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Brasil trabalha sua entrada na OCDE há muito tempo, afirma Luiz Paulo Vellozo à revista Política Democrática online

Em artigo de sua autoria, analista político diz que país hoje tem status de observador

Cleomar Almeida

O Brasil não precisa abrir mão de nenhum status ou prerrogativa na OMC (Organização Mundial de Comércio), presidida pelo diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, para pleitear seu ingresso na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A afirmação é de Luiz Paulo Vellozo, em artigo na sexta edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao Cidadania, novo nome do PPS (Partido Popular Socialista).

» Acesse aqui a sexta edição da revista Política Democrática online

De acordo com o autor, o Brasil trabalha sua entrada na (OCDE) há muito tempo. “Hoje tem status de país observador. É uma decisão que coroaria a transição do projeto nacional desenvolvimentista para uma estratégia de integração competitiva na economia mundial, coerente com a visão de que precisamos nos inserir nas cadeias globais de agregação de valor. Não nos transforma em nação desenvolvida num passe de mágica, mas afirma perante o mundo ser essa nossa pretensão”, escreve o autor.

Mais do que isso, segundo ele, mostra que o país um projeto de nação contemporânea, na qual se enxerga mais as oportunidades do que as ameaças na globalização. “Que queremos apostar no aperfeiçoamento das instituições internacionais; que confiamos no multilateralismo mas também queremos aprofundar relações bilaterais; que sonhamos um dia poder ostentar os mesmos indicadores de prosperidade e qualidade de vida que os países desenvolvidos e, principalmente, que decidimos e estamos dispostos a trabalhar com persistência enquanto nação para construir este sonho civilizatório”, diz o autor.

O mercado americano, segundo o autor, tem muitas oportunidades não exploradas para nosso país, e a economia brasileira também interessa aos americanos, vejam o caso da parceria entre a Embraer e Boeing. “Claramente o ingresso na OCDE não deve fazer parte da pauta das relações bilaterais com os EUA. Muito menos nossas questões e interesses na OMC”, analisa.

 

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Política Democrática online: Como os mais pobres poderão ser atingidos pela reforma da Previdência

Na sexta edição da revista, reportagem especial destaca situação de pessoas incluídas no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e de trabalhadores rurais

Cleomar Almeida

A proposta de reforma da Previdência é o destaque da edição especial da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira). A reportagem destaca os impactos da proposta sobre pessoas que não conseguem atingir o tempo mínimo de contribuição para aposentadoria e, por isso, são incluídas no Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) e, também, como os trabalhadores rurais poderão ser atingidos.

» Acesse aqui a sexta edição da revista Política Democrática online

A partir da história de um casal que tem nove filhos, a reportagem aprofunda-se na análise do tema, revelando como os mais pobres e mais vulneráveis poderão ser impactados. De acordo com o Ministério da Economia, 53% das pessoas se aposentam por idade: mulheres aos 60 anos, e homens, aos 65, com contribuição mínima de 15 anos. Além disso, segundo dados oficiais, 95% ganham menos de dois salários-mínimos. Pela nova proposta do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), as mulheres passarão a se aposentar aos 62, e os homens, aos 65, com contribuição mínima de 20 anos. A proposta também quer acabar com a modalidade de aposentadoria apenas por tempo de contribuição.

Agravada pela crise econômica que assola o país, a falta de oportunidade de emprego com carteira assinada faz com que a contribuição mínima seja uma regra cada vez mais difícil de ser alcançada pelos mais pobres para a aposentadoria. Nesse caso, restam a eles receber apenas o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). É a garantia de assistência de um salário-mínimo mensal ao idoso com 65 anos ou mais que comprove não ter meios de prover sua manutenção nem de tê-la provida por seus familiares. Além disso, a renda por pessoa da família deve ser de até um quarto do salário-mínimo. O benefício também pode ser concedido a pessoas com deficiência de qualquer idade.

De acordo com a reportagem especial, o governo assiste 4.650 milhões de pessoas com BPC (2.050 milhões para idosos a partir dos 65 anos e 2,6 milhões a pessoas com deficiência). Pela proposta, se alterasse as regras de idade, o governo informa que teria economia de R$ 182,2 milhões em 10 anos com os benefícios, o que equivale a menos de 10% do R$ 1,1 trilhão que pretende economizar no mesmo período, caso a reforma seja aprovada e implementada da maneira como foi entregue à Câmara.

