Day: dezembro 20, 2021

Objetivo é recuperação de cultura política democrática, diz revista da FAP

João Vitor, da equipe da FAP*

O objetivo a ser perseguido no ano das eleições de 2022, de forma permanente, é a recuperação de uma cultura política plenamente democrática, que valorize o respeito aos adversários, a legitimidade da divergência e a alternância no poder. O alerta é do editorial da revista Política Democrática online de dezembro (38ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em Brasília.

Todo o conteúdo da revista pode ser acessado, gratuitamente, na versão flip, no portal da fundação. O editorial diz que o desafio é uma agenda de reconstrução democrática do país. “A primeira tarefa para 2022 é, sem dúvida, enfrentar a engenharia eleitoral”, diz um trecho.

A revista diz que é preciso articular com eficácia os momentos da campanha, já em curso, do primeiro e do segundo turnos das eleições. “O quadro inspira cuidados e demanda clareza e coragem do conjunto das forças de oposição democrática”, observa.

Segundo a publicação, é urgente reerguer as políticas de defesa dos direitos humanos, de proteção ao meio ambiente, de educação, saúde, segurança pública, mobilidade urbana, entre outras, todas indispensáveis ao exercício da cidadania consciente.

“É preciso, também, enfrentar os pontos cegos institucionais do nosso sistema representativo”, diz. “Está claro que o desenho de nossa regra eleitoral estimula um ordenamento peculiar de prioridades políticas, que erige, em primeiro lugar, a reprodução eleitoral dos mandatos, acima de quaisquer compromissos firmados com partidos e eleitores”, continua.

De acordo com da revista, é necessário compreender a resiliência institucional do governo, assim como certas pautas, aparentemente não razoáveis, dos legisladores. “Alguma reforma política, que injete responsabilidade no sistema, se impõe”, avalia.

A edição de dezembro da revista da FAP diz que o apoio que parte importante dos eleitores empresta a um governo abertamente autoritário só é compreensível a partir da rejeição aguda a todas as alternativas restantes.

Veja o PDF de todas as edições da revista Política Democrática online

“Ou seja, o processo de deslegitimação da política precisa ser revertido desde já, a partir de um acordo mínimo em torno das regras de interlocução e decoro que devem vigorar na esfera pública”, explica.

A íntegra do editorial está disponível na versão flip da revista e no portal da FAP gratuitamente.

A nova edição da revista da FAP também tem reportagem especial sobre a variante Ômicron da covid-19entrevista especial com Hussein Kalout, além de artigos sobre política, economia e cultura.

Compõem o conselho editorial da revista o diretor-geral da FAP, sociólogo e consultor do Senado, Caetano Araújo, o jornalista e escritor Francisco Almeida e o tradutor e ensaísta Luiz Sérgio Henriques. A Política Democrática online é dirigida pelo embaixador aposentado André Amado.

*Integrante do programa de estágios da FAP, sob supervisão do jornalista e editor de conteúdo Cleomar Almeida 

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Luiz Werneck Vianna: Falta uma geringonça à brasileira

Luiz Werneck Vianna / Inteligência Insightnet

Ainda é cedo para comemorar as pesquisas de opinião recentes que sinalizam que a via eleitoral está fechada para a reprodução do malsinado governo que aí está. O sobrenatural de Almeida do Nelson Rodrigues, como se viu nas últimas eleições, frequenta outros ambientes além dos estádios de futebol. Fora a hipótese terribilíssima, parecem favas contadas pelo andor da carruagem que as urnas do próximo ano vão selar o fim de mais uma experiência autoritária da nossa história republicana. Evidente que essa leitura, suportada pela força dos fatos que a confirmam, é de alcance geral, e como tal não é singular às correntes democráticas, certamente compartilhada pelos próceres do regime bolsonarista que demonstram a cada passo sua rejeição às normas e às instituições da democracia.

As duas últimas cartas com que contava Bolsonaro – sua associação com o Centrão e o chamado Auxílio Brasil –, cujos efeitos eleitorais ainda não se fazem sentir, já foram jogadas. Ademais, se lhe frustram o que espera dessas duas cartas – o Centrão  é, como se sabe, volúvel –, suas pretensões, como as atuais pesquisas indicam, arriscam ser afastadas ainda no primeiro turno eleitoral. Para Bolsonaro a via eleitoral é um caminho de pedras, e, consciente disso, já procurou, como no infausto 7 de setembro, atalhá-lo num golpe de mão mal sucedido. O horizonte que se descortina à sua frente, em sua lógica à moda de Donald Trump é a de suscitar o tumulto, como sinaliza em sua política de procurar confrontos a qualquer pretexto, até na vacinação infantil. Por falta de alternativa, trama-se em favor de uma recidiva de um 7 de setembro.

A cena atual da política brasileira está longe de parecer com um céu de brigadeiro, como os incautos de sempre já se aprestam a avaliar. Há grossos interesses em jogo beneficiários das políticas de um capitalismo vitoriano predatório, e uma multidão de pequenos interesses mafiosos, urbanos e nas regiões de fronteira, que se sentem ameaçados pelo avanço no terreno da opinião pelas forças democráticas. A reconquista de um governo democrático não será feita sem sobressaltos e livre de riscos, e sua possibilidade depende de uma articulação tão ampla quanto possível das forças políticas em presença. Não há uma terceira via, mas uma única estrada real que pavimente a irrupção em cena das grandes maiorias e dos seus movimentos sociais que venha a barrar o fascismo latente que desde os anos 1930 ronda a nossa história como no Estado Novo, no regime do AI-5 e agora na hora presente.

A construção dessa larga estrada reclama uma engenharia de vulto, especializada no cálculo de pontes em terrenos de alto risco e que resistam aos abalos sempre presentes quando a ação humana desafia o destino em suas criações, que, no caso, se aplica em emancipar a nossa sociedade das taras que herdamos da nossa desastrada história de formação feita à sombra das plantations escravocratas. Não é uma tarefa fácil, e outros antes de nós sucumbiram apesar dos ingentes esforços a que se dedicaram. Não é obra, pela envergadura e complexidade de que se reveste, de um só ou de poucos, mas de muitos, de todos aqueles que compreendam que a nossa sociedade está sob risco de degradação e urge que nos movimentemos para salvá-la.   

Nesse sentido, são benvindos os sinais emitidos por relevantes personalidades políticas, como Lula e Alkmin, antagonistas em várias disputas eleitorais, de que procuram um caminho de convergência, tentativa de reedição em nossas plagas da geringonça portuguesa segundo alguns analistas. Por ora, esse ensaio promissor depende para sua concretização de negociações exitosas a serem levadas a cabo pela perícia de políticos envolvidos nessa difícil operação, aos quais não devem faltar o apoio da opinião democrática e dos partidos e movimentos sociais que venham a suportá-la a fim de convertê-lo num experimento exemplar de ação pedagógica na política fragmentada que praticamos.

