Tragédia

Gil Castello Branco: Mariana, Brumadinho e...

No triste fim de semana passado, lembrei-me de um texto de George Santayana, filósofo e poeta espanhol. Uma das frases é instigante: “...quando a experiência não é retida, como acontece entre os selvagens, a infância é perpétua.”

De fato, três anos após a tragédia de Mariana, apesar das inúmeras advertências da academia, dos ambientalistas e do Ministério Público, o que aprendemos?

Foram 19 mortos e nenhuma condenação; empresas envolvidas em desastres ambientais quitaram apenas 3,4% dos R$ 785 milhões aplicados em multas; das 24.092 barragens cadastradas no país, apenas 3% foram vistoriadas em 2017 e, dentre essas, 723 apresentam riscos de acidentes e danos potenciais altos; famílias que tiveram suas vidas destruídas pelo rompimento da barragem do Fundão (2015) ainda aguardam indenizações, pois o acordo entre a promotoria e as mineradoras foi fechado apenas em outubro do ano passado, quase três anos após a tragédia.

Na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, somente um dos três projetos de lei apresentados pela Comissão Extraordinária de Barragens foi aprovado. Dormem em gavetas os outros dois, que preveem restrições para a construção de barragens e direitos para os atingidos. No Senado, projeto que endurecia a política de segurança de barragens foi arquivado.

Muitas perguntas objetivas continuam sem respostas consistentes: o que foi feito para recuperar o Rio Doce? Quais as medidas adotadas para aprimorar a fiscalização das barragens?

Nesse marasmo irresponsável, lamentavelmente a história se repetiu em Brumadinho. A impunidade em relação ao que ocorreu na barragem do Fundão, em Mariana, é certamente uma das causas da tragédia de Brumadinho. O rompimento da barragem da Vale na Mina do Feijão não foi, obviamente, um acidente ocasional. Em Mariana e Brumadinho, o que ocorreu foram crimes, praticados pelas empresas que negligenciam na construção, manutenção e no monitoramento desses empreendimentos e pela leniência do Estado na concessão de licenciamentos e na fiscalização. Dessa forma, além da indignação e da vergonha que sentimos como brasileiros, precisamos cobrar as punições dos agentes privados e públicos.

O enredo e o filme são conhecidos. As autoridades sobrevoam a área devastada, declararam estado de calamidade e prometem providências e recursos. Os dados orçamentários, porém, também espelham o descaso do poder público.

Conforme dados pesquisados pela Associação Contas Abertas, com base em critérios de um estudo de técnicos do Senado, nos últimos 19 anos (2000 a 2018) dos R $444,4 milhões autorizados no Orçamento da União para ações destinadas às barragens, efetivadas pelos ministérios da Integração, Minas e Energia e Meio Ambiente, somente R$ 167,3 milhões (37,6%) foram realmente pagos. Logo após o maior acidente ambiental do país, em Mariana, em 2015, no auge da consternação, o orçamento conjunto das pastas destinado às barragens praticamente dobrou, passando de R$ 62,3 milhões para R$ 121,9 milhões (2016). No entanto, no fim de 2016 o valor efetivamente gasto somou apenas R $22,7 milhões, praticamente o mesmo de 2015. Em 2017, o gasto efetivo ficou no mesmo patamar, tendo aumenta dopara a casados R $32,8 milhões em 2018. Para 2019, pasmem, o valor autorizado é de apenas R$ 67,9 milhões, praticamente o mesmo de 2015, o ano da tragédia de Mariana!

Para que o leitor tenha uma ideia de quanto são insignificantes esses dispêndios, o valor pago no ano passado (R$ 32,8 milhões) é inferior às despesas da União com festividades e homenagens (R$ 40,4 milhões).

O minguado orçamento para ações relacionadas às barragens é mais uma evidência de que não absorvemos as experiências passadas. Assim, vale a pena reler as frases finais de um parágrafo do texto do espanhol George Santayana, publicado em “A vida da razão” (1905): “...quando a experiência não é retida, como acontece entre os selvagens, a infância é perpétua. Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”. Quando irá acontecer a próxima tragédia?


O Globo: Polícia prende engenheiros que atestaram segurança da barragem em Brumadinho e gerentes da Vale

Justiça autorizou cinco mandados de prisão e sete mandados de busca em São Paulo e Minas

RIO E SÃO PAULO — Cinco pessoas foram presas nesta terça-feira por ligação com a tragédia de Brumadinho (MG). Em São Paulo, a polícia deteve dois engenheiros da TÜV SÜD, empresa prestadora de serviço da Vale que atestou a segurança da barragem 1 da Mina do Feijão no fim do ano passado. Em Minas Gerais, a operação prendeu três funcionários da Vale responsáveis pela gestão da obra e pelo licenciamento ambiental.

Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em São Paulo e Minas. Um dos endereços visitados pela polícia foi o escritório da empresa alemã TÜV SÜD na capital paulista .

Todos os mandados de prisão valem por 30 dias e foram expedidos pela juíza Perla Saliba Brito, da comarca de Brumadinho, a pedido do Ministério Público Estadual. O desastre causou 65 mortes e deixou 279 desaparecidos, segundo boletim da Defesa Civil de Minas , divulgado na noite desta segunda-feira. As buscas por mais vítimas da tragédia recomeçaram na manhã desta terça-feira.

Os dois engenheiros presos em São Paulo são Makoto Namba e André Yum Yassuda. Eles assinaram laudos feitos pela TÜV-SÜD em junho e setembro de 2018 que garantiam que a barragem que rompeu na última sexta-feira estava em segurança. Em Minas Gerais, foi preso outra pessoa envolvida com esse laudo: César Augusto Paulino Grandshamp.

"A tragédia demonstrou não correspoder o teor desses documentos com a verdade, não sendo crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade", afirmou a juíza Perla, no despacho que autoriza as prisões.

Outros dois alvos da operação detidos em Minas Gerais são gerentes do Complexo Minerário Paraopeba, do qual faz parte a barragem da Mina do Feijão: Ricardo Oliveira, gerente de meio ambiente, saúde e segurança; e Rodrigo Arthur Gomes de Melo, gerente executivo operacional.

Os dois são responsáveis pelo licenciamento e funcionamento das estruturas, "incubindo o monitoramento das barragens que se romperam", segundo a juíza. Segundo seu despacho, a prisão é "imprescindível para a elucidação dos fatos e apuração da prática, em tese, de homicídio qualificado, além dos crimes ambientais e de falsidade ideológica."

Os aparelhos celulares, computadores e outros documentos recolhidos pela polícia devem ser enviados para Minas Gerais ainda nesta terça-feira. Namba e Yassuda deixaram o prédio da Polícia Civil de São Paulo por volta das 10h e pegariam um avião para Belo Horizonte, onde serão ouvidos pelo MP.

Em Minas, a operação contou com o apoio das Polícias Militar e Civil do Estado e, ainda, com atuação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) daquele estado.

Em nota divulgada logo após a operação, a Vale informou que está colaborando "plenamente" com as autoridades e dando apoio "incondicional" às famílias atingidas.


Suzana Padua e Paula Piccin: Brumadinho e as licenças ambientais

Que a tragédia sirva para fiscalização mais severa

Mais uma vez os brasileiros se deparam com um acidente causado por uma mineradora, a Vale, afetando de maneira imperdoável o meio ambiente e condenando dezenas de pessoas à morte e a perdas irreparáveis. Os resultados, bem sabemos na prática desde a tragédia de Mariana, impactam não só os envolvidos diretamente, como trazem perdas à biodiversidade e poluições múltiplas que prejudicam a saúde e a qualidade de vida de milhares de pessoas.

A cena se repete porque o descaso se repetiu, e a ameaça não se restringe a esse evento, mas a outros em diversos locais onde megaempreendimentos foram realizados por esta e outras empresas, que precisam olhar com mais rigor para as consequências de suas atividades no que tange à integridade socioambiental.

O desastre que nos custa vidas, entretanto, não necessariamente ensina como deveria. Não aprendemos com os eventos duramente vivenciados, e tudo pode piorar com a perspectiva anunciada de flexibilização dos licenciamentos ambientais em benefícios de empresas por meio de acordo com governos nas esferas estadual e federal, que exploram recursos naturais em todo nosso país.

Não é possível imaginar o que poderá acontecer se o autolicenciamento for implantado como política pública, pois os danos tenderão a ser ainda mais graves. Se com procedimentos de licenciamento mais rigorosos que visam exatamente controlar e evitar tais tragédias, elas ainda ocorrem, o que esperar com menor rigor técnico que evite licenciar empreendimentos que podem representar maiores riscos?

Na Amazônia, por exemplo, áreas protegidas em Unidades de Conservação e terras indígenas ficariam ainda mais vulneráveis, especialmente por ser região cobiçada por seus minérios, que poderão ser explorados de forma questionável, caso o afrouxamento das licenças ambientais venha a ser realidade. É inconcebível ampliar os riscos das águas dos rios mais volumosos do mundo, se forem perdidas por uma contaminação devastadora como a que aconteceu em Minas Gerais.

Atualmente, alçadas injustamente ao posto de vilãs, como instituições que barram o desenvolvimento econômico do país, as organizações socioambientais sem fins lucrativos possuem conhecimentos técnicos e experiência de longo prazo para preverem as ameaças aos ambientes que são explorados de maneira insustentável. Agem junto aos órgãos ambientais para salvaguardar a integridade ambiental e trazer maior equilíbrio à qualidade de vida humana nos locais onde esses empreendimentos ocorrem.

