome do artista novamente na agenda mundial. 

Até o início de agosto, Elvis (2022), superprodução da gigante Warner Bros, dirigido por Baz Luhrmann, já havia arrecadado mais de R$ 18 milhões em bilheteria só no Brasil. No resto do mundo, esse número já ultrapassa a barreira dos 234 milhões de dólares.

A razão de tanto sucesso? Imagino que não seja a atuação de Tom Hanks, que, apesar de seu enorme talento e dos dois Oscares na bagagem, entrega desta feita uma performance caricata em um filme que não se pretende paródia e que, portanto, não pede esse estilo de encenação. O ator encarna o empresário e descobridor de Elvis Presley, o imigrante Tom Parker ou simplesmente “Coronel”. Um homem visionário e ambicioso, de passado desconhecido, dono de um sotaque não identificável.

Talvez, a boa repercussão dos recentes Bohemian Rhapsody (2018) e Rocketman (2019), respectivamente sobre Fred Mercury e Elton John, tenha ajudado. Sem falar, claro, no excelente desempenho de Austin Butler que, de maneira impressionantemente convincente, dá vida a Elvis. Isso somado à adoração que tantos espectadores de todos os cantos do mundo têm por esse artista americano que, sem nunca ter saído dos Estados Unidos, tornou-se um fenômeno de vendas, antes de partir prematuramente, aos 42 anos de idade. 

Veja, a seguir, galeria de imagens:

Rocketman, um filme sobre Elton John | Imagem: Sarunyu L/Shutterstock
Bohemian Rhapsody cast | Foto: Featureflash Photo Agency/Shutterstock
Elvis christmas album | Foto: Dan Kosmayer/Shutterstock
Disco com Elvis estampado | Imagem: Dan Kosmayer/Shutterstock
A valentine gift for you from Elvis Presley | Imagem: Dan Kosmayer/Shutterstock
Estrela Elvis Presley na calçada da fama | Imagem: nito/Shutterstock
Elvis não morreu | Imagem: christopher krohn/Shutterstock
Elvis Presley interpretado por Austin Butler | Foto: Sarunyu L/Shutterstock
Elvis em cartaz nos cinemas | Foto: Sarunyu L/Shutterstock
Rocketman, um filme sobre Elton John
Bohemian Rhapsody cast
Elvis christmas album
Disco com Elvis estampado
A valentine gift for you from Elvis Presley
Estrela Elvis Presley na calçada da fama
Elvis não morreu
Elvis Presley interpretado por Austin Butler
Elvis em cartaz nos cinemas
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Rocketman, um filme sobre Elton John
Bohemian Rhapsody cast
Elvis christmas album
Disco com Elvis estampado
A valentine gift for you from Elvis Presley
Estrela Elvis Presley na calçada da fama
Elvis não morreu
Elvis Presley interpretado por Austin Butler
Elvis em cartaz nos cinemas
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Mas, fora as músicas e a esposa Priscilla Presley, o que sabemos de fato sobre sua origem e seu mundo? O longa de Luhrmann  preenche parte dessa lacuna, apresentando vários fatos da carreira e da vida pessoal de Elvis, embalados, claro, por uma bela trilha, que, diga-se de passagem, não é o ponto mais forte do longa, já que o filme se concentra mais na vida do artista do que em sua música.

O diretor australiano, conhecido por sucessos como The Great Getsby (2013), Moulin Rouge! (2001) e Romeu + Julieta (1996), escolheu contar a história do astro por meio de um longo flashback que nos transporta para sua infância pobre, vivida em um bairro negro em Memphis, Tennessee. O narrador é o tal Coronel, personagem fundamental na vida de Elvis, mas nem sempre retratado com o devido destaque em obras anteriores.

Composto por uma montagem sofisticada, Elvis tem as primeiras sequências carregadas de split screens que nos mergulham nos anos 60, época de proliferação dessa técnica e, ao mesmo tempo, de grande sucesso da carreira de Elvis. Pena que Luhrmann se empolga demais com as telas partidas, agregando-lhes vinhetas gráficas, que dão um certo ar de Marvel à obra, o que poderia até ser um caminho estético, desde que sustentado até o fim. Mas não é o que acontece. 

