Day: março 19, 2020

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Coronavírus em tempos de comunicação em rede é tema de live da Jornada da Cidadania

Luiz Carlos Azedo e Moriael Paiva apresentam análises das mídias digitais após manifestações contra Bolsonaro

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

O impacto da pandemia do novo coronavírus na vida das pessoas em tempos de comunicação em rede é o tema da primeira live do curso de formação política Jornada da Cidadania, que será realizada, nesta sexta-feira, das 19h às 20h, por meio de uma plataforma de educação a distância. As mobilizações do Brasil contrárias e favoráveis ao governo do presidente Jair Bolsonaro, realizadas nesta semana e organizadas por meio da internet, são o ponto de partida da discussão entre o jornalista Luiz Carlos Azedo, colunista político e especialista em mídias digitais, e o publicitário Moriael Paiva, pioneiro no uso de mídias digitais no segmento político.

Para acompanhar a discussão, os alunos cadastrados devem acessar a plataforma da Jornada da Cidadania, com login e senha, clicar na opção “meus cursos” e, em seguida, na sala virtual com o título “live coronavírus”. Pelo segundo dia consecutivo, cidades brasileiras registraram, na noite desta quarta-feira (18), panelaços contra Bolsonaro, durante e após pronunciamento no Palácio do Planalto sobre a pandemia do COVID-19, conhecido como novo coronavírus. Também houve manifestações favoráveis ao presidente, mas em número bem menor.

Durante a live, Azedo e Paiva vão avaliar a importância das redes sociais na definição de pautas e organização de mobilizações políticas no país, em um cenário em que também há crescimento de fake news. “O fato de algo ou alguém bombar na rede social não significa, necessariamente, que a repercussão será favorável”, afirma o jornalista, que tem ampla experiência na cobertura jornalística sobre política nacional. “Vamos fazer avaliação dos protestos contra Bolsonaro, como panelaço, e mostrar os resultados que monitoramos sobre isso, além do que se pode esperar para as eleições deste ano”, ressalta o colunista.

De acordo com Paiva, a comunicação em rede deve exercer ainda mais influência nas eleições futuras. “Já tivemos em 2018 e agira vamos ter nova eleição com a importância da comunicação em rede. Estamos falando de um momento em que as pessoas estão deixando de circular na rua, por causa do coronavírus, e a informação digital vai ficar cada vez mais forte”, acentua ele.

Os especialistas vão mostrar, ainda, detalhes de como as redes sociais podem mobilizar debates, levantar causas e instigar o público a se posicionar diante de determinadas situações, com destaque para o Facebook, Twitter, Instagram e Whatsapp. Cada uma, por exemplo, tem suas próprias características, mas todas convergem para o fortalecimento da comunicação em rede sem fronteiras. O desafio, porém, é fazer com que sejam usadas pelas pessoas para furarem a bolha de seus respectivos grupos e enxergarem que existem valores e ideias diferentes dos seus.

Comunicação em rede é uma expressão que passou a ser discutida em meados da década de 1990, com o surgimento de grandes redes mundiais de informação, como a Internet. O fenômeno crescente chama a atenção de diversos estudiosos das ciências da comunicação, que alertam sobre o impacto social gerado em diversas esferas da sociedade, principalmente no campo político.

Quem são os debatedores
Luiz Carlos Azedo é diretor-geral da FAP. Ele iniciou a carreira trabalhando como repórter nos jornais O Dia (RJ) e A Notícia (RJ), da Baixada Fluminense. Em seguida, trabalhou para Última Hora (RJ), O Fluminense (RJ), Diário de Petrópolis (RJ), A Tribuna de Niterói (RJ), Diário de Notícias (RJ) e Luta Democrática (RJ. Em São Paulo, trabalhou na sucursal do jornal O Globo (RJ) e foi colunista de Economia do Diário Popular (SP). Em 2012, tornou-se colunista do Correio Braziliense (DF), para o qual escreve a coluna política, além de possuir o Blog do Azedo, no qual publica comentários políticos e reproduz a coluna do jornal impresso.

Moriael Paiva é publicitário com 23 anos de experiência no mercado digital. Pioneiro no uso de mídias digitais no segmento político, desde 2000 lidera ações em campanhas presidenciais, estaduais e municipais no Brasil e no exterior. Em várias delas, como as de Kassab 2008 e Fernando Pimentel 2014, as estratégias digitais foram destaque e garantiram o sucesso eleitoral. É co-autor do primeiro livro publicado sobre Twitter no Brasil e palestrante frequente em eventos como Campus Party Brasil, Digitalks e TEDx. Até 2019, foi VP do Ideia Big Data. Hoje é consultor de estratégias digitais com foco na política.


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Leonardo Padura coleciona prêmios, destaca André Amado na Política Democrática Online

 Em artigo publicado na revista da FAP, embaixador aposentado analisa trabalho de jornalista cubano

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

Leonardo Padura é um escritor e jornalista cubano que coleciona prêmios literários, só lhe faltando o Nobel, e ganha espaço na análise do embaixador aposentado André Amado, em artigo produzido para a 16ª edição da revista Política Democrática Online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em Brasília. Padura ganhou projeção internacional com o lançamento de O homem que amava os cachorros (2008) e Hereges (2013). Como autor, centrou seus romances policiais na figura do tenente do departamento de polícia, Mario Conde.

