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Segundo dizem, com o tempo as pessoas passam a ter dificuldades com os fatos recentes, mas têm aguçadas as lembranças dos fatos remotos. No meu caso, não foi sem esforços que rememorei fatos passados da minha militância política no Partidão. Tive que recorrer à ajuda de muitos companheiros de jornada, em um agradável reencontro com nossas lembranças comuns. Não pretendi escrever memórias, tampouco a história do PCB, isso tem que ser deixado para os historiadores, mas sim a narrativa de fatos vividos no cotidiano de muitos militantes políticos da minha geração. Tais acontecimentos, se não forem narrados, correriam o risco certo de se perderem pelos vãos da história. Não que tais narrativas tenham importância para a história, são apenas lembranças das nossas atividades banais, cotidianas, que só no conjunto dão as cores dos tempos cinzentos que vivemos entre os anos 1970 e 1980. É uma história de pessoas, de seus ideais, e de suas lutas. Logo após o golpe militar, o PCB se diferenciou claramente dos defensores da luta armada, apontando que o nosso caminho deveria ser a luta democrática. Não optamos pela luta dos “poucos, mas bons”, que acabou jogando muitas pessoas valorosas na aventura armada, mas sim pela incorporação dos brasileiros em uma ampla frente democrática. Já naquela época apontávamos as bandeiras da anistia, das eleições diretas, da luta pelas liberdades e pela Constituinte, que acabaram sendo incorporadas pelo povo brasileiro e escreveram a história vitoriosa da democratização do país. Nossa paciência histórica nos rendeu o apelido pejorativo de “Partidão”, que passamos a ostentar com orgulho. Nossa política foi vitoriosa. Este acerto na política nos legou uma cumplicidade na sociedade. Estávamos conectados. Tivemos grande capacidade de sedução entre os jovens, os intelectuais, os artistas, as camadas médias da sociedade e outros segmentos representativos. Participar ou ter relações com o “Partidão” tinha um discreto charme que atraía muitos militantes.

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Histórias que precisamos contar


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Descrição
  • ASIN ‏ : ‎ B09NL74GMQ
  • Editora ‏ : ‎ Fundação Astrojildo Pereira (1 janeiro 2021)
  • Livro interativo ‏ : ‎ 131 páginas
  • Idade de leitura ‏ : ‎ 14 anos e acima
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