Fundação Astrojildo Pereira
‘Parada Gay de SP ganha força no país’, destaca Almira Rodrigues em artigo na Política Democrática
Nona edição da revista, produzida e editada pela FAP, publica análise sobre avanços conquistados pela mobilização política
A psicanalista e socióloga Almira Rodrigues diz que a Parada Gay de São Paulo, que este ano reuniu mais de três milhões de pessoas em sua 23ª edição, “ganha força como um dos eventos políticos de grande expressão no país”. No entanto, em artigo publicado na nona edição da revista Política Democrática online, a especialista afirma que o governo federal desconsidera amplamente os “acontecimentos, nos âmbitos da sociedade civil e do Poder Judiciário”, relacionados às minorias sociais.
» Acesse aqui a nona edição da revista Política Democrática online
A pesquisadora lembra que o dia 28 de junho é comemorado como o Dia Internacional do Orgulho LGBT+ em homenagem ao 28 de junho de 1969, quando a polícia reprimiu duramente as pessoas LGBTs, no bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, e elas resistiram enfrentando a violência policial por três dias. No ano seguinte, conforme escreve a autora, realizou-se a primeira Parada Gay nessa cidade e, ano a ano, elas foram se propagando mundo afora, a exemplo das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher – 8 de março.
No Brasil, segundo Almira, desde 1996 as paradas do Orgulho Gay são realizadas. Neste ano, São Paulo realizou sua 23ª com o tema “50 anos de Stonewall – Nossas conquistas, nosso orgulho de ser LGBT+”, reunindo mais de três milhões de pessoas. “Podemos dizer que é o evento político de maior expressão no país”, afirma a psicanalista.
Pouco antes, em 13 de junho, o STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu o julgamento de ação direta de inconstitucionalidade por omissão, visando à criminalização da homofobia e da transfobia. “Estas ações foram ajuizadas pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos (ABGLT), em 2012, e pelo Partido Popular Socialista (atual Cidadania), em 2013”, ressalta a autora.
O entendimento da maioria dos ministros (8x3) foi pela equiparação dos crimes de LGBTfobia ao racismo, à medida que consideraram que o conceito de racismo se aplica às discriminações contra grupos sociais minoritários. Esta decisão vigora até que o Congresso Nacional aprove lei sobre a matéria. “Desde meados do século passado, psicanalistas, médicos e profissionais das ciências humanas reconhecem que a identidade de gênero, ou ‘sexo psicológico’, não acompanha necessariamente o sexo biológico”, afirma Almira.
Leia mais:
» Política Democrática: Arlindo Oliveira explica o que muda na Lei Eleitoral de 2020
» ‘Crime comum e organizado existe em toda parte’, afirma Henrique Herkenhoff à Política Democrática
» ‘Brasil vive momento paradigmático’, diz Alberto Aggio à revista Política Democrática
» Arte de protesto mobiliza jovens de periferia pela preservação da vida, destaca Política Democrática
» ‘Política de justiça criminal atingiu mais os desiguais’, diz Roberto Kant à Política Democrática
» Nova edição de Política Democrática destaca protagonismo de jovens da periferia do DF
Política Democrática: Arlindo Oliveira explica o que muda na Lei Eleitoral de 2020
Analista político detalha o que o eleitor pode esperar para as disputa eleitoral do ano que vem
Duas importantes alterações estarão em vigor pela primeira vez nas eleições municipais de 2020. A primeira trata da propaganda eleitoral e a segunda aborda as coligações partidárias, conforme destaca o analista político Arlindo Fernando de Oliveira. Em artigo publicado na nova edição da revista Política Democrática, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), ele diz que a alteração mais importante, entretanto, é proibição de coligações entre os partidos políticos nas eleições para vereador, assim como para deputado federal, deputado estadual e distrital.
» Acesse aqui a nona edição da revista Política Democrática online
Oliveira destaca que existe prazo. “As regras do jogo para as eleições municipais de outubro de 2020 podem ainda ser alteradas este ano, desde que as modificações ocorram até o dia 4 de outubro, ou seja, um ano antes do pleito”, acentua. “No presente momento, não há grandes movimentações no Congresso, mas até setembro isso pode mudar”, afirma.
O analista político explica que a primeira é a mudança na Lei Eleitoral, no que diz respeito à propaganda eleitoral, determinando que, nas eleições municipais, apenas os candidatos majoritários irão aparecer na TV e no rádio, no horário regular. Os candidatos a vereador terão direito apenas a uma parte (40%) do tempo do partido destinado às chamadas inserções, propagandas de um minuto ou 30 segundos distribuídas ao longo do dia, das 5 da manhã até a meia noite.