» Acesse aqui a 16ª edição da revista Política Democrática Online!

“Em O homem que amava os cachorrosPadura fabula a vida e morte de Leon Trotski, a partir de conversas entre um aspirante a escritor e um homem que costumava levar seus dois galgos a passear na praia em Havana’, afirma Amado, que é diretor da revista Política Democrática Online. “Em Hereges, o gancho é a viagem de um navio que transportava judeus evadidos do nazismo, em busca desesperada de acolhimento no porto que fosse, às vésperas da Segunda Guerra”, acrescenta.

Na obra de 2008, de acordo com o artigo publicado na revista, o talento e arte do escritor cubano logram transformar a história em ficção, e a ficção em história. “A trajetória de Trotski destaca grandeza e traições, em meio a enfrentamentos abertos, primeiro, com Lenine pela fundação do regime bolchevique, e, depois, com Stalin, que tudo faria para eliminar talvez seu último virtual competidor pelo poder no Kremlim, objetivo que, por fim, logra êxito”, escreve Amado, em um trecho.

Segundo o autor do artigo, o livro de Padura cobre também a visão idealista de Trotski do movimento comunista, suas relações com líderes revolucionários, que teriam sorte igualmente trágica, seu exílio pela Europa e México, e até suas experiências amorosas, incluindo seu romance com Frida Kahlo.

“Em Hereges, a pretexto de acompanhar a sorte dos judeus por alguns destinos forçados na Europa, Padura traça a influência marcante deles, em particular na Holanda, não resistindo a tornar Rembrandt um personagem natural da trama, tanto mais porque era dele a tela, que desapareceria por décadas”, destaca o diretor da revista Política Democrática Online.

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Eduardo Rocha: Um antivírus econômico ao coronavírus

Situações extraordinárias exigem soluções extraordinárias. A reativação da economia brasileira no curto prazo, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos programas sociais, o combate à desaceleração econômica e a proteção dos desempregados e informais demandam a adoção pelo governo federal e Congresso Nacional de uma medida imediata, extraordinária e extrema. Vejamos.

O governo federal enviou ao Congresso a Proposta de Emenda à Constituição n° 187, de 2019 (PEC dos Fundos Públicos), para que os cerca de R$ 220 bilhões retidos nos 281 fundos fossem destinados exclusivamente a abater a Dívida Pública.

Essa medida não dinamiza a economia, não gera um emprego nem um centavo nos bolsos dos 11,9 milhões desempregados, 38,3 milhões informais e 4,7 milhões desalentados (trabalhadores que desistiram de procurar trabalho), não ajuda o SUS nem os programas sociais no combate ao coronavírus. É necessário redirecionar esse dinheiro para frentes produtivas e sociais precisas e vitais.

A primeira é concluir cerca de 14 mil obras paradas em todo o País e já listadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e reunidas no livro “Obras Paradas: Entrave para o Desenvolvimento do Brasil” (Outubro/2019), elaborado pela Comissão Externa das Obras Inacabadas da Câmara dos Deputados. Seriam necessários mais de R$ 40 bilhões para que elas fossem concluídas. Dinheiro tem e está paralisado nesses fundos. É preciso dar-lhe vida produtiva.

Tais investimentos elevarão de imediato o nível de emprego formal direto. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) prevê a criação de 500 mil empregos diretos quando as obras forem reativadas. Se cada emprego direto gera, no mínimo, três indiretos, o total de emprego gerado vai para 1,5 milhão. Essa inclusão produtiva precisa obedecer a todos os procedimentos de prevenção ao coronavírus.

A segunda destinação é múltipla: a) fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS); b) incluir os mais de três milhões de pessoas que estão na fila de espera do Bolsa Família; c) dar um 13° emergencial aos 4,6 milhões de beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e d) e criar o Cadastro Único dos Informais para que o trabalhador 1) receba nos próximos quatros meses um abono de um salário mínimo, desde que ele não usufrua de nenhum outro benefício, 2) tenha passe livre no transporte público e 3) e suspenso o pagamentos de água, luz e gás, inclusive aos desempregados.

Mudar o destino dos recursos dos Fundos para estes fins é fazer girar a roda da economia através do investimento público produtivo e social gerando, emprego, renda, consumo, circulação, lucro, produção, melhora da infraestrutura e elevação das receitas tributárias oriundas da dinamização econômica, além de proteger milhões de brasileiros socialmente vulneráveis contra o coronavírus. O Estado precisa atuar já. Usem maciçamente o dinheiro do BNDES, Caixa e Banco do Brasil. As empresas não podem fechar e o trabalhador e sua família não podem morrer, nem de fome nem de doença. O superávit da vida das pessoas e da economia deve prevalecer sobre o déficit fiscal.

*Eduardo Rocha é economista


Zeina Latif: Batalhas perdidas

Políticas macroeconômicas tradicionais para lidar com a crise são quase inócuas

É possível que um quadro epidêmico mais grave no Brasil não pudesse ser evitado, a julgar pelo que ocorre no mundo. No entanto, não restam dúvidas que o governo federal demorou a agir, podendo implicar em maiores custos, em vidas e na economia.

O mercado financeiro reage à piora do quadro doméstico. Estancar perdas não é para já.

