ivanir dos santos

Arte: João Rodrigues/FAP

Ivanir dos Santos: "Vitória de Lula é esperança para o movimento negro"

João Rodrigues, da equipe da FAP

O Dia da Consciência Negra, assim como todo o mês de novembro, marca a importância das discussões e ações para combater o racismo e a desigualdade social no país. E para celebrar essa data tão importante para o movimento negro no país, o podcast da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) inicia hoje uma série de entrevistas em comemoração ao mês da consciência negra.

O primeiro entrevistado é o professor doutor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ivanir dos Santos. Babalawô, integrante do Conselho Consultivo da FAP, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) é fundador do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) e vencedor do Prêmio de Direitos Humanos do Estado Americano.



As expectativas do movimento negro com a eleição do presidente do Lula, a representatividade negra no Congresso Nacional e a persistente intolerância religiosa no Brasil também estão entre os temas do programa. O episódio conta com áudios do UOL e TV Brasil.

O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube, Google PodcastsAnchorRadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues.

RÁDIO FAP




FAP Entrevista: Ivanir dos Santos

O racismo no Brasil é a base da estruturação das nossas relações políticas e sociais, avalia Ivanir do Santos

Por Germano Martiniano

O Brasil é mundialmente conhecido como um país multicultural, miscigenado e que transparece ser um lugar onde as diferenças sociais são bem aceitas. Ainda que, o multiculturalismo seja um fato, em terras brasileiras o racismo, o machismo, a homofobia e outras formas de preconceito são bem presentes no convívio social. É o que afirma o Doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ivanir dos Santos. “No Brasil o racismo é sutil e, muitas vezes, camuflado como 'opinião pessoal'. Aqui o racismo é a base da estruturação das nossas relações políticas e sociais”, disse o historiador.

Ivanir que também é babalawô, guia espiritual do candomblé de Keto e militante político, salienta que o Brasil foi o último país que erradicou o trabalho escravo e que não foi capaz de criar políticas inclusivas para negros e negras recém-libertos. “O sistema de cotas, por exemplo, faz parte das políticas de reparação às minorias representativas da nossa sociedade e que tem como alicerce as políticas de ações afirmativas inclusivas fomentadas pelos movimentos negros brasileiros”, avalia.

Temas como a situação dos negros no país, eleições 2018 e questão da intolerância religiosa foram alguns dos assuntos tratados com Ivanir, o entrevistado da semana pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP). A entrevista faz parte da série publicada aos domingos pela FAP com intelectuais e personalidades políticas de todo o Brasil, com o objetivo de ampliar o debate em torno do principal tema deste ano: as eleições.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

FAP Entrevista - Como o senhor se sente depois que teve sua candidatura para o senado barrada?
Ivanir dos Santos - Particularmente me sinto muito tranquilo. Claro que obviamente tínhamos uma grande expectativa quanto a possibilidade da minha candidatura! Pois ela foi construída sobre um movimento orgânico popular de massa, por pessoas que verdadeiramente se envolveram e se sentiram representadas pelo projeto que estávamos desenhando a várias mãos. Prova disso, foi que recebi muitas manifestações de carinho, apoio e solidariedade depois que tornou público que a nossa candidatura não foi registrada. Isso mostra que o nosso projeto além de ser suprapartidário teve uma grande mobilização dos setores sociais. Por isso, o não registro da candidatura barra todos os anseios que tínhamos em prol da construção de um projeto que pudesse "dar vozes" às minorias marginalizadas em âmbito social e político. E essa não é a primeira candidatura negra que é descartada, pois nem todos os partidos têm o "interesse" em investir nas candidaturas negras. E por isso precisamos pensar e conversar sobre a possibilidade de candidaturas independentes sem a chancela partidária. Pois a própria idéia de partido político nasce na reforma eleitoral promovida na Inglaterra em 1832, e hoje nada melhor do que Gramsci para nos ajudar a compreender como esses organismos políticos funcionam sobre as questões macro e micro sociais.

