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Foto:divulgação/Bilb

Bienal Internacional do Livro de Brasília terá exposição de 400 mil títulos

Bienal*

Com o tema “A transformação acontece aqui”, a 5ª Bienal Internacional do Livro de Brasília (Bilb), antes chamada de Bienal Brasil do Livro e da Leitura (Bilb), será realizada de 21 a 30 de outubro e retomará o seu formato presencial após dois anos paralisada por causa da pandemia da covid-19. Em 12 mil metros quadrados no Pavilhão do Parque da Cidade, o evento reunirá 100 expositores – entre livrarias, distribuidoras e editoras de todo o país –, com exposição de 400 mil títulos. A previsão é movimentar R$ 11 milhões por meio da venda de livros.

O público deverá acessar o site oficial da bienal para retirar o ingresso eletrônico de acesso à área de visitação, onde poderá participar de palestras, debates, masterclass, lançamento de livros e noite de autógrafos com a presença dos maiores autores internacionais, nacionais e locais. Durante a semana, o horário de funcionamento da bienal será das 9h às 22h e, aos sábado e domingos, das 10h às 22h.

Nesta edição, o evento homenageará a escritora brasileira Miriam Alves, assistente social com quatro décadas de literatura, e a mexicana Laura Esquivel, roteirista e escritora do Como água para chocolate, que conquistou reconhecimento internacional – o livro está hoje traduzido em 35 línguas, foi adaptado ao cinema e vendeu 3,6 milhões de exemplares.

“Um dos nossos focos é criar um ambiente em que a troca de experiências entre leitores e escritores possam favorecer o diálogo, o conhecimento e as vendas de maneira que todos fiquem satisfeitos”, afirma a diretora-geral, Suzzy Souza. Ela explica que o público da 5ª Bilb vai mergulhar em uma programação cultural bastante diversificada, dividida em seis eixos temáticos: autores, mercado, música, HQs, crianças e multimeios.

A Bilb tem entre os seus objetivos a democratização do livro e seu amplo uso como meio de difusão da cultura e transmissão do conhecimento; o estímulo à produção de autores brasilienses e do hábito da leitura, em especial dos jovens; e a oferta de negócios entre mercado editorial nacional e local. A importância do projeto foi reconhecida pela Câmara Legislativa. Desde 2016, a bienal integra o calendário oficial de eventos do Distrito Federal, por meio da lei 5.702.
Considerada a maior feira literária do Centro-Oeste, a Bilb também será realizada na Semana Nacional do Livro e da Biblioteca (Lei 5.191, de 18 de dezembro de 1966), amplamente comemorada em todo território nacional no período de 23 a 29 de outubro e que visa promover a leitura, o livro e as bibliotecas.

A bienal também conta com uma ampla área para visitação e seminários sobre educação e serviço social. O evento oferece, ainda, atividades artísticas e culturais para 12 mil alunos das escolas públicas e privadas do DF que já têm visitação agendada no calendário da Bilb.

Outra grande atração da bienal é o palco show, um ambiente exclusivo que, durante a feira, terá rica e vasta programação musical, com apresentações de artistas locais e nacionais. Os cantores Hamilton de Holanda e Roberta Sá farão show no dia 21 de outubro no local, e a cantora e compositora Céu, no dia seguinte. Para ter acesso a essa área da bienal, o público deve acessar o site e adquirir seu ingresso eletrônico para shows musicais.

A 5ª Bilb é uma realização da InterCult Produções e do Instituto Levanta Brasil, com direção-geral de Suzzy Souza e Henrique Senna. O evento também tem trabalho articulado com os curadores nacional, Paulliny Tort; internacional, José Rezende Jr.; e de HQ, Pedro Brandt.

A bienal

Ao longo das quatro edições anteriores, o projeto recebeu mais de 1,5 milhão de visitantes, dentre os quais cerca de 200 mil eram estudantes das redes pública e particular de ensino do Distrito Federal. O público teve a oportunidade de assistir a palestras e debates de mais de 470 escritores brasileiros e estrangeiros.

Além disso, a bienal lançou 600 livros de mais de 60 países, com 120 seminários e debates, além de apresentações de 161 artistas e grupos brasileiros.

Além do público em geral, o mercado editorial e literário foi muito beneficiado pela bienal, nas quatro edições anteriores. Editoras e revendedoras participantes comercializaram mais de 600 mil livros. No total, alunos e professores da rede pública do DF também movimentaram cerca de R$ 7 milhões com vale-livro.

