Day: fevereiro 12, 2020

Bruno Boghossian: Governo abusa de barbeiragens e hesitações na agenda econômica

Ofensa de Guedes a servidores só deu combustível a políticos que não querem reforma

No famoso episódio em que Fernando Henrique Cardoso tentou estabelecer uma idade mínima para as aposentadorias, a proposta foi derrotada por um voto. O deputado Antonio Kandir disse que se enganou e apertou o botão errado no plenário. Um colega fez troça: “Se for difícil apertar botão, fica difícil viver”.

O governo tinha maioria no Congresso, mas tombou com trapalhadas desse tipo. Dias depois, FHC ainda chamou de “vagabundos” aqueles que se aposentam cedo demais. Tentou se explicar, mas pagou caro e bloqueou discussões mais profundas sobre a reforma da Previdência.

Jair Bolsonaro conseguiu mudar as regras de aposentadoria, mas dá outras trombadas na agenda econômica. Na prometida reforma administrativa, que deveria mudar normas do serviço público, o governo abusa de barbeiragens e hesitações.

A ofensa de Paulo Guedes a funcionários que chamou de “parasitas” só deu combustível a políticos que não queriam reformar coisa alguma. Parlamentares e integrantes do governo passaram a levantar dúvidas sobre o clima para aprovar o projeto.

Um deles, com toda a certeza, é o próprio presidente. Ainda no ano passado, Guedes adiou a reforma pela primeira vez. A culpa era dos protestos no Chile, que impressionavam Bolsonaro e criavam o temor fantasioso de protestos violentos aqui.

O ministro jura que o presidente ainda apoia a mudança para os servidores, mas afirma que o timing é o problema. Há 40 dias, o presidente vacilou de novo e disse que o projeto ainda precisava de “um polimento”.

O texto deveria ter chegado nesta terça (11) ao Congresso, mas o governo vacilou. Guedes pode ter apertado o botão errado na cabeça do chefe.

Um depoente mentiu nove vezes e insultou a jornalista Patrícia Campos Mello na sessão desta terça da CPI das fake news. Para atacar mais uma vez a imprensa, aliados do presidente passaram a reproduzir a imundície. As redes de apoio ao governo nadam de braçada no esgoto.


Ruy Castro: Amigos 'tóxicos'

Hoje, Bolsonaro quer distância de gente que o serviu tão bem nos velhos tempos

A família Bolsonaro sabe escolher os amigos. Eles não precisam ler Dostoievski, mas devem ter a ver com violência, crime, tráfico de influência, extorsão, contravenção, transações escusas, álibis mal explicados, sentenças judiciais suspeitas, destreza no gatilho e um quê de cafajestice musculosa.

Vide Adriano da Nóbrega, ex-capitão da PM prematuramente executado na Bahia neste domingo (9). Aos 43 anos, seu currículo incluía condenações por assassinato, intimidação de testemunhas, prestação de serviços de proteção a bicheiros, chefia das milícias de Rio das Pedras, comando de um grupo de assassinos profissionais e, no passado, agraciado pelos Bolsonaro com medalhas e menções honrosas. Se não tivesse sido morto, quem sabe a que alturas não chegaria?

Outros amigos da família, os também ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, são réus na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018 —Ronnie, como autor dos tiros, e Élcio, por dirigir o carro da emboscada. Ronnie é vizinho de Bolsonaro num condomínio no Rio, mas isso só fala a favor do ecletismo do endereço: abriga tanto um presidente da República quanto um criminoso.

E há o impagável Fabrício Queiroz, ex-paraquedista, ex-PM (ninguém conhece mais ex-PMs que os Bolsonaro) e encarregado de contratar fantasmas para o gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro e recolher seus salários para posterior rachadinha com o chefe.

Durante anos, eles serviram à família com dedicação e às claras. Agora que Bolsonaro é presidente e poderiam gozar o poder, são obrigados a fugir, esconder-se —ficaram “tóxicos”. O próprio Bolsonaro quer vê-los longe, e está conseguindo. Adriano virou presunto; Ronnie e Élcio estão num presídio federal em Mossoró, RN; e Fabrício anda sumido, à espera de, segundo disse, “uma pica do tamanho de um cometa” na sua direção.