Depois de um início um tanto paroxístico, o filme acaba por abandonar os excessos, encontrando um tom mais equilibrado que mostra, de forma caleidoscópica, a vida desse artista. Um homem que soube desde cedo antropofagizar os cantos e as danças dos negros, misturando-os ao pop e ao country, criando um estilo original e inusitado, causador de muita polêmica, rendendo-lhe inclusive o apelido de “Elvis, o pélvis”. Estilo que serve até hoje de inspiração para muita gente, mas que segue suscitando controvérsias, sobretudo, com relação à questão da apropriação cultural.

Vendo com olhos de hoje, concluímos que Elvis se apropriou mesmo dos ritmos ouvidos nos cultos e nas festas de seus vizinhos de Lauderdale Courts:  o gospel, o blues… Mas como poderia ser diferente se foi ali que ele cresceu? Menino branco no meio de crianças negras,  ouvindo as mesmas músicas, vendo os mesmos cultos, dançando as mesmas danças!  Jovem que frequentava a Beale Street, rua em que conheceu um certo B. B. King, nascido em seu mesmo Mississippi natal e que acabou por se tornar um parceiro de música e de vida.  O “rei do blues” chegou a afirmar, em 2010, em uma entrevista ao San Antonio Examiner, que ele e Elvis compartilhavam a ideia de que a música era uma propriedade de todo o universo, e não uma exclusividade do negro, do branco ou de qualquer outra cor. Além de ser algo compartilhado “em e por” as almas de todas as pessoas.

Seria correto afirmar, então, que Elvis “roubou” isso da cultura negra? Seria justo impedi-lo de usar ritmos e costumes que fizeram parte de sua vida e que o levaram consequentemente à militância pela integração racial?
 
Não sou expert em Elvis, mas o que Luhrmann faz nas 2 horas e 40 minutos que dura o filme é justamente exaltar essa influência, dando o devido crédito a quem o merece.  Seu Elvis, além de ser uma ótima distração, é uma produção de alta categoria que faz jus ao retratado e que ainda nos presenteia com um show de atuação de Butler, fazendo-nos até duvidar se Elvis, de fato, morreu.

Sobre a autora

*Lilia Lustosa é crítica de cinema e doutora em História e Estética do Cinema pela Universidad de Lausanne (UNIL), Suíça.

** Artigo produzido para publicação na Revista Política Democrática Online de agosto de 2022 (46ª edição), editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na Revista Política Democrática Online são de exclusiva responsabilidade dos autores. Por isso, não refletem, necessariamente, as opiniões da publicação.

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Vladimir Carvalho destaca produção nacional: “Nosso cinema é excelente”

João Vítor*, com edição do coordenador de Publicações da FAP, Cleomar Almeida

No país do cineasta Glauber Rocha e de filmes como Cidade de Deus, o recorde de bilheteria é de filmes como Vingadores: Ultimato (R$ 338,8 milhões). No entanto, o caminho pode mudar. O filme Medida provisória, dirigido por Lázaro Ramos, lançado em abril deste ano, alcançou a marca de 100 mil espectadores e arrecadou mais de R$ 2 milhões em bilheteria na primeira semana de estreia.

O mercado internacional tem atraído mais público para as salas de cinema brasileiras do que as produções nacionais, o que, segundo o cineasta e documentarista Vladimir Carvalho, não é um problema exclusivo do Brasil. “As pessoas acham que [essa forma de atrair plateia] partiu de uma iniciativa privada, mas não é verdade. A indústria americana também contou com investimento do estado nesse tipo de produção que é quase uma fórmula. É a capitalização, dá certo”, explica.

Crítico e professor de comunicação da Universidade Católica de Brasília (UCB), Ciro Inácio Marcondes diz que sempre foi mais fácil consumir o audiovisual estrangeiro do que o brasileiro. “Parte de um assédio do cinema internacional em cima do nacional. Existem muitas distribuidoras americanas instaladas no Brasil que fazem parte dos mesmos estúdios que produzem e têm contratos com os cinemas”, afirma.