Em relação à mudança que considera mais importante, Oliveira explica que ela está definida por uma Emenda à Constituição (EC 97, de 2017), não se aplicou às eleições gerais do ano de 2018, passando a valer nas eleições municipais de 2020. “Cada partido deverá lançar neste pleito, portanto, uma lista de candidatos capazes de somar votos em número bastante para alcançar o quociente eleitoral’, diz.
O quociente eleitoral é definido pela divisão entre o número de votos válidos da eleição para vereador, pelo número de cadeiras que compõem a Câmara Municipal. “A maior parte dos municípios brasileiros, mais de 3.200 dos 5.569 existentes, tem seu Poder Legislativo municipal composto por nove vereadores”, observa. O quociente eleitoral é, nesses casos, de 11% dos votos válidos.
A proibição de coligações será um pouco mitigada por outra alteração no sistema eleitoral, ocorrida no Código Eleitoral. Ela permite que todos os partidos participem do rateio das vagas que sobram após o primeiro cálculo dos quocientes eleitorais e partidários.
Leia mais:
» ‘Crime comum e organizado existe em toda parte’, afirma Henrique Herkenhoff à Política Democrática
» ‘Brasil vive momento paradigmático’, diz Alberto Aggio à revista Política Democrática
» Arte de protesto mobiliza jovens de periferia pela preservação da vida, destaca Política Democrática
» ‘Política de justiça criminal atingiu mais os desiguais’, diz Roberto Kant à Política Democrática
» Nova edição de Política Democrática destaca protagonismo de jovens da periferia do D F
‘Crime comum e organizado existe em toda parte’, afirma Henrique Herkenhoff à Política Democrática
Publicação da FAP mostra, em sua nova edição, crítica do presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-ES
Tema da segurança pública ganhou tanto espaço nas discussões políticas e nas últimas eleições, que cada candidato precisou apresentar soluções convincentes e de fácil digestão pelo eleitorado. Essa é a análise do presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-ES (Ordem dos Advogados do Brasil seção Espírito Santo), Henrique Geaquinto Herkenhoff, em artigo publicado na nona edição da revista Política Democrática online.
» Acesse aqui a nona edição da revista Política Democrática online
Produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), a nova edição da revista mostra posicionamento crítico de Herkenhoff. “Há alguns anos, em um raro momento de racionalidade e responsabilidade, nossos representantes eleitos propuseram a completa proibição do comércio e da propriedade privada de armas de fogo, que se tornariam exclusivos das forças públicas”, observa ele.
Herkenhoff também já atuou como secretário de Segurança do Estado do Espírito Santo (2011/2013), desembargador federal (2007/2010), procurador e procurador regional da República (1996/2007), integrando a Missão Especial de Combate ao Crime Organizado e o Conselho Penitenciário Estadual.
De acordo com ele, de fato, os EUA, único país relevante a não adotar aquela medida, têm estatísticas de homicídios e assaltos que, se não espantam aos brasileiros, sempre foram escandalosamente maiores que as da Europa, Ásia, Oceania e mesmo de parte da África. “Crime comum e organizado existe em toda parte, mas a violência grave é atualmente um fenômeno circunscrito ao continente americano”, acentua.
Na avaliação do autor, não faz o menor sentido portar uma arma para se defender de um roubo, muito ao contrário. “Como o assaltante sempre escolhe o melhor momento, geralmente está em grupo e conta com o fator surpresa, as circunstâncias são francamente desvantajosas para os que tentam reagir”, afirma, para continuar: “E mesmo os policiais correm muito mais risco quando fazem ‘bico’ como seguranças do que em serviço”.
