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Reeleito presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) recebeu 49 votos contra 32 de Rogério Marinho (PL-RN) | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Revista online | Editorial: Sinais de janeiro

Janeiro descortinou o ambiente no qual o governo recém-empossado trabalhará ao longo do seu mandato. Nos primeiros dias do mês, uma tentativa de golpe de estado, que reuniu, às claras, manifestantes doutrinados por dois meses nos acampamentos e a omissão das forças policiais do Distrito Federal. Nas sombras, indícios da atuação de profissionais da desordem e a cumplicidade de apoiadores civis e militares, em extensão e profundidade ainda não completamente mapeadas. 

Poucas horas após o início dos tumultos, a reação do governo se fez presente e a ordem foi restabelecida sobre os destroços provocados pelos golpistas nos palácios de Brasília, símbolos visíveis dos Poderes Constitucionais que sediam. O balanço dos acontecimentos revela, até agora, o isolamento crescente dos partidários do governo anterior, enquanto soma pontos para o novo governo, no quesito manejo da crise, grave, provocada por seus adversários.

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O mês não terminaria, contudo, sem um segundo enfrentamento, desta vez no campo político e institucional. Na disputa pela presidência do Senado Federal confrontam-se, em eleição a se realizar no dia primeiro de fevereiro, seu atual presidente, Senador Rodrigo Pacheco, e dois outros candidatos, alinhados ambos, em graus diferenciados, com a bancada de apoiadores do governo anterior.

Um dos pontos relevantes das diferenças diz respeito justamente à relação que deve prevalecer entre os Poderes Legislativo e Executivo. O atual presidente da Casa posicionou-se, em momentos decisivos, pela defesa das instituições, em particular das decisões tomadas no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). Seus adversários, por sua vez, vocalizam as críticas a supostos excessos dos tribunais superiores, levantando inclusive a bandeira do julgamento de ministros.

De certa forma, o país se encontra diante de mais um episódio da batalha eleitoral, após os combates havidos nas campanhas do primeiro e do segundo turno, as expectativas e incertezas que cercaram os atos de diplomação e posse do eleito, assim como na violência aberta praticada contra o patrimônio público no dia 8 passado por grupos de inconformados com o resultado das urnas.

Em breve, o resultado desse embate será conhecido. Seja ele qual for, uma lição se impõe, para o governo e para o campo democrático como um todo: a unidade e cooperação dos democratas é hoje, e continuará a ser por algum tempo, indispensável para o fortalecimento da democracia no país, bem como para o início, exitoso, do processo de reconstrução material e institucional do país.

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Manifestantes bolsonaristas atearam fogo em um ônibus no centro de Brasília | Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Revista online | Editorial: Sinais de 2023

Após um ano tenso e conturbado, o país está às vésperas do início de um novo ano e da passagem do governo para as forças vitoriosas no segundo turno das eleições. No entanto, o desenrolar do processo político, no período curto que se encerra entre a votação e a divulgação dos resultados do segundo turno e a posse dos eleitos, pleno de episódios graves e inesperados, deixa sinais que permitem perscrutar tendências possíveis para o primeiro ano do novo governo.

Chama a atenção, em primeiro lugar, o chamado à radicalização, que levou partidários do governo que se encerra à concentração em torno de instalações militares, na capital e em diversas cidades do país. Manifestantes pediram, ao longo de dois meses inteiros, o não reconhecimento do resultado das eleições, por meio da ação das Forças Armadas, contra os Poderes Judiciário e Legislativo. Parte desses manifestantes promoveu tumultos em diversos pontos de Brasília, contra as medidas repressivas tomadas pela Polícia Federal. Finalmente, uma parte menor ainda desse coletivo procedeu ao planejamento e execução de atentados terroristas, com potencial enorme de vítimas, no caso de sua concretização. Tudo sob a sombra da condescendência das autoridades do Distrito Federal, de parte dos efetivos policiais e até, ao que consta, de setores militares.

Esse processo e o apoio que encontra em parte expressiva da população, assim como as vitórias eleitorais em governos de Estados relevantes, no Senado e na Câmara dos Deputados, indicam a persistência do curto prazo de uma oposição expressiva de extrema direita autoritária ao governo que se inicia em janeiro.

Veja, a seguir, galeria de fotos de manifestações contra Bolsonaro:

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O novo governo, por seu turno, parece ter cumprido com sucesso sua primeira tarefa política: a montagem de uma equipe com a amplitude suficiente para garantir um mínimo de governabilidade, nas duas Casas do Congresso Nacional. No entanto, esse processo deve prosseguir, até a obtenção de um acordo com todas as forças políticas democráticas, com os objetivos de isolar a oposição autoritária, pactuar uma agenda de objetivos comuns no que toca à reconstrução democrática do país, com destaque para a promoção da inclusão e o combate às desigualdades, assim como uma estratégia de atuação coordenada até as eleições municipais de 2024, momento em que forças democráticas e autoritárias se enfrentarão mais uma vez no campo da disputa pelo voto dos eleitores.

Urge retirar, de forma paciente, por meio da política, a direita autoritária da condição de alternativa real de poder. Apenas dessa forma o debate e a disputa legítima no interior do campo democrático poderão fluir de forma livre e construtiva, resultando em ganhos sustentáveis no que toca ao incremento da equidade, da prosperidade e da sustentabilidade no país.

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