A discussão sobre o audiovisual é reforçada todos os anos com a celebração do Dia Nacional do Cinema Brasileiro, comemorado em 19 de junho. De acordo com relatos, em 1898, dois irmãos italianos capturaram as primeiras imagens em movimento no Brasil. A data, então, foi estabelecida como a da sétima arte nacional, pela Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Movimento de Vanguarda

O destaque do mercado, conforme avalia Vladimir Carvalho, vai para o momento em que os cineastas passaram a retratar problemas sociais nas telas. “O cinema novo assumiu a brasilidade. Foi um movimento de vanguarda”, ressalta o cineasta paraibaino, radicado em Brasília.

O período descrito por Vladimir Carvalho marca, segundo ele, o antes e depois na sétima arte. “Deus e o Diabo na Terra do Sol, por exemplo, conta uma história do nordeste. Glauber Rocha assumiu a responsabilidade de contá-la”, analisa. O cinema novo foi de 1960 a 1970.

No entanto, o professor Marcondes discorda. Segundo ele, existem vários ou nenhum “antes e depois”. “São vários momentos e núcleos que se dividem em geografias diferentes para o Brasil. São regiões e investimentos diferentes que não nos permitem dividir o cinema nacional de um lado para o outro”, diz.

Ancine sucateada

O crítico de cinema afirma que o futuro do audiovisual é muito incerto. “Neste governo, fundos foram cortados, leis passaram a ser questionadas, a Ancine e a Cinemateca foram sucateadas”, diz Marcondes, para acrescentar que as ações culturais dependem de políticas públicas, não só federais, mas regionais.

Marcondes acredita que o fato de a Lei Rouanet estar sob crítica não vai afetar o futuro do cinema nacional. “Acho que o que é importante é ter fundos regionais e nacionais de financiamento direto e não via isenção fiscal”, opina.

Cinema ticket | imagem: shutterstock/ktsdesign
Cinegrafista | Imagem: Shutterstock/aanbetta
Sala de cinema | Shutterstock/Zoran Zeremski
Moovie theater | Imagem: Shutterstock/Den Rozhnovsky
Cinemark | Foto: Shutterstock/Felipe Sanchez
Cinépolis | Foto: Shutterstock/Loren_Zecena
Filmografia | foto: Shutterstock/anmbph
Cinesesc | Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro
Cinema brasileiro | Imagem: Shutterstock/AlexLMX
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Vladimir Carvalho lembra ter enfrentado problemas para ocupar a televisão, nos seus tempos de produção, o que, segundo ele, não ocorria com as produções norte-americanas. “Os cinemas no mundo foram sufocados pelo mercado comandado pelos Estados Unidos”, afirma.

Das produções que dirigiu, Vladimir Carvalho destaca o documentário Conterrâneos Velhos de Guerra (1990). “Não repercutiu tanto, mas posso dizer que foi a melhor coisa que fiz, que acertei”, afirma o cineasta sobre o longa que mostra pessoas vindas do nordeste para construir Brasília por volta de 1950. 

“Nosso cinema é excelente”

O documentarista diz ser otimista para reverter a situação e colaborar para que o cinema nacional seja devidamente valorizado. “Mesmo com as dificuldades, temos ferramentas e o nosso cinema é excelente”, diz.

Mesmo durante a pandemia, o cinema brasileiro tem mostrado o seu destaque. A Ancine contabiliza 38,5 mil filmes publicitários no Brasil em 2021. A pesquisa da Kantar Ibope Media, divisão latino-americana da Kantar Media, líder global em inteligência de mídia, destaca, por sua vez, que o investimento em publicidade chegou a R$ 69 bilhões no mesmo período. De acordo com o levantamento, as produções audiovisuais do país concentraram 63% do total investido.

Ciclo de debates

Como forma de celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a Biblioteca Salomão Malina, mantida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), ambas em Brasília, realizou eventos para lembrar o modernismo no cinema brasileiro.

Realizados de forma online, os encontros debateram, em 2021 e 2022, filmes como Bang Bang (1971) e Terra em Transe (1967).

*Integrante do programa de estágio da FAP, sob supervisão do jornalista, editor de conteúdo e coordenador de Publicações da fundação, Cleomar Almeida.


Revista online | Novidades para o Oscar 2023. Será que agora vai? 