Leia mais:
» ‘Brasil vive momento paradigmático’, diz Alberto Aggio à revista Política Democrática
» Arte de protesto mobiliza jovens de periferia pela preservação da vida, destaca Política Democrática
» ‘Política de justiça criminal atingiu mais os desiguais’, diz Roberto Kant à Política Democrática
» Nova edição de Política Democrática destaca protagonismo de jovens da periferia do DF
‘Brasil vive momento paradigmático’, diz Alberto Aggio à revista Política Democrática
O Brasil sempre foi um país cheio de deficiências e incompletude, com a economia decrescendo, a sociedade se repolarizando e sem o mínimo de orientação à política
O Brasil sempre foi um país cheio de deficiências e incompletude, com a economia decrescendo, a sociedade se reportaríamos e sem o mínimo de orientação no plano político. A avaliação é do historiador Alberto Aggio, em artigo publicado na nona edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira)
» Acesse aqui a nona edição da revista Política Democrática online
“Em momento algum de sua história, sejam quais tenham sido seus protagonistas de proa, sejam quais os intelectuais que se esforçaram para lhe dar um sentido e o povo que se animou em saudá-lo como benfazejo, o país se concretizou como uma experiência integralmente generosa de vida a partir deste Ocidente particularíssimo, visto em alguns momentos como extremo e longíquo”, diz o analista político, que também é professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
De acordo com Aggio, que é diretor da FAP, o país vive hoje mais um momento paradigmático da dificuldade para visualizar o que realmente se passa entre nós. “A economia decresce, a sociedade se repolariza e falta o mínimo de orientação à política”, afirma, para continuar: “Compreender a democracia e sustentá-la tem sido mais difícil do que caminhar de forma esperançosa rumo a ela”.
No Brasil de hoje, conforme escreve o autor do artigo, “tudo parece revirado”. “A operação Lava Jato, importante marco contra a corrupção desenfreada que se alastrou nos anos petistas, acaba de sofrer um contra-ataque”, observa Aggio. Ele lembra que o atual presidente do STF, ministro Dias Toffoli, praticamente suspende os inquéritos que tramitam em todas as instâncias da Justiça que tenham partido de dados detalhados e compartilhados por órgãos de controle, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), sem prévia autorização judicial.
A decisão, na opinião de Aggio, beneficia o atual senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro, e paralisa a investigação que está sendo realizada pelo MP do Rio de Janeiro, envolvendo seu então assessor, Fabrício Queiroz. “O Judiciário, sempre tão cioso de sua autonomia, favorece assim diretamente o presidente Bolsonaro por meio de uma decisão que interrompe concretamente uma operação marcada pelo republicanismo a que, a despeito das eventuais críticas a seus procedimentos, a sociedade dava e dá imenso apoio”, afirma.
» ‘Política de justiça criminal atingiu mais os desiguais’, diz Roberto Kant à Política Democrática
» Nova edição de Política Democrática destaca protagonismo de jovens da periferia do DF
Arte de protesto mobiliza jovens de periferia pela preservação da vida, destaca Política Democrática
Reportagem contou mais de 50 movimentos que reúnem a juventude no Distrito Federal
O engajamento de jovens de periferias do Distrito Federal em movimentos socioculturais são o destaque da nona edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira). De acordo com a reportagem, eles têm saído cada vez mais do anonimato e usam poesias, letras de música e outras formas de manifestação político-cultural como “arte de protesto”.
» Acesse aqui a nona edição da revista Política Democrática online
Os jovens sobreviventes da guerra às periferias se mobilizam, conjuntamente, para fortalecer a maior arma de suas comunidades pela vida: a conscientização. A reportagem destaca que, assim como em outras partes do país, o número de movimentos socioculturais tem aumentado em Brasília e cidades próximas.
Dessa forma, os jovens deixam de ser socialmente invisíveis para travarem uma incessante luta por garantia de direitos. Eles já não se perdem nos números dos mais diversos levantamentos, que, às vezes, até se contradizem por conta das distintas fontes de dados, embora sejam importantes para a definição e a melhoria de políticas públicas. Cada vez mais, eles têm saído do anonimato para ocupar ruas, praças, parques e regiões centrais das cidades e mostrar suas artes. Só no Distrito Federal, há mais de 50 movimentos que reúnem jovens de periferia, conforme apurou a reportagem.
“Na escola, ainda criança, já era xingada por causa do meu cabelo. Por isso, passei a escovar a franja e enchê-lo de creme para não ficar alto. Me chamavam de bombril. O bullying e o racismo são muito perversos, mas o empoderamento veio com o tempo”, afirma a assistente social Luana Rocha de Queiroz, de 22 anos, conhecida como Nega Lu.
Para o estudante Werick Heslei Pereira da Silva, de 20, é preciso vencer o estigma de que “ser da periferia é feio”. “A periferia é muito rica. O samba veio da periferia e a capoeira ganha força no contexto de pessoas marginalizadas. A guerra pintada contra a periferia reforça uma face cruel do poder simbólico. A burguesia acha que quem é da periferia tem que limpar chão e não pode ascender na vida, mas não é assim”, diz ele.