A revista Política Democrática online também mostra que o governo quer aumentar para 20 anos o tempo de contribuição para aposentadoria rural. Neste caso, pela proposta de reforma da Previdência, a idade mínima para aposentadoria de mulheres do campo passaria de 50 para 60 anos, igualando-se à dos homens e que permaneceria inalterada. Assim, apesar de ter completado a idade mínima, Valdeci teria de contribuir por mais um ano e quatro meses – considerando o período de transição para pessoas que estão perto da aposentadoria –, em vez de apenas um ano, caso a reforma passe a vigorar da forma como está.

No entanto, para conceder os benefícios previdenciários a trabalhadores rurais, o governo também quer alterar a forma de cadastramento e recadastramento deles. Desta vez, a proposta é retirar os sindicatos desses procedimentos, alegando necessidade de regras mais rígidas para evitar fraudes. Para isso, foi enviada ao Congresso Nacional a Medida Provisória (MP) 871, segundo a qual o cadastro de todos os trabalhadores rurais deve ser realizado até janeiro de 2020 por municípios, Estados e União. A medida gera divergência.

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Política Democrática mostra reforma da Previdência como desafio para destravar governo

Em edição especial dos meses de março e abril, publicação tem entrevista exclusiva com o ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann, para quem investigação do caso Marielle Franco rompeu “aliança satânica” no RJ

Cleomar Almeida

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) lançou, nesta quarta-feira (17), edição especial da revista Política Democrática online, destacando reportagem sobre a reforma da Previdência, que a publicação avalia como o grande desafio para destravar o governo de Jair Bolsonaro (PSL). Completam o conteúdo da sexta edição uma entrevista com o ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann, 10 artigos sobre temas atuais e relevantes e uma charge de JCaesar.

Além de ser foco da grande reportagem desta edição especial, a proposta de reforma da Previdência também é discutida em artigos de pesquisadores e renomados analistas políticos, assim como a proposta de reforma tributária. A revista é produzida e editada pela FAP, vinculada ao PPS (Partido Popular Socialista).

Em editorial, a revista Política Democrática online aponta que “os movimentos do governo continuam a surpreender a todos, inclusive a boa parte de seus apoiadores.” “Após encaminhar para o Congresso a proposta de reforma da Previdência e o pacote de medidas de combate ao crime, supostamente dois dos mais importantes fundamentos de sua proposta de governo, o presidente da República, inesperadamente, parece haver perdido o interesse no destino dessas propostas”, diz um trecho.

Com o título “Reforma da Previdência deve ter justiça social”, a reportagem mostra que especialistas defendem atenção aos mais pobres e mais vulneráveis para evitar aumento da pobreza extrema no país. O conteúdo também observa que parlamentares já se manifestaram contra alguns pontos da proposta, como alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.

Na entrevista, Jungmann revela que a investigação dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, rompeu uma “aliança satânica no Rio de Janeiro”. A morosidade das investigações sobre o caso foram destaque da quinta edição da revista Política Democrática online.

“Qual é a raiz disso que eu denomino metástase? O crime organizado, particularmente as milícias, que são formadas por policiais da reserva e da ativa, um sinal sintoma claro da patologia”, assevera o ex-ministro da Segurança Pública.

O presidencialismo e o Congresso, a base curricular nacional, a luta das mulheres pela igualdade de direitos e o Brasil na política internacional estão entre os outros assuntos abordados em análises produzidas, exclusivamente, para a revista. O conselho editorial da publicação é formado por Alberto Aggio, Caetano Araújo, Francisco Almeida, Luiz Sérgio Henriques e Maria Alice Resende de Carvalho.

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Saiba mais sobre os autores – Revista Política Democrática - Quarta Edição

» André Amado
Embaixador aposentado, escritor e diretor da Revista Política Democrática.

» Marcos Sorrilha Pinheiro
Autor de Lino Galindo e os Herdeiros do Trono do Sol. Professor de História - Unesp/Franca.

» Ivan Alves Filho
Historiador, autor de livros como Memorial dos Palmares, Brasil, 500 anos em Documentos e O Historiador e o Tapeceiro. Incluir presença negra

» JCaesar
JCaesar é o pseudônimo do jornalista, sociólogo e cartunista Júlio César Cardoso de Barros. Foi chargista e cronista carnavalesco do Notícias Populares, checador de informação, gerente de produção editorial, secretário de redação e editor sênior da VEJA.

» José Augusto Lindgren-Alves
Embaixador aposentado, primeiro diretor do Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais do Itamaraty (1995-1966) e antigo membro do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial - CERD ( Nações Unidas, Genebra, 2002-2017).

» João G. Piquet Carneiro
Advogado, vice-presidente do Conselho de Desburocratização do Senado. Presidente do Instituto Helio Beltrão.