Lilia Lustosa*, especial para a revista Política Democrática online (43ª edição: maio/2022)

Em março, a série documental 3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central estreou na Netflix Brasil e em vários outros países do mundo como parte da iniciativa Mais Brasil na Tela, pensada por essa gigante do streaming.  

Assim como a série dirigida por Daniel Billio, nos últimos anos, várias foram as produções brasileiras que conseguiram chegar aos lares e olhos de uma multidão de espectadores de diversas nacionalidades. As plataformas de streaming, essas modernas ferramentas de exibição, têm sido fundamentais no processo de democratização das cinematografias de todo o mundo. 

O cinema brasileiro vai-se tornando assim cada vez mais conhecido para além de nossas fronteiras, bem como nossos atores, que passaram a “existir” para o mercado internacional, ocupando mais e mais espaço nas produções estrangeiras. Wagner Moura, Rodrigo Santoro, Maria Fernanda Cândido são apenas alguns dos nomes a integrar elencos de grandes produções internacionais, como o do recém-lançado Animais Fantásticos: os Segredos de Dumbledoreem que a atriz brasileira interpreta Vicência Santos, uma das candidatas ao posto de Chefe Supremo da Confederação Internacional dos Bruxos. 

Significaria isso que nossos filmes estão chegando com mais frequência às salas de cinemas de outras partes do globo? Ou estamos ainda limitados às bordas da tela pequena? Haveria alguma relação com nossos repetidos insucessos na hora de emplacar um candidato ao Oscar na categoria filme internacional?  

Filmes de boa qualidade não faltam. Isso temos de sobra! O que falta mesmo são estratégias para posicionar nossos produtos nas prateleiras dos exibidores de todo o mundo, assim como nos palcos dos grandes festivais. É o velho problema da distribuição que nos persegue desde sempre. 

O historiador e crítico de cinema Waldemar Dalenogare Neto tem sido enfático quanto aos erros cometidos na escolha do filme que representa o Brasil no Oscar a cada ano. O gaúcho é membro da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais e crítico legitimado na terra do Tio Sam, tendo-se convertido no primeiro sul-americano a entrar para a Critics Choice Association, organização que distribui anualmente os Critic’s Choice Movie Awards. 

Oscar | Reprodução/Wowbiz.ro
Estatueta Reprodução/Portal Multiplix
Reprodução/Notícias e Tecnologia
Holywood | Reprodução/GetYourGuide
Premiação | Imagem: reprodução/facebook
Streamings | Imagem: reprodução
ABRACINE | Reprodução/Academia Brasileira de Cinema
Oscar
Estatueta
3 Toneladas
Holywood
Premiação
Streamings
Estatueta do Oscar
ABRACINE
Reprodução - Instagram
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Oscar
Estatueta
3 Toneladas
Holywood
Premiação
Streamings
Estatueta do Oscar
ABRACINE
Reprodução - Instagram
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Recentemente, Dalenogare postou em seu canal de Youtube os novos critérios aprovados para o processo de escolha do candidato brasileiro ao Oscar. Ele fez parte de um grupo de estudos composto por profissionais de diversas áreas da indústria cinematográfica brasileira (produção, direção, marketing etc.), que desde dezembro passado vem debatendo as razões dos repetidos fracassos do Brasil na dita premiação e alternativas para reverter esse quadro. 

Para Dalenogare, o que mais falta para que nosso candidato chegue à short-list é tempo. Tempo para que o filme selecionado faça sua campanha comme il faut. Afinal, como já comentamos repetidas vezes aqui, o Oscar é muito mais business do que arte. Infelizmente. Ganha quem investe mais no pré-Oscar, organizando sessões para críticos e diretores, participando dos circuitos alternativos de festivais e tornando assim mais visível sua produção. Se o país não estiver disposto a investir neste lobby é melhor nem participar, já que o processo é custoso e desgastante para todos os membros da equipe do filme selecionado. O objetivo é que o candidato consiga atrair a atenção de alguma major para que consiga uma boa distribuição em solo americano. Como aconteceu com CODA neste ano, que emplacou 3 prêmios para as 3 indicações recebidas, depois de investimento gigante da Apple. 