A poesia como protesto chega de repente para a balconista de padaria Naiara de Jesus Barbosa, de 27 anos, conhecida como Araian Poeta. “O que me inspira é minha visão sobre a realidade, o sentimento do momento, como revolta, amor, aflição, tristeza. Ultimamente, estou sentindo mais revolta porque cada notícia é gritante”, afirma.
O estudante João Vitor Brito Araújo, de 20, diz que seus sonhos são o impulso para usar a arte como manifestação. “É preciso viver com sonhos. Meu maior sonho é dar uma casa para a minha mãe, mais conforto pra ela. E conseguir ter o conforto que mereço com a minha arte. Quero pelo menos ter sossego onde moro”, acentua.
Leia mais:
» ‘Política de justiça criminal atingiu mais os desiguais’, diz Roberto Kant à Política Democrática
» Nova edição de Política Democrática destaca protagonismo de jovens da periferia do DF
‘Política de justiça criminal atingiu mais os desiguais’, diz Roberto Kant à Política Democrática
Em entrevista exclusiva à revista produzida e editada pela FAP, antropólogo cita Mensalão e Lava Jato
Medidas como a mudança proposta pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a aquisição e o porte de armas, entre outras, beneficiam “criminosos profissionais” em detrimento do cidadão comum. A crítica é do antropólogo Roberto Kant de Lima, em entrevista à nona edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira).
» Acesse aqui a nona edição da revista Política Democrática online
Lima é coordenador do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC/PROPPI/UFF), e membro da Academia Brasileira de Ciência (ABC) – que há cerca de 20 anos faz pesquisa de campo em instituições judiciárias e policiais do Brasil e dos Estados Unidos.
Para ele, o decreto que está no Congresso vai fortalecer a ideia de um poder não institucional. “Trata-se, no fundo, de legalizar uma situação que, pelas leis atuais, ainda é considerada de competência federal. E, portanto, ainda sujeita a certos controles, como considerar ilegal a posse e o porte de arma sem licença. Isso poderá não ser mais possível no futuro. E quem tem mais interesse nisso não são os ‘cidadãos de bem’, mas criminosos profissionais”, completa.
A partir do Mensalão, de acordo com o antropólogo, houve uma primeira tentativa de estender o poder de punição às classes mais favorecidas. “Mediante um trabalho hercúleo, o ministro Joaquim Barbosa deixou claro ser possível tratar de punição no nível do Supremo Tribunal Federal como instância de instrução do processo”, afirma. “O desafio era fazer frente ao grande problema da prerrogativa de função, privilégio no qual se confunde o funcionamento da instrução judicial na primeira instância – interrogatório de réus e testemunhas, perícias etc. – com o exame de recursos da segunda instância e de instâncias superiores”, diz.
Já a Lava Jato é, em grande medida, segundo o pesquisador, questionada por conta dos defeitos constantes de inquéritos policiais, que permitem muitas vezes anulações e prescrições de processos criminais. “A lerdeza do andamento ordinário dos processos, da primeira instância às instâncias superiores, também abre a possibilidade de interferências seguidas nos processos, até sua conclusão pela autoridade do juiz/juízes”, analisa. “O processo penal desconfia do acordo entre as partes, e diz a doutrina que mesmo que as partes estejam de acordo, o juiz pode continuar pesquisando, para descobrir a verdade real”, continua.
Leia mais:
» Nova edição de Política Democrática destaca protagonismo de jovens da periferia do DF
Nova edição de Política Democrática destaca protagonismo de jovens da periferia do DF
Nona edição da revista, produzida e editada pela FAP, também leva ao público uma entrevista especial com Robert Kant de Lima e oito artigos de opinião
A FAP (Fundação Astrojildo Pereira) lançou, nesta segunda-feira (29), a nona edição da revista Política Democrática online, destacando o crescimento de movimentos socioculturais formados por jovens da periferia do Distrito Federal. A publicação, editada e produzida pela instituição, também leva ao público uma entrevista com o antropólogo Roberto Kant de Lima, coordenador do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Administração Institucional de Conflitos da UFF (Universidade Federal Fluminense), além de oito artigos. O acesso a revista é gratuito, por meio do site da fundação.
» Acesse aqui a nona edição da revista Política Democrática online
No editorial, a revista Política Democrática online analisa o que chama de “protagonismo do Congresso e o avanço das reformas”. “O desempenho do governo, transcorridos seis meses de sua posse, reitera, de um lado, aspectos de sua agenda anunciados na campanha eleitoral”, diz um trecho, para continuar: “De outro, a interação com o mundo político em geral, em particular com os demais Poderes, revela características novas, destoantes, em relação ao padrão estabelecido por seus antecessores, na sombra das regras da Constituição de 1988”.