Texto publicado originalmente no portal da Bienal.


El País: Carolina Maria de Jesus, para além dos clichês

Uma exposição no Instituto Moreira Salles e a reedição de seus textos pela Companhia das Letras devolvem à atualidade a autora de ‘Quarto de despejo’

Naiara Galarraga Gortázar / El País

Se fosse uma personagem de conto de fadas, seria uma Cinderela sem frescuras. Negra. Durante seis meses, em 1960, o livro mais vendido do Brasil foi um diário em que Carolina Maria do Jesus relatava com toda crueldade sua miserável subsistência, a batalha cotidiana contra a fome, a busca incansável de papelão no lixo para reunir alguns trocados com os quais alimentar seus três filhos. Quarto de despejo é um retrato das favelas iluminado por uma moradora com dois anos de escolaridade. Foi um fenômeno editorial, um best-seller. Uma exposição recém-inaugurada em São Paulo e a reedição de seus escritos sem a ingerência dos editores trazem novamente à atualidade uma obra que abrange crônica, romance, contos, teatro, letras musicais… e vai além do clichê.

Vista de uma das salas da exposição sobre Carolina Maria de Jesus no Instituto Moreira Salles de São Paulo.
Vista de uma das salas da exposição sobre Carolina Maria de Jesus no Instituto Moreira Salles de São Paulo. Foto: Lela Beltrão

Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é uma personagem extraordinária. Neta de um homem escravizado que tinha o apelido de Sócrates africano, era uma leitora voraz dos clássicos da literatura romântica e foi empregada doméstica antes de virar catadora de papelão. Centrada na sua missão de conseguir pão, leite, feijão e sapatos para a prole, ouvia valsas vienenses e sempre tirou tempo para ler.MAIS INFORMAÇÕESEstante EL PAÍS | Reedições de Carolina Maria de Jesus e mais mulheres nas leituras de agosto

Em 21 de julho de 1955 escreve no diário que serve de base a Quarto de despejo: “Quando cheguei em casa eram 22h30. Liguei o rádio. Tomei banho. Esquentei a comida. Li um pouco. Não sei dormir sem ler. Eu gosto de manusear um livro. O livro é a maior invenção do homem”. Estava decidida a que seus cadernos fossem publicados, como deixou anotado em 27 de julho: “Estou escrevendo um livro, para vender. Minha intenção é comprar um terreno com esse dinheiro e sair da favela”.

Carolina Maria de Jesus, fotografada em 23 de fevereiro de 1963, numa imagem pertencente ao Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Carolina Maria de Jesus, fotografada em 23 de fevereiro de 1963, numa imagem pertencente ao Arquivo Público do Estado de São Paulo. Foto: Arquivo Público/SP

Conseguiu se mudar quando os escritos que guardava foram descobertos pelo jornalista Audálio Dantas, que visitou a favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, para fazer uma reportagem. Com drásticos cortes para aliviar a onipresença da fome no original —Dantas dizia que “aparece com uma frequência irritante”—, publicou aquele relato. Causou sensação. A história dessa mãe solteira era um poderoso contraponto ao discurso do Brasil moderno, do futuro, que tinha em Brasília, a nova capital, inaugurada também 1960, o grande símbolo de seu progresso.

A partir da sua vida, a catadora analisa uma miséria que ainda hoje atravanca o caminho do país. Vendeu meio milhão de cópias. Ela e seus filhos deixaram para trás a favela, um mundo que descreve como uma luta constante, de moradores que se roubavam uns aos outros e vizinhas fofoqueiras. Mudou-se para um bairro de classe média. Autografava exemplares. Quarto de despejo foi traduzido em 13 idiomas (incluído o espanhol, em três versões, e o catalão), chegou a leitores soviéticos, japoneses… A Cinderela negra apareceu até mesmo na Time.

A exposição teve curadoria do antropólogo Hélio Menezes e da historiadora Raquel Barreto.
A exposição teve curadoria do antropólogo Hélio Menezes e da historiadora Raquel Barreto. Foto: Lela Bentrão

A exposição recém-inaugurada no IMS-SP se chama Um Brasil para os brasileiros. O museu quis abrir o foco para mostrar a autora em toda a sua diversidade e riqueza. “Foi uma leitora voraz e uma escritora com um projeto estético literário definido, que passou por vários gêneros. Escrevia diariamente”, diz uma das curadoras, da exposição, a historiadora Raquel Barreto, destacando que “em cada um desses gêneros é uma Carolina diferente, o que diz muito da sua complexidade como autora. A poeta não é como a narradora, nem como a cronista, nem como a contista. Também vemos isso no seu trabalho como compositora”.

