Quem somos nós?

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Este artigo é uma boa reflexão sobre a corrida para presidência norte americana. Sob o olhar de um cidadão norte americano, Thomas L. Friedman, especialista em negócios estrangeiros, globalização e tecnologia, podemos observar as varias facetas de alguns candidatos a Casa Branca. Não dividimos a opinião do autor, que enaltece a posição norte-americana de país mais forte e mais rico do mundo através do capitalismo. Entretanto, ele acentua algumas questões imprescindíveis quando analisamos a eleição para presidência nos EUA e também o quadro político internacional: a questão imigratória, empreendedorismo e o respeito às instituições.

Quem somos nós?

Penso que a eleição norte americana para presidência tem sido bizarra, se me fosse dada uma folha de papel em branco e me pedissem que escrevesse as três maiores fontes de força dos EUA eu escreveria: “ética do pluralismo”, “cultura do empreendedorismo” e “qualidade das nossas instituições que governam”.  No entanto, até agora ouvi todos os candidatos destruindo todas essas premissas.

Donald Trump está correndo contra o pluralismo. Bernie Sanders mostra o menor interesse em empreendedorismo e diz que os bancos de Wall Street que fornecem capital para tomadores de risco estão envolvidos em “fraude”, e Ted Cruz fala de nosso governo, da mesma forma como o fanático anti-imposto Grover Norquist, que nos diz que deve encolher o governo de tal forma que seja  possível arrastá-lo para o banheiro e afogá-lo na banheira.”

Não me lembro de uma eleição em que os pilares de força dos EUA eram tão atacados e que ganhava tamanha notoriedade entre os mais jovens.

O famoso slogan do republicano Trump diz: “Faça América grande novamente”.  Este slogan se baseia em um ataque constante aos imigrantes, que segundo o candidato têm ocupado postos de trabalho que pertencem aos norte americanos. Entretanto, como fazer América grandiosa novamente dizendo aos imigrantes: “saia ou fique longe”? Ou acusando os mesmos de estupradores ou terroristas?

Não podemos aceitas políticas segregacionistas, a sociedade norte America é pluralista com o pluralismo. Síria e Iraque, por sua vez, são sociedades pluralistas sem pluralismo. São países comandados por punho de ferro.

Só para lembrar mais uma vez: temos duas vezes eleito um negro cujo avô era um muçulmano. Quem faz isso? Isso é como uma fonte de força como um ímã para os melhores talentos do mundo. No entanto Trump, ao realizar sua “caça” aos imigrantes, tem procurado minar essa singularidade ao invés de celebrá-la.

Sobre o democrata Sanders, tenho ouvido apenas o candidato “berrar” sobre quebrar os grandes bancos, porém não tenho escutado-o dizer sobre de onde vêm os empregos. Se você quer estimular o emprego, você precisa de mais empregadores, e não apenas de estimulo do governo.

A Comissão Milstein sobre Empreendedorismo e Trabalhos de Classe Média 2015, relatório produzido pela Universidade de Virginia observa: “A identidade da América é intrinsecamente empresarial [consagrados] pelos fundadores, popularizado por Horatio Alger, encarnado por Henry Ford… Com o suficiente trabalho duro qualquer um pode usar o empreendedorismo para pavimentar o seu próprio caminho para a prosperidade e fortalecer suas comunidades através da criação de postos de trabalho e crescimento da economia local”.

Em suma, não somos socialistas! E o relatório citado acima serve como material para promover o empreendedorismo nos EUA através, basicamente, do aumento da desregulamentação estatal, que permitiria o aumento do empreendedorismo.

Ao contrário de Sanders, Ted Cruz, outro candidato republicano, não tem uma boa alma e denigre cada vez mais a imagem das instituições americanas. O perigo desse candidato é a situação atual mundial, pois enquanto o mundo fica mais rápido e mais interdependentes, a qualidade das instituições é imprescindível. Cruz envolve-se em uma bandeira americana e cospe em todas as instituições que a representa.

Os EUA não se tornaram o país mais rico do mundo, praticando o socialismo, ou o país mais forte, denegrindo seus órgãos de decisão, ou o país mais cheio de talento, alimentando o medo dos imigrantes.

Fonte: www.nytimes.com

Edição e tradução de texto: Germano Martiniano 

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