» Pedro Fernando Nery
Consultor Legislativo do Senado e autor do livro Reforma da Previdência – Por que o Brasil não pode esperar (Elsevier, 2019).

» Prof°. Babalawô Ivanir dos Santos
Pós- doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ). Doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ). Pedagogo pela Notre Dame. Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), onde coordena a área de pesquisa Experiências Tradicionais Religiosas Espirituais e Religiosidades Africanas e Dispóricas, Racismo e Intolerância Religiosa. É pesquisador do Laboratório de História das Experiências Religiosas (LHER-UFRJ) e no Laboratório de Estudos de História Atlântica das sociedades coloniais pós coloniais (LEHA-UFRJ). Coordenador da Coordenadoria de Religiões Tradicionais Africanas, Afro-brasileiras, Racismo e Intolerância Religiosa (ERARIR/LHER/UFRJ). Conselheiro Estratégico do Centro de Articulações de População Marginalizada (CEAP). Interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR). Conselheiro Consultivo do Cais do Valongo. Vice-presidente da América Latina no Conselho Internacional African traditional religious organizations, the Ancient Religion Societies of African Descendants International Council (ARSADIC), Nigéria. Humanos e Cidadania; Relações Internacionais; Religiões tradicionais da África Ocidental e Afro-brasileira.

» Sérgio C. Buarque
Economista, com mestrado em sociologia, professor aposentado da FCAP/UPE, consultor em planejamento estratégico com base em cenários e desenvolvimento regional e local, sócio da Multivisão-Planejamento Estratégico e Prospecção de Cenários e da Factta-Consultoria, Estratégia e Competitividade. Buarque também é fundador e membro do Conselho Editorial da Revista Será? – http://revistasera.ne10.uol.com.br.


Política Democrática: Tudo pode ser o oposto do que aparenta, diz Martin Cezar Feijó

Em artigo publicado na revista Política Democrática online de dezembro, professor explica reflexos da sociedade do espetáculo

Por Cleomar Almeida

Na sociedade do espetáculo, tudo é possível, tudo se mistura, e tudo pode ser o oposto do que aparenta. A avaliação é de Martin Cezar Feijó, em artigo publicado na revista Política Democrática online de dezembro. Segundo ele, “os mitos passam a ser criados para explicar o surgimento nas sociedades do que chamamos de cultura”, observa ele, que é professor de comunicação comparada na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).

» Acesse aqui a edição de dezembro da revista Política Democrática online

Produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS), a revista mostra, no artigo de Feijó, “as narrativas míticas antecipam a poesia, que se sofistica, tendo em Homero seu primeiro autor reconhecido como tal na cultura ocidental. Um trovador, um bardo, um aedo”, escreve ele, que também é historiador e doutor em comunicação pela USP (Universidade de São Paulo).

No artigo, Feijó observa que a preservação de Ilíada e Odisséia teria sido através de aedos. “O registro escrito da obra de Homero só ocorreu no período clássico grego (século V a.C.), em pleno nascimento do regime político conhecido como democracia. Nascia a literatura como registro escrito de uma ficção. O que foi chamada de poesia, artefato criado, inventado, musicado”.

E ele continua: “De Homero a Bob Dylan, a literatura se transformou em teatro, ainda na Grécia clássica, em poesia na Idade Média, com Dante Alighieri realizando uma obra fun- damental, a Divina Comédia”, afirma o professsor. “O teatro tem na figura de William Shakespeare seu grande bardo, seu grande trovador, com suas tragédias e comédias decisivas. E um contemporâneo seu: Cervantes, de Dom Quixote de la Mancha”, acrescenta.

Em outro trecho, o historiador observa que o século XX foi prodigioso no desenvolvimento de várias formas de expressão. Ele cita, por exemplo, que a música erudita se tornou atonal, o teatro se tornou épico com Bertolt Brecht e a poesia conheceu o russo Maiakóvski, em quem a anatomia enlouqueceu. “O cinema se tornou sonoro, o mundo se complicou, e uma segunda guerra mundial transformou o mundo em todos os sentidos”, analisa.

De acordo com o professor, após a Segunda Guerra Mundial (1939- 1945), surgem as condições para o desenvolvimento de uma cultura pop, de uma música eletrificada por guitarras e cantos que remetem a uma música primitiva, modal, de batidas e de letras complexas. “Nasce o rock a partir de rit- mo e do blues, em diálogo com o folk, a cultura popular em sua origem, buscan- do popularizar a música através de um suporte fabricado do vinil”, acentua.