Com isso em mente e tendo a valiosa participação de membros das equipes de Deserto Particular e de Babenco – nossos candidatos nos últimos anos –, ficou decidido que, para 2023, uma Comissão de Seleção [1] composta por 25 pessoas será montada, sendo 21 delas eleitas pelos membros da Academia e 4, por indicação de sua diretoria. Todos os filmes inscritos serão vistos pelos 25 membros, que terão a incumbência de selecionar 6 para uma segunda fase. Desses 6, deverá sair o candidato, não sem antes passar por mais uma sessão de debates. Importante: tudo isso acontecerá antes de setembro, para que o filme tenha a oportunidade (e o tempo) para circular pelas salas de cinema americanas e assim poder arrebanhar fãs e defensores. 

Até o ano passado, o filme selecionado era eleito em uma única reunião, em que cada membro já chegava com seu voto pronto. Ou seja, havia muitos favoritismos, pouco tempo para debates e menos tempo ainda para que o candidato fizesse sua campanha nos EUA. 

Que venha então um 2023 de muito sucesso! Parabéns à Academia Brasileira de Cinema por rever seus critérios e aprovar uma reformulação tão necessária. Quem sabe daqui a um ano não estarei aqui escrevendo sobre o Oscar que trouxemos para casa?  

Sobre a autora

*Lilia Lustosa é crítica de cinema e doutora em História e
Estética do Cinema pela Universidade de Lausanne (UNIL), Suíça.

** O artigo foi produzido para publicação na revista Política Democrática
online de maio de 2022 (43ª edição), editada pela Fundação Astrojildo Pereira
(FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

 *** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na revista
Política Democrática online são de exclusiva responsabilidade dos autores. Por
isso, não reflete, necessariamente, as opiniões da publicação.

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Cineclube é reaberto no centro de Brasília com entrada gratuita

Espaço leva o nome do documentarista e cineasta paraibano Vladimir Carvalho e voltará a funcionar no dia 3 de setembro

Cleomar Almeida, da equipe FAP

Fãs da sétima arte e público em geral voltarão a ter mais um local para assistir a uma série de filmes, gratuitamente, na área central de Brasília. A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) vai reabrir, no dia 3 de setembro, o Cineclube Vladimir Carvalho, que leva o nome do cineasta e documentarista paraibano de 86 anos, com exibição de um filme por semana, às sextas-feiras, a partir das 13h30.

Fechado ao público desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, em março de 2020, por causa da recomendação de isolamento social, o cineclube será reaberto e seguirá, rigorosamente, as orientações das autoridades sanitárias, como higienização e distanciamento entre as pessoas. A unidade funciona no Espaço Arildo Dória, em cima da Biblioteca Salomão Malina, que foi reaberta ao público em junho, dentro do Conic. Veja a programação de filmes ao final desta reportagem.





Com carreira que se confunde com a história do cinema brasileiro, Carvalho disse que o cineclube serve para valorizar e divulgar a produção cinematográfica de qualidade. “Vamos, portanto, em frente, com o mesmo propósito de divulgarmos o bom cinema, com filmes que reflitam sobre a nossa realidade social, cultural e humana”, afirmou.

A reabertura do local, de acordo com o cineasta radicado em Brasília, serve, ainda, para fortalecer a “tradição do movimento cineclubista” e aumentar a oportunidade de acesso aos filmes por parte do público, o que, segundo ele, também é potencializado pelos serviços de streaming.

“Reconhecemos as características do tempo atual, em que a presença de novas mídias facilita, de modo exponencial, o acesso aos filmes”, afirmou, para continuar: “Nossa intenção é mantermos e ampliar o nível de nossa programação, uma vez que colocamos o cinema como algo acima do mero divertimento e sublinhado o seu caráter de instrumento crítico e elucidativo da trajetória humana em todos os seus aspectos”.

Diretor-geral da FAP, consultor do Senado e sociólogo, Caetano Araújo lembrou que, mesmo durante o seu fechamento durante a pandemia, o cineclube continuou a indicar filmes ao público por meio das redes sociais da fundação e da biblioteca.


