Fernando Santa Cruz | Foto: CEPE / Divulgação

Nas Entrelinhas: Recordações da distensão — o estudante desaparecido

Faculdade de Direito de Niterói concedeu o título de bacharel a Fernando Santa Cruz. E propôs ao Conselho Universitário que lhe agracie com o título de Doutor Honoris Causa

Luiz Carlos Azedo/Correio Braziliense

Eleito deputado federal pelo antigo estado da Guanabara, em 1970 e 1974, o jurista e político carioca Célio Borja passou a representar o novo estado do Rio de Janeiro a partir de 15 de março de 1975, após a fusão dos dois, por força de lei sancionada no governo Ernesto Geisel, cujo objetivo era reequilibrar a balança geopolítica do país com São Paulo. No projeto nacional-desenvolvimentista do então presidente Geisel, o Rio de Janeiro seria a capital do setor produtivo estatal, pois abrigava a sede das mais importantes empresas públicas do país — entre as quais a Petrobras, a então Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Embratel, o BNDE (não tinha o S) e o BNH (antigo Banco Nacional de Habitação).

Enquanto o ministro do Planejamento da época, João Paulo dos Reis Veloso, articulava o tripé do ambicioso II Plano Nacional Desenvolvimento de Geisel — setor estatal, empresários brasileiros e multinacionais —, caberia a Borja liderar a bancada da Arena na Câmara Federal e dar continuidade ao projeto de “distensão lenta, gradual e segura” — que havia sido abalado pela espetacular vitória do MDB, o partido de oposição, nas eleições de 1974.

Mas ou menos nessa época, Borja foi convidado para uma palestra na centenária Faculdade de Direito de Niterói (UFF), que ainda hoje funciona no velho prédio em estilo neoclássico da Avenida Presidente Pedreira, no Ingá, bairro nobre de Niterói. O novo líder da Arena havia sido encarregado por Geisel do operar a “Missão Portela” na Câmara — assim batizada por causa do senador Petrônio Portela (PI), presidente da Arena à época. Borja seria ministro da Justiça de Geisel, mas foi vetado pelos militares “linha dura”. Por muito pouco também não foi impedido de assumir a Presidência da Câmara.

Borja era um político liberal, defendia a abertura política com sinceridade. Mal começou a sua palestra, foi interrompido por um grupo de estudantes que protestava contra o sequestro e desaparecimento de um dos alunos da Faculdade de Direito, Fernando Santa Cruz. Sua mulher, Ana Lúcia Santa Cruz — mãe daquele que mais tarde seria presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, que tinha pouco mais de dois anos —, aos prantos gritava: “Vocês sequestraram meu marido. Cadê o pai do meu filho?”

Não foi somente a palestra de Borja que acabou ali. Na verdade, o processo de abertura estava sendo interrompido, em razão da derrota eleitoral de 1974, por violenta repressão à oposição de esquerda ao regime. A pá de cal seria o Pacote de Abril, de 1977, do então ministro da Justiça Armando Falcão. O corpo de Fernando Santa Cruz nunca foi devolvido à família, mas o tempo se encarregou de esclarecer as circunstâncias de seu assassinato.

Em 23 de julho de 2014, a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, de Pernambuco, recebeu documentos inéditos da Operação Cacau, de 1973, realizada pelo IV Exército, com órgãos e agentes da repressão na Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Todo o material estava guardado no Arquivo Nacional.

Honoris causa

Juliana Dal Piva, repórter do jornal O Dia, do Rio de Janeiro, ao investigar o destino dos mortos e desaparecidos da Casa da Morte, de Petrópolis, para um mestrado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getulio Vargas, havia encontrado os documentos sobre a operação para desmontar a Ação Popular Marxista-Leninista (APML), da qual Fernando Santa Cruz fazia parte.

O relatório confirma que Eduardo Collier Filho, Fernando Santa Cruz, Gildo Lacerda, José Carlos da Mata Machado, Paulo Wright e Umberto Câmara Neto, dirigentes da organização, que não havia aderido à luta armada contra o regime, foram mortos pelos militares. Em fitas gravadas em 1983, Gilberto Prata, cunhado de José Carlos, relata detalhes de sua colaboração remunerada com o Centro de Informação do Exército (CIE).

O caso de Fernando Santa Cruz foi motivo de uma polêmica entre seu filho Felipe e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que negava a existência dos documentos. São mais de 300. Um deles, da Aeronáutica, datado de 22 de setembro de 1978, confirma que Fernando foi preso em 22 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro. Ele já integrava uma lista com mais 48 desaparecidos do Comitê Brasileiro de Anistia. No Arquivo do DOPS/SP, na sua ficha consta: “Nascido em 1948, casado, funcionário público, estudante de Direito, preso no RJ em 23/02/74”. Em outro, o antigo Ministério da Marinha informa que “foi preso no RJ em 23/02/74, sendo dado como desaparecido a partir de então”.

Cinco dias antes da fala de Bolsonaro sobre Fernando, em 24 de julho de 2019, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, vinculada ao seu governo, havia emitido uma retificação de atestado de óbito do pai de Felipe Santa Cruz, reconhecendo o desaparecimento “em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado Brasileiro”. No atestado de óbito, também consta que Fernando morreu provavelmente em 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro.

Ontem, por proposta do seu decano e ex-diretor Manoel Martins Junior, o Colegiado da Faculdade de Direito de Niterói concedeu o título póstumo de bacharel em direito a Fernando Santa Cruz. E propôs ao Conselho Universitário a concessão do título de Doutor Honoris Causa, também post mortem, ao jovem desaparecido, que será homenageado com uma placa no prédio onde estudava e que testemunhou a denúncia de seu sequestro. Detalhe: sua ficha havia desaparecido dos arquivos da faculdade.


Alberto Aggio lança em SP livro Ainda respira... a democracia sob ameaça

Comunicação FAP

Ex-diretor da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), o historiador Alberto Aggio, professor da da Universidade Estadual Paulista (Unesp) vai lançar, no dia 4 de abril, em São Paulo, o seu mais novo livro, Ainda respira… a democracia sob ameaça, da editora Appris. O evento será realizado na Rua Tinhorão, nº 60, na Consolação, a partir das 19h30.

De acordo com a editora Appris, o livro Ainda respira… a democracia sob ameaça convida o público a pensar os problemas políticos atuais a partir de uma perspectiva global, convergindo a análise para a história presente do Brasil e do Chile, especialmente de 2019 até os dias que correm.