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Política Democrática: ‘Bolsonaro foi deputado de inexpressiva atuação em quase 30 anos de mandato’, diz Marina Silva

Em artigo publicado na revista Política Democrática online de dezembro, a ex-senadora avalia como a falência do modelo político brasileiro provocou a eleição do candidato do PSL à Presidência da República

Por Cleomar Alemeida

A falência do modelo político brasileiro, com as principais forças políticas representadas pelo PT e PSDB, levou à eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, na avaliação da ex-senadora Marina Silva (Rede). Em artigo publicado na revista Política Democrática online de dezembro, ela ressalta que, até se eleger para o maior posto do Executivo brasileiro, Bolsonaro foi um “deputado de inexpressiva atuação em quase 30 anos de mandato.

» Acesse aqui a revista Política Democrática online de dezembro

“Foi justamente a falência do modelo político brasileiro, a meu ver, que possibilitou a eleição de Jair Bolsonaro, deputado do chamado ‘baixo clero’ de inexpressiva atuação em quase 30 anos de mandatos”, destacou Marina Silva, que também é ambientalista. “Essa falência não se deu de um dia para outro. Desde a redemocratização, as principais forças políticas representadas pelo PT e pelo PSDB, dois partidos da social-democracia que foram incapazes de produzir um alinhamento político mínimo que fosse”, afirmou.

No artigo, Marina Silva acentua que PT e PSDB “travaram uma guerra sem tréguas, em que a conquista e a manutenção do poder se sobrepunham aos interesses mais legítimos da sociedade brasileira, e se aliaram com a direita para governarem”. “O Brasil necessitava que se sentassem à mesa para construírem uma plataforma de governo conjunta, ou uma agenda básica de reformas, ou, no mínimo, um acordo para manter regras num jogo saudável da oposição democrática e civilizada. Ao contrário, protagonizaram ao longo de duas décadas uma polarização política destrutiva que acabou favorecendo a emergência de projetos autoritários que ameaçam a democracia”, disse.

Na avaliação da ex-senadora, o PT, que ela chama de “polo vencedor da disputa”, acabou assumindo e representando todo o sistema político. “Fica a ponto de gerar nova polarização: no lugar de PT x PSDB, revelou-se luta de morte PT x Anti-PT. O principal ponto de inflexão na formação de um crescente sentimento antipetista foi a revelação de que o partido, que nasceu para defender os mais pobres e a ética na gestão pública, após 14 anos no poder, era o protagonista dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil, como o Mensalão e o Petrolão, além de diversos outros”, ponderou.

Em outro trecho, Marina Silva observou que “as forças conservadoras que deram sustentação à candidatura de Bolsonaro são numerosas e enraizadas na história e na sociedade brasileira”. “Destacam-se aqui parcelas expressivas dos militares, agronegócio, elite financeira e empresarial e segmentos religiosos. Vale atentar para que diz o professor Eduardo Viola, da UnB, sobre a base religiosa que aderiu fortemente à candidatura de Bolsonaro: para além das questões ligadas a valores e costumes morais, este segmento tem maior aderência a uma visão econômica mais liberal, na qual a lógica do esforço pessoal e do mérito individual é mais bem-aceita que a ênfase na dependência da ação do Estado e da caridade alheia”.

No artigo, a ex-senadora avaliou o uso de rede social pelo presidente eleito. “Ficou internacionalmente conhecido o uso massivo de redes sociais, especialmente do WhatsApp, onde a campanha de Bolsonaro propagava em escala industrial as chamadas fake news contra os demais candidatos. Por sua relevância, essa estratégia, capaz de dar grande vantagem eleitoral, exige uma análise à parte, que, aliás, vem sendo feita em nível internacional, pois está na base da eleição de Trump, no Brexit e outros episódios de relevância mundial”.

 

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Política Democrática online de dezembro destaca viagem à Volta Grande do Xingu

Revista mostra os impactos socioambientais da Belo Monte na vida de indígenas no interior do Pará

Por Cleomar Almeida

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS), lança nesta quarta-feira (19) a terceira edição da revista Política Democrática online. Desta vez, a publicação destaca uma grande reportagem sobre o drama de índios que vivem ameaçados na região da Volta Grande do Xingu, na primeira das duas reportagens da série que mostra os impactos socioambientais da Usina Hidrelétrica de Belo Monte na região.

Acesse aqui a edição de dezembro da revista Política Democrática online

A equipe de reportagem da revista Política Democrática online viajou até Altamira e a região da Volta Grande do Xingu para contar os impactos provocados pelo empreendimento diretamente na vida dos indígenas e, por outro lado, mostrar como a usina se propõe a atender mais de 20 milhões de unidades consumidoras residenciais no país. A Belo Monte é a maior hidrelétrica totalmente brasileira e a segunda maior em operação no país, atrás apenas da usina de Itaipu, que é binacional.