Em dois momentos, nas eleições de 1988 e nesta última de 2018, sucumbimos aos impulsos egocêntricos de partidos e personalidades que levaram à dispersão das forças democráticas com o resultado nefasto dos triunfos eleitorais de Collor e de Bolsonaro, a gravidade do que está em jogo na sucessão presidencial que se avizinha reclama imperativamente que tais equívocos não se repitam. Os canais abertos entre Lula e Alkimin, embora significativos, ainda são estreitos para dar passagem segura ao trânsito das demandas reprimidas das grandes maiorias. Alargá-lo é tarefa de todos, é hora da grande política diante do desafio da ameaça de fascitização da vida social e do Estado.

A busca por uma frente ampla visa, desde já, assegurar um sistema de proteção ao calendário eleitoral e a articulação de forças sociais e políticas que conduzam a uma vitória incontrastável nas urnas como sinalização forte de que rompemos afinal com a longa história de autoritarismo político que deixa em seus rastros a monstruosa desigualdade social reinante entre nós.

No plano das ideias, certamente se poderia aspirar a que à testa da coalizão democrática que ora se apresenta outros nomes poderiam se fazer presentes, mas os que temos são estes, e, nesta hora, o que importa é encontrar gatos que comam ratos, para o que estamos bem servidos.

*Luiz Werneck ViannaSociólogo, PUC-Rio 

Fonte: Inteligência Insightnet
https://inteligencia.insightnet.com.br/falta-uma-geringonca-a-brasileira/


Celso Rocha de Barros: Por que tem um general no TSE?

Celso Rocha de Barros / Folha de S. Paulo

general Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da defesa de Bolsonaro, ocupará a direção-geral do TSE durante a campanha presidencial de 2022. Isto é: quem vai decidir se a eleição valeu será um sujeito armado que até outro dia era funcionário de um dos candidatos.

Azevedo e Silva já desempenhou papel semelhante na eleição passada: por algum motivo até hoje inexplicado, foi assessor de Toffoli no STF durante a eleição de 2018. Naquela oportunidade, o STF decidiu que Lula, que tinha 38% nas pesquisas, não poderia concorrer contra Bolsonaro, que tinha 18%. Bolsonaro venceu e nomeou Azevedo para a Defesa.

Se o leitor conhecer caso semelhante ocorrido em país de democracia estável, peço que envie carta para a Redação.

Defensores da nomeação argumentam que um general no TSE apaziguará os defensores de Bolsonaro. O presidente da República já deixou claro que, em caso de derrota (e, portanto, prisão automática pelos crimes da pandemia), mentirá que houve fraude e tentará um golpe.

Não há, naturalmente, nenhuma apreensão honesta a ser apaziguada. Os defensores de Bolsonaro não acham, sinceramente, que as urnas eletrônicas são fraudadas. Eles estão, do primeiro ao último, mentindo. Se não houver essa desculpa para tentar um golpe, eles usarão outra. Os bolsonaristas devem ser desarmados, não refutados.

E mesmo se fossem sinceros, a nomeação de Azevedo foge à regra. Em 2018, os eleitores de Lula contestavam a decisão judicial que tirou o ex-presidente da eleição. Ninguém nomeou Gleisi Hoffman para a direção do TSE como forma de tranquilizá-los. A diferença, é claro, é que os militantes do PT estavam desarmados.

Supondo que a nomeação de Azevedo tranquilizará os golpistas, porque não deveria inquietar a imensa maioria do eleitorado, que, a crer nas pesquisas, pretende votar na oposição?

Se Lula ou outro oposicionista vencer por grande vantagem, pode não fazer diferença: ninguém vai conseguir fraudar uma eleição que perdeu por 30 pontos percentuais. Mas e se a eleição for equilibrada? Se Bolsonaro vencer por pouco, se for para o segundo turno por pouco?

Não deve haver militares no TSE em uma eleição em que um dos candidatos passou quatro anos tentando cooptar as forças armadas para um golpe de estado, sobretudo se o militar em questão foi ministro da defesa do referido candidato, sobretudo se o foi depois de ter supervisionado a eleição anterior sem ter qualquer direito de fazê-lo, e, sinceramente, eu tenho vergonha de ter que explicar isso.

Segundo a revista Veja, a nomeação de Azevedo foi ideia dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Edson Fachin. Em democracias estáveis, ministros da Suprema Corte não precisam se preocupar em acalmar golpistas. Certamente não precisam fazê-lo com o mesmo general por duas eleições seguidas.

De qualquer forma, lanço um apelo àquela turma do comentariado brasileiro que sempre defendeu que Bolsonaro não representava risco à nossa democracia: lancem um manifesto contra a nomeação de Azevedo.

Ela dá munição a alarmistas como eu: se a ameaça de Bolsonaro não é real, por que a nomeação do general foi necessária? Ela foi conduzida por ministros do STF sob aplauso generalizado do establishment político e econômico. Será que essa turma toda também foi enganada pelo livro do Levitsky?

Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/celso-rocha-de-barros/2021/12/por-que-tem-um-general-no-tse.shtml


Fernando Gabeira: O ano que passou

Fernando Gabeira / O Globo

Mais um ano escorre pelos dedos. Não foi terrível nem animador, apenas um ano de transição.

O Brasil ficou cansativo com essa interminável polêmica com o negacionismo. Primeiro, negaram o vírus, depois a gravidade da pandemia, o número de mortos, a importância da vacina e, finalmente, o passaporte vacinal.

Foi um ano de grandes debates em Glasgow, políticas ambientais decisivas nos EUA e na Alemanha, mas termina com uma dura mensagem da natureza: enchentes no sul da Bahia e o tornado no Kentucky.

A democracia foi ameaçada pelos mesmos de sempre, mas creio que, ali pelo 7 de Setembro, a ameaça se dissipou, deixando apenas alguns perplexos caminhoneiros bloqueando estradas no dia seguinte ao feriado.

Felizmente me deixaram passar para o trabalho presencial. Duplamente vacinado, caí na estrada para desenferrujar os dedos e a sensibilidade. Viver a esperança de voltar ao trabalho e preparar um salto de qualidade para o ano que entra. É o que está ao meu alcance.

Tudo o mais depende de muita gente: combater a fome, aliviar a tensão sobre a floresta e os índios, reanimar a ciência, levar um novo fôlego à cultura, apresentar uma imagem digna do Brasil lá fora.

Certamente, o passo essencial é impedir um novo mandato de Bolsonaro. Estou acostumado com suas barbaridades. Mas fiquei triste com a reação dos empresários quando ele disse que demitiu as pessoas do Iphan porque colocaram obstáculos às obras daquele senhor da Havan.

Os mesmos empresários que aplaudem a destruição do meio ambiente em nome do progresso aplaudem o desaparecimento de nossa memória e identidade. Se triunfarem em toda a linha, serei, como muitos outros, um exilado num país sem suas florestas, desmemoriado, tocando apenas a música das caixas registradoras.

Alguns poderão arrancar alguma beleza dessa paisagem desoladora, plantar uma flor no asfalto. Teriam de ter a força de um Bispo do Rosário, que, encerrado no manicômio, criou obras maravilhosas, usando o fio do uniforme de louco, tampas de garrafa.