Quais são seus objetivos a partir de agora para continuar atuando em suas causas?
Sim, claro! Até porque as minhas atuações frente as 'causas' que escolhi lutar são suprapartidárias. Estou a mais de 40 anos essa jornada. Sou ex-interno na FUNAEM, fui tirado dos braços da minha mãe aos seis anos de idade. Passei por todas as adversidades possíveis até chegar aqui hoje, recém-titulado como Doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. As bandeiras que trago e as que fui levando e encontrando durante as minhas construções são pautas sociais, em grande medida pautas da "gente comum", que nem sempre tem reverberações dentro dos nichos "das grandes políticas". Continuaremos firmes no combate à intolerância religiosa, na luta antirracismo e em prol das diversidades, pluralidades e liberdades.

O Brasil é um país conhecido por seu multiculturalismo, pela miscigenação, entre outros. Mas, o Brasil é um país racista?
Sim, sem sombra de dúvidas. Mas, ao contrario de países como os Estados Unidos em que o racismo é uma forma de demarcação social segregacionista, política e religiosa, no Brasil o racismo é sutil e muitas vezes camuflado como "opinião pessoal". Aqui o racismo é a base da estruturação das nossas relações políticas e sociais. Ora, o racismo é real, é latente e serviu de justificativa para o tráfico de milhares de homens e mulheres negros africanos na condição de escravos para as Américas e principalmente para o Brasil.

Como o senhor avalia as cotas para negros nas universidades, assim como outras medidas que tentam atenuar a desigualdade de oportunidades existentes?
Longe de ser um privilégio, precisamos refletir que a Lei de Cotas é fruto dos processos de resistências e lutas dos movimentos negros em busca de equidade e igualdade na sociedade brasileira. Ingressar em uma universidade pública gratuita, para muitos alunos negros, indígenas e/ou de redes públicas de ensino é um grande sonho. Mas, diante das configurações sociais, em que muitos desses alunos são arrimos de família e dividem suas horas de estudos com intensas jornadas de trabalho, esse sonho pode ficar no meio do caminho. Caminho esse construído com dificuldades num país que foi o último a erradicar o trabalho escravo e que não foi capaz de fomentar política inclusiva para negros e negras recém-libertos. Assim, precisamos compreender que o sistema de cotas, somado à lei 11.645, que institui a obrigatoriedade do ensino das histórias e das culturas africanas, indígenas e afro-brasileiras, contribuindo para visibilidade histórica das populações marginalizadas, faz parte das políticas de reparação às minorias representativas da nossa sociedade e que tem como alicerce as políticas de ações afirmativas inclusivas fomentadas pelos movimentos negros brasileiros.

O senhor é uma referência na luta pela liberdade religiosa. Este é um tema pouco falado. Se ouve muito sobre racismo, machismo e homofobia, por exemplo. Como é a intolerância religiosa no Brasil?
Bom, primeiramente precisamos pontuar que as manifestações contra o racismo, o machismo, a homofobia, a xenofobia etc... são verdadeiramente legítimas e estão em sintonias com as lutas e manifestações contra a intolerância religiosa. Prova disso é que a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que anualmente acontece no terceiro domingo do mês de setembro na cidade do Rio de Janeiro, vem se colocando como uma grande manifestação social contra todos os tipos de intolerâncias que pairam sobre a sociedade brasileira. Em síntese, a bandeira das intolerâncias "unificou" todas as lutas contra os retrocessos e cerceamentos imputados à sociedade civil. Um breve panorama histórico, sobre as tramas de construção dos Estados, nos mostra que a intolerância religiosa foi durante a Idade Média um dos motivos de Caça às Bruxas, na Era Moderna e Contemporânea um dos motivos de perseguições aos judeus, muçulmanos, cristãos ortodoxos, grupos Ciganos e grupos religiosos afro-brasileiros etc. Entretanto, decorre o fato que no Brasil há um íntimo namoro, regado pelas pétalas do preconceito, entre intolerância religiosa e racismo, o machismo, a xenofobia etc.