A edição de dezembro traz, ainda, uma entrevista com o diplomata Rubens Ricupero, ex-ministro de Meio Ambiente e da Fazenda. Nela, ele aponta como o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), “é desastroso em política externa”. De acordo com o entrevistado, “a extrema direita elegeu um candidato de uma forma sem precedentes na história brasileira, porque nem mesmo o regime militar se assemelha ao que vem por aí”.

Além da reportagem de capa e da entrevista, a revista oferece aos internautas uma charge de JCaesar e oito artigos analíticos sobre política e sociedade. Entre os autores desta edição estão o senador Cristovam Buarque (PPS) e a ex-senadora Marina Silva (Rede).

Cristovam aponta, em sua análise, como os “resultados previsíveis para o governo do presidente Jair Bolsonaro não permitem otimismo. Ao contrário, insinua-se período de retrocesso social, cultural, política”.

Marina Silva, por sua vez, aborda, em seu artigo, como a falência do modelo político brasileiro possibilitou a eleição de Bolsonaro, deputado que, segundo ela, é “de inexpressiva atuação em quase 30 anos de mandatos”. De acordo com a ex-senadora, “mais que um conjunto de retrocessos, o que se anuncia é uma grande regressão para todo o Brasil, em termos políticos, sociais e culturais, que impactará todo o continente”.

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https://youtu.be/7-NknOUXu84

 

 


Revista Política Democrática online alcança quase 225 mil acessos em duas edições 

 Audiência saltou 457,38% de outubro, mês de lançamento da versão exclusivamente digital, a novembro 

Por Cleomar Almeida

Às vésperas de lançar sua edição de dezembro, a revista Política Democrática online, mantida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), alcançou nas suas duas primeiras edições 224.999 acessos do público em geral. Ou seja, audiência cresceu 457,38% em dois meses. Segundo a FAP, no mês de outubro, a Política Democrática online obteve 34.224 acessos pela internet. Em novembro, de acordo com o levantamento, a audiência da revista saltou para 190.757 acessos, principalmente a partir de grandes reportagens sobre temas de interesse público, entrevistas relevantes e análises críticas referentes aos cenários políticos brasileiro e internacional. A próxima edição, que será lançada ainda nesta semana, publicará uma entrevista exclusiva com o embaixador Rubens Ricupero e a primeira parte de uma reportagem (com um minidocumentário) sobre a hidrelétrica de Belo Monte, relatando a situação dos índios na região da Volta Grande do Xingu, além de um artigo de Marina Silva (Rede), entre outros.

Na primeira edição, a revista online destacou o drama da crise humanitária que fez milhares de pessoas saírem da Venezuela para o Brasil e outros países, no maior êxodo da história da América Latina. A edição de outubro publicou, ainda, dez análises críticas e uma charge sobre política é uma entrevista com Monica de Bolle, primeira mulher latino-americana a integrar a equipe do Peterson Institute for International Economics. Ela destacou que a agenda fiscal terá de ser prioridade do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

» Acesse aqui a edição de lançamento da revista Política Democrática online

A entrevista com o sociólogo Sérgio Abranches foi destaque da edição de novembro. Nela, ele mostra os reflexos da eleição de Bolsonaro, a qual, segundo o especialista, encerra a histórica polarização político-partidária entre PT e PSDB. Além disso, a revista publicou outros dez artigos críticos e uma charge sobre política. A edição destacou, ainda, uma grande reportagem que revelou como pessoas em situação de rua movimentam uma economia marginal em Brasília e os cortes de verbas da área de assistência social no Distrito Federal.

» Acesse aqui a edição de novembro de Política Democrática online

Na avaliação do diretor da revista, André Amado, a quantidade de acessos reflete o compromisso de todos os profissionais envolvidos na produção e edição da publicação online. “Me agrada muito, mas não me surpreende que a revista tenha alcançado mais de 190 mil acessos em sua segunda versão”, disse. “Uma das preocupações de todos os envolvidos é seguir a trilha das discussões e do debate de ideias, no horizonte da defesa e projeção dos princípios democráticos”, enfatizou.

André Amado destacou a independência e linha editorial crítica da revista. Segundo o diretor, seus profissionais desempenham suas funções com independência e profissionalismo. “A revista acertou na sua orientação de buscar o debate, a troca de ideias e a provocação intelectual”, ressalta. “Os próximos números serão tão bem sucedido quanto (os anteriores)”, acentuou, para emendar: “A revista Política Democrática ocupará, certamente, um espaço importante no ambiente político-intelectual brasileiro comprometido com a democracia”.