As ONGs, como são chamadas, atuam não para atrapalhar e empatar o progresso, mas para garantir a verdadeira sustentabilidade socioambiental em longo prazo, em benefício da coletividade. Muitas trabalham para que essa flexibilização não ocorra, com vistas a preservar a vida seja de gente, florestas e animais, evitando mais Marianas e Brumadinhos. É preciso que a sociedade brasileira esteja atenta ao papel fundamental dessas organizações frente aos desafios ambientais que afetam a vida de todos e que seja mais uma frente de apoio na cobrança por maior seriedade no cumprimento das leis.

Em um país com uma das maiores riquezas biológicas e abundantes recursos naturais, temos falhado também de forma abundante. Não bastam discursos em cenários internacionais proeminentes proclamando que nos preocupamos com essa riqueza, se não nos comprometermos com ela. Falta a percepção de que somos natureza e dela dependemos para termos uma vida sadia e em equilíbrio.

Lamentamos profundamente todo esse episódio devastador, nos solidarizamos com as famílias envolvidas, mas esperamos, acima de tudo, que as leis sejam mais severas, ao contrário das propostas vigentes de afrouxamento. Que os crimes ambientais sejam tratados com a seriedade que merecem e que a sociedade não venha a pagar um preço tão alto pela irresponsabilidade de nossos tomadores de decisão.

Suzana Padua
Doutora em desenvolvimento sustentável pela UnB e presidente do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas)

Paula Piccin
Jornalista e coordenadora de comunicação do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas)


Folha de S. Paulo: Vale suspende pagamento de dividendos e bônus após rompimento de barragem

Também foram suspensos os pagamentos variáveis a executivos

A Vale suspendeu o pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio, a recompra de ações de sua própria emissão e os pagamentos de remuneração variável a executivos, após o rompimento de sua barragem de mineração em Brumadinho (MG) na sexta-feira (25).

O Conselho de Administração da Vale também criou dois Comitês Independentes de Assessoramento Extraordinário. Um tem o objetivo de acompanhar as providências destinadas à assistência às vítimas e à recuperação da área atingida pelo rompimento da barragem.

O segundo será voltado à apuração das causas e responsabilidades pelo rompimento da barragem.

Na última sexta-feira (25), data da tragédia, os recibos de ações (ADRs) da empresa negociados na bolsa de Nova York despencaram 8%.

A Bolsa brasileira esteve fechada devido ao feriado do aniversário da cidade de São Paulo.

A barragem que se rompeu em Brumadinho faz parte do complexo Paraopeba, que produziu 7,3 milhões de toneladas de minério do terceiro trimestre de 2018, dado mais recente divulgado pela companhia. O volume representa 7% da produção total de minério de ferro da Vale no período.

Analistas ouvidos pela Folha afirmam que, mais do que um dano financeiro, a empresa sofrerá com o desgaste de sua imagem.

Entre as consequências que deverão ser enfrentadas pela companhia estão a maior dificuldade para atrair bons profissionais e obter investimentos.

No cenário internacional, há potencial para contaminar todo o mercado de mineração no Brasil, pelo fato de ter acontecido pouco mais de três anos após o desastre de Mariana (MG).

A agência de classificação de risco S&P anunciou no sábado (26) que poderá rebaixar a nota da Vale em vários degraus em razão das implicações financeiras do desastre.

A vale recebeu três pedidos de bloqueios de valores de suas contas, totalizando R$ 11 bilhóes.

Eles vieram da Justiça de Minas Gerais, da Advocacia Geral do estado. e do Ministério Público.

Até a madrughada desta segunda (28), 58 corpos haviam sido localizados, dos quais 19 identificados. Havia 305 desaparecidos e 192 resgatados.


Bruno Boghossian: Repetição de tragédias mostra que Brasil tem uma indústria do perdão

Fiscalizações e multas não existem por capricho ou por desejo autoritário dos governantes

Empresários gostam de se queixar de abusos em fiscalizações e punições aplicadas por órgãos oficiais. Para eles, existe uma “indústria da multa” no Brasil que prejudica os negócios. Catástrofes como o rompimento da barragem de Brumadinho sugerem que o país tem, na verdade, uma indústria do perdão.

A repetição de tragédias é um indício de que alguns setores se acostumaram com a boa vontade dos governantes. Companhias continuam rodando com operações inseguras, enquanto o Estado se contenta em fazer inspeções para inglês ver.

A supervisão de determinadas atividades privadas existe não por mero capricho ou por um desejo autoritário dos governantes. Na essência, esse controle é necessário porque contribui para reduzir riscos e prevenir danos graves ou irreparáveis.