Se Bispo do Rosário conseguiu criar algo numa atmosfera absolutamente áspera, quem sabe nós também sobreviveríamos à barbárie político-empresarial?

Mas não triunfarão. Neste momento da História, tudo indica que o povo brasileiro sabe pelo menos a quem rejeitar. A maioria não aceita Bolsonaro, e essa talvez seja a grande notícia do ano que começa logo.

Foi um ano de muitas leituras, aprendizado, biografias e romances. Nem por isso consegui transcender à banalidade do debate que o atraso nos impôs.

Não fantasio o futuro. Quem pensa com a própria cabeça sempre enfrentará consensos, partidos, corriolas. Mas nada, nada é tão difícil quanto os anos de domínio da extrema direita. No exílio, pelo menos a dor era compensada pelo fluxo de novas ideias.

Mas não há do que reclamar, exceto realizar o projeto de avanço, contar melhor as histórias, burilar as imagens, ouvir o som das ruas e estradas.

Em Atafona, São João da Barra, norte fluminense, num trabalho sobre o litoral brasileiro, conheci uma mulher de 86 anos que me disse: “Todas as manhãs deposito três rosas na Igreja Nossa Senhora da Penha, para agradecer mais um dia de vida”.

Não trabalho com escala tão curta, mais um dia de vida. Mas, olhando bem tudo o que se passou conosco, talvez valesse a pena depositar três rosas pelo ano que passou, pelo fato de termos vivido e estarmos prontos para o ano que virá. É uma maneira de desejar Feliz Natal e Ano-Novo; quem sabe no ano que vem poderemos nos aglomerar e jogar as flores diretamente nas ondas do Atlântico?

De qualquer forma, estaremos livres, trabalhando ou caminhando pelas ruas, e isso a pandemia nos ensinou que é uma das grandes dádivas da vida.

Fonte: O Globo
https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/o-ano-que-passou.html


País está parado devido a incertezas das eleições de 2022, dizem analistas

Roberto Brant / Correio Braziliense

Os analistas políticos e os economistas do mundo paralelo das finanças são unânimes em afirmar que o país está parado e que o câmbio, a inflação e os investimentos estão perturbados por causa das incertezas quanto aos resultados das eleições do ano que vem. O sentimento é que tudo pode mudar muito conforme o presidente que for escolhido. Penso que isto é reflexo de uma visão idealista da política, porque à semelhança do mundo do príncipe de Salina, do romance O Leopardo. Na maior parte do tempo, no Brasil os presidentes mudam para que tudo fique como está.

Na história das últimas décadas, o Brasil só mudou de fato sob o comando de uma ordem autoritária e impositiva, nos governos dos generais Castello Branco e Ernesto Geisel, ou sob raras lideranças inspiradoras, capazes de projetar uma imagem atraente do nosso destino, como Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso. No resto do tempo, os sistemas tradicionais da política e da Justiça se impuseram sobre a Presidência e acabaram ditando suas políticas e seu comportamento, muitas vezes no sentido contrário aos discursos de campanha.

As únicas escolhas eleitorais democráticas em nosso país, no sentido de que o povo sabe exatamente quem está escolhendo, e para que, são as de prefeitos, governadores e presidente da República. Nos países em que o regime de governo é o parlamentarismo ou naqueles de regime presidencialista com apenas dois ou três partidos, também a escolha dos deputados é consistente com a vontade dos eleitores.

No Brasil, a eleição dos deputados, que no fim das contas vai definir o que os governos podem realmente fazer, é um tiro no escuro. Ninguém, nem mesmo o cidadão mais sofisticado, tem qualquer noção das consequências do seu voto. O deputado em nosso sistema praticamente não presta contas de nada. Pode cruzar todas as fronteiras, sejam partidárias, ideológicas ou de valores, e faz todos os acordos que forem convenientes.


TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
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TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
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TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
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TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
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Limite extremo

Essa realidade vem de longe, mas, no governo atual, chegou a um limite extremo. Não é possível saber se no futuro algum presidente terá a força e a coragem para desmontar esses arranjos, que desmoralizam qualquer administração e ditam sua pauta, tornando-a fragmentária, paroquial e alheia às verdadeiras questões que cabe ao governo enfrentar.

A Constituição, que mudou tanta coisa, não quis reformar a vida política. Deu margem à multiplicação de partidos sem nenhuma razão de ser. Partidos sem projeto, sem propostas, sem nada que tenha relação com o interesse público. Salvo dois ou três, os outros não são democráticos; são partidos que têm donos e funcionam como cartórios, que distribuem franquias. No final, sem que ninguém perceba, dominam as eleições e o Parlamento.

Enquanto perdurar essa ordem política, não há que se falar em incerteza. O que temos, ao contrário, são tristes certezas. A certeza de que o presidente a ser eleito, qualquer que seja ele, não vai ter maioria na Câmara ou no Senado. A certeza de que não precisa perder seu tempo em convencer 10 ou 20 partidos das razões de Estado, das carências da população e da construção de um futuro. Essa língua republicana não é compreendida num círculo que se acostumou com nomeações e emendas, se possível secretas, e que tem sob seu controle todas as pautas legislativas — e, se necessário, a ameaça dos impeachments. E a certeza de que para governar precisa ultrapassar muitos limites.

No fundo, não é só o presidente que é refém desse sistema infeccioso. É também a própria população. A verdadeira polarização da eleição de 2022, a que precisa ser resolvida, não é entre pessoas, mas a que separa, de um lado, a República e a sociedade, e, de outro, um sistema de chefetes partidários que tomou para si o Parlamento.

Pode parecer impossível, mas vou lembrar Hannah Arendt, quando disse que o homem, de um modo misterioso, é manifestamente dotado para fazer milagres e que os homens, enquanto puderem agir, podem realizar o improvável. E continuamente o realizam. 

Fonte: Correio Braziliense
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/12/4972149-o-pais-das-tristes-certezas.html


Alberto Aggio: Vitória de Gabriel Boric abre nova fase democrática no Chile

Alberto Aggio / Unesp

Alberto Aggio, professor titular de História no câmpus da Unesp em Franca, especialista em História Política Latino Americana e editor do Blog Horizontes Democráticos, explica que a vitória do candidato de esquerda, Gabriel Boric, de 35 anos, eleito neste domingo, 19 de dezembro, abre uma nova fase democrática no Chile.

Fonte: Unesp
https://podcast.unesp.br/16545/mundo-e-politica-vitoria-de-gabriel-boric-abre-nova-fase-democratica-no-chile-explica-professor-de-historia-da-unesp


Aliança com Alckmin é 'vacina' contra ideia de que Lula é extremista, diz cientista político

Leandro Prazeres / BBC News Brasil

A possível aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin é uma "vacina" contra a ideia de que o petista seria um extremista de esquerda. A afirmação é do cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto.

"(Essa aliança) é uma vacina contra a acusação de extremista. Como você vai dizer que Lula é extremista se ele tiver como vice o Geraldo Alckmin?", indaga Couto.

Uma possível chapa com Lula e Alckmin tem sido um dos assuntos mais comentados no cenário político nas últimas semanas.