FILMES E CURTAS DO MÊS


Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de Mar de Rosas. Foto: Reprodução
Cena de Mar de Rosas. Foto: Reprodução
Cena de O Grande Momento. Foto: Reprodução
Cena de O Grande Momento. Foto: Reprodução
Cena de O Grande Momento. Foto: Reprodução
Cena de Arruanda. Foto: Reprodução
Cena de Arruanda. Foto: Reprodução
Cena de Di Cavalcante. Foto: Reprodução
Cena de Di Cavalcante. Foto: Reprodução
Cena de Arraial do cabo. Foto: Reprodução
Cena de Arraial do cabo. Foto: Reprodução
Cena de A Velha a Fiar. Foto: Reprodução
Cena de A Velha a Fiar. Foto: Reprodução
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Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de A Hora da Estrela. Foto: Reprodução
Cena de Mar de Rosas. Foto: Reprodução
Cena de Mar de Rosas. Foto: Reprodução
Cena de O Grande Momento. Foto: Reprodução
Cena de O Grande Momento. Foto: Reprodução
Cena de O Grande Momento. Foto: Reprodução
Cena de Arruanda. Foto: Reprodução
Cena de Arruanda. Foto: Reprodução
Cena de Di Cavalcante. Foto: Reprodução
Cena de Di Cavalcante. Foto: Reprodução
Cena de Arraial do cabo. Foto: Reprodução
Cena de Arraial do cabo. Foto: Reprodução
Cena de A Velha a Fiar. Foto: Reprodução
Cena de A Velha a Fiar. Foto: Reprodução
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Araújo disse que, ao menos por enquanto, o cenário é propício para a reabertura do cineclube, já que mais de 80% dos adultos no Distrito Federal tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19. “Avaliamos que é o momento de recuperar a forma original, presencial, do cineclube”, acentuou.

O diretor explicou que os filmes exibidos passam por uma criteriosa avaliação e seleção, considerando a relevância de cada um para o cinema e o país como um todo. “São filmes que têm um significado importante na tradição cinematográfica do país e que refletem a realidade social e política brasileira”, asseverou.

O sociólogo lembrou, ainda, que a fundação mantém seu compromisso de valorização da cultura e do cinema. Por isso, ele convidou o público para também assistir aos filmes selecionados na programação de pré-celebração do centenário da Semana de Arte Moderna, que são exibidos, a cada 15 dias, em debates divulgados no portal e redes sociais da FAP.


Confira a localização da Biblioteca Salomão Malina / Cineclube Vladimir Carvalho




A seguir, veja a programação do Cineclube Vladimir Carvalho em setembro:

Filmes

Dia 03/09

A HORA DA ESTRELA

SINOPSE:
Macabéa (Marcélia Cartaxo) é uma imigrante nordestina, que vive em São Paulo. Ela trabalha como datilógrafa em uma pequena firma e vive em uma pensão miserável, onde divide o quarto com outras três mulheres. Macabéa não tem ambições, apesar de sentir desejo e querer ter um namorado. Um dia ela conhece Olímpico (José Dumont), um operário metalúrgico com quem inicia namoro. Só que Glória (Tamara Taxman), colega de trabalho de Macabéa, tem outros planos após se consultar com uma cartomante (Fernanda Montenegro).
Ano: 1986
Duração: 1h 36min / Comédia dramática
Direção: Suzana Amaral
Roteiro Suzana Amaral, Clarice Lispector
Elenco: Marcelia Cartaxo, José Dumont, Tamara Taxman

Dia 10/09

O GRANDE MOMENTO

SINOPSE:
Um jovem paulista da classe média vê os seus problemas financeiros quase estragarem o dia de seu casamento. Acontece que ele não tem dinheiro pra pagar os últimos preparativos. Correndo contra o tempo, ele se vê forçado a vender tudo que possui de mais valor, inclusive sua bicicleta, para poder arcar a festa, o alfaiate e até a noite de núpcias.
Ano: 1958
Duração: 1h 20min / Drama
Direção: Roberto Santos
Roteiro Roberto Santos
Elenco: Gianfrancesco Guarnieri, Myriam Pérsia, Jayme Barcellos