As vidas dos funcionários da Vale se perderam para sempre em Brumadinho. Danos ambientais como os observados em Mariana em 2015 não serão recuperados nesta geração.

Jair Bolsonaro disse que seu governo não tem “nada a ver” com a tragédia. A rigor, ele tem razão. Havia muito pouco a fazer em apenas 25 dias de mandato. O episódio, no entanto, deveria acordar o presidente e seus ministros que sonham em afrouxar algumas regras de controle sobre o empresariado.

Os trabalhadores soterrados em Minas e a poluição do rio Doce explicam por que uma fiscalização severa não é só uma bandeira dos "ongueiros" —como o lobby antiambientalista costuma chamar seus rivais.

A redução da burocracia e do controle estatal pode ser muito boa para quem já segue as normas e trabalha com segurança, mas também acaba livrando a cara dos culpados.

Ninguém foi punido até agora pela tragédia de 2015, segundo os procuradores do caso. A Vale era sócia da mineradora que operava aquela barragem. Dois anos depois, um novo presidente assumiu a empresa com o lema “Mariana nunca mais”. Agora, precisou reconhecer: “Como vou dizer que a gente aprendeu se acaba de acontecer um acidente desses?”.


O Estado de S. Paulo: Sirene de evacuação toca em Brumadinho devido a 'risco iminente' de novo rompimento

Medida preventiva busca evitar acidentes diante do risco de rompimento da Barragem 6; segundo Corpo de Bombeiros, cerca de 24 mil pessoas estão em área de risco

Paulo Roberto Netto, Luan Santos, Renata Batista, de O Estado de S.Paulo

BRUMADINHO - A população da comunidade de Córrego do Feijão, em Brumadinho, foi acordada na manhã deste domingo, 27, por volta de 5h30, pelo toque de uma sirene de evacuação. Diante do risco de rompimento de uma nova barragem, as autoridades deram início ao processo de retirada das pessoas de suas casas, alertando-as para que se deslocassem para áreas mais altas. A movimentação também foi feita na comunidade do Tejuco. O acesso ao centro de Brumadinho foi fechado, assim como a ponte sobre a qual passa o Rio Paraopeba.

Em nota, a Vale informou que acionou as sirenes de alerta ao "detectar aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a barragem 6". A barragem, que faz parte do complexo de Brumadinho, é um depósito de água, com volume de 1 milhão de m³, e fica ao lado da barragem 1, de rejeitos de minério, que rompeu na sexta-feira, 25. No sábado, diante do risco, a empresa começou a fazer o bombeamento dessa água para fora da barragem 6, para torná-la mais , mas não foi informado quanto foi retirado.

Área devastada
Área devastada pela lama após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, de propriedade da mineradora Vale Foto: Wilton Júnior/Estadão
O porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Pedro Aihara, informou que cerca de 24 mil pessoas estão em área de risco caso haja um novo rompimento de barragem na Mina do Feijão. A população de Brumadinho está sendo orientada a deixar suas casas e se abrigar em um dos três pontos de apoio: Igreja Matriz, delegacia e Morro do Querosene

"As autoridades foram avisadas e, como medida preventiva, a comunidade da região está sendo deslocada para os pontos de encontro determinados previamente pelo Plano de Emergência. A Vale continuará monitorando a situação, juntamente com a Defesa Civil", informou a empresa em nota.

Segundo Aihara, a sirene foi acionada indicando "risco iminente do rompimento da barragem 6" e logo depois os bombeiros deram início à evacuação das comunidades que ficam à jusante da barragem. "O Corpo de Bombeiros permanece com todas as suas aeronaves em prontidão se for necessário deslocar equipes para algum local mais distante ou para realizar regaste e salvamento", disse em áudio distribuído à imprensa.

O Corpo de Bombeiros orienta a evacuação de quatro locais: o Parque da Cachoeira, mais próximo à B6, Pires, o centro de Brumadinho e o bairro Novo Progresso.

O espaço aéreo na região de Brumadinho foi fechado a partir deste domingo. Apenas aeronaves de resgate irão poder sobrevoar o local do desastre. Enquanto houver o risco de novo rompimento, porém, as buscas por desaparecidos ficam temporariamente interrompidas.


O Globo: Bombeiros buscam por sobreviventes em quatro locais de Brumadinho

Foram confirmadas nove mortes decorrentes do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale

De acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil, dos 345 desaparecidos, 46 foram encontrados e encaminhados para unidades de saúde. Foram cadastradas 86 famílias para salvamento. Até o início da tarde deste sábado, duas  famílias foram contatadas e resgatadas. As demais, permanecem aguardando, devido à ausência de energia elétrica, sinal de telefonia e internet, que dificultam a localização exata das vítimas.