Cada uma de suas partes expressa um enfoque inovador e estimulante no sentido de possibilitar uma compreensão maior dos dilemas do nosso tempo. O Brasil de Jair Bolsonaro e o Chile da revolta popular que levou Gabriel Boric à presidência da República são os referenciais nacionais aqui trabalhados como paradigmas para essa reflexão.

O pano de fundo é a situação paradoxal que vive a democracia ao redor do mundo, no seu momento de maior generalização e também de profunda crise. Daí o necessário tratamento de temas que incidem sobre a realidade atual como o populismo, o iliberalismo, a antipolítica, a crise da socialdemocracia e o espectro da revolução.

 O desafio que o livro de Aggio apresenta é o de a sociedade ser capaz de superar modelos explicativos estanques visando a elaboração de indagações produtivas que possibilitem a formulação de interpretações abertas e orientadas a desvendar as contradições que nos cercam.

No mesmo evento, será realizado o lançamento do livro-reportagem Longa Jornada até a Democracia, Volume 2, de autoria do jornalista Eumano Silva.

SOBRE O AUTOR

Alberto Aggio é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP), livre-docente e titular pela Unesp. Tem pós-doutorado na Universidade de Valencia/Espanha e na Universidade Roma Tre, na Itália. Publicou inúmeros artigos em periódicos nacionais e estrangeiros, além dos livros “Democracia e socialismo: a experiência chilena” (Annablume, 2a. ed., 2002), “Frente Popular, Radicalismo e Revolução Passiva no Chile” (Annablume/Fapesp, 1999), “Itinerários para uma esquerda democrátiva”(FAP/Verbena, 2018) e “Um lugar no mundo” (FAP, 2a. ed. 2019). É autor e organizador de “Gramsci: a vitalidade de um pensamento” (Unesp, 1998) e “Pensar o Século XX (Unesp, 2003). Foi diretor-executivo da FAP.


Roda de conversa debate álbum de Charles Mingus, “homem furioso do jazz”

Comunicação FAP*

A Biblioteca Salomão Malina, vinculada à Fundação Astrojildo Pereira (FAP), realiza nesta segunda-feira (18/3) a roda de conversa online Por Dentro do Jazz, para debater o álbum Pithecathropus Erectus, de Charles Mingus. Apelidado de “homem furioso do jazz” por seu temperamento explosivo, ele é um dos mais influentes músicos da história do gênero por sua criatividade para composição e por sua técnica no tocar do contrabaixo.

Natural do Arizona, Mingus trazia na música marcas do ativismo em causas raciais nos Estados Unidos e se inspirava nos sentimentos das ruas de onde viera.

A roda de conversa online será realizada por meio da sala virtual do Zoom. Pessoas interessadas em participar podem enviar mensagens para o Whatsaap oficial da biblioteca (61 98401 5561) e solicitar o envio do link.

O público também tem a opção de assistir à roda de conversa por meio do site, da página da FAP no Facebook e do canal da entidade no Youtube.

Ouça, abaixo, parte do álbum

https://www.youtube.com/watch?v=p0H2G_W-O0I

Conheça a biblioteca

Inaugurada em 28 de fevereiro de 2008, a Biblioteca Salomão Malina se tornou um importante espaço de incentivo à produção do conhecimento em Brasília. Localizada no Conic, tradicional ponto de cultura urbana próximo à Rodoviária do Plano Piloto, a biblioteca foi reinaugurada em 8 de dezembro de 2017, após ser revitalizada. Isso garantiu ainda mais conforto aos frequentadores do local e reforçou o compromisso da biblioteca em servir como instrumento para análise e discussão das complexas questões da atualidade, aberta a todo cidadão.

O espaço integra a FAP, mantida pelo Cidadania, e conta com quase 6 mil títulos para empréstimos, que são constantemente atualizados por meio de doações e pela aquisição de obras de pensadores contemporâneos. O acervo é especializado em Ciências Sociais e Humanas, contando também com livros da literatura que fazem menção à crítica social e dos costumes, na transição do Brasil rural para o urbano.

*Com informações da EBC


Em SP, FAP realiza 3º lançamento do livro sobre história do PCB na resistência à ditadura

Obra reconstitui a trajetória do Partidão na luta clandestina contra a ditadura e na formação da ampla frente política que redemocratizou o Brasil

Comunicação FAP

O livro-reportagem Longa Jornada até a Democracia – Volume II, de autoria do jornalista Eumano Silva, terá o seu terceiro lançamento no dia 4 de abril. O evento será realizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), editora da obra, na Rua Tinhorão, nº 60, na Consolação, a partir das 19h30. Na ocasião, também será lançado o livro Ainda respira... a democracia sob ameaça, da editora Appris e de autoria do historiador e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Alberto Aggio.

O livro de Eumano Silva conta a história do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no enfrentamento à ditadura e na redemocratização do país. Lastreada em documentos oficiais inéditos, entrevistas, reportagens e farto material bibliográfico, a obra editada pela FAP recompõe a trajetória do Partidão – apelido do PCB – de 1967 até 1992.

Escrito pelo jornalista Eumano Silva, o livro reproduz o clima sombrio da Guerra Fria, com relatos minuciosos sobre a vida clandestina de dirigentes e militantes, fugas, prisões, torturas, mortes e desaparecimentos de comunistas. O roteiro de histórias entrelaça personagens que parecem saídos dos romances policiais, como espiões e informantes infiltrados pela repressão nas organizações de esquerda. Mostra também o trabalho silencioso, e essencial para o partido, de caseiros, motoristas e distribuidores de jornais.

Encontro de militantes marca lançamento de livros no Rio de Janeiro

FAP lança no Rio livro sobre história do PCB na resistência ao regime militar

Ação do PCB na redemocratização é destaque em lançamento de livro, em Brasília

FAP lança em Brasília livro de Eumano Silva sobre o PCB na resistência ao regime militar

A CIA e da KGB aparecem em vários episódios do mundo real retratado pelo autor. O caso mais conhecido envolveu o “Agente Carlos”, apelido de um assessor do então secretário-geral do PCB, Luiz Carlos Prestes, que passou para o lado da repressão e trabalhou para a CIA.

O texto jornalístico percorre o submundo da ditadura e repassa, em ordem cronológica, os fatos e os personagens mais destacados na longa jornada dos brasileiros rumo à democracia, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e José Sarney. A reportagem reconstitui as agruras da clandestinidade e a participação do PCB, desde o final da década de 1960, na ocupação de espaços na sociedade e na formação da frente democrática de oposição ao regime militar.