No entanto, de acordo com o editorial, “começa a se formar, simultaneamente, um conjunto de fatos novos, por vezes, surpreendentes.” De acordo com a revista, dois ganharam, recentemente, destaque merecido. “Primeiro, a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, estacionado há mais de uma década. Ao que parece, a pressão de um segmento importante da base governista logrou derrotar a aversão governista aos processos de integração regional, mesmo ao preço de recuos importantes em diversos projetos governamentais”, afirma outro trecho do editorial.
Em outra parte, a revista mescla histórias e fotografias de jovens de periferia de Brasília que decidiram assumir o papel de protagonismo em suas próprias vidas e comunidades, para que difundam a conscientização como a maior aliada na luta contra as diversas formas de preconceitos e em favor a preservação da vida. Para isso, conforme mostra a reportagem especial, eles têm se reunido em movimentos socioculturais, como batalha de poesias e de MCs, destacando a importância do hip hop.
Na entrevista, o antropólogo observa que a política de justiça criminal atingiu mais os desiguais. Segundo Lima, “a partir da Lava Jato, o protagonismo da tutela saltou para o juiz, que, articulado com as outras corporações, retoma a mesma ideia de se tornar agente público com visibilidade”.
Os demais artigos abordam o papel dos três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário –, indicando como se encontram separados e desequilibrados, além de assuntos como controle de armas no Brasil, a Lei Eleitoral de 2020, o Dia Internacional do Orgulho LGBT+, cidadania e acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Conservar Floresta Amazônica é essencial para o agronegócio, diz Guilherme Accioly à Política Democrática online
Em artigo publicado na revista da FAP, economista faz alerta sobre investidas da bancada ruralista no Congresso Nacional
Cleomar Almeida
O economista Guilherme Accioly diz que o agronegócio é fundamental para a economia brasileira. Segundo ele, o setor contribui com cerca de 24% no PIB, gera um em três empregos e é responsável por quase metade das exportações brasileiras. “Somos uma potência no setor. Entretanto, todo esse sucesso pode vir a ser destruído com a participação decisiva de representantes do agronegócio no Congresso Nacional”, afirma ele.
» Acesse aqui a oitava edição da revista Política Democrática online
Em artigo publicado na oitava edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao Cidadania, o economista ressalta que diversas iniciativas em curso visam a diminuir o arcabouço legal da proteção ambiental no tocante ao desmatamento, em especial o da floresta amazônica. Ele, que trabalhou por 37 anos no BNDES, dez deles no Fundo Amazônia, entende que a proteção dos demais biomas é também fundamental, mas a maior floresta tropical do mundo é insubstituível por diversos motivos, um em particular.
“É simples. A agricultura. Desde que o mundo é mundo, depende essencialmente de dois fatores: terra e água. Pode-se produzir, com baixa produtividade, sem tecnologias avançadas, sem sementes aprimoradas, sem maquinário”, assinala. “Sem água e terra, não há produção agropecuária. No limite, até sem terra é possível (aquicultura, produção hidropônica), mas sem água, não dá. Ocorre que boa parte da água que irriga o agronegócio no Centro-oeste, Sul e Sudeste se origina na Floresta Amazônica”.
O autor também destaca que a umidade chega do oceano, no Caribe, soprada pelos ventos alísios, vem se renovando pelo ciclo chuva/transpiração das árvores, é refletida na Cordilheira dos Andes e carregada pela atmosfera para aquelas regiões, principais produtoras agropecuárias brasileiras. “Não é pouca coisa. O volume de água que chega às principais regiões produtoras por meio desse fenômeno é equivalente à vazão do Rio Amazonas, o maior do mundo. Sem a floresta, o agronegócio fica sem água, se inviabiliza (as cidades, também)”, diz.
O eventual aumento na produção decorrente da utilização de áreas a serem desmatadas não chega perto da perda pela provável seca, que afetaria inclusive essas mesmas áreas desmatadas.