A bancada evangélica no Congresso Nacional cresce a cada eleição e, normalmente, está ao lado de pautas conservadoras. Como o senhor analisa esse processo e qual sua opinião sobre o Estado laico brasileiro?
Primeiramente precisamos compreender que o Estado é laico, mas as pessoas que compõe o Estado não são. E não são porque imputam sobre a "administração" do Estado as suas experiências religiosas. Recentemente tive o prazer de ler o livro “Nós somos a mudança que buscamos", que reúne 27 discursos do Barak Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, e o tema sobre a laicidade do Estado também é uma pauta de discussão mesmo em países que aparentemente parece não discutir sobre religião e política de forma direta. É fundamental ponderarmos que o Estado pode ser laico e religioso desde que respeite as liberdades e diversidades religiosas.

Mark Lilla, cientista político norte-americano, apontou que Hillary Clinton perdeu as eleições para Trump por focar o discurso nas questões minoritárias. Em sua visão, falta na esquerda brasileira um projeto de poder macro?
Li o artigo do Mark Lilla no ano passado para dar uma palestra, e achei muito interessante porque a análise feita pelo cientista político sobre os ditos grupos de esquerda se encaixa também para outros grupos. Mas preciso pontuar que é uma observação feita sobre a sociedade norte americana que acabou de passar pela experiência de ter um homem negro sentado por oito anos na cadeira de chefe de Estado.  O Brasil é o segundo país com o maior número de homens e mulheres negros fora do continente africano e é o país que menos investe em representações negras na política. Dados recentes publicados do site do Estadão nos mostram que "candidatos negros arrecadaram um total de R$ 55 milhões, com investimento de R$ 78 mil por candidatura". Enquanto isso, um candidato branco recebeu em média mais de três vezes o valor que um político negro dispôs em 2014. E a mesma pesquisa nos revela que são os partidos de esquerda, atuais como PSOL, PCdoB e o PT são os quem mais elegem e investem em representantes negros na política, enquanto partido de direita como o PMDB elegem apenas com 1,6% de representantes negros. Então o foco da pauta identitária ainda se faz necessário no Brasil a partir do momento em que constatamos que existe um "problema" social (o racismo estrutural, a homofobia, a transfobia, o machismo, a xenofobia) e que é relegado como problema de segunda ou terceira instância.

O que o senhor espera do novo presidente do Brasil?
Não vou dizer que espero, mas sim que desejo que o novo ou a nova representante possa estar mais em sintonia com as demandas sociais e não com questões que são construídas como "causas" sociais. Desejo que possamos juntos construir e desenvolver projetos em que as liberdades, diversidades e pluralidades possam, realmente, ser evidenciadas e valorizadas. E quero ir um pouco mais além e pontuar que precisamos colocar e evidenciar os desafios que precisam ser ultrapassados, tais como o racismo e todas as formas de preconceitos e intolerâncias.

 


Ivanir dos Santos: Para sempre Mandela

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta” – Nelson Mandela

A célebre epígrafe escrita por Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, compõem a sua autobiografia, intitulada “Long Walk to Freedom” publicada em 1995, retratara um dos períodos mais emblemáticos da luta antirracismo, colonialismo e contra a intolerância em África. Se estivesse vivo Mandela, símbolo das lutas contra o apartheid, teria completado cem anos de vida no último dia 18 de julho. O apartheid, é uma palavra afrikans (ou africâner), uma língua creolizada derivada do encontro entre a língua holandesa com as línguas nativas sul-africanas, que no seu sentido literal significa separação ou segregação.
A política de segregação racial fez da África do Sul o único país do mundo a definir os direitos fundamentais dos seus cidadãos tomando como base a cor da pele, separando brancos e negros no mesmo espaço geográfico. Algo bem diferente das configurações políticas e sociais do Brasil, que foi construído sobre a ideia de “democracia racial” com o intuito de passar uma imagem de convivência pacífica e harmoniosa entre as “três raças” (indígena, negra africana e branca europeia), afim de não evidenciar todas as mazelas deixadas em nossa sociedade com o sistema escravocrata.