Dia: 17/10

MAR DE ROSAS

SINOPSE:
Sérgio (Hugo Carvana) e Felicidade (Norma Bengell) chegam a um hotel no Rio de Janeiro, com a filha adolescente, Betinha (Cristina Pereira), discutindo o relacionamento. Uma briga que culmina na esposa agredindo o marido com uma navalha. Acreditando que o marido está morto, ela foge com Betinha de volta para São Paulo. Uma viagem que se torna um jogo de manipulações e violência.
Data: 1978
Duração: 1h 39min / Drama, Comédia
Direção: Ana Carolina
Roteiro Ana Carolina, Isabel Câmara
Elenco: Norma Bengell, Cristina Pereira, Hugo Carvana

Dia 24/09 - Curtas-metragens

ARRUANDA

SINOPSE:
Década de 1960, Brasil. O registro da vida dentro do quilombo Olho d'Água da Serra do Talhado, em Santana do Sabugi, no estado da Paraíba, nordeste do Brasil, onde (sobre)vivem diversas famílias em situações e condições primitivas, uma vez que este quilombo está oficial e institucionalmente isolado do resto do território brasileiro.
Data: 1960
Duração: 0h 20min / Documentário
Direção: Linduarte Noronha

DI CAVALCANTE

SINOPSE:
Homenagem ao pintor, desenhista e ilustrador brasileiro Emiliano di Cavalcanti (1987-197), mais conhecido como Di Cavalcanti, um dos artistas mais importantes do movimento modernista no Brasil. O documentário registra o enterro do pintor e narra a trajetória e as obras do artista através de uma narração poética, baseada nos escritos de Augusto dos Anjos e Vinícius de Moraes.
Data: 1979
Duração: 0h 18min / Documentário
Direção: Glauber Rocha
Roteiro Glauber Rocha
Elenco: Joel Barcellos, Antonio Pitanga, Marina Montini
Título original Di Cavalcanti

ARRAIAL DO CABO

SINOPSE:
Quando uma produtora de sal marinho se estabelece em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, duas realidades distintas se impõem: a dos funcionários da fábrica e a do povoado de pescadores, ameaçado pela empresa.
Data: 1960
Duração: 0h 17min / Documentário
Direção: Mário Carneiro, Paulo César Saraceni

A VELHA A FIAR

SINOPSE:
A Velha a Fiar é um curta-metragem brasileiro de 1964 dirigido por Humberto Mauro, com a música popular homônima cantada pelo Trio Irakitan. Uma joia do cinema brasileiro, esse curta-metragem chegou a ser considerado pelos críticos como um dos primeiros videoclipes do mundo.
Data: 1964
Duração: 0h 06min / Documentário
Direção: Humberto Mauro
Roteiro Glauber Rocha
Elenco: Mateus Colaço

Reabertura do Cineclube Vladimir Carvalho
Onde: Espaço Arildo Dória, em cima da Biblioteca Salomão Malina, no Conic, região central de Brasília (DF)
Dia: 3/9/2021
Horário: 13h30
Realização: Fundação Astrojildo Pereira, Biblioteca Salomão Malina e Cineclube Vladimir Carvalho

Edmílson Caminha: O cineasta Vladimir, de São Saruê a Brasília

Cineclube Vladimir Carvalho indica filmes para comemorar Dia do Nordestino

Cineclube Vladimir Carvalho indica filmes sobre racismo e violência policial

Racismo: Cineclube Vladimir Carvalho indica filmes para ver após manifestações

Cineclube Vladimir Carvalho indica filmes sobre isolamento social e epidemias

Cineclube Vladimir Carvalho exibe quatro filmes brasileiros neste mês de janeiro

Filmes debatem fatos políticos e históricos no mês das eleições

Filmes destacam o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

Brasília volta a ter cineclube de graça com nova programação


Filmes debatem fatos políticos e históricos no mês das eleições

Programação do Cineclube Vladimir Carvalho vai tratar sobre ditadura chilena, João Goulart, Revolução de 30, campanha de Bill Clinton e Segunda Guerra

Por Cleomar Rosa

Brasil, Chile, Estados Unidos e Polônia serão representados na programação de outubro do Cineclube Vladimir Carvalho, no Espaço Arildo Dória, no Conic, próximo à Rodoviária do Plano Piloto de Brasília (DF). As sessões, realizadas sempre às terças-feiras, seguem o cronograma e a proposta de difusão de conhecimento e cultura da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), mantenedora do cineclube. A entrada é gratuita.