Grande parte do frisson em torno dessa possibilidade está no fato de que os dois foram adversários políticos durante boa parte de suas carreiras.

Em 2006, por exemplo, Lula e Alckmin disputaram a Presidência da República. Na ocasião, o petista venceu o então tucano no segundo turno.

O contexto atual, no entanto, é outro. Após sobreviver política e juridicamente às acusações e condenações da Operação Lava Jato, Lula aparece como favorito a vencer as eleições presidenciais em 2022, segundo pesquisas de intenção de voto mais recentes. Mesmo assim, enfrenta resistências em setores mais conservadores do eleitorado.

Alckmin, por outro lado, acaba de deixar o PSDB, partido ao qual esteve filiado por 33 anos e do qual era uma das principais lideranças.

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Desde 2018, no entanto, quando obteve 4,76% e ficou apenas em quarto lugar na disputa presidencial, o ex-tucano viu sua influência na legenda diminuir ao mesmo tempo em que seu ex-afilhado político, o governador de São Paulo, João Doria, ampliou seu poder sobre o partido.

A aliança entre Lula e Alckmin vem sendo costurada pelo PSB, um dos partidos ao qual, especula-se, o ex-tucano poderá se filiar.

Cláudio Couto em frente a estante de livro
Para Cláudio Couto, chapa com Alckmin serviria para diminuir resistência a Lula entre conservadores. Fot: Reprodução

Sob os holofotes, tanto Lula quanto Alckmin vêm dando sinalizações positivas sobre a possível união. Em viagem à Bélgica, em novembro, Lula teceu elogios ao ex-governador, indicando que o caminho para uma união estaria aberto.

"Eu tenho uma extraordinária relação de respeito com Alckmin. Eu fui presidente quando ele foi governador, nós conversamos muito. Não há nada que aconteceu entre eu e Alckmin que não possa ser reconciliado", afirmou.

Para Cláudio Couto, além de mostrar que Lula é um moderado, a aliança com Alckmin poderia trazer benefícios caso a chapa saia vitoriosa em 2022. Segundo ele, a presença do ex-tucano no governo poderia criar pontes no Congresso Nacional com setores que, normalmente, poderiam fazer oposição a um governo do petista.

Confira os principais trechos da entrevista.

BBC News Brasil - Por que juntar Lula e Alckmin?

Cláudio Couto - Para o Lula, essa aliança sinalizaria muito claramente que ele é um moderado. Assim, aquela acusação de que ele representaria a extrema esquerda cairia por terra. Como é que você vai dizer que alguém como o Alckmin, sendo um político de uma direita moderada, toparia fazer uma chapa com Lula se ele fosse de extrema esquerda? Isso dá uma sinalização para diversos setores dessa moderação do Lula.

Serve tanto para que o eleitor mais ao centro ou à direita perca o medo do Lula, quanto para os setores das elites econômicas e da mídia que poderiam temer um retorno do Lula. Acho que o objetivo é esse: convencer setores que antes rejeitavam Lula de que ele não é nenhum maluco e de que ele seria capaz de compor e fazer um governo amplo.

BBC News Brasil - Mas como explicar isso para o eleitor histórico de Lula e de Alckmin?

Cláudio Couto - Eu explicaria dizendo o seguinte: "Olha! O que temos diante de nós hoje é o desafio de defender a democracia no Brasil e é preciso se juntar a outros democratas, mesmo aqueles que pensam diferente da gente". Esse é o primeiro ponto.

Num segundo momento eu diria: "Ou a gente constrói um governo amplo ou não vamos dar conta da tarefa que é a reconstrução do país. E isso nos obriga a deixar de lado as divergências do passado e juntar forças nesse momento". É preciso dizer aos eleitores que essa união não significa que Lula e Alckmin serão iguais, mas que serão capazes de trabalhar juntos.

BBC News Brasil - Esse discurso é comum quando se fala das relações entre Executivo e Legislativo, por exemplo, mas neste caso, trata-se de uma chapa presidencial. Não seria importante ou necessário que seus integrantes fossem mais "iguais" ou, pelo menos, estarem mais alinhados do que, historicamente, Alckmin e Lula foram?

Cláudio Couto - Acho que há duas coisas a serem levadas em conta. A primeira é que nessa relação com o Legislativo, quando você faz uma coalizão para governar, você necessariamente incorpora essa composição à formação do seu ministério. A diferença, agora, é que você não está falando só dos ministros, mas também do vice-presidente. Mas isso dá um pouco na mesma. Então, ao final, você está dividindo a composição do governo entre aliados.

E o Alckmin poderia representar uma parcela desses aliados. Ainda que ele não esteja dentro de um partido. Ele representa um certo campo político. E acho que, dentro desse ponto de vista, é possível montar um governo com integrantes mesmo que eles estejam em campos políticos diferentes. O segundo ponto é que o PT e PSDB estiveram juntos em vários momentos da história. Se voltarmos à campanha das Diretas Já (1984), veremos que as lideranças do que seria o PSDB e do PT estavam lado a lado.

Em 1989, quando Lula foi pro segundo turno contra o Fernando Collor, essas mesmas pessoas estavam no palanque do Lula. PT e PSDB começaram a se distanciar em 1994, nas eleições vencidas pelo Fernando Henrique Cardoso, mas há uma trajetória de relativa proximidade. Acho que é essa a questão que precisa ser apresentada.

Alckmin e Lula sorriem enquanto apertam a mão
Alckmin e Lula foram oponentes na disputa presidencial de 2006. Foto: Reuters

BBC News Brasil - Quem tem mais a ganhar com essa aliança? Lula ou Alckmin?

Cláudio Couto - Em tese, acho que quem teria mais a ganhar seria o Lula porque é ele que tá disputando a Presidência da República e aumenta suas chances com Alckmin na chapa. Mas mesmo que Alckmin não estivesse na chapa, as pesquisas mostram que Lula ainda seria favorito.

Mas tem outra forma de olhar isso que é ver de onde parte cada um deles. De um lado, Lula parte da condição de ser um candidato que, segundo as pesquisas, é favorito a vencer as eleições. O Alckmin, por outro lado, é um político que estava escanteado, inclusive no seu próprio Estado e pelo partido que ajudou a fundar. Mesmo assim, ele tinha algum favoritismo na disputa para o governo de São Paulo, mas sabe que seria uma eleição difícil pois não teria a máquina a seu favor.

Para alguém nessas condições entrar no jogo nacional novamente em uma chapa competitiva, isso é um ganho considerável. Então, penso que é um jogo de ganha-ganha. Não acho que haja um perdedor ou um trouxa.

BBC News Brasil - Apesar de ter governado São Paulo quatro vezes e de ter chegado ao segundo turno nas eleições presidenciais em 2006, Alckmin perdeu o controle do partido em que ele já foi uma das principais lideranças. Qual o peso efetivo dele em termos de atração de apoio ou votos para uma chapa com Lula? O que ele tem a oferecer ao ex-presidente?

