Arte: João Rodrigues/FAP

Inteligência artificial pode antecipar cenários para as Eleições 2022

João Rodrigues, da equipe da FAP

Há menos de cinco meses das eleições, a inteligência artificial reforça que o processo eleitoral deste ano será novamente marcado pela polarização. O monitoramento de dados na internet também indica os principais temas do debate eleitoral e como os candidatos devem reagir aos assuntos de maior repercussão na sociedade.

Para entender como mecanismos de acompanhamento das redes sociais podem antecipar cenários para as Eleições 2022, o podcast Rádio FAP desta semana recebe o jornalista Sergio Denicoli.



Sergio Denicoli será um dos palestrantes do curso de formação política para candidatos, candidatas e suas equipes, que começa na próxima semana. Pós-doutor em comunicação digital, pesquisador da Universidade do Minho, em Portugal, CEO da AP Exata Inteligência Digital, é foi professor da Universidade Federal Fluminense e também em Portugal, na Universidade Lusófona e na Universidade do Minho. 

O crescimento da extrema direita no ambiente virtual, o papel das redes sociais nas eleições deste ano e os riscos das fake news para a democracia brasileira estão entre os temas do programa. O episódio conta com áudios do Jornal da Band, Rádio Brasil Atual, Programa ND Notícias, Código Fonte TV, TV Cultura, Assembleia de Minas Gerais e Jornal da Globo.

O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube,  Google PodcastsAnchorRadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues.

RÁDIO FAP




Conheça a história da visita de Astrojildo Pereira a Machado de Assis

João Rodrigues, da equipe da FAP

No mês do centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB), publicamos a história do breve encontro entre Astrojildo Pereira e Machado de Assis, um dia antes de morrer. O momento foi descrito por Euclides da Cunha, numa homenagem ao escritor publicado em 30 de setembro de 1908, no Jornal do Commercio.
"Chegou, não disse uma palavra. Ajoelhou-se. Tomou a mão do mestre, beijou-a num belo gesto de carinho filial. Aconchegou-a depois de algum tempo ao peito. Levantou-se e, sem dizer palavra, saiu", escreveu Euclides da Cunha sobre a visita de Astrojildo Pereira a Machado de Assis.

Confira abaixo o vídeo.




Arte: João Rodrigues/FAP

Ferrogrão: Entenda o que representa o projeto, alvo de disputas no STF

João Rodrigues, da equipe da FAP

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para 15 de junho o julgamento do projeto que prevê a construção da EF-170, a chamada Ferrogrão, ferrovia prevista para ligar o Mato Grosso e o Pará. São cerca de mil quilômetros que atravessam áreas protegidas, entre terras indígenas e unidades de conservação.

Na primeira quinzena de março de 2021, devido a questionamentos ambientais, o ministro do STF Alexandre de Moraes decidiu suspender o trâmite da construção da ferrovia. O projeto visa ampliar e reduzir custos com o transporte de grãos como soja e milho, por exemplo, mas conta com críticas dos povos originários, ambientalistas e da comunidade internacional

Para analisar os riscos da obra, o podcast Rádio FAP desta semana conversa com o advogado e professor Melillo Dinis. Doutor em ciências jurídicas e sociais, pesquisador, especialista em Direito Público, ele é diretor do Instituto Brasileiro de Direito e Controle da Administração Pública e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.



O imbróglio jurídico que cerca o projeto, o custo de até R$ 40 bilhões para a obra e o modelo de retrocesso que a Ferrogrão pode representar na Amazônia estão entre temas do programa. O episódio conta com áudios do Jornal da Band, Jornal da Record, Canal Rural, TV Câmara, AgroMais e do canal Vida Rural MT.

O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube, Google PodcastsAnchorRadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues.

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Arte: Luz Verde Comunicação Estratégica

Confira o vídeo oficial do curso para candidatos, candidatas e suas equipes

João Rodrigues, da equipe da FAP

Foi lançado nesta quinta-feira (12) o vídeo oficial do curso de formação política para candidatos, candidatas e suas equipes. As aulas serão ministradas de 23 a 30 de maio e as inscrições seguem abertas.

Clique aqui e saiba mais sobre a a programação.

Confira o vídeo.




Arte: João Rodrigues/FAP

Capacitação política para candidatos é tema de podcast

João Rodrigues, da equipe da FAP

Em parceria com o Instituto Teotônio Vilela (ITV-PSDB), a Fundação Astrojildo Pereira (FAP) lançou nesta semana o Curso de formação política para candidatos a deputado e suas equipes. A capacitação on-line tem o objetivo de preparar filiados do Cidadania 23 e do PSDB para as eleições deste ano.