Carolina Maria de Jesus, em outra imagem de agosto de 1960, incluída na exposição do Instituto Moreira Salles.
Carolina Maria de Jesus, em outra imagem de agosto de 1960, incluída na exposição do Instituto Moreira Salles. Foto: Arquivo público/SP

Na manhã de último domingo, Letícia Montsho, cantora e atriz de 26 anos, era uma dos dois únicos visitantes negros na exposição. Observava cada detalhe com emoção. Para ela, é algo pessoal. A escritora recorda as penúrias que sua avó sofreu, sua coragem, os desafios cotidianos. Descobriu Carolina Maria de Jesus já adulta, através do teatro, porque na escola não é estudada. “Foi necessário que ela existisse para que eu estivesse hoje aqui”, diz.

A antiga catadora de papelão publicou outros três livros em vida, mas com o tempo as vendas caíram, o dinheiro voltou a minguar, e morreu pobre. Barreto e o outro curador, o antropólogo Hélio Menezes, mergulharam num legado distribuído em vários arquivos públicos. Descobriram originais que mostram até que ponto os editores distorceram sua obra, 80% da qual permanece inédita. São 6.000 páginas manuscritas.

Por coincidência ou pelo impulso de renovação que os protestos antirracistas e o Me Too trouxeram também à cultura, a exposição, que fica em cartaz até 30 de janeiro, ocorre simultaneamente à reedição das obras de Carolina Maria de Jesus pela Companhia das Letras. São textos publicados agora com a grafia original, sem necessariamente seguir a norma culta da língua. Não é que ela tenha tido menos escolaridade que a média. Estudar apenas dois anos era o normal entre as mulheres negras da época, porque o futuro se limitava a catar papelão, lavar, passar ou criar os filhos dos outros…

Vista geral da exposição.
Vista geral da exposição.LELA BELTRÃO

Com o tempo, a autora de Quarto de despejo caiu num esquecimento quase generalizado. Mas algumas mulheres negras viram nela uma referência. “É a fundadora de uma linhagem, inspirou outras a escreverem”, destaca o curador Menezes. Abriu um caminho pelo qual nestas décadas transitaram escritoras como Conceição Evaristo, a literatura das periferias, mulheres rappers ou poetas do slam improvisado… Algumas delas também foram empregadas domésticas. Batalharam e batalham para serem levadas a sério. Carolina Maria de Jesus é mais estudada em universidades dos Estados Unidos que no Brasil, salienta Menezes.

A mostra também abre o foco no sentido literal, porque resgata fotografias inéditas ou pouco conhecidas que se chocam com as imagens mais difundidas, as de uma mulher cabisbaixa, com um lenço branco ocultando o cabelo crespo. Houve outra Carolina Maria de Jesus. A que posa com os vestidos elegantes que tanto ansiou possuir, colar de pérolas e os cachos ao ar, sorridente.

Fonte: El País
https://brasil.elpais.com/cultura/2021-10-08/carolina-maria-de-jesus-a-escritora-da-favela-que-virou-fenomeno-editorial.html


Nelson de Sá: Economist e NYT começam a dar as costas para Moro

Juiz não foi imparcial, diz revista; 'nas últimas semanas, o lado sombrio foi exposto', diz artigo no jornal

No New York Times, Gaspard Estrada, da Sciences Po, de Paris, escreveu há três semanas sobre aquela que "foi vendida como a maior operação anticorrupção do mundo, mas se tornou o maior escândalo judicial da história".

Neste final de semana, voltou à carga com uma nova versão, contra "a corrupção do sistema judicial" no Brasil, publicando que "Sergio Moro e procuradores perverteram" instituições para agir acima da lei. "Moro usou métodos em flagrante violação do estado de direito. Como recompensa, recebeu o cargo de ministro da Justiça."

Em suma, "nas últimas semanas, o lado sombrio da Lava Jato foi exposto, desnudado, e se espalhou um profundo desencanto com a chamada justiça de Curitiba".

Na Economist desta semana, "o impulso anticorrupção se desfez pela politização da Justiça, de duas maneiras".