No dia 23 de janeiro, o ministro da Saúde afirmou que o País estava em nível 1 de alerta, em uma escala de 1 a 3. Risco iminente. Mesmo com a aproximação do carnaval, não houve comunicação em massa sobre os cuidados mínimos dos indivíduos e medidas sanitárias efetivas nas fronteiras.

Somente após quase dois meses desde o alerta de Mandetta ocorreu a coletiva do presidente e seus ministros para dar satisfação à sociedade e apresentar as iniciativas a serem tomadas.

O governo fala em “operação de guerra”, mas batalhas importantes já foram perdidas, começando pela da comunicação, sendo que o presidente muito atrapalhou nessa frente.

Não houve qualquer coordenação interna do governo. Ministros das várias áreas envolvidas se omitiram e o governo ficou paralisado. O presidente, ao alimentar conflitos e fazer da epidemia uma bandeira política, impediu a coordenação de esforços com entes da federação e os demais poderes.

Na coletiva de ontem, faltou resposta à altura ao grave quadro e nada muito concreto foi anunciado sequer para conter o contágio de pessoas e preparar a rede hospitalar. Segundo o ministro da Saúde, a estabilização de novos casos da doença poderá ocorrer apenas em julho; isso em um cenário benigno.

De batalha em batalha perdida, o País caminha rapidamente para o isolamento social, sofrimento da sociedade e quadro recessivo, sem contar os riscos de desabastecimento. O que não se sabe é em qual intensidade.

Políticas macroeconômicas tradicionais para lidar com a crise são praticamente inócuas. Nem mesmo as localizadas, como as intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.

Se em condições menos agudas as intervenções têm eficácia bastante limitada, agora, ainda mais, pois todos os vetores puxam o dólar para cima. As incertezas no mercado global se somam aos riscos internos derivados da escalada da epidemia no Brasil. Essa política, na melhor das hipóteses, pode ajudar a dirimir problemas de liquidez no mercado cambial. Mesmo a contenção de movimentos de manada, quando o mercado fica sem referências, ficou bastante dificultada.

Do lado da política monetária, não será o corte da Selic para 3,75% que mudará o cenário econômico. As respostas dos bancos centrais no mundo que reduzem as taxas de juros parecem uma tentativa de acalmar os mercados do que fruto de uma visão mais estruturada de médio prazo. O crédito na economia não irá reagir aos juros ainda mais baixos.

Por essa mesma razão, ainda que o mercado venha a reagir positivamente à medida – o que não está claro já que a decisão do Copom veio dentro do esperado e com sinalização de pausa adiante –, será algo de curtíssimo prazo. Nada que acalme os mercados efetivamente e limite o contágio financeiro na economia.

Talvez o mais adequado teria sido aguardar para cortar os juros, guardando munição para o futuro, quando as políticas de estímulo à demanda poderão ser mais eficazes. E o futuro que nos aguarda poderá ser muito difícil a depender da capacidade de ação do governo.

Trazer algum alento aos mercados, contendo perdas e o aperto das condições financeiras, dependerá de ação conjunta do governo. Não se pode esperar tanto do Banco Central.

A sociedade pede ação, o setor produtivo pressiona por ajuda e o mercado financeiro por medidas econômicas que estanquem as perdas.

Nessa guerra será necessário estratégia para definir as batalhas de cada dia e coordenação de esforços. Atirar às cegas, não.

*Consultora e doutora em economia pela USP


Roberto Macedo: Na economia, mais por fazer. E rapidamente

Cabem afrouxamento monetário e medidas para os trabalhadores informais

O noticiário internacional continua focado no coronavírus e seus impactos. Há muitas notícias de medidas econômicas para amenizá-los e de outras que há tempos já vinham sendo adotadas ou cogitadas contra um esfriamento da economia mundial, agora agravado pela covid-19.

No Brasil segue o debate sobre a crise econômica, a novela das reformas propostas pelo ministro Paulo Guedes e a retomada ou não de um crescimento mais forte, com o não subindo nas apostas também por causa do coronavírus.

O que fazer na economia? Internacionalmente, destacam-se medidas recém-adotadas nos EUA pelo seu banco central, conhecido como Fed. Primeiro, no dia 3 deste mês reduziu a taxa básica de juros, que corresponde à nossa Selic, para um valor entre 1% e 1,25% ao ano, procurando estimular a economia. E no último dia 15, um domingo, também como reação ao impacto econômico do coronavírus, anunciou não só outra redução dessa taxa, para entre zero e 0,25%, como também um quantitative easing (QE), ou afrouxamento monetário

No QE, o Fed adquire títulos da dívida pública em poder no mercado, bem como créditos privados, como os de hipotecas imobiliárias. O QE veio na crise de 2008 e se recomenda quando a taxa básica de juros e a de inflação se tornam zeradas ou próximas disso, e a primeira deixa de estimular a demanda de crédito.

Aqui, em artigos entre julho e setembro de 2019, defendi a adoção do QE no Brasil pelo Banco Central (BC), mas só para créditos de hipotecas imobiliárias, para estimular a construção civil, grande geradora empregos. E para créditos ligados a obras de infraestrutura, como os concedidos ou a conceder pelo BNDES.