Leia mais:
» Nossa era é a dos conflitos ‘localizados’, diz Ronaldo Sandenberg à Política Democrática online
» Política Democrática destaca dez anos do programa Minha Casa, Minha Vida
» País precisa de agenda econômica estruturada, diz Marcos Lisboa à Política Democrática
Hostilidade como procedimento é método de governo, afirma Marco Aurélio Nogueira em artigo na Política Democrática online
Para professor da Unesp, em 2018, correntes democráticas e de esquerda privilegiaram mais as diferenças entre elas e deixaram campo aberto para a ascensão vitoriosa da extrema-direita
Cleomar Almeida
Uma República democrática não pode vicejar em meio a impropérios oficiais e oficiosos que superpõem o perfunctório ao importante, o contingencial ao fundamental, as miudezas aos grandes planos estratégicos, o bate-boca nas redes às batalhas cívicas pelas reformas indispensáveis. É o que diz o professor titular de Teoria Política da UNESP (Universidade Estadual Paulista), Marco Aurélio Nogueira, em artigo publicado na oitava edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao Cidadania.
» Acesse aqui a oitava edição da revista Política Democrática online
Nogueira foi diretor do Ippri (Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais) da Unesp (2011-2015), em São Paulo. Atualmente, coordena o Neai (Núcleo de Estudos e Análises Internacionais), vinculado ao Instituto. Ele é também colunista do Estadão.
“Uma República democrática com uma democracia sacudida por frêmitos e arroubos autoritários, pelo desgoverno, pela má qualidade da representação parlamentar e pelo funcionamento errático do Poder Judiciário só pode sobreviver aos solavancos, sem conseguir ganhar estabilidade”, afirma, para acrescentar: “Em um quadro com tais características, nenhum governo consegue governar”.
A hostilidade como procedimento é um método de governo, de acordo com o autor. “Cria crises e inimigos para a eles atribuir as dificuldades do governo e, ao mesmo tempo, para agregar sua base mais fanatizada. `Estou tentando, cumpro o prometido, mas o sistema não me deixa governar´, repete o presidente em seu mantra”, observa o professor da Unesp.
A culpa seria sempre da “velha política”, como ironiza o autor. De acordo com ele, em 2018, no Brasil, com o sistema político abrindo falência e a sociedade mostrando claro apetite anti-establishment e a situação econômica em franca piora, as correntes democráticas e de esquerda privilegiaram mais as diferenças entre elas e deixaram campo aberto para a ascensão vitoriosa da extrema-direita.
“Mostraram incompetência e ausência de visão estratégica. Algumas seguiram a carreira solo para buscar autoafirmação, outras, para tentar conter o desgaste, outras ainda para perseguir uma revanche redentora”, analisa Nogueira. Cada uma a seu modo, avalia, prepararam o terreno para a eleição de Jair Bolsonaro, sem conseguir compreender as razões de sua progressiva afirmação.
Leia mais:
» Nossa era é a dos conflitos ‘localizados’, diz Ronaldo Sandenberg à Política Democrática online
» Política Democrática destaca dez anos do programa Minha Casa, Minha Vida
» País precisa de agenda econômica estruturada, diz Marcos Lisboa à Política Democrática
Política Democrática destaca dez anos do programa Minha Casa, Minha Vida
Reportagem especial da oitava edição da revista mostra que famílias têm o desafio de encontrarem alternativas para saírem do endividamento
Cleomar Almeida
Os dez anos do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e o endividamento das famílias ao financiarem créditos para realizarem o sonho da casa própria são destaques da reportagem especial da oitava edição da revista Política Democrática online. Produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), a publicação mostra que, em uma década, o programa serviu de base para financiar R$ 263,6 bilhões, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Regional.
» Acesse aqui a oitava edição da revista Política Democrática online
Apenas no ano passado, o valor financiado foi de R$ 39,2 bilhões, o que equivale a 15% do total da série histórica, conforme mostra a reportagem. A pasta passou a controlar neste ano a divulgação de dados sobre o programa com financiamentos da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil e não repassou informações sobre inadimplentes.
Ao lançar o programa, de acordo com a reportagem, o governo Lula tinha como meta reduzir o déficit habitacional no país, que, em 2009, era calculado em 5,7 milhões de domicílios pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No ano passado, a Caixa informou que 14,7 milhões de pessoas, 7% da população brasileira, compraram um imóvel pelo programa.
Em abril deste ano, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse à imprensa que o banco tem 70 mil imóveis devolvidos, já que os então proprietários, ao se mudarem, tiveram de passar a pagar por serviços básicos em condomínios, por exemplo. Isso fez com que o valor das dívidas aumentasse. O balanço do banco já registrou perdas de, ao menos, R$ 2,8 bilhões, com a inadimplência do Minha Casa, Minha Vida.