O coordenador da Defesa Civil de MG, Evandro Borges, informou que no momento as doações não são prioridade, mas que as pessoas que quiserem fazê-las podem procurar a Polícia Militar. As doações devem se concentrar em alimentos não-perecíveis, água e produtos de limpeza.

 

A informação de que uma outra barreira teria se rompido foi relatada por moradores da região hoje pela manhã, mas não foi confirmada pelas autoridades. A Vale informou que monitora a estabilidade da Barragem 6 a cada uma hora e realiza drenagem com o uso de bombas, para reduzir a quantidade de água.

Cristiane Moreira, 42 anos, é corretora de imóveis. Junto com o marido, bombeiro, se engajou como voluntária na tragédia de Mariana, três anos atrás. Foram 23 dias de trabalho pesado. Ontem, meia hora depois do deslizamento em Brumadinho, saiu de casa rumo ao Corrego do Feijão.

De macacão e suor no rosto, ia e voltava para a área soterrada por lama, em busca de corpos ou sobreviventes.

Na sexta-feira o dia foi produtivo. Cristiane ajudou retirar da área de risco uma família com quatro crianças. Ao lado da ponte que partiu ao meio, resgatou um casal e a filha de 10 anos.

- Eles perderam tudo - lamenta, enquanto apressa o passo para subir em outra caminhonete e sumir pelas estradas de terra do Povoado Corrego do Feijão, que empresta seu nome à mina.

 

Forças Armadas participam das buscas

O Comando Militar do Leste (CML) informou que militares as Forças Armadas atuam em Brumadinho com um helicóptero para reconhecimento aéreo; toldos e barracas de campanha para apoio aos trabalhos de identificação de corpos; e equipamentos móveis de telecomunicação — como telefones por satélite e rastreadores via satélite.

O CML destacou ainda que estão de prontidão, para emprego imediato caso necessário, 930 militares operacionais, incluindo tropas de Polícia do Exército com cães farejadores; 38 militares da área de saúde (médicos, enfermeiros e assistentes); dez ambulâncias; 132 viaturas diversas, incluindo caminhões, ônibus e cisternas; 140 barracas e toldos; 95 camas de campanha e 360 colchões. Também estão disponíveis outros dois helicópteros.


Portal do PPS: Freire lamenta tragédia de Brumadinho e diz que situação revela degradação brasileira

O presidente do PPS, Roberto Freire, lamentou, nesta sexta-feira (25), o incidente em Brumadinho, Minas Gerais, e afirmou que a tragédia, com a queda da barragem de dejetos de mineração, revela que o País sofre de processo de degradação e decadência

“Infelizmente o Brasil está em grave processo de degradação. Essa nova tragédia – anunciada – do rompimento da barragem de Brumadinho em Minas é mais um grave sinal da nossa decadência. Urge reagir. Sempre é tempo de superação”, disse.

Segundo o dirigente, o acidente deverá provocar mais mortes que a que ocorreu em Mariana (MG).

“Aterrador sabendo-se que logo abaixo localizava-se um complexo administrativo. Apesar de ser uma barragem menor, a de Brumadinho com certeza provocará uma maior perda de vidas humanas do que o crime ambiental ocorrido em Mariana”, afirmou.

Tragédia
A cidade, onde houve o acidente, faz parte da região metropolitana de Belo Horizonte e ocorreu por volta das 13h. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, sete pessoas morreram e cerca de 300 pessoas estão desaparecidas. A estrutura, que pertence à Vale, liberou um volume ainda desconhecido de rejeitos de mineração.


Míriam Leitão: Mais um rio de lama da Vale

Por Alvaro Gribel (A colunista está de férias)

A Vale e a indústria de mineração do país estão em xeque. O segundo rompimento de grandes proporções em barragens de rejeitos mostra que os eventos não são isolados. Há falhas na segurança da empresa e na fiscalização pelos órgãos reguladores. Até quem acompanhou a tragédia de Mariana teve dificuldades para explicar o que aconteceu ontem. Há uma suspeita: o setor cresceu demais nos últimos 20 anos, a produção de minério de ferro aumentou exponencialmente, mas os investimentos em segurança não subiram na mesma intensidade. Tudo indica que as barragens no país não estão suportando o volume de extração. Em Brumadinho, a presença da sede administrativa da empresa — e até de um restaurante — no caminho do fluxo de lama sugere que os estudos de contingência foram ignorados ou falharam completamente. A Vale é a nossa maior exportadora, a segunda maior mineradora do mundo e a terceira maior empresa listada na bolsa brasileira. Essas duas tragédias em um período de três anos colocam em dúvida a sua capacidade de expansão. O custo humano, se confirmado, será novamente irreparável.