Assim, enquanto a política do apartheid, entre as décadas de 1940 a 1990, evidenciou o racismo como um problema político e social na África do Sul, tal como o episódio em Shaperville onde milhares de sul-africanos saíram às ruas protestando contra a segregação racial no país, no Brasil tais questões foram distensionadas com narrativas construídas pela historiografia tradicional, que contribuíram para o fortalecimento do processo de inviabilização do racismo e para o crescimento das políticas de embranquecimento social.

Mandela nunca aceitou que a política do apartheid fosse a base de sustentação das relações políticas e sociais de seu país e foi por lutar contra todo o sistema racista “herdado” do processo colonial que passou 27 anos encarcerado na Prisão Local de Pretória (entre 7 de novembro de 1962 a 25 de maio de 1963), de Robben Island (entre 27 de maio de 1963 a 12 de junho de 1963), novamente em Robben Island (entre 13 de junho de 1964 a 31 de março de 1982) no setor de segurança máxima, na Prisão de Pollsmoor (entre 31 de março de 1982 a 12 de agosto de 1988) e na Prisão Victor Verster (7 de dezembro de 1988 a 11 de fevereiro de 1990). E mesmo preso, Mandela lutou pela garantia da igualdade e equidade entre negros e brancos dentro e fora da África do Sul, lutas essas evidenciadas nas de cartas que escreveu para parentes e amigos relatando o sistema de opressão que subjugava o continente africano e em especial a África do Sul. Parte desses escritos foram publicados como biografia e/ou autobiografias do maior líder negro sul-africanos, imortalizando a memória e as lutas de Nelson Mandela contra o racismo, contra a desigualdade e contra a intolerância.

*Ivanir dos Santos é professor doutor Babalawô


Evento no RJ debate os 130 anos da Abolição

“Vem pra Roda” tem como objetivo evidenciar as lutas e resistências das comunidades negras no Brasil frente a um processo histórico de injustiças sociais

Por Germano Martiniano

O ano de 2018 celebra os 130 anos da Abolição da escravidão no Brasil. Não bastasse a própria data, simbolicamente importante para levantar discussões em torno da inserção social negra, historicamente injusta, há alguns meses, ocorreu o assassinato de Marielle Franco, vereadora pelo PSOL, que intensificou a discussão em torno da população negra. Frente a esse contexto, é que o professor babalawô Ivanir dos Santos, doutorando em História Comparada pela UFRJ, liderou a realização do “Vem pra Roda”: 130 anos da Abolição: Memórias e Legados das resistências das comunidades negras. O evento ocorrerá na cidade do Rio de Janeiro, na terça-feira (22/05), às 18h, no Clube Municipal localizado na Rua Haddock 359, Tijuca.

“Do ponto de vista social, o assassinato da vereadora representa um dos inúmeros casos de tentativas de "extermínio" da população negra, que se dá por meio das tentativas de homicídios ou por ação política da eugenia social”, disse Ivanir Santos. Bacharel em Pedagogia e Supervisão Escolar pela Faculdade Integrada Anglo-Americana, Ivanir também afirma que desde o final da década de 80 o movimento negro brasileiro tem lutado pelo fim da invisibilidade da resistência negra contra o racismo. “Por essa razão, pesamos em construir um evento que pudesse não apenas fomentar debates e diálogos sobre a falsa ideia da abolição, mas também que evidencie as lutas e resistências das comunidades negras no Brasil” completou Ivanir.