Por outro lado, em três anos, o número de imóveis leiloados pela Caixa saltou 115%, passando de 13.134 unidades, em 2015, para 28.291, em 2017. Procurado pela reportagem, o banco não apresentou dados mais recentes nem se pronunciou sobre o tema. Até o ano passado, porém, a instituição financeira informava que via como “natural” a renegociação de dívidas em atraso e que tentava várias possibilidades para facilitar o pagamento por parte dos devedores.
Leia mais:
» País precisa de agenda econômica estruturada, diz Marcos Lisboa à Política Democrática
Política Democrática online lança novo projeto gráfico e destaca análise sobre reforma da Previdência
Com design mais moderno e interativo, revista da FAP busca melhoria da qualidade de conteúdo oferecido ao público de graça
Cleomar Almeida
Comprometida com a melhoria da qualidade de seu trabalho disponibilizado ao público gratuitamente, a FAP (Fundação Astrojildo Pereira) lançou, nesta quinta-feira (27), a oitava edição da revista Política Democrática online. Neste mês, a publicação estreia o seu novo projeto gráfico – mais moderno e interativo com o propósito de valorizar o design de imagens e textos –, destacando entrevista com o economista Marcos Lisboa, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa). Para ele a proposta da reforma da Previdência é importante para estancar a sangria, mas, conforme avalia, não gerará economia nem alívio fiscal.
» Acesse aqui a oitava edição da revista Política Democrática online
Com design mais arrojado e harmônico, o novo projeto gráfico da Política Democrática online representa um marco da evolução da sua qualidade em todos os formatos de conteúdo. Visualmente, o leitor já perceberá nítida diferença no uso de cores e outros elementos gráficos que poderão tornar a leitura mais leve e equilibrada. De acordo com a direção da FAP, a revista continuará oferecendo conteúdo e altíssima qualidade ao público, principalmente com análises do contexto político brasileiro e em defesa de garantia de direitos, além de uma grande reportagem especial sobre assunto atual, relevante e de interesse público.
Na entrevista, que é destaque desta edição, o economista e presidente do Insper analisa que, na situação conjuntural e estrutural em que a economia brasileira se encontra hoje, o crescimento potencial cairá para algo em torno de 1%. No entanto, ele não se considera o “pessimista de plantão” e diz que que “alguns setores viveram um otimismo que desconsiderava a falta de uma agenda organizada”.
Os dez anos de lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, é tema da reportagem especial desta edição. Com o título “Sonho da casa própria transforma vida de famílias endividadas em pesadelo”, a reportagem detalha como os brasileiros que recorreram ao financiamento da moradia têm de encontrar alternativas em meio à crise econômica que assola o país.
Desde o seu lançamento, o Minha Casa, Minha Vida serviu como base de financiamento de R$ 263,6 bilhões até maio deste ano, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Regional. Apenas no ano passado, o valor financiado foi de R$ 39,2 bilhões, o que equivale a 15% do total da série histórica. A pasta passou a controlar neste ano a divulgação de dados sobre o programa com financiamentos da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil e não repassou informações sobre inadimplentes, segundo a reportagem.
Já o editorial, que leva o título “A estratégia do desmonte e as trincheiras da resistência”, aponta que a agenda governamental mostrou duas faces diferentes, em cinco meses do governo do presidente Jair Bolsonaro. “Há, de um lado, uma agenda econômica, com suas reformas, que padece, até agora, da incompetência política do governo. De outro lado, uma agenda retrógrada que tem por objetivo declarado o retorno a um passado não muito distante, nos campos do meio ambiente, da mobilidade urbana, dos costumes, além da sustentação e fortalecimento das hierarquias de gênero, classe e raça”, diz um trecho.
A edição também contempla uma charge do ilustrador JCaesar e outros oito artigos sobre meio ambiente e agronegócio, diplomacia mundial, literatura. Dirigida por André Amado e editada por Paulo Jacinto, a revista também tem, em seu conselho editorial, os seguintes nomes: Alberto Aggio, Caetano Araújo, Francisco Almeida, Luiz Sérgio Henriques e Maria Alice Resende de Carvalho.