Clique aqui e inscreva-se agora. Até o fechamento desta edição, o curso já contava com mais de 100 inscritos de todos os estados do Brasil e Distrito Federal. Para detalhar a programação e os temas do curso, o podcast Rádio FAP desta semana conversa com o presidente do Conselho Curador do ITV, Marcus Pestana, e o presidente do Conselho Curador da FAP, Luciano Rezende.



Ex-ministros, deputados federais e alguns dos maiores profissionais do Brasil em suas áreas fazem parte do time de palestrantes do Curso de formação política para candidatos a deputado e suas equipes. As aulas serão realizadas entre 23 e 30 de maio por meio plataforma interativa, moderna e com design responsivo.

O episódio conta com áudios dos alunos Daniella Dias dos Santos (Recife/PE), Fabrício Marinho (Itajaí, Santa Catarina), Nilma Freitas (Franco da Rocha/SP), Alfredo Tomoo Ojima (Cuiabá/ MT), Eleangela Vasque Cervilha (Curitiba/PR), Maria Cristina Santos Oliveira (Aracaju/SE), Jailson de Almeida Souza (Rio Branco/AC) e Elizete Aparecida Azevedo Mota (Minas Gerais).

O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube, Google Podcasts, Anchor, RadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues.

SAIBA MAIS

Marcus Pestana

Presidente do Conselho Curador do Instituto Teotônio Vilela (ITV-PSDB), é economista e professor. Ex-deputado federal pelo PSDB de Minas Gerais. Foi vereador, deputado estadual e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora. Foi secretário de Saúde de Minas Gerais de 2003 a 2010. Em 2014, Marcus Pestana foi eleito o melhor deputado federal do Brasil pela Revista Veja.

Luciano Rezende

É formado em Medicina pela Universidade Federal do Espirito Santo e pós-graduado em Medicina Esportiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi prefeito de Vitória, no Espírito Santo, de 2013 a 2020. Também já exerceu os cargos de vereador e deputado estadual. Ex-secretário estatual de Educação, Saúde e Esportes, Luciano Rezende é presidente do Conselho Curador da FAP.

RÁDIO FAP




Arte: João Rodrigues/FAP

Marco Antonio Villa: "Desafio do Brasil é crescimento econômico com democracia"

João Rodrigues, da equipe da FAP

Eleições 2022, guerra na Ucrânia e os desafios para a democracia brasileira. Esses são alguns dos temas da edição 42 da revista Política Democrática online, lançada nesta semana pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP). Conduzida pelo diretor-geral da FAP, Caetano Araújo, e pelo embaixador André Amado, com a participação do diplomata Paulo Roberto de Almeida, a entrevista especial foi realizada com o historiador Marco Antonio Villa.

Nesta edição especial, o podcast Rádio FAP analisa diversos pontos da conjuntura política a partir de bate-papo realizado com o professor Villa. Docente aposentado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ele é youtuber, colunista da Istoé, comentarista Jornal da Cultura e do portal UOL. No fim de 2021, lançou o livro Um País Chamado Brasil – que apresenta panorama sobre a formação econômica, política e cultural nacional.



O avanço da extrema direita no mundo, os desafios para crescimento econômico com democracia e a polarização política entre o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro estão entre os principais temas do programa. O episódio conta com áudios da BBC News e do Roda Viva.

O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube, Google Podcasts, Anchor, RadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues.

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Arte: Matheus Lacerda/FAP

Alberto Aggio: "Chile passa por turbilhão político no início do governo Boric"

João Rodrigues, da equipe da FAP

Há pouco mais de um mês no poder, o presidente do Chile, Gabriel Boric, enfrenta desafios para começar atender as demandas que o levaram à Presidência. Implantação de serviços públicos, combate à desigualdade social e a aprovação da nova Constituinte estão entre as missões do presidente mais jovem da história do país. Porém, de acordo com a agência Reuters, os índices de desaprovação do presidente chileno já chegam a 50%.

Para analisar o conturbado início do governo de Gabriel Boric, o podcast da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) bate um papo com Alberto Aggio, doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP) há mais de 30 anos. Responsável pelo Blog Horizontes Democráticos, Aggio é especialista em história política da América Latina e atuou como professor visitante na Universidade de Valencia (Espanha), onde realizou seu pós-doutorado entre 1997 e 1998.