Ao argumento de que nem a inflação nem a Selic estão próximas de zero no Brasil para um QE, respondo que na nossa economia ainda é ampla a indexação de preços, tarifas públicas e rendimentos, ou seja, sua correção pela inflação, com o que esta tende a se perpetuar. Se fosse para esperar que ela e a Selic cheguem a zero ou muito próximas disso, um QE não ocorreria, com o que a política monetária perderia a oportunidade de recorrer a um instrumento que se tem revelado útil, como nos EUA e na área do Banco Central Europeu (BCE).

Também propus que fosse liberado um valor significativo de parte dos depósitos compulsórios que os bancos mantêm no BC. Isso foi feito em pequena magnitude no ano passado, mas em 19/2/2020 foi anunciado um valor bem maior, de R$ 135 bilhões, porém sem o direcionamento que propus, como no QE.

Ele se justifica porque nosso sistema bancário é disfuncional e só excepcionalmente dá crédito a juros razoáveis, como para adquirir imóveis. Em geral as taxas que cobra são muito altas para necessidades importantes como as de capital de giro e crédito pessoal. E há casos em que suas taxas são escorchantes, como no cheque especial e no financiamento rotativo dos cartões de crédito.

Ontem o Comitê de Política Monetária do BC deve ter decidido novamente sobre o valor da Selic. Não sei o que virá, mas ele deveria refletir muito acerca do potencial de reduções adicionais sobre a expansão do crédito da economia. Com as características dos bancos já citadas, com uma Selic menor eles tomam recursos a taxas menores, mas em cima desses custos mais baixos põem spreads enormes, que contêm enormemente o estímulo que viria das reduções da Selic. Ademais, como a Selic já está próxima da taxa de inflação, novas reduções poderão afetar a demanda por títulos da dívida pública, dificultando sua rolagem e ampliação.

Também no Brasil, o ministro Guedes anunciou no último dia 16 um pacote de medidas para conter impactos econômicos e sociais do coronavírus. Numa lista neste jornal, contei 13 novas medidas, além de cinco previamente anunciadas. Não tenho espaço para detalhá-las, mas um traço comum é que não são medidas com impacto fiscal relevante, notando-se assim a cautela do ministro no sentido de preservar seu esforço pelo ajuste das contas públicas. Mas ontem soube da notícia de que o governo pediria o aval do Congresso para declarar calamidade pública e gastar mais na área de saúde.

É uma emergência séria e não vejo outra saída. Mas isso não deve ser feito em prejuízo do teto de gastos para as demais despesas. Nem com aumento de impostos. Vi que a Constituição (artigo 167, III), permite operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital se autorizadas via créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Legislativo por maioria absoluta. Cabe ampliar a dívida, não vejo outra saída.

Não vi, contudo, medidas mais voltadas para os trabalhadores do mercado informal, exceto uma ampliação do Bolsa Família, destinada a reduzir em apenas um terço a fila desse benefício. Muitos desses trabalhadores dependem das pessoas que se movimentam pelas ruas, cujo número se vem reduzindo rapidamente, principalmente nas cidades de maior porte. É preciso fazer algo por eles. E rapidamente.

*Economista (UFMG, USP e HARVARD), professor sênior da USP, é Consultor Econômico e de ensino superior


Maria Cristina Fernandes: Bolsonarismo testa positivo

Presidente fica isolado na República e tolhido dentro do próprio governo

“Quero agradecer em nome da saúde do Brasil”. Foi com essas oito palavras que Luiz Henrique Mandetta transformou a puxada de tapete do presidente da República numa escada. Na guerra de sobrevivência política em que se transformou o combate à pandemia, o ministro da Saúde convocou o “partido sanitarista”, comunidade de profissionais da saúde que, 50 anos atrás, se uniu para montar o SUS e hoje o mantém acima das rixas partidárias. Apesar dos agrados sucessivos ao presidente, o ministro o colocou na condição de quem presta serviços a este partido.

Em contrapartida, o ministro prestou-se ao papel de médico avalista de uma encenação destinada a mostrar que o presidente não está isolado. Com máscaras sob a coreografia de tira-e-bota-deixa-ficar e sentados a centímetros de distâncias uns dos outros, parecia um trupe de sobreviventes depois de anunciada a segunda baixa, do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia), um dia depois de noticiado contágio de Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

O presidente convocou a encenação dois dias depois de Mandetta reunir-se com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, numa tentativa de mostrar que não é a criança irresponsável que desce a rampa para brincar com manifestantes enquanto os adultos adotam medidas para evitar que o país sucumba à pandemia.

O capitão montou o palco horas antes do panelaço contra seu mandato. Estava disposto a ofuscar Mandetta e se mostrar no comando desta nau doente e desgovernada. Só que não. Bolsonaro abriu a entrevista justificando-se pelos cumprimentos aos manifestantes do domingo dizendo que, em todo o Brasil, não excederam 1 milhão de pessoas - “equivalente a 20% da população que usa o transporte coletivo em São Paulo diariamente”. Esqueceu de explicar que se ainda há muitos se expondo ao risco de entrar no metrô é porque não têm alternativa. Disse saber dos riscos que corria mas havia optado por descer a rampa porque, pela “índole militar”, ele “nunca abandonaria o povo brasileiro”.