Leia mais:
» Política Democrática analisa identidade política do Cidadania
» Política Democrática mostra reforma da Previdência como desafio para destravar o governo
» Política Democrática online destaca império das milícias sobre morte de Marielle Franco
» Revista Política Democrática de janeiro destaca reflexos de suposta corrupção na Belo Monte
» Revista Política Democrática online de dezembro destaca viagem à Volta Grande do Xingu
» Política Democrática online de novembro repercute eleição de Bolsonaro
» FAP lança revista Política Democrática digital
Jovens de periferias de Brasília usam poesia como protesto em unidade da FAP no Conic
Espaço Arildo Dória passa a ser ocupado para batalha de poesias do Slam DéF todo mês
Cleomar Almeida
A língua portuguesa é usada como grito de protesto. “Não vamos nos calar.” A rima ecoa como símbolo de resistência. “Marielle vive.” As palavras se casam na voz da periferia para desconstruir preconceitos. “Para a polícia, tráfico só existe na favela. Nas mãos do branco, maconha é apenas um baseado.”
Jovens de regiões da periferia de Brasília ocuparam, na noite desta quarta-feira (19), o Espaço Arildo Dória, conjugado com a Biblioteca Salomão Malina. Ambos são administrados pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e ficam no Conic, na área central de Brasília. Eles se encontraram na segunda edição da batalha de poesias, realizado pelo grupo Slam DéF.
“A FAP tem entre seus objetivos trabalhar com cultura e política de forma que vá muito além da política-partidária. Abrir espaço para promover cultura não está fora do nosso escopo”, ressalta o diretor da fundação, Caetano Araújo. “Isto é importante para a cidade e para os grupos que não têm opções de fazer as suas atividades. Por isso, a expectativa é de que o projeto aqui tenha muito sucesso e dure por bastante tempo”, acrescenta ele.
Apesar do tom descontraído, o evento reúne jovens que usam as palavras para protestar por uma sociedade menos desigual, menos injusta e mais solidária. Na voz de poetas e poetisas ainda desconhecidos, a poesia ganha poder. O som sai da garganta em tom de desabafo. As identidades deles e de suas comunidades, como Ceilândia, Santa Maria, Riacho Fundo, revelam dor e ganham vida.
Participantes
Durante a competição, com transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook, os jovens gritam e encenam contra o que eles chamam de problemas já banalizados pela sociedade, mas que ocorrem todos os dias: violência contra mulheres, negros e homossexuais; racismo; machismo; intolerância e discriminação religiosa; violência estatal e policial; e criminalização das drogas e de jovens negro e da periferia.
Um dos participantes da batalha de poesias é o estudante Werick Heslei, 20 anos. Morador de Santa Maria, ele traz a realidade em suas palavras. “É importante que as pessoas ocupem os espaços. Com iniciativas como esta, da FAP, fica mais fácil que várias pessoas de várias quebradas [periferias] se aproximem e criem redes”, afirma ele.
Mãe de Werick, a chefe de cozinha Waldirene da Silva, 42, diz que faz questão de acompanhá-lo sempre que possível. Ela avalia como muito importante a Biblioteca Salomão Malina e o Espaço Arildo Dória serem ocupados pela periferia em eventos como a batalha de poesias. “É uma forma de conscientização e quebra de barreiras e preconceitos. Reúne pessoas com estilos totalmente diferentes”, acentua.
A estudante de Direito Lari Martinez, 21, também participa do programa evento Slam DéF como forma de protesto pela defesa de igualdade de direitos e condições para as mulheres na sociedade. Ela, que também é MC, aproveita a poesia falada para abordar o empoderamento das mulheres no hip hop.
“A sociedade é machista e o movimento hip hop não deixa de reproduzir isso. As minas do hip hop são resistência dentro de um movimento de resistência”, destaca Lari.
Competição
Coordenado pelo procurador de língua portuguesa Will Júnior, o projeto Slam DéF é uma competição de poesia falada. Qualquer pessoa interessada pode participar, sem inscrição prévia. Basta comparecer ao evento com uma poesia de sua própria autoria. A entrada é gratuita.
“A ideia é trabalhar poesia e trazer vida para aos artistas que, muitas vezes, não têm espaço para trazer sua arte. Para esse tipo de arte, esse tipo de proposta, praticamente não tem oportunidade em Brasília”, afirma o coordenador. Na competição, os participantes têm de recitar poesia de, no máximo, três minutos. Os jurados são escolhidos na hora do evento, aleatoriamente, para que o projeto seja mais dinâmico e mais próximo da sociedade.
Além de mostrar o domínio da fala em poesias, os jovens são um retrato de esperança por um mundo que pare de ver periferias como espaços de violência e criminalidade. É expectativa. É força. É luta. É poesia. A periferia existe e vive.