Primeiro, "Moro acabou não sendo imparcial. Ele condenou Lula por receber um apartamento na praia. Só que Lula não era o dono nem o usava". Segundo, "com Lula fora da corrida presidencial em 2018, Moro se tornou ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, o vencedor de extrema direita".

Aí "vazaram mensagens mostrando que Moro treinou Deltan Dallagnol, o promotor principal em Curitiba".[ x ]

BOLSONARO SEM TRUMP

South China Morning Post publicou artigo de Karin Costa Vazquez, especialista em Brics das universidades de Jindal, na Índia, e Fudan, na China, destacando que "a derrota de Trump deixa Bolsonaro reequilibrando as relações com EUA e China".

Ele não deve "mudar substancialmente com Pequim enquanto negocia" com o novo governo em Washington, mas "a longo prazo pode adotar abordagem mais matizada" com a China.

TRUMP COM FOX NEWS

CNN e MSNBC não transmitiram o primeiro discurso de Donald Trump na oposição, mas a Fox News o fez (acima), assim como seus concorrentes na direita, Newsmax e OAN.

Por outro lado, a Fox News destacou que só 55% dos entrevistados na conferência conservadora disseram que Trump é seu preferido para 2024. "Ele está perdendo força", sublinhou Karl Rove, comentarista da emissora e estrategista da ala republicana contrária ao ex-presidente.Nelson de Sá

*Jornalista, publica a coluna Toda Mídia e cobre imprensa e tecnologia


Exposição “Histórias da Sexualidade” começa hoje em São Paulo

A temática da sexualidade faz parte integral de nossas vidas, diz o diretor do MASP, Heitor Martins e por isso a importância da exposição para promover a tolerância

Por Germano Martiniano

O Museu de Arte de São Paulo (MASP) inaugura nesta sexta-feira (20) a exposição “Historias da Sexualidade”, que reúne mais de 300 obras do acervo do museu e contam a trajetória da sexualidade na vida humana por meio de diversas obras de arte como desenhos, pinturas, esculturas e fotografias. O evento se insere na programação anual do museu, dedicada às histórias da sexualidade.

A exposição será contada por meio de núcleos temáticos: Corpos nus, Totemismos, Religiosidades, Performances de Gênero, Jogos Sexuais, Linguagens, Voyeurismos, Políticas do Corpo e Ativismos. Entre os principais artistas a terem obras expostas pelo Masp estão Pablo Picasso, Edgard Degas, Maria Auxiliadora da Silva, Paul Gauguin, Suzanne Valadon e Victor Meirelles.

De acordo com Heitor Martins, diretor presidente do MASP, em artigo para o jornal Folha de São Paulo, a temática da sexualidade nas suas mais diversas manifestações faz parte integral de nossas vidas, por isso a importância desta exposição para promover a tolerância. “Precisamos criar condições para que todos nós – cada um com suas crenças, práticas, orientações políticas e sexuais – possamos viver de forma harmoniosa um com o outro”, acredita Martins.

Polêmica
Há poucas semanas o Museu de Arte Moderna (MAM) foi alvo de uma polêmica, quando em uma de suas exposições um artista nu interagiu com uma criança, mesmo com a anuência dos pais. Este caso reascendeu profundas discussões sobre a arte e a sexualidade na sociedade brasileira, com questões como qual o limite para a arte? Deve haver este limite?  O tema também polarizou as discussões entre os grupos liberais e conservadores, principalmente nas redes sociais.

A fim de evitar polêmicas, o MASP vetou a entrada para menores de 18 anos. Segundo a instituição, é a primeira vez em 70 anos que a presença de menores, mesmo que acompanhados dos pais ou responsáveis, será vetada em uma exposição. Em nota, o museu afirmou a busca por orientação jurídica. “Houve a análise das obras integrantes da exposição Histórias da sexualidade, à luz dos critérios contidos no Guia Prático de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, tendo-se concluído que tal exposição deveria ser classificada como não permitida para menores de 18 anos", divulgou o MASP.

Historias da Sexualidade
Quando: de 20 de outubro de 2017 a 14 de fevereiro de 2018; terça a domingo das 10 às 18h, quinta das 10 às 20h.
Onde: Masp (Av. Paulista 1578)
Telefone: (11) 3149-5959
Preço: R$ 30,00 (inteira)
Classificação: 18 anos.