As expectativas e apreensões do novo governo do Chile, os rumos da Constituinte no país e a importância simbólica da ampla participação feminina no governo de Gabriel Boric estão entre os temas do programa. O episódio conta com áudios do Fantástico, da TV Globo, Brasil de Fato, Band Jornalismo, Chilevisión, TV 247, AFP Português, CNN Brasil e Folha de S.Paulo.

O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube, Google Podcasts, Anchor, RadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues.

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Arte: pcb100anosfap.com.br

100 anos do PCB: Confira os melhores momentos do Seminário Internacional

João Rodrigues, da equipe da FAP

O seminário internacional foi dedicado à discussão da trajetória do Partido Comunista no Brasil (PCB), que completou 100 anos em março de 2022. O partido nasceu sob o influxo da Revolução Bolchevique e se vinculou ao Movimento Comunista Internacional comandado pela União Soviética. Durante décadas, foi o referencial da política de esquerda no Brasil e, por isso, junto com outras forças políticas, faz parte das realizações, conquistas e insucessos de vida política nacional. O seminário discutiu a trajetória histórica deste partido desde as tentativas insurrecionais até sua participação direta nas estratégias de desenvolvimento e democratização da sociedade brasileira.

Confira abaixo o vídeo com os melhores momentos do seminário.




Reprodução: Horizontes Democráticos

A globalização continua

Luiz Sérgio Henriques* / O Estado de S. Paulo

Vozes econômicas influentes informam que a globalização, tal como a conhecemos desde o fim do bloco soviético, tem os dias contados. O colapso financeiro de 2008, a pandemia e, por último, a invasão da Ucrânia teriam fraturado a articulação dos mercados e causado a crise da segunda grande onda globalizante, assim como a Guerra de 1914 teria encerrado a primeira. A discussão econômica está em aberto, naturalmente, ainda que, do ponto de vista estritamente político, seja bem menos perceptível a diminuição da interdependência entre povos e nações.

Na política, tudo continua a se relacionar tanto quanto antes – ou talvez mais. O fracasso eleitoral da oposição unificada na Hungria, caso paradigmático de “democracia iliberal”, reverbera como advertência para nós, tão distantes daquele singularíssimo país. As eleições francesas colocam novamente em confronto, repetindo o cenário de 2017, o centro liberal-democrático de Macron e a extrema-direita de Le Pen. E nem é bom imaginar o efeito de eventual mudança de rumos na política francesa, que corroeria a unificação europeia e sinalizaria o revigoramento da “Internacional de nacionalismos”, um dos muitos oxímoros que nos atormentam nestes tempos confusos.

Reprodução: CNN Brasil
Reprodução: CNN Brasil

Os nacionalismos em questão articulam-se em rede, trocam experiências, auxiliam-se mutuamente sem constrangimento. Não se limitam a proclamar, fechados em si mesmos, que cada uma das respectivas nações de referência deve vir “em primeiro lugar” ou “acima de tudo” – e acompanhada por alguma versão pré-moderna de um Deus “acima de todos”.

A inter-relação tem se imposto desde os triunfos inaugurais do moderno nacional-populismo com o Brexit e a eleição de Donald Trump. O fluxo planejado de desinformação, possivelmente gestado ainda na era soviética, esteve presente nestes dois acontecimentos e em muitos outros, acirrando ressentimentos e explorando situações inéditas, como a fragmentação das velhas classes sociais e a emergência de uma “sociedade dos indivíduos”, na expressão de Pierre Rosanvallon. Nada faz supor que tal fluxo se detenha em eleições futuras, inclusive na brasileira, e só este fato deveria servir como segunda e poderosa advertência.

O nacional-populismo ganhou parte da juventude de esquerda na Europa | Reprodução: Mises Brasil
O nacional-populismo ganhou parte da juventude de esquerda na Europa
| Reprodução: Mises Brasil

Nunca é muito claro o exato momento em que uma “democracia iliberal” se despe de ornamentos e assume as feições de uma autocracia ou, para usar linguagem mais direta, de uma ditadura. E nem sempre lhe será possível, adequado ou conveniente apresentar-se como tal. O fato é que os nativistas aprenderam, ao menos em parte, a lição da hegemonia, empregando recursos que permitem dar uma orientação a amplos setores desnorteados com a velocidade das transformações em curso.