O Volume II de “Longa jornada até a democracia” trata de fatos transcorridos entre dezembro de 1967, data do VI Congresso, e janeiro de 1992, quando o PCB realizou o X Congresso, encontro que decidiu pela mudança de nome para Partido Popular Socialista (PPS).

O primeiro volume, lançado em 2022, escrito pelo jornalista Carlos Marchi, aborda o período compreendido entre 1922, ano da fundação do PCB, e 1967, marco da mudança na estratégia da organização comunista. No VI Congresso, a definição por mudança na linha política tornou o PCB a única organização comunista a tomar o caminho pacífico no enfrentamento ao governo instalado no Brasil com o golpe de 1964. As demais forças originadas no partido fundado em 1922 optaram pela luta armada.

Apesar da opção pelo caminho pacífico, o Partidão se tornou alvo da repressão na mesma medida que as demais organizações de esquerda. Uma dezena de dirigentes do Comitê Central do PCB foi assassinada pelo governo militar.

Mesmo clandestino, e com perdas irreparáveis, o partido teve expressiva influência na política institucional ao atuar dentro do MDB, legenda legal de oposição. Os comunistas foram responsáveis, por exemplo, pela incorporação, pelos emedebistas, das bandeiras da anistia, da Assembleia Nacional Constituinte e da eleição direta para presidente.

Arquivos militares obtidos pelo autor documentam a montagem da máquina repressiva pelo governo fardado. Os papeis registram o passo a passo da estruturação dos Departamentos de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codis). Descrevem também as disputas entre o Exército e a Marinha pelo controle do aparato criado pelas Forças Armadas para perseguir adversários.

Análise: PCB, da luta armada à defesa da democracia

Carlos Marchi lança livro Longa Jornada até a Democracia, no Rio

Livro Longa Jornada até a Democracia, de Carlos Marchi, será lançado em São Paulo

Os anexos do livro contêm fotos inéditas de dirigentes do Partidão procurados pela repressão e imagens de presos nas dependências militares. Apresentam ainda fac-símiles de páginas de exemplares raros do jornal Voz Operária.

Entre os episódios mais impressionantes narrados pelo livro, está a cinematográfica operação montada no exterior para retirar do Brasil o dirigente Giocondo Dias. A transferência do arquivo de Astrojildo Pereira, fundador do PCB, para a Europa também teve lances espetaculares. Outra façanha dos comunistas foi manter durante dez anos, longe das garras da repressão, uma gráfica no Rio de Janeiro, no subsolo de uma casa, onde era produzido o material impresso do partido. Os documentos oficiais também identificam um sargento da Polícia Militar de São Paulo infiltrado pelo PCB no DOI-Codi do estado. Quando tomava conhecimento de prisões de militantes, o policial avisava o partido e ou as famílias.

As artimanhas dos comunistas para enganar os órgãos de segurança incluíam disfarces, documentos falsos. Camaradas instalados nas fronteiras ajudavam nas travessias de militantes e dirigentes nas fronteiras com os países vizinhos – muitas vezes com malas de dólares.

“Longa Jornada até a democracia” resgata a experiência no exílio e os abalos sofridos pelo partido em decorrência da ação de dirigentes do partido cooptados pelos órgãos de segurança. O livro também desenredou mistérios que, durante décadas, suscitaram especulações. As apurações elucidaram, por exemplo, o segredo do “ouro de Moscou”, expressão usada pelos adversários dos comunistas para designar os recursos enviados ao PCB pelo bloco comunista. Com base em depoimentos dos responsáveis pelo transporte do dinheiro, o autor calculou valores anuais repassados ao Partidão.

O colapso da União Soviética, acelerado no final dos Anos 1980, teve contribuição determinante para as mudanças de rumo que levaram à mudança de nome em 1992. O desempenho eleitoral insatisfatório, e dissidências internas, como a saída do grupo de Prestes, abalaram e enfraqueceram o Partidão. O surgimento do Partido dos Trabalhadores (PT) no final da ditadura também reduziu o espaço de atuação dos comunistas e ajuda a explicar a perda de relevância do PCB depois da redemocratização.

AINDA RESPIRA A DEMOCRACIA

De acordo com a editora Appris, o livro Ainda respira… a democracia sob ameaça convida o público a pensar os problemas políticos atuais a partir de uma perspectiva global, convergindo a análise para a história presente do Brasil e do Chile, especialmente de 2019 até os dias que correm.

Cada uma de suas partes expressa um enfoque inovador e estimulante no sentido de possibilitar uma compreensão maior dos dilemas do nosso tempo. O Brasil de Jair Bolsonaro e o Chile da revolta popular que levou Gabriel Boric à presidência da República são os referenciais nacionais aqui trabalhados como paradigmas para essa reflexão.

O pano de fundo é a situação paradoxal que vive a democracia ao redor do mundo, no seu momento de maior generalização e também de profunda crise. Daí o necessário tratamento de temas que incidem sobre a realidade atual como o populismo, o iliberalismo, a antipolítica, a crise da socialdemocracia e o espectro da revolução.

 O desafio que o livro de Aggio apresenta é o de a sociedade ser capaz de superar modelos explicativos estanques visando a elaboração de indagações produtivas que possibilitem a formulação de interpretações abertas e orientadas a desvendar as contradições que nos cercam.

SOBRE EUMANO SILVA

Formado em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) em 1987, Eumano Silva trabalhou em alguns dos principais veículos da imprensa brasileira. Nascido em 1964 em Iturama (MG), especializado em política, o autor foi repórter da revista Veja e dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Começou a carreira na cobertura da Assembleia Nacional Constituinte, dirigiu as sucursais de Brasília das revistas Época e Istoé, ocupou as funções de editor de política do jornal Correio Braziliense e editor-executivo do site Congresso em Foco e da revista Veja Brasília. Há mais de três décadas, realiza pesquisas sobre a ditadura militar. Concentrou-se, sobretudo, na busca e análise dos arquivos secretos das Forças Armadas.

O jornalista foi ainda observador independente nas buscas de desaparecidos na região da Guerrilha do Araguaia e participou dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade. É também autor dos livros “A morte do diplomata” e “Nas asas da mamata”. Como analista político, fez trabalhos para Rádio CBN, Portal Metrópoles, TV Democracia, programa Sua excelência, o fato, e Broadcast Político.