Cláudio Couto - O que Alckmin leva para o Lula é uma espécie de selo. Assim como o (ministro da Economia, Paulo) Guedes, que não tinha voto, mas proporcionou um selo do mercado ao Bolsonaro, Alckmin oferece uma espécie de selo de moderação. É um selo de que Lula é um político capaz de compor com divergentes, de montar uma frente ampla. Esse é o ganho imediato.

Esse selo poderia nem ser dado pelo Alckmin, mas por uma figura similar ao que foi dado por José Alencar (empresário e ex-vice-presidente da República, morto em 2011) em 2002. Mas o Alckmin, mesmo com uma votação pequena em 2018 e escanteado pelo próprio partido, ele dá uma visibilidade a esse movimento do Lula em direção ao centro muito maior do que o que Lula fez com José Alencar em 2002. Não é transferência direta de votos, mas a mensagem que isso passa.

BBC News Brasil - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) evitou atacar Alckmin diretamente ao comentar essa possível aliança entre Alckmin e Lula. Na sua avaliação, essa possível união fornece algum tipo de blindagem para o petista contra críticas a corrupção ou ao suposto radicalismo que atribuem ao PT?

Cláudio Couto - Eu acho, sim. Para usar o termo mais na moda, essa aliança serve como uma vacina.

BBC News Brasil - Vacina contra o quê?

Cláudio Couto - É uma vacina contra a acusação de extremista. Como você vai dizer que Lula é extremista se ele tiver como vice o Geraldo Alckmin? Que extremista de esquerda é esse que se alia com um político de direito, católico praticante, de perfil conservador? É uma incongruência. Acho que já não faria sentido algum chamar Lula de extremista só ao olhar a trajetória dele, mas com o Alckmin do lado fica ainda mais complicado fazer uma acusação dessa natureza.

BBC News Brasil - Muita gente na esquerda mostra desconfiança em relação a essa aliança sugerindo que o ex-tucano poderia atuar para uma queda precoce de Lula a exemplo do que, eles afirmam, aconteceu com Michel Temer e Dilma Rousseff. Há risco de Alckmin ser para Lula o que Temer foi para Dilma?

Cláudio Couto - Eu acho que esse risco é muito baixo e por algumas razões. Primeiro porque Alckmin não é Temer. Ele é um político com outro perfil. Foi governador quatro vezes, foi candidato duas vezes à Presidência e é um político que tem uma trajetória que não permite falar em deslealdade. Ele cumpre compromissos.

O segundo ponto é: Lula não é Dilma. Lula é uma raposa da política. Alguém que está fazendo política, negociação e articulação desde os anos 1970. Foi presidente, bem-sucedido na sua negociação com o Congresso. É uma liderança e um político hábil. Dilma estava longe disso. Então, não temos Michel Temer de um lado e nem temos Dilma de outro.

Há um terceiro ponto que é o contexto atual. Não estamos mais na situação de uma queda muito grande da popularidade do PT. Estamos em um contexto em que Lula e o PT estão recuperando espaço. Além disso, o próximo governo, caso Bolsonaro não se reeleja, virá logo após uma verdadeira calamidade. Então, penso que há muito mais espaço para esse governo ganhar fôlego e produzir do que o PT tinha em 2015 e 2016.

Dilma Rousseff e Michel Temer sorriem caminhando em corredor formado por dragões (guardas)
Dilma Rousseff e Michel Temer no dia da posse; para Cláudio Couto, eles têm perfil diferente da dupla Lula e Alckmin. Foto: Ricardo Stuckert

BBC News Brasil - Essa aliança entre duas figuras que setores mais radicais chamariam de "velha política" não serve para alimentar o discurso de candidatos que se posicionam como antissistema sob o argumento de que "eles são todos iguais"?

Cláudio Couto - Sim. Acho que essa união pode alimentar esse discurso. Mas é preciso avaliar outros fatores. O primeiro é que a onda antipolítica começou em 2013, passou por 2016, e chegou ao ápice em 2018 na onda bolsonarista.

Em 2020, no entanto, nas eleições municipais, começamos a ver um refluxo nisso. Acho que essa onda perdeu força. Mesmo o tema "corrupção" já não aparece mais como uma grande questão para os eleitores. Além disso, Bolsonaro se abraçou com o Centrão. Aquilo que ele dizia que iria combater, ele não combate mais. Se ele apontar o dedo para o Alckmin e dizer: "Olha com quem o Lula está se aliando. Olha a velha política, aí", alguém vai dizer: "Olha com quem você está se aliando!".

BBC News Brasil - Mas num ambiente de eleição, você acha que Lula, que também já se aliou ao Centrão para governar, faria esse tipo de réplica?

Cláudio Couto - Acho que é mais uma questão de dizer: "Como você vê um problema nisso se você mesmo faz?". A crítica teria de ser nessa linha e não atacando a aliança, em si. Talvez o (Sergio) Moro possa ter espaço para fazer esse tipo de crítica, mas é preciso, também, avaliar quem serão os aliados dele. Afinal, ele também poderá ter suas vulnerabilidades expostas no decorrer desse processo eleitoral.

BBC News Brasil - Você pontuou todas as vantagens que essa aliança traria, mas quais são as desvantagens que essa aliança pode enfrentar na eleição e em um eventual futuro governo fruto desse casamento?

Cláudio Couto - Diante de problemas que governos normalmente têm, acho que essa aliança tende a ser muito mais benéfica do que ruim porque ela amplia o arco de apoios de um eventual governo. Ela cria pontes com setores que poderiam estar na oposição. Há uma possível perda, obviamente, que são os narizes torcidos daqueles que vão fazer reivindicações de purismo ideológico. Vão dizer: "É impossível um esquerdista como Lula se aliar a um direitista como Alckmin. Vamos lançar a candidatura do PSOL".

É possível que haja gente cogitando coisas desse tipo, mas eu imagino que isso é muito pouco comparado ao que se vai ter de ganho do outro lado. Pode haver gente fazendo barulho, inclusive no próprio PT, mas, sinceramente, acho que é residual. Pode ser que algo parecido ocorra do outro lado, no PSDB.

Mas o que é o PSDB hoje? É o PSDB do Doria? Do (Eduardo) Leite? Acho que essa aliança deixa os críticos um pouco desarvorados. Não vejo como algo que pode causar prejuízos sérios. E para alguém como Lula, que já se aliou com Valdemar da Costa Neto (presidente do PL) e Paulo Maluf, é muito melhor ter o Alckmin ao seu lado.

Fonte: BBC Brasil
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59707230


Evandro Milet: Ambidestria organizacional é olhar o presente e o futuro juntos

Evandro Milet / A Gazeta

Uma das maiores causas de morte de empresas é a incapacidade de conviver o operacional com o estratégico, o urgente com o importante, o presente com o futuro. Se a empresa está bem, o sucesso anestesia e se a empresa está mal, a sobrevivência ocupa toda a capacidade de pensar para a frente.

O ritmo acelerado das mudanças nos negócios e na sociedade, promovidos pelas inovações tecnológicas, deixou o problema mais agudo. Inovações em cascata vêm dos concorrentes atuais e são mais previsíveis ou vêm de concorrentes inesperados, fortemente ancorados em tecnologia, dispensando necessidade de pessoas e instalações físicas, virando negócios do avesso.

