Um grupo de amigos e companheiros resolveu homenagear um dos grandes nomes da luta democrática no Brasil, Francisco Inácio de Almeida. Nascido no interior do Ceará, em novembro de 1939, Almeida ingressou no antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), logo após a vitória da Revolução Cubana. Ao visitar a ilha caribenha, em 1961, conheceu figuras de peso nos embates contra a ditadura de Fulgencio Batista, como Blas Roca e Ernesto Che Guevara. Um tio seu participara dos acontecimentos de 1935, no quadro da Aliança Nacional Libertadora (ANL), e isso deixa marcas. No PCB, Almeida trabalhou com Luiz Carlos Prestes, em Moscou, e, com o retorno dos comunistas ao país, no bojo da Anistia, em 1979, participou da direção máxima da agremiação, ao lado de figuras respeitadas como Giocondo Dias, Dinarco Reis, Salomão Malina, Hércules Corrêa dos Reis, Geraldo Rodrigues dos Santos, Paulo Elisiário Nunes, Sérgio Augusto de Moraes e Roberto Freire. Com a transformação do PCB em PPS, em 1992, tornou-se o primeiro secretário-geral do Partido. Hoje, é um dos principais articuladores do Cidadania 23. Tendo, ademais, um livre trânsito junto à intelectualidade nacional, dedicou vários anos de sua vida à Fundação Astrojildo Pereira, atuando como editor da revista Política Democrática, concebida por ele, entre outras tarefas importantes que assumiu. Como jornalista, labutou no jornal O Povo, um dos mais importantes do Ceará, na Rádio Central de Moscou e na Voz da Unidade. Compartilhava ou compartilha ainda da companhia de figuras de proa da vida brasileira como Ferreira Gullar, Oscar Niemeyer e Luiz Werneck Vianna. De origem modesta – o pai foi lavrador e padeiro no interior do Ceará – Almeida é, sem dúvida alguma, um patrimônio político e sensitivo do Partido e, por extensão, de todo o Campo Democrático, hoje novamente ameaçado pelo autoritarismo. Almeida enfrentou prisões, clandestinidades e exílios sem nunca esmorecer no combate pelo Estado Democrático de Direito.