Eumano ganhou os seguintes prêmios: Jabuti de melhor livro-reportagem com o livro “Operação Araguaia – Os arquivos secretos da guerrilha”; Esso, com uma série de reportagens sobre a Guerrilha do Araguaia. Excelência Jornalística, na categoria meio ambiente, da Sociedade Interamericana de Imprensa, com a reportagem digital “O Levante dos ribeirinhos”, posteriormente editada como livro impresso.

Atualmente, Eumano exerce a função de especialista em inteligência política da Oficina Consultoria.


Encontro de militantes marca lançamento de livros no Rio de Janeiro

Volume II de Longa Jornada até a democracia – os cem anos do Partidão 1922/2022 teve tarde de autógrafos na capital fluminense

Reencontros, abraços e lembranças de momentos compartilhados. Esse foi o tom do lançamento, nesta quinta-feira (14/3), no Rio de Janeiro, do segundo volume do livro Longa Jornada até a democracia, escrito pelo jornalista Eumano Silva. O local escolhido foi a quase centenária Taberna da Glória, na região central da cidade, e reuniu políticos e lideranças que participaram ativamente da construção do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e dos diferentes partidos surgidos a partir de sua trajetória de resistência.

O lançamento foi em dose dupla, na ocasião também chegou ao público o livro Uma vida bem vivida, autobiografia de Roberto Percinoto, ex-membro do Partidão e ex-presidente do Sindicato dos Bancários Rio durante o período da ditadura. O evento compartilhado teve razão de ser, Percinoto foi um dos 50 militantes comunistas entrevistados por Eumano para a elaboração de Longa Jornada. Em conjunto, as duas obras retratam, cada uma a seu modo, a luta por direitos, liberdade e democracia.

FAP lança no Rio livro sobre história do PCB na resistência ao regime militar

Ação do PCB na redemocratização é destaque em lançamento de livro, em Brasília

FAP lança em Brasília livro de Eumano Silva sobre o PCB na resistência ao regime militar

“Embora com diretrizes diferentes, considero dois livros com a mesma dimensão: a da memória da luta política de esquerda aqui no Brasil. Memórias que trazem às gerações mais jovens o conhecimento da atuação de militantes daquela época, que entregavam sua vida em prol de um projeto de país melhor”, afirma o ex-presidente da OAB-RJ, ex-deputado federal e atual secretário nacional do Consumidor, Wadih Damous.

Para o vereador do município do Rio de Janeiro e ex-ministro da Igualdade Racial Edson Santos (PT-RJ), os dois livros são fundamentais para que se possa ter noção da importância comunista no processo de redemocratização. “São cofres fechados que se abrem hoje e a gente vê, tanto do ponto-de-vista da abnegação dos dirigentes comunistas, quanto do sofrimento que a ditadura impôs a essas pessoas”, conta.

A também vereadora do Rio Teresa Bergher (Cidadania) parabenizou os dois autores e ressaltou o poder da literatura para disseminação do conhecimento. “A oportunidade de poder conhecer a história de uma sigla como o PCB é muito importante. Nada supera a leitura, a cultura, então que os dois autores façam muito sucesso com seus livros”, disse ela.

Análise: PCB, da luta armada à defesa da democracia

Carlos Marchi lança livro Longa Jornada até a Democracia, no Rio

Livro Longa Jornada até a Democracia, de Carlos Marchi, será lançado em São Paulo

Documento da luta democrática

Longa jornada até a democracia – Volume II foi um trabalho de pouco mais de dois anos de pesquisa intensa, que incluiu acesso a documentos militares inéditos guardados no Arquivo Nacional, registros oficiais do próprio PCB, além de entrevistas com militantes. O resultado são mais de 800 páginas de um registro minucioso de uma trajetória com relevância ímpar até os dias atuais.

“Quando eu iniciei, não imaginava encontrar tanto material, tanto documento. O livro ficou maior do que eu imaginava, mas é uma história que merece isso. Estou muito satisfeito pela oportunidade de contar um pedaço da história do Brasil pouco conhecido. É um relato de como o país recuperou a democracia, que acho uma discussão muito atual. Hoje, no momento em que nós temos a nossa democracia sendo atacada, acho que o livro ajuda a entender como é que se se luta por uma democracia e o quanto isso é importante para o Brasil”, conta Eumano Silva.

O livro faz parte de um projeto amplo da Fundação Astrojildo Pereira para celebrar, por meio de diferentes linguagens, eventos e produções, os cem anos da fundação PCB e os frutos da luta do Partidão. O conselheiro e ex-diretor-geral da FA Caetano Araújo teve participação direta na condução do projeto e comemora o lançamento do segundo livro. “Nós publicamos outros livros, fizemos eventos, seminários, estamos finalizando um filme. O primeiro volume de Longa Jornada, escrito por Carlos Marchi abordou desde a fundação, em 1922, até 1967. Agora o volume dois abarca o período pós-67 em diante, até a mudança da sigla para PPS. Enquanto o livro do Marchi se debruçou sobre a bibliografia, dando a ela uma nova visão, o do Eumano traz informação factual nova obtida com as entrevistas e a pesquisa em documentos inéditos”, explica Araújo.

De acordo com Araújo, esse resgate histórico realizado nas obras é essencial no atual contexto brasileiro, com resquícios das consequências da ascensão da extrema-direita no país e no mundo. “Nós tivemos um presidente que foi apologista da ditadura. Então, isso mostra que esse livro tem uma função pedagógica e política importante hoje. O álibi de todos os autoritários é o anticomunismo, e esse álibi precisa ser desmistificado, ser combatido. Esse livro é uma ferramenta importante para esse combate”, afirma.

O ex-governador do Rio Moreira Franco parabeniza o esforço da FAP para esse resgate histórico. “Essa memória é fundamental para se conhecer o Brasil de hoje. Essa conquista democrática se deve à lucidez da estratégia tomada naquela época, que foi a de mobilização popular, de acreditar na força do povo como a arma mais importante para a conquista da democracia, ” ressalta.

O jornalista Paulo César Pereira relembra a inspiração que a resistência do Partidão foi para a sociedade civil durante os anos de chumbo e a importância do registro das pessoas que construíram a legenda. “Não se escreve a história política do Brasil sem que a gente ouça os comunistas”, diz.

E foi ouvindo pessoas, como o também jornalista Ricardo Moraes, filiado ao partido desde 1971, que o livro de Eumano Silva foi construído. “Minha história é familiar porque meu pai também foi do partido no período da Segunda Guerra Mundial, foi preso em 1964, eu fui preso pelo DOI-CODI junto com o Vladmir Herzog. O Eumano é um grande jornalista e conta todas essas histórias no livro, o que me emociona porque a gente construiu o partido e o partido continua vivo hoje”, comenta.