O nacionalismo autoritário sempre provê uma comunidade ilusória, permanentemente mobilizada contra os mais fracos e os “diferentes”. Às vésperas do fascismo clássico, há pouco mais de cem anos, espalhava-se a fantasia da “nação proletária” injustamente explorada pelas demais. Enquanto lutava pela sua parte no butim colonial, tal nação devia unir-se compactamente, calando as discrepâncias internas mediante a fruição do trabalho dos “povos inferiores”. Hoje, o populismo recorre demagogicamente a uma suposta defesa dos “perdedores da globalização”, investindo contra os imigrantes e tentando herdar os eleitores da esquerda clássica. O que não muda, em circunstâncias tão distintas, são o culto do homem providencial (Marine Le Pen é, aqui, uma exceção) e a consequente compressão da vida democrática.

Reprodução: PsicoDigital
Reprodução: PsicoDigital

Esta compressão apresenta-se com toda a nitidez no exemplo-limite da Rússia de Vladimir Putin, na qual o Estado aparece quase inteiramente como pura força. O plurissecular passado despótico – seja o dos czares, seja o do comunismo stalinista – constitui o repertório no qual se buscam as razões últimas do poder autocrático. A bem da verdade, o bolchevismo original é alvo da ideologia eslavófila de Putin, pois nele ainda pulsa uma ligação com o Iluminismo e a cultura ocidental, não obstante o radicalismo jacobino que o levaria à perdição. Internamente, por isso, o Estado de Putin se apoia no controle repressivo da sociedade civil; externamente, na guerra, em particular nas suas modalidades mais destrutivas, o que vemos a cada dia, com horror, na agressão à Ucrânia.

Recorrendo à lição hegemônica ou valendo-se da força, ou, ainda, empregando uma mistura de ambas, o nacionalismo populista é a grande ameaça atual à comunidade das nações democráticas. A estas últimas, também abaladas em seu interior por forças e personalidades autoritárias, não convém ostentar nenhum tipo de húbris ou vocação missionária. Elas podem regredir pavorosamente, bastando lembrar o assalto ao Capitólio e o mau exemplo semeado. Como indivíduos, para seguir viagem em meio às ondas tempestuosas da unificação do gênero humano, temos à disposição o cultivo do “instinto de nacionalidade”, na forma de lealdade à Constituição, e o aprofundamento da condição de cidadãos do mundo, envolvidos inexoravelmente em cada avanço e em cada recuo das nossas sociedades.

*Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das ‘Obras’ de Gramsci no Brasil

(Publicado originalmente em O Estado de São Paulo, em 17 de abril de 2022)


Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula e Clauber Cleber Caetano/PR

Nas entrelinhas: Autoritarismo e corrupção são naturalizados no pleito

Luiz Carlos Azedo / Nas Entrelinhas / Correio Braziliense 

Por suas convicções, declarações e atitudes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) é considerado pela oposição uma ameaça à democracia no Brasil. Sua visão de mundo, a compreensão sobre o papel do Estado na vida nacional, seus métodos de atuação, tudo corrobora o seu perfil político autoritário. Em decorrência disso, e da postura negacionista e da falta de empatia com as vítimas da pandemia de covid-19, disseminou-se uma grande rejeição na opinião pública à sua reeleição, que se reflete nas pesquisas.

Em contrapartida, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecia como franco favorito nas pesquisas eleitorais, gerando grande expectativa de poder, uma vez que já não estava preso e suas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Diante de um cenário de 660 mil mortos, 11 milhões de desempregados, alta da inflação e estagnação econômica, a volta de Lula ao poder parecia apenas uma questão de tempo e não, como seria necessário ser, de uma estratégia bem-sucedida para consolidar o isolamento de Bolsonaro.

O presidente parecia fadado a ser enxotado do poder pelo eleitor. Com fim da pandemia, a situação mudou completamente. A principal preocupação da população já não é com a saúde. Passou a ser com a economia, cujos problemas relatados acima estão sendo mitigados pelo governo. O programa de transferência de renda Auxílio Brasil substituiu o Bolsa Família, uma herança do governo Lula. Outras medidas estão sendo adotadas, como mudanças na tabela do imposto de renda, subsídios para o gás de cozinha, adiantamento de 13º salário, liberação do fundo de garantia etc.