Além de contar com uma extensa lista de colaboradores, a revista tem um conselho editorial formado por renomados intelectuais e analistas políticos brasileiros. São eles: Alberto Aggio, Caetano Araújo, Francisco Almeida, Luiz Sérgio Henriques e Maria Alice Resende de Carvalho. A revista é mantida com recursos do fundo partidário destinados à fundação pelo Partido Popular Socialista (PPS). A versão impressa da revista, quadrimestral, tem circulação de 1 mil exemplares e completou 16 anos.

 


Saiba mais sobre os autores – Artigos Revista Política Democrática - Edição 03

JCaesar
JCaesar é o pseudônimo do jornalista, sociólogo e cartunista Júlio César Cardoso de Barros. Foi chargista e cronista carnavalesco do Notícias Populares, checador de informação, gerente de produção editorial, secretário de redação e editor sênior da VEJA.

Marco Aurélio Nogueira
Professor Titular de Teoria Política da UNESP. Foi diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais-IPPRI desta universidade (2011-2015), em São Paulo. Atualmente, coordena o Núcleo de Estudos e Análises Internacionais-NEAI, vinculado ao Instituto. É também Colunista do Estadão.

Martin Cezar Feijó
Historiador, doutor em comunicação pela USP e professor de comunicação comparada na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).

Marina Silva (Rede)
Candidata à Presidência nas últimas eleições, ambientalista, ex-senadora (1995-2011) e ex-ministra do Meio Ambiente (2003-2008).

Elena Landau
Sócia do Escritório Sergio Bermudes e presidente do Conselho Acadêmico do Livres.

José Antônio Segatto
Professor titular de sociologia da Unesp.

Ivan Alves Filho
Historiador, autor de livros como Memorial dos Palmares, Brasil, 500 anos em Documentos e O Historiador e o Tapeceiro.

Guilherme Mendes
Cientista político formado pela Sorbonne, gestor corporativo e líder do Política Simples para Indignados.

Cristovam Buarque
Senador pelo PPS-DF e professor emérito da Universidade de Brasília (UNB).

Rubens Ricupero
- Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, historiador e diplomata de 1961 a 2004;
- Representante Permanente da Missão do Brasil junto às Nações Unidas e demais Organismos Internacionais em Genebra (1987/91);
- Embaixador em Washington (1991/93);
- Ministro de Estado do Meio Ambiente e da Amazônia Legal (1993/94);
- Ministro de Estado da Fazenda, durante o período da implantação do Plano Real (1994);
- Embaixador em Roma (1994/95);
- Eleito Secretário Geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), cargo que ocupou de 1995 a 2004;
- Atualmente é diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado e presidente do Instituto Fernand Braudel; e
- Autor de várias obras, a última das quais A diplomacia na construção do Brasil 1750 - 2016, VersalEditores, Rio de Janeiro, 2017.


Política Democrática: Globalização promoveu aumento da riqueza, afirma Vinícius Müller

Doutor em História Econômica e professor do Insper observa que fenômeno também provocou separações sociais

Por Cleomar Almeida

O doutor em História Econômica e professor de Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Vinícius Müller diz que a globalização é um “fenômeno mais complexo que promoveu aumento da riqueza na mesma medida em que desarticulou antigas estruturas produtivas e sociais”. “A globalização não era, como pensávamos há mais de vinte anos, um novo imperialismo encabeçado pelos norte-americanos”, afirma ele, em artigo publicado na edição de novembro da revista Política Democrática online, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS).

De acordo com Vinícius Müller, as novas separações sociais produzidas pela globalização na sociedade norte-americana não são exclusivamente econômicas. “Elas estão relacionadas ao questionamento que parte da sociedade faz em relação aos valores que construíram aquela nação. De um lado políticas identitárias, de outro, xenofobia. Entre eles um hiato. É neste espaço que mora o diabo”, ironiza ele.

» Acesse aqui a edição de novembro da revista Política Democrática online

No fim do século passado, de acordo com o doutor em História Econômica, quando a combinação entre o fenômeno da globalização e a retomada dos valores liberais se arvorava como o modelo único, duas posições antagônicas se estabeleceram, conforme ele escreve. “Uma delas dizia que a abertura dos mercados nacionais, a maior velocidade nas trocas de mercadorias e moedas, assim como a formação de cadeias produtivas globais, garantiriam a ampliação da riqueza e melhoria significativa no padrão de vida de pessoas espalhadas pelo globo”, afirma, para continuar: “Outra, contrária, apostava na hipótese de que a globalização em sua vertente neoliberal nada mais era do que retomada do imperialismo do século XIX, agora liderado pelo EUA. Os resultados, depois de 30 anos, não cabem em slogans tão simples assim”.