Testemunha particular da história

De personagem a escritor. Na tarde de autógrafos no Rio de Janeiro, o militante comunista e líder sindical Roberto Percinoto figurou como entrevistado de Eumano Silva e também como autor de seu próprio livro. A obra Uma vida bem vivida relata suas memórias desde a infância como trabalhador rural, depois, já um jovem adulto na cidade como bancário, dirigente sindical, militante social e político. “Eu me filiei clandestinamente no Partido Comunista pós-64, depois do golpe. Na minha atividade sindical tive momentos muito bons, mas outros um tanto difíceis, como um mandato cassado pelo Jarbas Passarinho, ministro da ditadura, em 1969, e passei um período de três meses preso na Ilha das Flores. Mas também fizemos a lua pelas eleições diretas, fui um dos oradores naquele comício da Candelária que, segundo a imprensa, teve um milhão de pessoas e figuras importantes falaram como Guimarães Neves, Sobral Pinto e Roberto Freire, representando o PCB. Estive também no comício da Central do Brasil em 1964, estava lá com o Jango. Criamos aqui no Rio o MIA – Movimento Intersindical Anti-arroxo, para revogação da lei de arroxo salarial do Delfim Neto” conta ele, afirmando que seu livro é uma contribuição singela para os movimentos sociais. Diante de uma trajetória tão singular, o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa (PSD/RJ) compara Percinoto ao antigo Repórter Esso, com o diferencial de que não apenas testemunha, mas também constrói a história. “Ele passou pelo longo e duro período da ditadura, trabalhou pela reconstrução do processo democrático, jamais se afastou da luta política e sempre sonhou com um Brasil mais justo, mais humano, com democracia. Um socialdemocrata em sua essência. Tenho uma grande admiração pelo Percinoto porque ele é um homem de ação que entendeu os tempos em que vivemos, se adaptou a eles, sem jamais abandonar suas convicções. ”


Ação do PCB na redemocratização é destaque em lançamento de livro, em Brasília

FAP realizou lançamento do volume 2 da obra Longa Jornada até a Democracia

Comunicação FAP

Centenas de pessoas formaram fila para terem o primeiro contato com o livro-reportagem Longa Jornada até a Democracia – Volume II, lançado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), na noite desta terça-feira (12/3), no Bar Beirute, o mais tradicional de Brasília. Empilhados, à disposição do público em uma mesa de madeira, os exemplares passaram a ter o conteúdo desvendado após serem folheados pelo público, curioso para conhecer a obra que registra a trajetória do Partidão na luta clandestina contra a ditadura e na formação da ampla frente política que redemocratizou o Brasil. O autor, jornalista Eumano Silva, encontrou no abraço a forma de agradecer a cada leitor depois do autógrafo que selou sua gratidão com mensagem escrita à mão com caneta de tinta azul.

Lançamento | Longa jornada até a democracia VOL II - Brasília 12/03/2024
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O livro, que também é comercializado por meio da aba Estante Virtual, no site da FAP, fez do presente o momento oportuno para, com base no resgate do passado, lançar conhecimento para o futuro e contribuir para o fortalecimento da democracia brasileira, que, nos últimos anos, resistiu à tentativa de golpe por causa da solidez de suas instituições. A obra ainda terá lançamentos no Rio de Janeiro, no dia 14 de março, e em São Paulo, em 4 de abril.

Diretor-geral da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), o jurista e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Marco Aurelio Marrafon disse que o Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi imprescindível na luta democrática, ainda que atuando na clandestinidade na época do regime militar. “Contar essa história é fazer reviver o passado para que as novas gerações compreendam e não repitam o que aconteceu, entendam quanto sangue e quanta luta se deram para que tivéssemos hoje o direito de votar, de ter liberdade de expressão, de buscar os direitos fundamentais e, assim, viver em busca de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária”, afirmou.

De acordo com o ex-deputado federal constituinte Augusto Carvalho, a obra é um documento valioso para a história brasileira, não apenas para quem passou pelo PCB. “Aqui está narrada parte da história nacional que marcou a luta pela conquista da democracia após tanto tempo de ditadura militar. Este lançamento é uma noite de confraternização e de muitas memórias que se reúnem, com lembranças muitos especiais”, acentuou.

A relevância do partido para o Brasil também foi reconhecida pela jornalista Tereza Cruvinel, que construiu sua trajetória profissional nos principais veículos de comunicação do país. “Resgatar a história do PCB é preencher uma lacuna importantíssima na história do Brasil. O partido, por conta da estigmatização do comunismo, sempre teve sua história omitida, mal contada ou deformada. O trabalho de Eumano Silva supre essa lacuna”, ressaltou ela, que também destacou a importância do volume 1, escrito pelo jornalista Carlos Marchi.

Ex-governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg afirmou que a obra é “extremamente importante porque resgata a longa jornada de conquista da democracia no país, especialmente no momento em que a democracia correu riscos recentemente. “Nós precisamos fortalecer a democracia a cada dia. A obra é uma oportunidade de conhecer com mais profundidade a história do PCB, do nosso país e de nossas conquistas políticas”, asseverou.

A jornalista Memélia Moreira alertou para a necessidade de a formação das pessoas mais jovens considerar o passado como pilar de produção do conhecimento. “Este livro deveria ser distribuído nas escolas. O problema da geração mais nova é não conhecer a resistência. A resistência do PCB ocorreu no mais duro período que o Brasil enfrentou, que foi na ditadura de Getúlio Vargas, nos anos 1930. Fez a resistência e continua fazendo”, pontuou.

 O jornalista Fernando Tolentino, que foi militante do PCdoB, disse que reconhece a importância do Partidão para a democracia e a história do Brasil. “Tenho duplo olhar para esta obra. Primeiro é um olhar afetivo, pessoal e intimista, por reencontrar aqui pessoas daquele período de luta. O segundo é um olhar de história, já que, como jornalista, cobri e vivi essa história, que é fundamental para a sociedade”, afirmou. A também jornalista Marta Salomon completou: “O livro é sempre motivo de descoberta permanente”.

Consultor do Senado, Arlindo Fernandes também destacou a força da obra resultante do trabalho de Eumano Silva. “É muito importante para registrar tanto a luta pela democracia, por parte das forças progressistas, quanto também para que nós façamos uma revisão autocrítica dos erros praticados nesse processo”, observou.