Antigamente só as pessoas tinham dores, de cabeça, de barriga ou de dente. Agora também as empresas têm dores e perceberam que não podem ter os melhores profissionais do mundo e nem podem mudar na velocidade que o mercado exige se contarem só com pessoal interno e com uma fila interminável de problemas a serem resolvidos por eles. Essas dores ganham o nome mais conveniente de desafios, ao serem explicitados e colocados para um público externo resolver de uma forma mais rápida do que poderia ser feito internamente.

A inovação aberta, como esse processo foi batizado, explodiu no mundo todo. Grandes empresas, aqui no Brasil também, perderam a tradição de guardarem segredo e a vergonha de expor suas deficiências para serem tratadas por uma enormidade de startups ou mesmo empresas estabelecidas, cheias de solucionadores de problemas. Uma nova rede de empreendedores se forma numa teia crescente de inovação altamente saudável para a economia, estimulando a criação de riqueza e empregos.

Os problemas resolvidos muitas vezes geram novos modelos de negócios que modernizam setores tradicionais, como varejo, indústria, saúde, finanças e agronegócios. E os investidores perceberam oportunidades, que não vêm só das dores das empresas, mas também das dores dos consumidores. No Brasil, só as fintechs já acumulam US$ 3,2 bilhões no ano em aportes recebidos, seguidas pelas retailtechs (US$ 1,04 bilhão), construtechs (US$ 1,02 bilhão) e edtechs (US$ 552,7 milhões).

Mas as soluções não estão vindo só de fora, mas também, e muito, da criatividade interna. O movimento iniciado pelos japoneses no século passado, ao usar a capacidade dos colaboradores para resolver problemas, se acelerou novamente. Ficou claro que as empresas não precisam mais de mão-de-obra, mas de cérebro-de-obra. Nos processos transformadores criados no início do século 20 por Henry Ford para a produção em massa, os operários realmente deixavam o cérebro na entrada da fábrica e entravam com as mãos. Não mais, pelo menos nas empresas bem administradas.

A inovação permanente, necessária para garantir a sobrevivência das empresas, deve estar entranhada na cultura, com todo mundo participando, dando ideias, solucionando problemas e usando também a inteligência externa. Pode começar com um Lab de inovação, mas deve se espalhar por toda a organização.

E deve atingir fundamentalmente a governança corporativa. É comum que os conselhos de administração das empresas sejam constituídos por profissionais de finanças, acostumados com números e balanços. Os novos tempos pedem conselhos híbridos, com gente de estratégia e inovação para colocar lá na cúpula a capacidade de olhar para a frente e praticar o que se chama hoje de ambidestria (a capacidade de se ser igualmente habilidoso com ambas as partes do corpo) organizacional, ou de fazer o presente ao mesmo tempo em que se prepara o futuro.

Fonte: A Gazeta
https://www.agazeta.com.br/colunas/evandro-milet/ambidestria-organizacional-e-olhar-o-presente-e-o-futuro-ao-mesmo-tempo-1221


Paulo Fábio Dantas Neto: Como sair do beco das madalenas?

Paulo Fábio Dantas Neto / Democracia e Novo Reformismo

Em ambiente político gasoso, 2021 está repetindo 2017, o ano aziago em que foi preparada a tragédia de 2018, pela qual as urnas presidenciais e legislativas legitimaram, de modo inédito, um padrão de ator político aleatório, tendo em Eduardo Cunha um arquétipo.  Aquele ano pré-eleitoral, na verdade, coroou os quatro anos anteriores, durante os quais um vácuo de liderança permitiu a um político profissional como Cunha, craque no cultivo de uma coadjuvância de resultados, enfeixar em suas mãos um poder decisório abrangente que, na normalidade de uma república democrática, só é exercido, legitimamente, pelo conjunto de uma elite política, em sua pluralidade de líderes, correntes e partidos. O tão propalado controle do centrão sobre a agenda do governo não é invenção de Bolsonaro mas do vácuo que o gerou.

Tal situação não foi obra isolada de um bruxo genial do submundo da política. Resultou de ações descoordenadas, ou da pura inação, de forças políticas contaminadas por um esperto oportunismo de curto prazo e tiro curto. Crentes da enganosa sugestão, feita por inimigos da política, de que um salve-se-quem-puder rasteiro pudesse ser kit de sobrevivência na selva para alguns, abriram brechas a sabidos, ao preço de aposentarem a sabedoria política e a noção de centro como eixo agregador. Talvez o vale tudo tenha sido um kit válido só para o PT, que, em 2018, se recuperou, em parte, da devastação eleitoral nas eleições municipais de 2016 e se apresenta de novo ao país agora, montado no seu líder de massas, resgatado da prisão como opção eleitoral relevante, quiçá como uma reencarnação de Noé. Afora esse eco vivo da primeira década do século, o que se vê são escombros e um museu de novidades.

Nada disso teria ocorrido sem que essa década perdida pela política democrática houvesse feito emergir, das cavernas de uma cultura política em que a democracia é ainda um experimento novo, uma espécie sublunar de guardiães da República. Movem-se essas criaturas a partir de pedestais corporativos, tecnocraticamente situados, tendo em mente dois pontos de chegada: o centro do palco midiático e porões de operações ilegais. Assim, associam uma onisciência lunática sobre o que deve ser uma sociedade “saudável” das pessoas “de bem” a um apetite chão pelo manejo arbitrário de instituições em proveito próprio e pela manipulação de um senso comum imemorialmente avesso a políticos em geral e a partidos, em particular. Através de tentativas de desmonte da política fixam, há quase uma década, outro arquétipo, na ponta extrema àquela em que o antigo baixo clero foi guindado a função dirigente. Ao passar do bombardeio sublunar para o campo eleitoral aberto onde lutam as infantarias, a turma de Sergio Moro certamente pede outras peles e não faltam cordeiros a oferecê-las.

Para a análise não se distrair com fogo de artifício, batizei esse outro padrão de conduta com o nome de Rodrigo Janot, exemplar mais “puro” do combinado de pretensão e incompetência distintivo da legião. Cunha e Janot, esses arquétipos, em princípio inimigos inconciliáveis, ao deixarem de ser personagens folclóricos ou abstrações sociológicas e assumirem lugares relevantes na política como ela é, lembram a útil reflexão de Edson Nunes (em “Gramática política do Brasil”, de 1997) sobre a “fertilização cruzada” de quatro tipos de gramática vigentes na construção do Estado brasileiro e na sua relação com a sociedade, a partir de 1930. Uma delas, tradicional, mesmo ancestral - a do clientelismo – as outras modernizantes, as do corporativismo, insulamento burocrático e universalismo de procedimentos. Dessas três, a do universalismo de procedimentos (gramática ancorada no impersonalismo) seria a mais prevenida contra a regeneração adaptativa do clientelismo. Os abraços desse último, como coadjuvante do corporativismo e do insulamento burocrático seriam as resultantes políticas, respectivamente, dos 15 anos Vargas e dos 21 anos de autocracia militar. Já a tríplice e mais equilibrada aliança dessas três gramáticas já teria feito o período de 45 a 64 mais “virtuoso”, inclusive do ponto de vista democrático, do que seria exemplar o governo JK. Quanto ao universalismo de procedimentos, timidamente introduzido na primeira parte dos anos de Vargas, talvez por ser portador mais consistente de um “ethos” liberal, para ter sua vez de influir de modo relevante, teve de esperar até um contexto posterior ao período histórico analisado pelo livro de Nunes, quando novas circunstâncias políticas e sociais cercaram o advento da Constituição de 1988.