‘Fiscalização precária’
Para o procurador José Adércio Leite Sampaio, coordenador da força-tarefa Rio Doce, do Ministério Público Federal, tanto a Vale quanto funcionários da empresa podem ser responsabilizados criminalmente, caso sejam detectados culpa ou dolo nesta tragédia. O MP também avaliará indenizações na área cível. Ele diz que a fiscalização dos órgãos reguladores continuou precária, mesmo após Mariana. “Criou-se a Agência de Mineração, mas houve apenas mudança de nomenclatura. São dois técnicos para fiscalizar 450 barragens”, afirmou.

Exploração acelerava
A produção da Vale na região de Brumadinho acelerou em uma década, acompanhando a cotação do minério de ferro. A área de Paraopeba produziu 16,5 milhões de toneladas em 2009. Era a época da crise financeira internacional. Duas das dez minas do Sistema Sul estavam fechadas porque tinham custo de produção elevado. O preço da commodity voltou a subir, e a extração cresceu para 22,5 milhões em 2010. Já em 2018, foram retirados 26 milhões de toneladas de Paraopeba, onde está a mina do Córrego do Feijão. No ano, a alta foi de 3,4%. Curiosamente, Paraopeba era a única das áreas do Sistema Sul que aumentava a produção em 2018.

Mais resíduo que minério
No Relatório de Sustentabilidade de 2017, a Vale anunciava investimentos de US$ 182 milhões na gestão de barragens de minerais ferrosos. A companhia tinha 150 barragens no país. No total, em 2017, a Vale anunciou ter gerado 729 milhões de toneladas de resíduos em toda a sua operação. A produção de minério de ferro foi de 366,5 milhões de toneladas.

Governo tem reação rápida
A reação do governo Bolsonaro em tudo se diferenciou da do governo Dilma, em 2015, em Mariana. Um gabinete de crise foi criado rapidamente, três ministros se deslocaram para a região, e o presidente fez um pronunciamento curto, mas correto. Sua presença no local é aguardada hoje, apesar de ele ter uma cirurgia agendada para a próxima segunda-feira.

Visão de mercado
A queda de 12% dos papéis da Vale em Nova York marcou a volta de um pesadelo para o acionista, conta Pedro Galdi, da corretora Mirae. “A mina de Feijão é pouco representativa na produção da Vale, contribui com 2% do total. O problema para a companhia é outro. O rompimento atingiu pessoas, há o risco de contaminação dos rios. O ônus financeiro tende a ser grande”, disse. A mineradora está financeiramente equilibrada.

Menos investimento e dívidas
Nos últimos anos a Vale vinha passando por um processo que os economistas chamam de “desalavancagem”. Ou seja, tinha como objetivo a redução do seu endividamento, o que de fato aconteceu. Em 2015, a empresa tinha uma dívida bruta de R$ 112,6 bilhões. Einar Rivero, da consultoria Economática, conta que o total caiu para R$ 67,3 bi em 2018. O bom preço do minério ajudou e a geração operacional de caixa saltou 40%, para R$ 52 bi. Mas, no período, a empresa cortou dois terços do investimento.

Com Marcelo Loureiro


El País: Brumandinho luta contra o tempo em busca dos desaparecidos sob a lama

Rompimento de barragem da Vale em Minas, três anos após Mariana, põe Brasil de joelhos diante das falhas de segurança e proteção ambiental na mineração. Ao menos nove pessoas morreram e 413 estão sem contato com a empresa. "Como posso dizer que aprendemos com Mariana?", diz presidente da multinacional

Por Afonso Benites, Carla Jiménez e Heloísa Mendonça, do EL País

 

O Brasil cai de joelhos de novo em Minas Gerais. Uma barragem em Brumadinho, na grande Belo Horizonte, rompeu espalhando morte. A estrutura era de responsabilidade da mineradora Vale, que já esteve no olho do furacão em 2015 quando uma represa também ligada à companhia em Mariana, no mesmo Estado, cedeu, e matou 19 pessoas, além de deixar sequelas, algumas irreparáveis, no meio ambiente. Três anos depois, o país assiste nesta sexta-feira, consternado, a um novo desastre ainda mais grave, que já matou ao menos nove pessoas e hospitalizou outras cinco. A Defesa Civil informa que pelo menos 413 funcionários e terceirizados da mineradora ainda estão sem contato. “Com enorme pesar dizemos que isto é uma enorme tragédia, que nos pegou totalmente de surpresa. Estou completamente dilacerado com o que aconteceu”, disse Fabio Schvartsman, presidente da Vale. Havia pouco mais de 400 pessoas, entre funcionários e terceirizados, no momento do acidente. Era a hora do almoço, e parte do empregados estava no refeitório da empresa. “O restaurante e um prédio administrativo foram soterrados”, reconheceu o executivo, que está desde 2017 no comando da mineradora.