FAP lança em Brasília livro de Eumano Silva sobre o PCB na resistência ao regime militar

Livro reconstitui a trajetória do Partidão na luta clandestina contra a ditadura e na formação da ampla frente política que redemocratizou o Brasil

O livro-reportagem Longa jornada até a democracia – Volume II conta a história do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no enfrentamento à ditadura e na redemocratização do país. Lastreada em documentos oficiais inéditos, entrevistas, reportagens e farto material bibliográfico, a obra editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) recompõe a trajetória do Partidão – apelido do PCB – de 1967 até 1992.

Escrito pelo jornalista Eumano Silva, o livro reproduz o clima sombrio da Guerra Fria, com relatos minuciosos sobre a vida clandestina de dirigentes e militantes, fugas, prisões, torturas, mortes e desaparecimentos de comunistas. O roteiro de histórias entrelaça personagens que parecem saídos dos romances policiais, como espiões e informantes infiltrados pela repressão nas organizações de esquerda. Mostra também o trabalho silencioso, e essencial para o partido, de caseiros, motoristas e distribuidores de jornais.

Análise: PCB, da luta armada à defesa da democracia

Carlos Marchi lança livro Longa Jornada até a Democracia, no Rio

Livro Longa Jornada até a Democracia, de Carlos Marchi, será lançado em São Paulo

A CIA e da KGB aparecem em vários episódios do mundo real retratado pelo autor. O caso mais conhecido envolveu o “Agente Carlos”, apelido de um assessor do então secretário-geral do PCB, Luiz Carlos Prestes, que passou para o lado da repressão e trabalhou para a CIA.

O texto jornalístico percorre o submundo da ditadura e repassa, em ordem cronológica, os fatos e os personagens mais destacados na longa jornada dos brasileiros rumo à democracia, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e José Sarney. A reportagem reconstitui as agruras da clandestinidade e a participação do PCB, desde o final da década de 1960, na ocupação de espaços na sociedade e na formação da frente democrática de oposição ao regime militar.

O Volume II de “Longa jornada até a democracia” trata de fatos transcorridos entre dezembro de 1967, data do VI Congresso, e janeiro de 1992, quando o PCB realizou o X Congresso, encontro que decidiu pela mudança de nome para Partido Popular Socialista (PPS).

O primeiro volume, lançado em 2022, escrito pelo jornalista Carlos Marchi, aborda o período compreendido entre 1922, ano da fundação do PCB, e 1967, marco da mudança na estratégia da organização comunista. No VI Congresso, a definição por mudança na linha política tornou o PCB a única organização comunista a tomar o caminho pacífico no enfrentamento ao governo instalado no Brasil com o golpe de 1964. As demais forças originadas no partido fundado em 1922 optaram pela luta armada.

Apesar da opção pelo caminho pacífico, o Partidão se tornou alvo da repressão na mesma medida que as demais organizações de esquerda. Uma dezena de dirigentes do Comitê Central do PCB foi assassinada pelo governo militar.

Mesmo clandestino, e com perdas irreparáveis, o partido teve expressiva influência na política institucional ao atuar dentro do MDB, legenda legal de oposição. Os comunistas foram responsáveis, por exemplo, pela incorporação, pelos emedebistas, das bandeiras da anistia, da Assembleia Nacional Constituinte e da eleição direta para presidente.

Arquivos militares obtidos pelo autor documentam a montagem da máquina repressiva pelo governo fardado. Os papeis registram o passo a passo da estruturação dos Departamentos de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codis). Descrevem também as disputas entre o Exército e a Marinha pelo controle do aparato criado pelas Forças Armadas para perseguir adversários.

Os anexos do livro contêm fotos inéditas de dirigentes do Partidão procurados pela repressão e imagens de presos nas dependências militares. Apresentam ainda fac-símiles de páginas de exemplares raros do jornal Voz Operária.

Entre os episódios mais impressionantes narrados pelo livro, está a cinematográfica operação montada no exterior para retirar do Brasil o dirigente Giocondo Dias. A transferência do arquivo de Astrojildo Pereira, fundador do PCB, para a Europa também teve lances espetaculares. Outra façanha dos comunistas foi manter durante dez anos, longe das garras da repressão, uma gráfica no Rio de Janeiro, no subsolo de uma casa, onde era produzido o material impresso do partido. Os documentos oficiais também identificam um sargento da Polícia Militar de São Paulo infiltrado pelo PCB no DOI-Codi do estado. Quando tomava conhecimento de prisões de militantes, o policial avisava o partido e ou as famílias.

As artimanhas dos comunistas para enganar os órgãos de segurança incluíam disfarces, documentos falsos. Camaradas instalados nas fronteiras ajudavam nas travessias de militantes e dirigentes nas fronteiras com os países vizinhos – muitas vezes com malas de dólares.

“Longa Jornada até a democracia” resgata a experiência no exílio e os abalos sofridos pelo partido em decorrência da ação de dirigentes do partido cooptados pelos órgãos de segurança. O livro também desenredou mistérios que, durante décadas, suscitaram especulações. As apurações elucidaram, por exemplo, o segredo do “ouro de Moscou”, expressão usada pelos adversários dos comunistas para designar os recursos enviados ao PCB pelo bloco comunista. Com base em depoimentos dos responsáveis pelo transporte do dinheiro, o autor calculou valores anuais repassados ao Partidão.

O colapso da União Soviética, acelerado no final dos Anos 1980, teve contribuição determinante para as mudanças de rumo que levaram à mudança de nome em 1992. O desempenho eleitoral insatisfatório, e dissidências internas, como a saída do grupo de Prestes, abalaram e enfraqueceram o Partidão. O surgimento do Partido dos Trabalhadores (PT) no final da ditadura também reduziu o espaço de atuação dos comunistas e ajuda a explicar a perda de relevância do PCB depois da redemocratização.

SOBRE O AUTOR

Formado em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) em 1987, Eumano Silva trabalhou em alguns dos principais veículos da imprensa brasileira. Nascido em 1964 em Iturama (MG), especializado em política, o autor foi repórter da revista Veja e dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Começou a carreira na cobertura da Assembleia Nacional Constituinte, dirigiu as sucursais de Brasília das revistas Época e Istoé, ocupou as funções de editor de política do jornal Correio Braziliense e editor-executivo do site Congresso em Foco e da revista Veja Brasília. Há mais de três décadas, realiza pesquisas sobre a ditadura militar. Concentrou-se, sobretudo, na busca e análise dos arquivos secretos das Forças Armadas.