Disposto a provar que não convocou manifestações a seu favor, na contramão dos fatos, fez a propaganda de outra, o panelaço a seu favor. Uma tentativa de se apropriar de uma expressão que, até aqui, serviu para demonstrar rechaço político, a começar pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, de onde partiu em sua marcha para Brasília. Errático, entre as estocadas na imprensa e a busca de uma autoridade perdida, Bolsonaro mostrou-se incapaz de desmontar a imagem de presidente que fez pouco caso da saúde dos brasileiros com a ideia de que o coronavírus não passa de fantasia ou guerra de panelas.

Coube a Mandetta cruzar os braços e olhar para o outro lado quando o almirante Antonio Barra Torres, diretor da Agência de Vigilância Sanitária, que falou imediatamente depois do ministro da Economia, Paulo Guedes, começou a enumerar as portarias que havia assinado. Em seguida, vieram os ministros da Justiça (Sergio Moro), da Defesa (Fernando Azevedo), da Infraestrutura (Tarcísio Freitas), do Desenvolvimento Regional (Rogério Marinho) e da Casa Civil (Braga Netto) para só então o titular da Saúde ter vez.

Mandetta, em compensação, falou mais do que todos os seus anteriores juntos. Sentiu-se tão seguro na abertura que derrapou na respostas aos jornalistas. Avançou destemido, porém, contra o escanteio para o qual o presidente tentou jogá-lo porque parece convencido de que tomou o lugar de Guedes como âncora deste governo. O ministro da Economia agiu como um condenado a rasgar todos os dogmas do estado mínimo pelos quais sempre rezou ao anunciar o socorro aos ‘uberizados’.

O ministro da Saúde entrou na guerra com as armas da propaganda: o SUS está em todas as cidades, quilombos e aldeias indígenas do país e “estará ao lado dos 215 milhões de brasileiros”. Foi destemido na comparação com outros países que, na sua contabilidade, começaram a perder pacientes com 80 casos, enquanto o Brasil registrou o primeiro óbito quando já contava 290 doentes, e propagou, como quem é capaz de encher um balde para apagar um incêndio, o lançamento de serviços de telemedicina para a orientação de pacientes à distância.

Não é o gerente do comitê de crise, hoje nas mãos do ministro da Casa Civil, mas agiu como tal ao recomendar cautela nas decisões dos Estados de fechar estradas, que poderiam vir a prejudicar a logística no trânsito de alimentos e medicamentos. E, finalmente, tratou como parte do campo de batalha o stress, a notícia enviesada, as opiniões de especialistas e até a ansiedade daqueles que não percebem que o momento é de calma. Só faltou dizer que faz parte lidar com um presidente como Bolsonaro, mas limitou-se a dizer que ele é o grande timoneiro. A saudação, àquela altura, quando o presidente havia se ocupado a falar mais da imprensa do que do futuro do Brasil, mostrava que o menino levado continuava no quintal enquanto os adultos se ocupavam com as decisões.

Mandetta retribuiu a menção feita por Fernando Azevedo e Silva. O discurso do ministro da Defesa - “Isso é uma guerra contra um inimigo invisível, feroz e dedicado” - coincidiu mais com o tom do titular da Saúde do que com aquele usado pelo comandante-em-chefe.

Aparentemente deslumbrado com seu próprio desempenho, o ministro da Saúde derrapou ao descredenciar a recomendação da Organização Mundial de Saúde de que todos sejam testados.

Mencionou o que imaginava ser a população da Coreia do Sul - “Uma coisa é vacinar 4 milhões de pessoas” - país que tem 51 milhões de habitantes, para dizer que não dava para fazer o mesmo num país de 215 milhões. Também se atrapalhou ao justificar o atrapalhado uso de máscaras.

O panelaço que se seguiu mostrou que o esforço de Bolsonaro não convenceu. Aquele convocado pelo próprio presidente não teve volume de desagravo. O placar das redes sociais dava 7 x 1, mas no balanço do dia parecia mais apropriado falar em 529 infectados e quatro mortes. Isolado na República, ontem Bolsonaro se mostrou tolhido em seu próprio governo. O vírus ainda não o derrubou, mas já feriu de morte o bolsonarismo.


Vinicius Torres Freire: Entenda o novo colapso dos mercados americanos dos EUA

Todo o mundo vai para a retranca, o crédito seca, os juros sobem, o que coloca ainda mais gasolina no incêndio

Imagine que alguém queira vender um bem para pagar uma dívida e não consiga comprador. Imagine que alguém queira pegar um empréstimo, tem um bem para dar como garantia e não consiga o crédito. Imagine que um monte de gente deseje vender esses bens e pouquíssimos queiram: o preço desses bens então desaba e parte do patrimônio vira pó.

Essa é uma metáfora caseirinha do desastre que está acontecendo no maior, mais ágil e mais diversificado mercado de dinheiro do mundo, o americano. Mas, claro, o que está em preço de liquidação, com poucos compradores, são ativos financeiros.

Na crise, no medo de calote e da quebradeira, muita gente quer ficar com dinheiro em caixa ou com quase equivalentes de dinheiro (como títulos de curtíssimo prazo do Tesouro americano). O motivo fundamental dessa crise é a epidemia de Covid-19.

Esse é o maior pânico financeiro desde a explosão de 2008. Está arrastando as praças financeiras do restante do mundo para a lama. O que pode evitar desastre financeiro ainda maior? O Banco Central dos EUA “imprimir” dinheiro a fim de comprar o que está na bacia das almas e evitar liquidação ainda maior.