No plano geral, conforme destaca o professor do Insper, a produção e a circulação de riquezas aumentaram. “Grupos populacionais imensos foram beneficiados pela ampliação do mercado, descentralização produtiva e aumento da produtividade e da riqueza”, acentua ele, e um trecho do artigo. “A urbanização de contingentes populacionais maiúsculos na China e na Índia, a transferência de partes significativas da produção industrial para países como o Vietnã e o aumento da qualidade de vida em países do leste europeu são visíveis. Em uma constatação anti-intuitiva, os países que mais ganharam com a globalização não foram aqueles que, no início do século, pareciam ser os impositores desta ordem”.

Na avaliação do autor, portanto, o que parecia ser uma imposição voltada à abertura de mercado mundial aos EUA, como um “neoimperialismo”, segundo ele, não se confirmou na medida em que tal processo produziu mais efeitos benéficos, ou que foram proporcionalmente maiores, em países como Chile, Coreia do Sul, Austrália e Lituânia do que nos EUA.

“A constatação de que a globalização, de fato, produziu mais riqueza e ampliou a qualidade de vida de enormes contingentes populacionais, e que hoje a tese de um imperialismo norte-americano parece fruto da ingenuidade da juventude, não significam a confirmação de que tal processo ocorreu sem efeitos colaterais que hoje batem à nossa porta. O mais importante entre eles é a ampliação da desigualdade. Não aquela que os críticos da globalização imaginavam que ocorreria entre os países”, diz outro trecho.

Vinícius Müller também diz que um argumento que atenuava o avanço da desigualdade afirmava que “é melhor viver em um país desigual e rico do que em um igualitário e pobre”. “Tem sentido, até porque a riqueza quando cresce beneficia a todos, mesmo que em níveis diferentes. O exercício retórico era simples: em uma sociedade na qual vive Bill Gates, a renda per capita cresce, mas a desigualdade também”, acrescenta o autor. “E, certamente, é melhor viver numa sociedade que tem a oportunidade de ampliar sua produção de riqueza a partir do uso das ferramentas criadas pelo fundador da Microsoft. O problema é que tamanha desigualdade começa a impactar em outras questões que fogem do escopo deste argumento”, assevera ele.

 

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Política Democrática: “Entramos na era da mentira”, afirma Sérgio Denicoli

Pós-doutor em comunicação analisa avanço da internet, em artigo publicado na edição de novembro da revista Política Democrática online

Por Cleomar Almeida

O pós-doutor em Comunicação e diretor da AP Exata – Inteligência Artificial, Sérgio Denicoli, diz que a expansão da internet, possibilitada pelo surgimento da web, em 1989, sustentou a crença de que “o novo meio online seria um grande campo de liberdade”. No entanto, hoje, segundo ele, “entramos na era da mentira, das teorias da conspiração, que influenciam nossos amigos e familiares”, como escreve em artigo publicado na edição de novembro da revista Política Democrática online, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS).

Com o título “As doces, atraentes e estimulantes fake news”, o artigo ressalta que, no início, a ideia que havia era de que finalmente o mundo se livraria das amarras da mediação da imprensa, que, segundo ele, é “contaminada pelos seus mais diversos interesses e pela sua proximidade com o poder político”.

» Acesse aqui a edição de novembro da revista Política Democrática online

No final dos anos 1980, como observa o pós-doutor em Comunicação, acadêmicos e críticos entendiam que a imprensa desenhava toda a narrativa da vida pública e que a internet trazia ao mundo a possibilidade de democratização da informação. “As pessoas comemoraram, então, o surgimento do chamado ‘jornalista cidadão’, aquele que não precisava de intermediários para difundir uma notícia. Foi uma onda avassaladora a transformação dos internautas em produtores e não apenas consumidores de conteúdo”, escreve ele, em um trecho.

No entanto, de acordo com Sérgio Denicoli, houve mudança não apenas no ato de se reportar algo. “A internet viria a colocar em causa muitas profissões que tinham a mediação como norte. Foi assim que aconteceu a revolução do Uber, do Airbnb – que permite às pessoas comuns alugarem suas próprias casas como se fossem hotéis –, dos classificados, do comércio de imóveis, entre tantos outros exemplos. Enquanto essas mudanças eram comemoradas, o mundo não percebeu que, aos poucos, a internet foi sendo capturada”, acrescenta ele.