O jornalista foi ainda observador independente nas buscas de desaparecidos na região da Guerrilha do Araguaia e participou dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade. É também autor dos livros “A morte do diplomata” e “Nas asas da mamata”. Como analista político, fez trabalhos para Rádio CBN, Portal Metrópoles, TV Democracia, programa Sua excelência, o fato, e Broadcast Político.

Eumano ganhou os seguintes prêmios: Jabuti de melhor livro-reportagem com o livro “Operação Araguaia – Os arquivos secretos da guerrilha”; Esso, com uma série de reportagens sobre a Guerrilha do Araguaia. Excelência Jornalística, na categoria meio ambiente, da Sociedade Interamericana de Imprensa, com a reportagem digital “O Levante dos ribeirinhos”, posteriormente editada como livro impresso.

Atualmente, Eumano exerce a função de especialista em inteligência política da Oficina Consultoria.


FAP lançará livro de Eumano Silva sobre o PCB, em Brasília

Autor realizará noite de autógrafos do segundo volume do livro Longa Jornada até a Democracia

Comunicação FAP

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao partido Cidadania23, lançará o segundo volume do livro Longa Jornada até a Democracia (844 p.), do jornalista Eumano Silva, no dia 12 de março, a partir das 19 horas, no Bar Beirute, considerado o mais tradicional de Brasília. A entrada é gratuita. O livro será colocado à venda no site da entidade, responsável pela edição da obra, na parte “Estante Virtual”. Exemplares também estarão disponíveis para compra durante o evento.

O livro é a segunda parte de um projeto de reconstituição da história do Partido Comunista Brasileiro (PCB), também conhecido como Partidão, conforme explica o professor titular de Sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) José Antonio Segatto, na apresentação da obra. O primeiro volume, de autoria do jornalista Carlos Marchi, aborda o período compreendido a fundação da sigla, em 1922 – como Seção Brasileira da Internacional Comunista –, até o VI Congresso do PCB, realizado em 1967.

Análise: PCB, da luta armada à defesa da democracia

Carlos Marchi lança livro Longa Jornada até a Democracia, no Rio

Livro Longa Jornada até a Democracia, de Carlos Marchi, será lançado em São Paulo

O segundo volume abarca sua fase derradeira (1967-1992), considerados os últimos vinte e cinco anos de existência do Partidão. Composto por 181 pequenos capítulos, a obra é considerada, pelo autor, como um livro-reportagem. Ao longo dos capítulos são expostas as transformações e desventuras do PCB; a perseguição e repressão imposta a seus dirigentes e militantes pelo terrorismo do Estado ditatorial e as cizânias e dissidências políticas.

O livro é resultado de uma ampla análise da documentação do PCB (resoluções, manifestos, declarações etc.) e de informações produzidas por órgãos governamentais, principalmente, os encarregados da investigação policial e da repressão (SNI, DOI-Codi, Cenimar, Deops e outros). Conforme registrado na obra, muito desses aparelhos, operaram nos porões da ditadura do regime ditatorial ou mesmo clandestinos.

Eumano Silva também se baseou em uma variedade de depoimentos de dirigentes e militantes, alguns com protagonismo proeminente e outros coadjuvantes ou meramente laterais.

Ao abordar a história do Partidão em sua fase terminal, expondo-a na forma de uma extensa reportagem, o autor fornece a uma contribuição inédita e significativa para o entendimento do PCB, uma das mais importantes instituições da sociedade civil e política, e de um período histórico-político considerado extremamente sombrio da República brasileira.


Série Brasileiros e Militantes é reconhecida internacionalmente

Ivan Alves Filho*

A plataforma digital Arquivo Marxista na Internet (MIA) é uma das maiores do mundo. Publicada em 80 idiomas, com nada mais nada menos do que 25 milhões de acessos por ano, ela decidiu publicar os vídeos da série Brasileiros e Militantes em sua seção em língua portuguesa. Idealizada e dirigida por mim, a referida série tem o apoio da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília.

Desde 2003, quando os Brasileiros e Militantes começaram, foram mais de 40 vídeos editados.

Homens do peso de Oscar Niemeyer, Ferreira Gullar, Abelardo da Hora e Nelson Pereira dos Santos tiveram suas trajetórias profissionais e partidárias documentadas.

Trata-se de um reconhecimento internacional que muito nos honra.

Confira a Playlist:



TítuloEntrevistadoDuraçãoData de produção
Um democrata no PantanalCarmelino Resende24 minutosabril de 2022
Socialismo com cidadaniaGivaldo Siqueira33 minutosmarço de 2022
Um democrata exemplarLuiz Mario Gazzaneo31 minutosfevereiro de 2022
Um homem, uma Lei, com o jornalista e homem públicoCarlos Alberto de Oliveira, Caó28 minutosjaneiro de 2022
Sete décadasAlberto Negri28 minutosnovembro de 2016
O Partido fardadoSergio Cavalari29 minutosjulho de 2016
Um comunista chamado SantosAlberto Santos28 minutosjunho de 2016
Foice, martelo e CruzPretextato Cruz26 minutosmaio de 2016
A vida é um teatroJoacyr Castro29 minutosabril de 2016
O advogado da anistiaMarcello Cerqueira27 minutosmarço de 2016
O vermelho e o negroJoel Rufino dos Santos25 minutosmaio de 2011
Memórias do cinemaNelson Pereira dos Santos25 minutosnovembro de 2010
Documentário sobre o jornalistaMilton Coelho da Graça23 minutosagosto de 2010
Em busca da liberdade, sobre o engenheiro e militante políticoSergio Augusto de Moraes23 minutosjunho de 2010
O longo caminho de MoacirMoacir Longo20 minutosmaio de 2010
Abelardo de todas as horasAbelardo da Hora22 minutosmarço de 2010
A vida como missãoPaulo Elisiário Nunes22 minutosnovembro de 2009
Homenagem aos velhos militantesFAP10 minutossetembro de 2009
Uma paixão pela democraciaGilvan Melo18 minutosoutubro de 2009
O cabo FrankCarlos Frank20 minutosagosto de 2009
Uma menina de engenhoSocorro Ferraz22 minutosjulho de 2009
A seiva do PartidoJoão Falcão26 minutosabril de 2009
Um homem bem-vindoBemvindo Sequeira26 minutosfevereiro de 2009
Com a mão na massaAdalberto Temóteo da Silva24 minutosnovembro de 2008
Uma vida de lutasJosé Júlio18 minutosoutubro de 2008
Guerreira, mãe e florGraziela Melo25 minutossetembro de 2008
A casa de AstrojildoAstrojildo Pereira25 minutosjulho de 2008
A democracia como meio e fimArmênio Guedes25 minutosjunho de 2008
Morrer se preciso forMércio Gomes26 minutosmaio de 2008
Codireção e roteiro do documentário-demonstração Brasileiros e MilitantesFAP10 minutossetembro de 2007 e, com acréscimos, março de 2008
Os igarapés da liberdadeJosé Maria Monteiro21 minutosmarço de 2008
O último de 35Severino Teodoro de Mello29 minutosfevereiro de 2008
A certeza do amanhãWilliam Moreira Lima10 minutosagosto de 2007
O Partido do sambaSérgio Cabral31 minutosabril de 2007
A necessidade da filosofiaLeandro Konder32 minutosjaneiro de 2007
Navegar é precisoGeraldo Campos30 minutosnovembro de 2006
Nada além da liberdadeAntônio Ribeiro Granja30 minutosjulho de 2006
A luta poéticaFerreira Gullar38 minutosjunho de 2006
O Construtor de SonhosOscar Niemeyer22 minutosabril de 2006
Uma mulher na História Zuleika Alambert20 minutosmarço de 2005
Uma voz do povoJayme Miranda29 minutosfevereiro de 2005 (ampliado em 2006).
Um libertário nos pampasJoão Avelino33 minutos
A Luta na Massa do SangueJarbas Marques30 minutos
60 anos de LutaJosé Maria Platilha29 minutos

