Série da Netflix choca, agride e revolta, diz crítica de cinema

Lilia Lustosa critica filme 7 Prisioneiros, lançado em setembro no catálogo da plataforma
Foto: Reprodução / Netflix
Foto: Reprodução / Netflix

João Vitor*, da equipe FAP

Doutora em História e Estética do Cinema pela Universidade de Lausanne, na Suíca, Lilia Lustosa afirma que o filme 7 prisioneiros, dirigido por Alexandre Moratto, mostra sistema perverso de exploração cujas raízes profundas mostram as dores e as feridas geradas por desigualdade social abissal. “7 Prisioneiros choca, agride e revolta”, diz ela em artigo para a revista Política Democrática online de dezembro (38ª edição).

A revista é editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília. A instituição disponibiliza, gratuitamente, em seu portal, todo o conteúdo da publicação mensal na versão flip. Lançado em setembro no catálogo da Netflix, 7 prisioneiros foi laureado como o melhor filme em língua estrangeira no Festival de Veneza deste ano. 

Veja a revista Política Democrática online de dezembro!

Lilia, que também é especialista em marketing, afirma que o cinema tem sido imprescindível na missão de falar, repetir e gritar que a escravidão de seres humanos, em qualquer forma, tem de acabar.

A autora do artigo destaca que os personagens, aparentemente simples no início, vão se tornando mais complexos a cada cena, trazendo novas camadas de reflexão para o filme. “Deixando-nos surpresos, revoltados e decepcionados com a natureza humana”, afirma.

“Ao mesmo tempo, impotentes, tristes e angustiados ao vermos ali tão bem exposta a intrincada rede de injustiças que leva tantas pessoas a ‘perderem o coração’ ao longo da caminhada. Tudo isso, sem se deixar cair na armadilha do maniqueísmo simplista, em que só reinam mocinhos e bandidos”, observa a doutora.

Segundo a especialista, o filme é um “espelho” que reflete sobre o papel que cada um desempenha na cadeia predatória que urge ser desmantelada para que datas como a do “Dia Internacional para a Abolição da Escravatura” não sejam mais necessárias no calendário nem na cinematografia.

Desde 1986, a cada 2 de dezembro, o mundo celebra o “Dia Internacional para a Abolição da Escravatura”, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de pôr fim à escravidão de seres humanos.

Veja arquivos em PDF de todas as edições da revista Política Democrática online!

“Parece inacreditável, quase uma piada de mal gosto, que até hoje precisemos de uma data para lembrar-nos que escravidão é uma violação dos direitos humanos. No Brasil, um crime previsto no Artigo 149 do Código Penal”, diz Lilia.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), ainda existem cerca de 40 milhões de pessoas em situação análoga à escravidão em todo o mundo. É, como Lilia chama, escravidão contemporânea, presente em várias partes do planeta, aparecendo cruelmente em nosso território, tanto em fazendas do interior, como em metrópoles tais como Rio e São Paulo.

A autora do artigo elenca filmes que têm abordagem parecida a 7 Prisioneiros, como o Patrão: Radiografia de um Crime, produzido pela Argentina em 2013. “Conta a história real de um homem vindo do norte do país para a capital Buenos Aires, em busca de melhores condições de vida, mas que acaba se deparando com uma realidade nada bonita, em que se torna escravo do dono do açougue onde trabalha”, explica.

A íntegra do artigo de Lilia Lustosa pode ser conferida na versão flip da revista, disponível no portal da FAP, gratuitamente.

A nova edição da revista da FAP também tem reportagem especial sobre a variante Ômicron da covid-19entrevista especial com Hussein Kalout, além de artigos sobre política, economia e cultura.

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Compõem o conselho editorial da revista o diretor-geral da FAP, sociólogo e consultor do Senado, Caetano Araújo, o jornalista e escritor Francisco Almeida e o tradutor e ensaísta Luiz Sérgio Henriques. A Política Democrática online é dirigida pelo embaixador aposentado André Amado.

*Integrante do programa de estágios da FAP, sob supervisão do jornalista e editor de conteúdo Cleomar Almeida

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