O governo opera de forma aberta em favor da reeleição. Bolsonaro exibe a competitividade que parecia perdida e reduz a distância em relação a Lula nas pesquisas. Como são muito conhecidos, esses votos estão sendo consolidados antes da campanha eleitoral de rádio e tevê. Isso ocorre em meio a um choque de narrativas, em quatro chaves: 1) as condições de vida da população durante os governos Lula e Bolsonaro; 2) a disjuntiva democracia x corrupção; 3) a mudança dos costumes, ou seja, as chamadas pautas identitárias; e 4) o tema do desenvolvimento, tendo como eixo a globalização e a questão ambiental.

Voto útil

A primeira chave tem uma base muito objetiva. Para o cidadão comum, as perguntas são: está empregado ou não, consegue serviço ou não, recebe ajuda do governo ou não, dá para pagar as contas, comprar a comida e chegar ao fim do mês com a dinheiro da passagem? O que ameaça Bolsonaro e favorece Lula nesse quesito é a inflação, que está fora do controle. O peso da economia nas eleições costuma ser fundamental, embora possa ser decidida em razão de outros fatores.

Do ponto de vista institucional, porém, a segunda chave é mais preocupante. Não é somente a corrupção na política que está sendo naturalizada com a liquidação da Lava-Jato e anulação de processos e condenações, entre os quais os de Lula. Diga-se de passagem, a aliança de Bolsonaro com o Centrão está tendo um papel determinante para isso, inclusive para livrar o governo de investigações sobre seus escândalos.

Também está havendo, em contrapartida, a naturalização do autoritarismo de Bolsonaro, cujo projeto de reeleição embute propósitos já bastante conhecidos, como subjugar o Judiciário, verticalizar o poder do Executivo e transformar a democracia brasileira num regime “iliberal”. Setores que haviam se afastado do governo, com a desistência de Sergio Moro e a crise instalada na chamada terceira via, na qual os partidos se digladiam internamente — a começar pelo PSDB —, estão começando a tratar o autoritarismo de Bolsonaro como um mal menor, diante da volta de Lula ao poder.

O debate sobre a agenda dos costumes, a terceira chave, consolida a polarização esquerda x direita, num ambiente social em que o conservadorismo vem levando a melhor. O tema do desenvolvimento, no eixo da globalização e da questão ambiental, que seria o verdadeiro debate sobre o futuro do país, está sendo tratado de forma subalterna, quando Lula e Bolsonaro se reverenciam nas ações e realizações de seus respectivos governos, que já fazem parte do passado.

Falta uma candidatura robusta que possa cumprir esse papel de pautar o futuro no debate eleitoral e, assim, oferecer uma alternativa nova para o país. Essa possibilidade está cada vez mais difícil, a ideia de uma candidatura única dos partidos de centro corre contra o tempo. As pesquisas estão dando sinais de que o “voto útil” no primeiro turno pode abduzir a candidatura da terceira via.

https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-autoritarismo-e-corrupcao-sao-naturalizados-no-pleito/

Foto: Joa Souza/Shutterstock

Luta contra agenda anti-indígena é tema de podcast com Alessandra Munduruku

João Rodrigues, da equipe da FAP

Mineração em terras indígenas, julgamento do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), direito a preservação de tradições dos povos originários. Essas foram as principais reivindicações do 18º Acampamento Terra Livre, que chegou ao fim nesta semana, em Brasília. Mais de oito mil indígenas de 200 povos tradicionais participaram da mobilização.

Para analisar as principais demandas dos povos originários, o podcast da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) conversa com Alessandra Korap Munduruku. Liderança indígena de reconhecimento internacional, a ativista é vice-coordenadora da Associação Indígena Pariri e vice-coordenadora da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa). Em 2020, Alessandra Korap Munduruku ganhou o Prêmio Robert Kennedy de Direitos Humanos, nos Estados Unidos, por sua atuação em defesa dos direitos indígenas e pela preservação ambiental.

 



Os riscos da aprovação do PL 191/2020, que prevê a regulamentação da mineração em terras indígenas, a reação da comunidade internacional ao descaso das autoridades brasileiras em relação aos povos originários e a importância das mulheres no debate público sobre a pauta indígena estão entre os temas do programa. O episódio conta com áudios do Diário de Pernambuco, Jornal de Rondônia 2ª edição, da TV Globo, CNN Brasil, TV Cultura, Notícias em Vídeo e Greenpeace Brasil.

Arte: Matheus Lacerda/FAP
Arte: Matheus Lacerda/FAP

O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube, Google Podcasts, Ancora, RadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues. 

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