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Uma extrapolação razoável do argumento de Nunes é pensar que a expectativa mais auspiciosa (porque mais realista) seria a de que a Carta de 88 e a política que sob ela se passou a praticar propiciassem uma fertilização mais complexa das quatro gramáticas e não a de que o universalismo instalasse o mundo virtuoso do haverá, no lugar de tudo o que houve ou estava havendo. Mais ou menos dentro dessa expectativa conduziu-se a política brasileira pelas duas décadas subsequentes, desembocando e depois se estabilizando nos marcos do chamado presidencialismo de coalizão. Sempre caberá discussão e correção sobre métodos empregados a cada iniciativa política e legislativa tomadas em ambiente complexo e plural, de conflito e negociação permanentes, sob intensa competição política e mais intensa ainda participação eleitoral. Mas é muito expressivo o legado positivo dessa experiência para o País, como mostrará qualquer inventário sério. Estabilidade da moeda com o fim da vigência e da cultura da inflação, lei de responsabilidade fiscal, códigos e estatutos legais do consumidor, do ambiente, das cidades e das metrópoles, da infância e da adolescência, do idoso, da igualdade racial e por aí vai.

A liderança dos presidentes da República sobre a agenda política do País foi uma constante e um fator de estabilidade. A cooperação legislativa também, sem que se configurasse adesão automática, ou coercitiva. O baixo clero atuava e obtinha sucesso moderado pelo protagonismo das lideranças no Parlamento e dos partidos no governo. O Judiciário já incursionava fora de marcos tradicionais, mas nada que se assemelhasse ao aval que, depois, por algum tempo, passou a dar a uma ética faxineira.

Onde perdemos essa moderação? Não me proponho discutir isso aqui, mas argumentar pela necessidade de recuperá-la; não para reinstalar o que havia, mas para balizar a invenção do que haverá. A rota da política esbarra primeiro, como tem sido fartamente apontado, no perfil dos candidatos presidenciais até aqui mais bem colocados em pesquisas. A imaginação dos leitores não precisa ser muito desafiada para que possam ter desde já uma ideia do que será o nível de agressividade imperante na conversa de surdos em que tende a se converter o debate eleitoral. Na eleição isso leva a um baixo calão e a narrativas que seriam impublicáveis em tempos mais civilizados. Já nas relações futuras entre governo e oposição a interdição de diálogos conduz a paralisia decisória e essa à perenização da crise.

Contudo, não é só nessa arena que interditos se avolumam. São mais alarmantes os desdobramentos possíveis da fluência pré-eleitoral dos dois arquétipos distópicos que ganham espaço nesses tempos imoderados. São padrões opostos de atitude política que já cooperaram antes, paralelamente, na coalizão de veto à política democrática que nos legou Bolsonaro. Ambos fazem parte da história do seu governo. Revezaram-se nele e agora aparentam disputar para chegarem ao segundo turno das eleições presidenciais, o arquétipo Cunha ainda ao lado do mito, atuando com desembaraço e agressividade inauditos e o arquétipo Janot com o projeto de renovação do mito, pela candidatura dissidente de Sérgio Moro. Digo aparentam porque, a meu juízo, apenas o segundo arquétipo fixa-se centralmente na disputa presidencial. Os Cunhas genéricos sentem o gosto de outra via expressa ao poder de que o original nunca chegou a dispor, embora quisesse. É o controle efetivo do orçamento federal pelo Legislativo, obtido, até aqui, no vácuo acumulado pela descoordenação política (Dilma), baixo empoderamento (Temer) e desinstitucionalização (Bolsonaro) que tem resultado da atuação do Poder Executivo. As eleições de 2022 representam, para segmentos do chamado Centrão, mais do que momento de renovação de mandatos (essa é motivação forte de qualquer deputado, dentro ou fora do Centrão) mas a oportunidade de tornar permanente uma condição de poder que até o momento anda é contingente. Esse é o modo objetivo pelo qual eleições para o Legislativo importam-lhes mais que a presidencial.

Estaremos longe do exagero se identificarmos essa motivação como bem mais difusa. Associada a novas regras eleitorais (novas cláusulas de barreira, proibição de coligação em eleições para deputados e consequente admissão de federações partidárias) ela coloca, na agenda de todos os partidos políticos, novo acento sobre as eleições ao Legislativo. Com a necessidade de direcionar para esse nível eleitoral cada vez mais energia articuladora e fatias mais generosas do fundo partidário, tendem a rarear, na arena da eleição presidencial, experimentos políticos ecumênicos ou marcações de posição partidária. Partidos e parlamentares chancelam gladiadores já no ringue, na expectativa de contê-los após as urnas.

O eleitor que se preocupa com o seu futuro e o do país após o momento da batalha eleitoral está sendo chamado a um exercício de prospecção. As relações entre um Congresso empoderado, formado por políticos aleatórios, em boa parte reeleitos no embalo de emendas secretas ao orçamento e um presidente vencedor de um embate entre diversas modalidades de populismo (o individualismo de milícia, o paternalismo nivelador e o guardianismo redentor) não sugere mudança nem sossego. No horizonte o cenário um é o do tensionamento das instituições para se amoldarem ao cruzamento infértil entre um presidente com pretensões a César e um congresso pródigo na provisão de alimento ao próprio umbigo.  Em resumo, a continuidade do que aí está, com Bolsonaro ou não. Quem perecerá primeiro para que essas duas situações democraticamente patológicas sobrevivam? Os recursos do Estado ou a paciência de uma população vítima de mais um estelionato eleitoral?


TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
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TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
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TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
TSE apresenta novas urnas eletrônicas. Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
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Um segundo cenário, dentro do horizonte possível após eleições vencidas, simultaneamente, pelos dois arquétipos (“Cunha” e “Janot”) é que um deles, ou ambos, queiram eliminar a discrepância depois da eleição. Ameaça de impeachment do Presidente ou invasão bem-sucedida do nosso Capitólio são hipóteses mais radicais cuja iminência pode levar a soluções emergenciais como parlamentarismo ou semiparlamentarismo, no primeiro caso, democracia iliberal no segundo. Isso não é futurismo. É ler mensagens de agora.