Os mais conhecidos desses ativos na xepa são as ações de empresas. Perdem valor por causa da perspectiva de recessão e lucros menores, mas não apenas por isso. Entram também na liquidação porque a maioria dos donos do dinheiro quer se livrar de ativos de risco (de preço muito variável). As Bolsas caem de modo exorbitante, em um pânico ora sem fim, o que acaba nas manchetes. Mas o buraco vai muito mais para baixo.

Bancos, empresas financeiras e empresas em geral se financiam no grande atacadão de dinheiro dos mercados financeiros americanos, mais do que nos bancos. O que é esse mercado?

Exemplos.

Instituições financeiras variadas levantam dinheiro de curtíssimo prazo por meio de uma operação que, na prática, é um empréstimo em que a garantia são títulos do Tesouro americano (“repurchase agreementes”, “repos”, “operações compromissadas”). Esse mercado está com negócios mais ou menos travados faz pelo menos uma semana —é um atacadão que gira mais de trilhão de dólares.

Sem esse dinheiro, quem não pode pegar emprestado para pagar uma outra “dívida” ou cobrir um prejuízo, quebra ou tem de vender outros ativos, piorando a liquidação. O banco central dos Estados Unidos, o Fed, entrou no mercado emprestando trilhões a fim de cobrir o buraco.

De quais outros ativos financeiros se trata? As empresas americanas levantam dinheiro de curto prazo por meio de “commercial papers” (notas promissórias). Esses papéis são negociados no atacadão de dinheiro. Alguém que emprestou o dinheiro repassa o crédito (esses títulos privados) adiante. Quando a maioria está com medo, deixa de comprar esses papéis ou apenas os compram na xepa, na liquidação.

Isso quer dizer exatamente que as taxas de juros para as empresas subiram (quando alguém investe no Tesouro Direto com uma taxa de juros maior que a de ontem, para o mesmo título, está comprando um título mais barato).

Bancos estavam comprando essas notas promissórias a preço de liquidação. De uma semana para cá, pelo menos, preferiram se livrar deles. Por quê? Porque podem perder ainda mais valor, por exemplo, ou porque querem ficar com ativos mais seguros. Na verdade, querem ficar com dinheiro ou quase-equivalentes.

Como os bancos não encontram compradores suficientes para os “commercial papers”, passaram a vender títulos de longo prazo do Tesouro americano, que assim ficaram mais baratos (as taxas de juros subiram também), provocando mais perdas noutras partes do mercado.

Grandes investidores em “commercial papers” são fundos de investimento. Esses fundos não estão comprando o papel ou estão vendendo ativos para evitar perdas e cobrir os saques dos cotistas, vamos dizer assim, grosso modo.

Algo similar acontece no mercado de títulos do mercado imobiliário (papéis que rendem o que é pago por compradores de imóveis). Empresas emprestam dinheiro para o comprador de imóvel; para levantar dinheiro e emprestar mais ou por outro motivo, repassam esses empréstimos, os vendem na forma de títulos (lastreados em hipotecas, “mortgage backed securities”, MBS). Esse mercado também azedou. Mais gente comprando do que vendendo eleva a taxa de juros para o financiamento de imóveis.

Então, empresas que precisam agora levantar ainda mais dinheiro, dada a perspectiva de paradão da economia, pagam mais caro. A crise vai virando bola de neve.

Mais empresas recorrem então aos bancos, que precisaram de mais reservas para operar. O Fed liberou dinheiro. Mas também parece agora haver estresse no mercado de empréstimos de curto prazo entre bancos (que ficaram bem mais caros do que empréstimos do mesmo prazo para o governo americano, o que não é usual).

Quem se lembra de um pouco da crise de 2008 talvez reconheça alguns dos termos deste texto. A origem da crise é diferente, mas o estresse em vários mercados é semelhante.

O Banco Central americano, na prática, vai entrar no mercado de empréstimos para empresas, o que oficialmente, em tempos normais, não é autorizado a fazer. Isto é, o Fed vai imprimir ainda mais dinheiro a fim de tentar reduzir a asfixia de empresas financeiras e do mundo “real”. Como disse sarcasticamente a economista Maria da Conceição Tavares na crise da década passada: “O Fed vai descontar duplicatas”.

Talvez evite degringolada ainda maior. O problema de base é que ainda não se sabe o tamanho da recessão, da quebradeira das empresas, dos calotes e, pois, dos valores das dívidas. Todo mundo vai para a retranca, o crédito seca, os juros sobem, o que coloca mais gasolina no incêndio. Logo, outro bombeiro precisa acudir: o governo precisa gastar, dando dinheiro a desempregados, adiando impostos de empresas, o diabo.


Fernando Schüler: Não há contradição entre a agenda emergencial e a agenda de reformas

Não há contradição entre a agenda emergencial e a agenda de reformas

A gripe espanhola, no final da primeira grande guerra, matou perto de 50 milhões de pessoas. Seria algo como 220 milhões nos dias de hoje. Por muitas razões, o que ocorreu naquele ano e meio de pânico global é muito diferente do que vivemos hoje. Mas há lições a aprender.

A sugestão é do historiador americano John Barry, autor de "The Great Influenza: The Story of the Deadliest Pandemic in History", um dos mais completos livros sobre a gripe espanhola.