Uma grande operação de atendimento e resgate está montada na região de Brumadinho. Ao menos 172 funcionários da Vale já estão a salvo enquanto os bombeiros dizem ter resgatado ao menos 100 pessoas ilhadas pela lama e outras 9 já soterradas pelo rejeitos da mineração. Na manhã deste sábado, o presidente Jair Bolsonaro e parte de sua equipe farão um sobrevoo pelo local da tragédia e, quando regressar da viagem, ainda em Belo Horizonte, deverá anunciar novas ações por parte da União. "Depois de Mariana, a gente esperava que não tivesse uma outra (tragédia). Mas infelizmente temos esse problema agora”, disse o novo presidente, que fará essa passagem por Minas antes de fazer, na segunda-feira, uma cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia, sequela do atentado a faca que sofreu em setembro passado.

Assim que soube do incidente em Brumadinho, o Governo Bolsonaro instaurou um gabinete de crise e determinou o envio de contingente militar lotado em Juiz de Fora para ajudar no socorro de vítimas e nas ações da Defesa Civil. Conforme o Palácio do Planalto, três ministros também seguiram para Minas Gerais para avaliar o tamanho do desastre: Ricardo Salles (Meio Ambiente), Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Ainda sobram perguntas sobre o que aconteceu em Minas Gerais, mas o certo é que o acidente elevou a temperatura de um debate sobre a abordagem do Governo Bolsonaro para a gestão e proteção ambiental. O presidente brasileiro sempre demonstrou desdém pelo assunto e chegou a cogitar o fim do ministério do Meio Ambiente. Seu Governo já se mostrou favorável à intenção flexibilizar o licenciamento ambiental e dar mais autonomia às empresas para a gestão de projetos que demandem gestão de recursos naturais.

Imagem do repórter fotográfico Alexandre Araújo, que sobrevoou a área em helicóptero dos bombeiros.
Imagem do repórter fotográfico Alexandre Araújo, que sobrevoou a área em helicóptero dos bombeiros. ALEXANDRE ARAÚJO

Licenciamento e alertas de ambientalistas

O caso da Vale, além de tudo, é emblemático. A barragem de Brumadinho estava em vias de ser desativada –de fato, segundo a companhia, desde 2015 não recebia novos rejeitos da mineração– e tinha uma licença ambiental desde dezembro, concedida pela estadual Secretaria de Estado de Meio e Desenvolvimento Sustentável (Semad). “O empreendimento, e também a barragem, estão devidamente licenciados, sendo que, em dezembro de 2018, obteve licença para o reaproveitamento dos rejeitos dispostos na barragem e para seu descomissionamento (encerramento de atividades)”, afirmou a Semad. Segundo o presidente da Vale, a barragem havia sido auditada por consultorias que atestavam estabilidade, e a empresa fazia revisões periódicas da estrutura. Uma das companhias que a auditaram foi a alemã Tuv Sud, segundo Fabio Schwartsman. A empresa contava ainda com um sistema de sirenes de emergência para avisar potenciais perigos, mas há dúvidas se elas funcionaram durante o acidente. Os primeiros relatos ouvidos pelos bombeiros é de que não houve alerta sonoro antes do tsunami de lama.

Os ambientalistas e ativistas da região contestam tanto a Semad quanto a Vale sobre a situação da represa. Afirmam que há anos denunciavam os problemas da barragem, construída com a técnica mais barata e considerada menos segura, segundo os especialistas. "Se a lei proibisse a construção de barragens à montante (feita com os próprios rejeitos) acima de comunidades humanas, como fazem muitos países, teríamos menos desastres", afirma Guilherme Meneghin, promotor responsável pelo caso do desastre de Mariana.

O panorama de Brumandinho está longe de ser isolado, ou um problema do atual Governo. Só em Minas Gerais há cerca de 450 barragens e ao menos 22 delas não têm garantia de estabilidade. A ex-senadora Marina Silva foi uma das vozes que elevaram o tom para apontar o erro do Brasil na gestão pública e privada com recursos naturais. “Depois de 3 anos do grave crime ambiental em Mariana, com investigações ainda não concluídas e responsáveis punidos, a história se repete como tragédia em Brumadinho. É inadmissível que o poder público e empresas mineradoras não tenham aprendido nada”, escreveu ela eu seu Twitter. "Como posso dizer que aprendemos após o acidente de Mariana?", disse também o próprio CEO da Vale, que viu as ações da empresa despencarem nas bolsas no Brasil e no exterior. Segundo o canal GloboNews, o Governo de Minas conseguiu na Justiça uma decisão que obriga a empresa a ajudar no resgates e congela um bilhão de reais das contas da multinacional.