*Ivan Alves Filho é historiador, jornalista e documentarista brasileiro


Curso Online para Candidatos e Assessores voltará em fevereiro de 2024

Comunicação FAP

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) informa que serão retomadas em fevereiro de 2024 as aulas do Curso Online para Candidatos e Assessores, com foco nas eleições municipais. No segundo módulo da capacitação, realizada em parceria com o Cidadania 23, a turma matriculada terá acesso a uma série de novos conteúdos indispensáveis e estratégicos para a campanha política e a gestão nos municípios.

Clique aqui e veja notícias sobre o curso!

O curso é ministrado na modalidade de formação continuada, por meio da sala virtual do Zoom. O link é enviado diretamente para a turma antes de cada aula. Os interessados ainda podem se inscrever no site da entidade, gratuitamente. As aulas do primeiro módulo começaram no dia 19 de setembro.

As aulas são ministradas às terças-feiras, a partir das 19 horas, e todas ficam disponíveis para acesso ilimitado no canal da fundação no Youtube. Será enviado certificado para todos as pessoas concluintes do curso de formação política.

Clique aqui e veja vídeo de todas as aulas do curso no Youtube!


Secretário de SP discute abastecimento e sustentabilidade em curso da FAP

Comunicação FAP

O secretário-executivo municipal de segurança alimentar, nutricional e abastecimento de São Paulo, Carlos Eduardo Fernandes, vai ministrar, nesta terça-feira (12/12), a partir das 19h30, em formato telepresencial, a 12ª aula do Curso Online para Candidatos e Assessores, com conteúdo focado na capacitação para as eleições municipais de 2024. Ele abordará a importância do abastecimento e da sustentabilidade nas cidades. A assessora legislativa e ex-subsecretária de Cultura e Governo de Niterói (RJ) Dulce Galindo realizará a moderação.

O curso é realizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em parceria com o Cidadania 23, ambos sediados em Brasília. A aula será ministrada por meio da sala virtual do aplicativo Zoom, canal que permite a interação direta de alunos com o professor.

Esta será a última aula do primeiro módulo do curso. O segundo módulo será iniciado em fevereiro.

Veja, abaixo, o vídeo da aula:

https://www.youtube.com/watch?v=wEj_VLRdCJ0

Os interessados ainda podem se inscrever, por meio do formulário virtual, que também está disponível no site da entidade, gratuitamente. O curso oferecerá certificado para os alunos concluintes.

Clique aqui e veja notícias sobre o curso!

O acesso à sala do Zoom será liberado poucos minutos antes do início da aula. Todos os vídeos das aulas também ficam disponíveis no canal da fundação no Youtube, para serem vistos posteriormente, a qualquer momento, pelos interessados.

Clique aqui e veja vídeo de todas as aulas do curso no Youtube!

O curso integra o programa de formação política da FAP, em parceria com o Cidadania 23. Desde o ano de 2020, a fundação realizou três cursos destinados à capacitação de candidatos a cargos eletivos e suas equipes, fortalecendo o seu comprometimento com a boa política e a cidadania.


Como ser um bom vereador: Professor Azuaite ensina estratégias

Comunicação FAP

O vereador por oito mandatos em São Carlos (SP), Azuaite Martins França, ensinará como ser um bom vereador, durante o Curso Online para Candidatos e Assessores, com foco na capacitação para as eleições municipais de 2024. Ele ministrará aula telepresencial, nesta terça-feira (27/11), a partir das 19 horas. A capacitação é promovida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em parceria com o Cidadania 23, ambos sediados em Brasília.

Veja, abaixo, o vídeo da aula:

https://youtube.com/live/VQYo3oR7Cg4

Azuaite, que atualmente é o segundo vice-presidente do Centro do Professorado Paulista e membro do Diretório Estadual do Cidadania-SP, vai ministrar a aula ao vivo, por meio da sala virtual do aplicativo Zoom, canal que permite a interação direta de alunos com o professor. A mediação será realizada pelo jornalista Luiz Carlos Azedo.

Os interessados ainda podem se inscrever, por meio do formulário virtual, que também está disponível no site da entidade, gratuitamente. O curso oferecerá certificado para os alunos concluintes.

Clique aqui e veja notícias sobre o curso!

O acesso à sala do Zoom é liberado poucos minutos antes do início da aula. Todos os vídeos das aulas também ficam disponíveis no canal da fundação no Youtube, para serem vistos posteriormente, a qualquer momento, pelos interessados.

Clique aqui e veja vídeo de todas as aulas do curso no Youtube!

O curso integra o programa de formação política da FAP, em parceria com o Cidadania 23. Desde o ano de 2020, a fundação realizou três cursos destinados à capacitação de candidatos a cargos eletivos e suas equipes, fortalecendo o seu comprometimento com a boa política e a cidadania.