Suas indicações focam os aspectos intangíveis da pandemia. Não se trata do número de máscaras ou leitos hospitalares disponíveis, em que pese tudo isso seja crucial.

Seu primeiro ponto diz que tendemos a desprezar o risco e perder rapidamente o senso de disciplina que uma pandemia exige. "As pessoas precisam assumir a responsabilidade e persistir. O fator decisivo é o esforço voluntário e o comportamento individual", afirma Barry.

Lendo isso pensei nas milhares de pessoas que mal saem de casa, proíbem os filhos de frequentar o playground do edifício, mas não dispensam a diarista de andar uma ou duas horas no transporte coletivo para chegar em casa.

A segunda lição, sustenta Barry, é "dizer a verdade". O argumento é simples. A confiança é a base da ação coletiva, é disso que trata o enfrentamento de uma pandemia. Confiar no que as autoridades estão dizendo não resolve o problema, mas é o primeiro passo.

Decisões rápidas, informação clara e padronizada, envolvendo o governo federal e os estados, fariam uma enorme diferença, mas desconfio que não temos uma elite política preparada para isto. Quando o presidente diz que vai manter sua festinha de aniversário, mesmo depois da patética atitude do último domingo, temos um sinal nessa direção.

Nosso problema, no entanto, está longe de ser o que diz ou deixa de dizer o presidente. O poder de informar está espalhado no mundo digital, e a responsabilidade também é difusa. Cada um pode achar graça em tirar uma lasquinha política com a crise ou fazer de conta que nada de mais está acontecendo, mas a conta será paga por todos.

O desafio da ação coletiva é o mesmo no mundo político. Rodrigo Maia acerta ao dizer que as pautas de combate à pandemia são prioritárias no Congresso. As medidas emergenciais anunciadas até agora pelo governo são tímidas, ainda que na direção correta. Mas esse não é o ponto.

A questão central é que será um enorme equívoco se o Congresso, em nome da emergência, abrir mão de avançar, e com ainda mais rapidez, nas reformas fiscais que o país precisa fazer.

A razão é que o país não tem espaço fiscal para fazer o que deve ser feito para combater uma crise que está apenas se iniciando. É preciso zerar a fila do Bolsa Família, ampliar o atendimento no sistema de saúde, aumentar o investimento público em infraestrutura.

Não é exatamente esse o sentido da PEC Emergencial e dos fundos públicos? Ou do plano Mansueto, de recuperação fiscal dos estados? A verdade é que não há contradição entre a agenda emergencial e a agenda de reformas, e aqui pouco importa se o protagonismo é do governo ou do Congresso. A crise serve exatamente para que um novo patamar de consenso possa ser obtido.

O senador Mitt Romney propôs dar US$ 1.000 mensalmente a cada cidadão americano enquanto durar a crise. O Brasil ensaia fazer algo nessa linha, oferecendo um beneficio equivalente ao do Bolsa Família para quem não dispõe de outro benefício público.

É muito pouco. A cara de um país quebrado. País que, mesmo com uma imensa tragédia humana batendo à porta, teima em não fazer a lição de casa que precisa fazer.

Vivemos uma situação inédita de emergência. Situações como esta revelam o que somos de melhor e o que somos de pior. Nosso pior já conhecemos. O bate-boca inútil, o ódio político, a procrastinação nas decisões difíceis.

O melhor esperamos que o Congresso saiba fazer. Agir com a responsabilidade e a capacidade de antecipação que o país requer nestes tempos difíceis.

*Fernando Schüler, professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento. Foi diretor da Fundação Iberê Camargo.


O que é liberalismo econômico? Jornada da Cidadania explica corrente em nova aula

Realizado pela FAP, curso de formação política pode ser acessado em plataforma EAD com login e senha

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes são liberais? O assunto instiga a discussão sobre liberalismo econômico, tema da nova aula do curso de formação política Jornada da Cidadania, realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira). Os alunos cadastrados podem acessar o sexto pacote de conteúdo multimídia, a partir desta quarta-feira (18), na plataforma de educação a distância com acesso totalmente online, gratuito e interativo.

» Acesse aqui o site da Jornada da Cidadania!

O curso é coordenado pelo professor Marco Aurélio Marrafon, que busca alinhar temas relevantes, atuais e de interesse público com a formação política dos alunos. Na sexta aula, o diretor do movimento Livres, Paulo Gontijo, que também é administrador e graduado em letras, traça breve trajetória das principais obras sobre o liberalismo, o contexto histórico do surgimento das ideias liberais e os seus principais defensores ao longo do século XX.

“Bolsonaro é liberal? Paulo Guedes é liberal? Quem são os grandes liberais brasileiros?”, questiona o professor, ao longo de sua explicação em vídeo aula de 15 minutos. “A gente pode olhar para o passado e rastrear o começo do liberalismo na democracia ateniense. Em qualquer momento que tenha participação popular na vida política, começa a construção do que a gente chama democracia liberal”, afirma ele.

Nomes do liberalismo
Ao longo da videoaula, Gontijo também explica como o liberalismo seguiu para a Europa e cita nomes de destaque dessa corrente política. Ele distingue políticos conservadores de políticos reacionários, contextualizando o assunto com o contexto político brasileiro.

