Marcus Vinicius Oliveira: “Vamos discutir os problemas políticos do nosso tempo”

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Ao longo desta semana, a FAP está publicando uma série de entrevistas com palestrantes do II Encontro de Jovens Lideranças

Germano Martiniano

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) promoverá, na próxima semana (dias 11 a 15 de julho), o II Encontro de Jovens Lideranças, que será realizado na Colônia de Férias Kinderland, em Paulo de Frontin (RJ). O evento contará com 120 participantes de todo o país e tem, como objetivo, preparar os jovens para um cenário político cada vez mais desafiador no Brasil.

A FAP está publicando uma série de entrevistas com palestrantes do evento, que serão publicadas ao longo da semana. A ideia é preparar os jovens para o Encontro, bem como informar os internautas sobre a programação do evento que será realizado em Paulo de Frontin (RJ).

A primeira entrevista é com o historiador e professor Marcus Vinicius Oliveira, mestre em História e Cultura Política pela Unesp Franca e doutorando em História e Cultura Política pela mesma instituição. Oliveira debaterá o tema: “Política e Democracia no Mundo Contemporâneo”. A seguir, trechos da entrevista:

Tendo participado do primeiro Encontro, qual a sua motivação de estar também nesta segunda edição do evento? Qual será a sua contribuição para a formação dos jovens oriundos do Brasil inteiro?

No primeiro encontro minha experiência, embora bastante curta, foi muito proveitosa. Pude interagir com perspectivas de áreas diferentes da minha e discutir com ótimas pessoas. Esse aprendizado proporcionado pelo primeiro encontro me motiva a participar do segundo, dessa vez permanecendo a semana toda. Vamos discutir os problemas políticos do nosso tempo. Quero trazer discussões consistentes acerca desses problemas políticos do nosso tempo, tentando sempre auxiliar na formação de uma cultura política democrática para os jovens, tão necessária aos dias de hoje.

Um dos temas que você debateu no primeiro Encontro foi a polarização do discurso político no Brasil, principalmente por parte do PT, que sempre procura colocar a população nos extremos das questões políticas, impedindo, assim, um diálogo equilibrado e saudável. Como você vê esta questão?

A polarização política pode se tornar um problema na medida em que impede o diálogo entre as forças políticas em questão. Pode se tornar também um problema para a própria democracia, caso algum setor se proponha a resolver a polarização a partir de medidas não democráticas ou autoritárias. Todavia, apesar dessa polarização, nossa democracia, mesmo que problemática, segue existindo. Precisamos pensar formas de aprofundar e melhorar nossa política democrática. Penso que isso seja necessário também diante do clima de desconfiança e rejeição da política que boa parte dos brasileiros sentem, sobretudo em razão dos vários escândalos de corrupção.

Democracia e mundo contemporâneo são temas bastante controversos, afinal, os discursos de extrema direita crescem a cada dia, como exemplo, Trump nos EUA. Porém, não há como negar que a extrema direita cresceu, pois, a esquerda também tem sido incapaz de dar respostas em nível macro à sociedade, inclusive é até uma crítica que faz em relação a derrota de Hillary Clinton para Trump nas eleições presidenciais. O que diz sobre isso?

De fato, há um crescimento da direita em países importantes no cenário mundial, inclusive no Brasil. Muita tinta tem sido gasta, há anos, sobre a incapacidade da esquerda de oferecer respostas aos problemas contemporâneos fundamentais. Também muito se fala em renovar ou reinventar as esquerdas. Todavia, penso que uma esquerda que se queira como proposta viável para o século 21 precisa estar aberta à política e ao diálogo com outros setores da sociedade. É preciso disputar os espaços, elaborar uma cultura capaz de disputar a hegemonia, tanto nacional quanto internacionalmente. E tudo isso precisa ocorrer dentro dos marcos da democracia e isso significa também saber dialogar e tolerar os adversários políticos, assim como também devemos buscar o mesmo da direita ou de qualquer outra força política. Não é possível pensar a política somente a partir da lógica amigo/inimigo.

E a democracia brasileira, como você a vê perante o cenário internacional e também frente a todos esses escândalos de corrupção pelos quais passamos?

A democracia no Brasil é sempre um assunto bastante complexo, seja pela nossa história republicana ao longo do século 20 ou por nossa história mais recente, da redemocratização em diante. Os escândalos em relação à corrupção, além dos problemas óbvios, contribuem para uma descrença e rejeição da política na população e, consequentemente, uma descrença em torno das possibilidades democráticas para o país. Por isso, é preciso defender a Justiça a todo custo, evitando toda a seletividade nos processos. Uma das possibilidades de restaurar a confiança dos brasileiros nas instituições democráticas passa, certamente, pela punição de todos os crimes, independentemente de partidos.

Que mensagem pode ser dita aos jovens que vão participar do II Encontro?

Estou bastante ansioso para o II Encontro. Espero poder contribuir com os jovens, criando um ambiente de discussão que nos possibilite crescer juntos. Certamente, temos questões que instigam a todos, que nos incomodam em conjunto, até porque também estou entre os jovens. Tenho 26 anos! Então compartilho dos anseios e problemas da juventude. Enfim, vamos pensar juntos nesse lugar maravilhoso que é a colônia Kinderland!

Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)

Mais informações sobre o II Encontro de Jovens Lideranças: http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/2017/06/21/5322/

 

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