Para Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, acidentes como este não são casuais. “Tragédias dessa magnitude não são acidentes, são crimes”, disse ela à revista Época, um lema que correu as redes sociais. "Que a tragédia de Brumadinho abra os olhos do Governo. Meio ambiente não é zoeira de esquerda: é respeito à vida das pessoas e do planeta. O Governo deve regular e fiscalizar com mais energia sem demonizar quem disso se ocupa", escreveu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Twitter.

À medida que passava o tempo, a tragédia de Brumandinho ia ganhando mais detalhes. Segundo as autoridades, não foi apenas uma barragem a se romper, mas três no complexo: o primeiro estouro de lama levou a que mais duas represas cedessem. Até a publicação desta reportagem, não havia uma lista oficial com o nome de desaparecidos. A angústia corria por telefone e grupos de WhatsApp na região, que trocavam informações sobre as tentativas de contato. "Muito provavelmente iremos resgatar somente corpos", disse o governador de Minas, Romeu Zema.


Prefeito de Mariana, do PPS, pede socorro ao Congresso

O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, do PPS, pediu que o Congresso Nacional ajude os municípios mineradores como o dele elaborando leis que acabem com o teto de multas por crimes contra o meio ambiente, que obriguem as mineradoras a arcar com todos os custos decorrentes de acidentes com barragens e também impondo a elas o pagamento do CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) e do ISS (Imposto sobre Serviços).

Duarte Júnior participou, nesta quarta-feira (18), de audiência pública na Câmara em que quatro comissões se uniram para discutir a tragédia de Mariana: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Legislação Participativa; Direitos Humanos e Minorias; e Fiscalização Financeira e Controle.

Totalmente dependente da mineração, conforme salientou o prefeito, Mariana deixará de arrecadar o CFEM e o ISS a partir de janeiro. “Serão R$ 7 milhões a menos nos cofres do município. Se a gente não achar uma saída para que a empresa seja também responsável na manutenção desses tributos eu digo que a tragédia em Mariana será muito maior do que nos parece agora, porque serviços básicos terão de ser paralisados”, alertou Duarte Júnior.

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, defendeu, na audiência, que as comissões promotoras da reunião elaborem um projeto de decreto legislativo imediatamente para suspender a vigência de um decreto da presidente Dilma Rousseff que considera o rompimento da barragem em Mariana um evento natural para efeito de recebimento de Fundo de Garantia. “Esse desastre tem uma responsabilidade clara e objetiva de uma empresa, a Samarco. É um absurdo que o governo baixe um decreto que possibilite a ela fugir dessa responsabilidade”, advertiu Freire.

O Ministério Público alertou, durante a audiência para os riscos do decreto. Freire sugeriu ainda que as comissões busquem junto ao Poder Executivo uma forma de atender “com a presteza devida” as vítimas do rompimento da barragem. “Não pode, sob hipótese alguma, o governo federal abrir um espaço para que essa empresa possa se defender como se desastre natural fosse o que ocorreu em Mariana”.

O presidente do PPS pediu também que a Câmara cobre mais fiscalização na atividade mineradora por parte do governo federal. “O que ocorreu era mais ou menos uma crônica anunciada”, lamentou. O deputado Sarney Filho, que presidia a reunião, classificou o decreto de Dilma de “trapalhada”.

Responsabilização

O prefeito ressaltou que a Samarco é totalmente responsável pela tragédia em Mariana e deve arcar com todas as consequências. Ele defendeu que o dinheiro arrecadado com a multa de R$ 250 milhões imposta pelo Ibama seja distribuído pelos municípios atingidos pela lama de resíduos que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, inviabilizou a vida de populações indígenas e ribeirinhas e que já está no Espírito Santo.

Duarte Júnior afirmou que o momento em Mariana ainda é muito difícil. “A tristeza é grande porque ainda há muitos desaparecidos. Isso não fecha o ciclo das famílias. Então, há uma desolação enorme pelas pessoas que ainda não foram encontradas”, disse o prefeito, ao defender que as buscas continuem.

Para Duarte Júnior, é inadmissível que uma empresa do porte da Samarco, que une a Vale do Rio Doce e a BHP Billiton, maior mineradora do mundo, tenha garantido que tinha um plano de emergência, mas que na verdade não havia previsto nem mesmo um botão do pânico, para avisar os moradores abaixo da barragem que tinha havido um rompimento.

Para Duarte Júnior, a solidariedade dos moradores fez toda a diferença na tragédia de Mariana. “Bento Rodrigues demonstrou algo muito importante para todos nós: que o ser humano tem seu valor, sim, e que o que aconteceu lá só não foi pior porque as pessoas se preocuparam com seu próximo. Temos em Bento Rodrigues vários heróis”. Essas pessoas, disse o prefeito, entraram na lama para salvar os outros e foram avisar os demais moradores do desastre.

Fonte: Assessoria do PPS