Se ficarmos nesse beco, cada qual (indivíduos e instituições) fará alguma escolha em algum momento futuro de agonia. A minha seria/será pela solução parlamentarista, por não conceber democracia com sacrifício das liberdades que a outra opção representa. Mas esse é assunto para outra coluna. Concluo a de hoje deixando na roda a provável pergunta que a vida, mais do que este texto, tem feito: como sair desse beco? Ninguém que quer sair sabe, é claro. Mas a pergunta cabe, pois, afinal, falta quase um ano. Se os fatos não iluminam uma saída, é preciso, sem deixar de levá-los em conta, colocar a imaginação política para criar outros. A política pode achar aliados onde a análise flagra obstáculos. Não é à toa que olhares entre Lula e um centro ainda sem candidato são reciprocamente perscrutadores, a um só tempo desconfiados e esperançosos. Mas a necessidade de sair do beco persistirá, seja qual for o desfecho final dessa troca de olhares.  Nada ocorrerá por gravidade. O PT já está grandinho e curtido para saber disso. Por outro lado, seus adversários de ontem já esgotaram a cota de erros que lhes foi dado cometer.

A desconfiança destrói e a esperança é pouco para produzir resultado. Criar uma confiança mínima para substituir a desconfiança e uma expectativa compartilhada para substituir a esperança de cada qual parece ser uma condição para criar uma força cívica suficiente para afastar do centro da cena os arquétipos da sub-política e da anti-política, em vez de aderir a eles. Ou seremos um país de Madalenas?

*Cientista político e professor da UFBa.

Fonte: Democracia e Novo Reformismo
https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/12/paulo-fabio-dantas-neto-partidos-e.html


Lula é melhor presidente da história para 51%, e Bolsonaro, o pior para 48%

Fábio Zanini / Folha de S. Paulo

Metade dos brasileiros consideram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o melhor presidente que o país já teve, indica pesquisa Datafolha, bem à frente de Jair Bolsonaro (PL), seu provável adversário na eleição do ano que vem.

Segundo aferiu o instituto, o petista, que governou entre 2003 e 2010, é o líder no ranking dos ex-presidentes para 51% dos entrevistados, 40 pontos à frente de Bolsonaro, escolhido por 11%.

A pesquisa foi realizada de 13 e 16 de dezembro com 3.666 pessoas, em 191 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Lula, assim, recupera parte de sua imagem perante os eleitores, que ficou seriamente abalada em pesquisas anteriores em razão de escândalos de corrupção e recessão econômica.

Em diversos levantamentos do Datafolha realizados entre o final de 2015 e 2016, auge da Lava Jato e da crise política que derrubaria Dilma Rousseff (PT), Lula era considerado o melhor presidente da história do país por entre 35% e 40% dos brasileiros, patamar bem abaixo do atual.

O mesmo já havia ocorrido em 2006, durante o mensalão, em que Lula, na época exercendo a Presidência, era tido como o melhor chefe de Estado da história por 35%.

O auge da imagem do petista ocorreu no final de 2010, quando ele passou a Presidência para Dilma, com a popularidade em alta em razão do forte crescimento econômico da época. Na ocasião, 71% dos pesquisados consideravam Lula o melhor presidente.

Curiosamente, a faixa etária dos eleitores de 16 a 24 anos, que eram crianças ou pré-adolescentes quando Lula governou, é que a tem maior apreço histórico pelo petista. Neste grupo, 61% consideram que ele foi o melhor presidente que o Brasil já teve.

No caso de Bolsonaro, é a primeira vez que seu nome foi incluído nesta pergunta pelo Datafolha, e portanto não é possível fazer comparações.

O atual ocupante do Palácio do Planalto é considerado o melhor presidente da história por 19% dos que se situam na faixa de renda mais alta, que recebe mais de dez salários mínimos por mês.

Na faixa dos empresários, há uma situação de empate técnico entre o atual e o ex-presidente. Bolsonaro é considerado o melhor presidente por 24% dos pesquisados, enquanto Lula é escolhido por 22%.

Durante seus dois governos, o petista conduziu uma política econômica ortodoxa, sem movimentos bruscos de rompimento com o mercado, e teve um empresário, José Alencar, como vice.

Em terceiro lugar na lista de melhores presidentes, aparecem empatados o tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Getúlio Vargas (1930-45 e 1951-54), mencionados por 4%.

Com 1%, foram lembrados Juscelino Kubitschek (1956-61), José Sarney (1985-90), Itamar Franco (1992-94), João Baptista Figueiredo (1979-85), Dilma Rousseff (2011-16), Jânio Quadros (1961) e Tancredo Neves (1985).

O Datafolha perguntou também quem foi o pior presidente da história do Brasil, e nesse caso a marca negativa claramente pertence a Bolsonaro. Ele é citado por 48% dos entrevistados, reflexo de sua queda de popularidade em razão da crise econômica e da má gestão da pandemia.

Lula é citado como pior presidente por 18% dos entrevistados, seguido por Fernando Collor (8%), Dilma (7%), FHC e Sarney (ambos com 2%).

Como esta é a primeira vez em que a pergunta é feita, não é possível fazer comparações com outros períodos.

Bolsonaro atinge índices mais negativos do que a média entre os desempregados, 57% dos quais o consideram o pior presidente da história. Também é mal avaliado para estudantes, em que a cifra atinge 65%.

Já Lula tem maior dificuldade entre os empresários, apesar dos acenos que sempre fez ao PIB. Para 40% deles, o troféu de pior presidente fica com o petista.

Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/12/datafolha-lula-e-melhor-presidente-da-historia-para-51-e-bolsonaro-o-pior-para-48.shtml


Moro sobre jantar de Lula com Alckmin: 'comemorativo da grande corrupção'

O ex-ministro e pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos) criticou nesta segunda-feira o jantar no domingo que reuniu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin, que se desfiliou do PSDB esta semana após mais de 30 anos no partido, e é cotado para ser vice do petista na chapa para a eleição de 2022.  PUBLICIDADE

"Impressão minha ou ontem assistimos a um jantar comemorativo da impunidade da grande corrupção?", postou Moro.  


Lula foi condenado por Moro na Lava-Jato, mas teve processos suspensos após o STF julgar que o ex-juiz não tinha competência para julgar o ex-presidente e também considerá-lo parcial no julgamento do caso do triplex.


Foto: Podemos/Divulgação
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Além de Lula, participaram do jantar — promovido pelo grupo de advogados Prerrogativas em um restaurante de São Paulo — os presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, do PSD, Gilberto Kassab, do PSB, Carlos Siqueira e do MDB, Baleia Rossi. Também consta da lista parlamentares, como a senadora Simone Tebet (MDB) e o senador Renan Calheiros (MDB), e governadores, como os petistas Camilo Santana, do Ceará, e Wellington Dias, do Piauí. O ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que hoje é secretário do governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), também foi.

Além de ser um sinal de aproximação entre dois antigos adversários, o encontro público entre Lula e Alckmin também é visto como mais um passo na direção da formação de uma chapa presidencial para o ano que vem. A presença no evento de dirigentes de outros partidos que podem apoiar a candidatura do petista, como PSOL, PSD e Solidariedade, reforçou o caráter simbólico do evento.

No evento, Alckmin deu mais indicativos de sua aproximação ao petista ao dizer que "é hora da união", como mostrou o colunista Bernardo Mello Franco.

Fonte: O Globo
https://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/moro-critica-jantar-de-lula-com-alckmin-comemorativo-da-impunidade-da-grande-corrupcao.html