Na sexta aula, os alunos também têm acesso a uma aula que aborda cargos públicos e cortes de privilégios. A explicação é do deputado federal Fabiano Tolentino (Cidadania-MG). Em seguida, a jornalista Jornada Saldanha, especialista em marketing digital, dá dicas de como mobilizar pelo Facebook. O publicitário Moriael Paiva, especialista em marketing digital, destaca a importância de se definir uma excelente estratégia.

A aula multimídia disponibiliza, ainda, um vídeo em que o inglês Nigel Ashford explica os 10 princípios fundamentais da visão liberal clássica e o papel do governo correto. Em seguida, os alunos têm à sua disposição um podcast do Livrescast, no qual o professor de filosofia Antônio Paim, autor de mais de 40 livros, faz um resgate dos principais personagens liberais que contribuíram para a inclusão do liberalismo no pensamento brasileiro.

Para concluir a aula, os alunos terão de ler os textos “O Liberalismo - Algumas Teses”, deKarl Popper, e “Liberalismo - Um Balanço de Sucessos’, de Ludwig von Mises. Em seguida, poderão responder ao questionário da aula e à pesquisa de satisfação.

Didática do curso
No total, o curso tem 36 horas de duração, distribuídas ao longo de 14 semanas. De acordo com o coordenador, o objetivo é formar e capacitar cidadãos acerca de conteúdos relevantes à política, além de fornecer bases fundamentais para possíveis candidatos que pretendem disputar as eleições municipais deste ano.

O conteúdo programático da Jornada da Cidadania está dividido em cinco pilares: ética e integridade na ação política; comunicação eficaz; fundamentos de teoria política e democracia; comunicação eficaz e casos de sucesso. Sempre às quartas-feiras, a plataforma vai disponibilizar nova aula com novo tema. Dessa forma, o aluno poderá se organizar ao longo da semana para aproveitar todos os conteúdos de cada aula.

Leia mais:

» Como ser um líder de sucesso? Veja nova aula multimídia da Jornada da Cidadania

» Nova aula do curso Jornada da Cidadania aborda política como vocação


O Estado de S. Paulo: Só com fortalecimento do SUS País pode enfrentar pandemia, diz Serra

 O ex-ministro da Saúde e do Planejamento José Serra, senador pelo PSDB-SP, conversou com a Coluna sobras as crises na saúde e na economia provocadas pelo coronavírus. Segundo ele, é preciso “ampla coordenação com a política fiscal” e “fortalecer o SUS“ 

Alberto Bombig, O Estado de S. Paulo

Coluna do Estadão – Qual a avaliação do senhor da crise até agora?
José Serra – O cenário é, sem dúvida, grave. Creio que ainda estamos na primeira fase, experimentando o choque e caindo na real, tentando lidar com os preparativos para um surto de gripe que deve vir, segundo os dados da OMS e a experiência dos países asiáticos e europeus. Como vamos lidar com a saúde e a economia nas próximas semanas fará toda a diferença lá na frente. A contração econômica em escala mundial e os tropeços dos mercados de capitais e do sistema financeiro internacionais poderão gerar corridas bancárias e insolvência de grandes empresas e bancos de investimentos, refletindo-se em seguradoras e fundos de pensão. O mundo terá que se coordenar fiscal e monetariamente. Isso é imperativo. Inclusive, a autonomia dos BCs mundiais já vinha sendo revista desde 2008 e está sendo posta em xeque por esta crise, que requer ampla coordenação com a política fiscal. Logo, não devemos sequer voltar a discutir este tema antes de superá-la e conhecermos o novo arranjo econômico que se estabelecerá. No tocante à saúde, creio que só conseguiremos enfrentar essa pandemia com um fortalecimento a curto prazo do SUS, com ampliação emergencial do número de leitos em UTI e dos serviços de saúde, reforçando atendimento nas unidades básicas. Por isso também o decreto de calamidade é fundamental, para que se possa redirecionar recursos para o SUS.

Coluna do Estadão – Como o Legislativo pode contribuir para o enfrentamento?
Serra – O primeiro passo é reconhecer o estado de calamidade. Eu apresentei um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nesse sentido, antes de o governo anunciar o pedido ao Congresso. Mas, independentemente da paternidade desta ou daquela medida, é importante apoiar as iniciativas emergenciais do governo. Além disso, devemos suspender pautas que não sejam prioritárias, especialmente as que se chocam com medidas urgentes, como a PEC Emergencial, que vedaria a contratação de temporários, novas linhas de financiamento e subsídios, que nesse cenário devam ser necessárias. A reforma tributária, com um cronograma de 45 dias que já era inexequível, não pode ser discutida com esse cenário de crise. Após a crise precisaremos de propostas com potência imediata sobre a atividade e a produtividade, não as propostas que parcelam queda de arrecadação, aumento de carga, choque de preços, desemprego e complexidade adicional por 10 longos anos. O debate das propostas em discussão deveria ser arquivado dada a realidade desta crise e seus desdobramentos econômicos e fiscais.

Coluna do Estadão – O Brasil deve fechar as fronteiras?
Serra – Claro que não. Só devemos reagir contra a importação de fatores de crise, mas podemos usar nossa pauta de alimentos essenciais para barganhar melhores termos de troca para medicamentos, suprimentos médicos e outros insumos básicos essenciais para o enfrentamento deste momento. Para as pessoas, teremos de observar o avanço da pandemia aqui. Se houver um risco de propagação maior do vírus, seria recomendado.