As pesquisas publicadas na imprensa são deturpadas pelas chamadas, que visam, obviamente, vender jornal.
“Fulano tem 20% das intenções de voto”, é comum algo do gênero.
Na verdade, as intenções de voto são divulgadas sobre o montante dos que votaram, não da totalidade dos pesquisados.
10 entre 10 pesquisas seriamente realizadas apontam o fato de que cerca de 65% do eleitorado não têm candidato.
Mesmo entre o percentual reduzido (entre 30% e 35%) dos que foram levados a declarar voto (uma pequena parte dos pesquisados apresentou espontaneamente seus candidatos), seria uma estupidez inferir que esse quadro representa o que acontecerá no dia 7 de outubro vindouro.
Não estamos nem no pré-jogo, para usar uma linguagem futebolista. No máximo, os elencos estão em montagem.
O pré-jogo começará quando a campanha for para as ruas, na segunda metade de agosto. O jogo, somente nas duas, três semanas prévias ao pleito, quando a população começar a conversar, entre si, pela definição do que fará na urna eletrônica.
Teremos dezenas de milhares de candidatos a vereador (isso mesmo, eles já começam a se mexer em 2018 com o olhar em 2020), deputados-estaduais, deputados-federais, senadores, governadores e a Presidência da República em marcha, na mídia eletrônica, nas redes sociais e nos logradouros dos mais de 5.500 municípios brasileiros.
Contam tempo de televisão, alianças, capilaridade, propostas, debates, corpo a corpo, recursos financeiros, aliás, como sempre.
O que as pesquisas revelam, e isso tem pouca repercussão para vender jornal e para dar chamadas nos noticiários, é que o eleitorado, em sua maioria, quase dois terços, está farto da polarização e quer ver propostas sobre a melhoria de suas condições de vida, notadamente na saúde e na educação.
A ficha-limpa e o combate à corrupção são condições básicas que o eleitorado exige dos candidatos, segundo todas as pesquisas.
Lula está fora do jogo eleitoral, diretamente, e seu poder de transferência de votos é apenas uma possibilidade, não uma certeza.
As pesquisas, aliás, dizem que, com Lula fora das eleições, seus votos potencias migram em todas as direções e, na maioria, sobem no muro.
Bolsonaro vive da retroalimentação com Lula.
Dificilmente suas intenções de voto permanecerão nos atuais patamares, quando o pré-jogo e o jogo começarem, logo depois da Copa do Mundo. Muito provavelmente sofrerá desidratação severa. A extrema-direita, como também a extrema-esquerda, são pouco expressivas no Brasil, apesar de barulhentas, sobretudo nas redes sociais.
A hora é de apostarmos na unificação do centro democrático e na explicitação das grandes propostas mudancistas e reformistas para o Brasil. Precisamos virar a página e começar a discutir programas e propostas de governo.
O mais, sobre as pesquisas, é especulação, é videogame.