Segundo o diretor da AP Exata – Inteligência Artificial, empresas ultraglobais, como Google, Facebook, Twitter etc, construíram resorts de comunicação e cooptaram bilhões de usuários, os quais, conforme ressalta ele, foram transformados “em produtos narcisistas municiados de espelhos hipnotizadores”. “Ocorreu, portanto, a digitalização da vida, com ideias, opiniões e momentos privados devidamente classificados e armazenados em data centers espalhados pelo planeta. As pessoas foram agrupadas em bolhas e viraram presas”, afirma Sérgio Denicoli.

Assim, conforme aponta o artigo, “um ambiente que chegou anunciando liberdade se tornou uma prisão sem muros, com requintes apurados de cooptação ideológica”. “Tudo devidamente disseminado por robôs e alimentado pelo que denominamos de ‘perfis de interferência’, criados especificamente para interferir nos mais diversos processos que envolvem a opinião pública”.

Na avaliação do pós-doutor em Comunicação, a sociedade entrou não somente “na era da mentira”, mas também na das “teorias da conspiração, que influenciam nossos amigos e familiares”. “Estabeleceu-se um surto coletivo, onde, se achando mais que especial, o internauta acredita que sua vida é o centro das atenções e que sua opinião deve prevalecer, sendo ela apoiada em pós-verdades, se assim for necessário. Uma doce ilusão. Tão doce e atraente, como uma bem construída fake news”, escreve ele, no artigo.

 

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Política Democrática: “Bolsonaro significa o novo”, diz Paulo Baía

Em artigo da edição de novembro da revista Política Democrática online, sociólogo afirma que presidente eleito estabeleceu “relação de intimidade” com o público

Por Cleomar Almeida

O sociólogo e cientista político Paulo Baía diz que “Bolsonaro significa efetivamente o novo mesmo que seja rejeitado pela vanguarda do pensamento encontrada nas universidades, partidos políticos e centros culturais”. De acordo com ele, durante a campanha, o então “candidato esteve presente junto às multidões a partir do check-in dentro de casa. Em contato permanente com sua imensa rede de seguidores, formadores de opinião”.

O assunto é abordado no artigo “Bolsonaro – uma epifania em rede”, publicado na edição de novembro da revista Política Democrática online, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS). Na avaliação do sociólogo, a estratégia do então candidato, durante a campanha eleitoral, sustentou-se em uma “fortaleza de marketing, pois estabeleceu uma relação de intimidade”. “Transformou-se no centro das atenções, mesmo na mais significativa manifestação pró-oposições como #elenão. Foi um movimento capturado pela campanha bolsonarista e ressignificado, devolvendo-o como mais um marketing a seu favor mesmo que por vias indiretas”, diz o autor, em um trecho.

» Acesse aqui a edição de novembro da revista Política Democrática online

Paulo Baía afirma que houve a supervalorização de Lula e do PT, Geraldo Alckmin e sua imensa estrutura partidária, do tempo de televisão e rádio no período de propaganda eleitoral e, sobretudo, do custo das campanhas num novo modelo de financiamento que privilegiou as oligarquias partidárias e sua imaginada capacidade de perpetuação. “Todos os indícios pró-Bolsonaro foram descartados, sua visão de mundo extremamente conservadora e religiosa em relação aos costumes e a pauta de enfrentamento ao identitarismo”, afirma ele, em outro trecho.

“Aquilo que o sistema político e demais partidos recriminavam ou zombavam em Bolsonaro era exatamente o que o fortalecia junto à maioria da população. Acusar Bolsonaro de ser um risco à democracia foi uma contradição, pois a percepção da maioria da população era o oposto, ou seja, quem representava ameaça era o PT”, destaca o analista político.

De acordo com Paulo Baía, a arrogância acadêmica e a prepotência intelectual desconsideraram, conforme ele diz, “o sentimento da maioria da população classificado como tosco, vulgar, desqualificado e moralmente inferior, não percebendo que a população havia criado suas próprias redes de debate em suas relações intermediadas pelas diversas plataformas digitais”. O autor observa que “estamos imersos em novos tempos em que a epifania individual é coletivizada pelas redes de afetos digitalizadas. O modelo de democracia representativa está em cheque e formas de participação direta estão-se sobrepondo às intermediações políticas e sociais”.

O sociólogo destaca que as pessoas “estão entrando numa nova fase do Humanismo, sendo transformado por uma radicalidade do individualismo expressada em múltiplas plataformas. É um ser humano hiperconectado”. “Fernando Haddad e os demais apostaram nas relações sociais clássicas do mundo capitalista do século XX. Ignoraram na prática a realidade neocientífica já vivida desde os anos 1990 com a expansão da internet e da telefonia móvel, experimentados nas manifestações de 2013 em diante”, acentua ele.

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