O babalowô Ivanir, guia espiritual candomblé, que também será candidato a vereador pelo PPS do Rio de Janeiro este ano, concedeu entrevista a FAP, na qual, além de abordar aspectos do evento, também respondeu sobre temas como a questão das minorias sociais, esquerda, espiritualidade nas universidade e outros. Confira, a seguir, alguns trechos da entrevista.

FAP - Como surgiu a ideia de realizar este evento?
Ivanir dos Santos - Desde o final da década de 1980, o movimento negro brasileiro vem pautando uma discussão muito forte voltada para os processos de invisibilidades das resistências e as lutas das comunidades negras contra o racismo e a falsa ideia de abolição, como algo "dado" em generosidade pela "monarquia brasileira" para os milhares de homens e mulheres negros e negras, que aportaram no Brasil na condição de escravos. Por essa razão, pesamos em construir um evento que pudesse não apenas fomentar debates e diálogos sobre a "falsa abolição", mas que também evidencie as lutas e resistências das comunidades negras no Brasil.

Esta Roda acontece em um momento delicado para comunidade negra. Qual a opinião do senhor sobre a morte da vereadora Marielle, que lutava pelos direitos da população negra, do ponto de vista social e político?
O assassinato da Marielle Franco não pode ser visto como apenas como um ponto factual específico e isolado de um contexto histórico, construído desde a gênese social brasileira, sobre o racismo, machismos e tentativas de cerceamentos das liberdades das pessoas negras. Do ponto de vista social, o assassinato da vereadora representa um dos inúmeros casos de tentativas de "extermínio" da população negra, que se dá por meio das tentativas de homicídios ou por ação política da eugenia social.

O discurso petista instalou na política brasileira o discurso do “nós contra eles”. Muitas vezes, esse discurso acaba se aplicando para as minorias, como se o PT fosse o único partido preocupado com as questões dos negros, LGBTs, etc. O senhor concorda com essa visão?
As "questões" das chamadas minorias representativas, nos cenários políticos, são suprapartidárias, essas "causas" devem contar com o apoio de toda a sociedade brasileira e, principalmente, de todos os partidos políticos.

O senhor concorda com a visão de que a esquerda, com todas as mudanças que houve no mundo do trabalho, substituiu a questão do ser oprimido, antes o proletariado, para agora defender as minorias sociais?
Compreendo que o determinismo econômico não deu resoluções às questões sociais, culturais, raciais, espirituais e de gênero da população em geral, que estão no bojo da desigualdade estrutural da sociedade brasileira. Precisamos levar em consideração que grande parte da população brasileira não está "enquadrada" sobre os aspectos da "classe proletária", ou seja, não estão vinculados diretamente ao mercado de trabalho formal, com a carteira de trabalho assinada.

A esquerda tem se preocupado demasiadamente com essas questões da minoria, deixando de lado questões macrossociais?
Estou convicto ao analisarmos as questões macrossociais precisamos levar em consideração os aspectos e as questões sociais e políticas que envolvem as minorias "representativas" ou "gente comum" como pontuam os historiadores Thompson e Hobsbawm. Por isso, eu compreendo e tendo analisar que a esquerda precisa se reinventar com o povo e, aos poucos possibilitar uma abertura que possa possibilitar discussões correlacionadas com as “as questões" que compõem a sociedade brasileira. E essa "reinvenção" precisa estar embasada sobre as ideia das "experiências" políticas, sociais, culturais, espirituais e de orientação sexual dos sujeitos.

A universidade ainda é um espaço, excessivamente, material, deixando de lado questões religiosas e espirituais?
As universidades, públicas, são espaços materiais, pois ela foi pensada a partir de uma ideia "racionalista" e cartesiana que coloca como secundárias, ou objetificadas, as questões religiosas e/ou espirituais. Mas podemos dizer, que mesmo a academia sendo construída sob sobre uma ideia cartesianista, estamos, mesmo que timidamente, conseguindo promover debates e analises sobre questões religiosas, intolerância religiosa, pluralidade, liberdade.

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