No mês das eleições, os filmes vão tratar de fatos políticos e históricos como a situação política e social chilena na época do ditador Augusto Pinochet, o presidente João Goulart que foi eleito democraticamente e deposto, a Revolução de 30 no Brasil, a campanha presidencial de Bill Clinton e a história de um jovem ligado à frente nacionalista durante a Segunda Guerra Mundial.

O filme NO (Chile) vai abrir a programação no dia 2 de outubro. No dia 9, o público poderá conferir a Revolução de 30 (Brasil). A exibição de Dossiê Jango acontecerá no dia 16, The War Room (Estados Unidos) será a atração do dia 23, enquanto Cinzas e Diamantes (Polônia) vai fechar a lista de filmes exibidos no mês no dia 30. As sessões terão início às 18h30 e, ao final de cada uma, haverá roda de conversa sobre o tema do filme exibido.

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Dirigido por Pablo Larrain, em 2012, o filme NO mostra que, em 1988, no Chile, o governo ditatorial convoca um plebiscito para perguntar se a população apoia os militares. Um militar fica responsável pela campanha do Não, com ideias ousadas para convencer o povo a acabar com o regime militar. O filme tem classificação de 12 anos e 1h58 de duração.

O filme de Larrain tem relação com o episódio de outubro de 1972, que serviu como um marco para o regime militar chileno. Na época, os caminhoneiros paralisaram o país pela primeira vez, protestando contra a autoridade nacional do transporte. A crise econômica impulsionou os militares a depor o então presidente do país, Salvador Allende, um ano depois.

Já Dossiê Jango retrata a situação vivida por João Goulart, presidente eleito no Brasil democraticamente, mas que acabou deposto. O filme traz a questão de sua morte misteriosa à tona e tenta esclarecer fatos obscuros da história do país.

O filme Revolução de 30, dirigido por Sylvio Back, em 1980, no Brasil, é uma colagem de mais de 30 documentários e filmes de ficção dos anos 1920, com cenas inéditas do histórico episódio de destituição do então presidente Washington Luís e de ascensão de Getúlio Vargas ao governo do país. É permitido para pessoas com idade a partir de 14 anos e tem 1h58 de duração.

No caso brasileiro, outubro de 1930 serviu como período de intensas movimentações e mudanças políticas. No dia 24 daquele mês, a junta provisória militar assumiu o comando do país, após depor Washington Luís com apoio de grupos que fizeram incursões armadas no território nacional. Getúlio Vargas assumiu o governo dez dias depois com apoio da junta, que lhe transferiu o poder.

Eleições e Segunda Guerra Mundial

Don Alan Pennebaker é quem dirigiu o documentário The War Room, em 1993, nos Estados Unidos, mostrando como os “generais” George Stephanopoulos e James Carville e seus colaboradores revolucionaram a campanha presidencial de Bill Clinton, em 1992. O grupo articulou uma das grandes viradas políticas americanas. O filme tem 1h36 de duração.

Em outubro de 1992, à véspera da eleição para presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton se encorajou ainda mais, fortalecendo sua imagem perante o seu eleitorado. Ele foi eleito o 42º presidente dos EUA, no dia 3 de novembro daquele ano. Ele recebeu quase 45 milhões de votos, 43% do total. George Bush, que tentava a reeleição, teve 38%.

Já o drama Cinzas e Diamantes, de 1958, e com direção de Andrzej Wajda, mostra a história de um jovem rebelde ligado à frente nacionalista. No último dia da Segunda Guerra Mundial, ele recebe a missão de assassinar um líder comunista. Perturbado pela transformação repentina de aliados em inimigos, o jovem decide aproveitar a vida por uma noite, quando se apaixona por uma garçonete e pensa em desistir da luta.

Com capacidade para 65 lugares, o Cineclube Vladimir Carvalho fica na parte superior do Espaço Arildo Dória, dentro da Biblioteca Salomão Malina – mantida pela Fundação Astrojildo Pereira. Todos os filmes serão exibidos em uma tela de projeção retrátil de 150 polegadas, com imagem de ótima qualidade. Participe!