*Ruy Castro, jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.


Chico Alencar: Desafios do PT aos 40 anos

A direita viralizou a falsa ideia de que a corrupção de 500 anos tinha sido inaugurada pelo petismo

Há 40 anos, o Partido dos Trabalhadores foi importante novidade no cenário político do país. Partidos de caráter nacional, com doutrina e base militante, só surgiram entre nós depois do Estado Novo, com a democratização de 1945 — à exceção do Comunista, fundado em 1922. E de movimentos como a Ação Integralista Brasileira e a Aliança Nacional Libertadora, nos anos 30.

Antes, o que tínhamos eram ajuntamentos de interesses aristocráticos: os de “portugueses” e “brasileiros” na época da Independência quase bicentenária, “liberais” e “conservadores” no Império, partidos republicanos à feição das oligarquias provinciais na República Velha.

O PT nasceu na contramão do padrão costumeiro: veio das praças para os palácios. Novidade também na esquerda, chegou criticando ortodoxias e experiências autoritário- burocráticas do “socialismo real”. Não queria ser mera legenda para disputas eleitorais. Não aceitava substituir a cidadania, e sim representá-la e estimulá-la.

Seus documentos inaugurais afirmavam que o socialismo do programa do PT, radicalmente democrático, só o seria se fosse obra de milhões, combatendo todas as desigualdades. Um partido ético, crítico e criativo. Com essas virtudes, cresceu e ganhou influência. Graças a essa nitidez tornou-se, ainda hoje, a despeito da maré montante da antipolítica, a sigla mais reconhecida no cipoal (recém-“renovado”) de legendas de fantasia.

Como é notório, a ampliação da inserção do PT na institucionalidade trouxe contradições. Alcançando evidência parlamentar e conquistando governos, setores de suas direções deixaram de considerá-lo ator entre atores, com diferentes papéis e uma elaboração compartilhada a ser permanentemente revista e encenada na cena pública: a da construção de uma “nova gramática” do poder, inclusive na formulação de uma política econômica alternativa. Ao hegemonismo somou-se uma espécie de “adaptacionismo” — como reconhecem muitos de seus militantes e alguns dirigentes.

Tempus fugit! A base operária que deu “nervo e vida” ao PT não é mais a mesma: novas tecnologias alteraram profundamente o perfil da classe trabalhadora no Brasil, hoje muito segmentada. Diversas funções estão em extinção. A automação e o universo digital geram a chamada “desmaterialização” da produção e o desemprego estrutural. Não se interfere em novas realidades com compreensões obsoletas.

A interação do PT com os movimentos populares se refletiu nas políticas sociais que desenvolveu quando no poder central. Faltaram reformas estruturantes, democratizantes, profundas: a política, a tributária, a agroecoambiental, a do Estado — para este ficar poroso às demandas da sociedade. Justamente quando enfrentou o maior desafio de sua história, sendo governo da República, o PT implementou medidas que não proclamara em campanha e fez alianças — um imperativo na política — desconsiderando fronteiras éticas, mais pragmáticas que programáticas. Em meio a dissensos e desencantos, parte da população passou a percebê-lo como um partido igual aos demais. A direita hoje vitoriosa viralizou a falsa ideia de que a corrupção sistêmica, estrutural e antiga de 500 anos tinha sido inaugurada pelo petismo.

A tendência é que o PT siga sendo uma sigla expressiva eleitoralmente, apesar dos desgastes. O grande desafio, dele e de todas as forças progressistas, inclusive não partidárias, é reconhecer a derrota e os erros, renovar-se (nas pautas e também na linguagem) e vivificar, no imaginário popular, a mística do encantamento político pelos projetos coletivos.

Não se faz autocrítica dos outros. Mas essa boa tradição da esquerda precisa ser revitalizada, com humildade, em todas as suas organizações. Isso é tão importante quanto constituir uma frente democrática, progressista e antifascista, que reencontre os endereços perdidos do nosso povo.

*Chico Alencar é professor e escritor e foi deputado federal pelo PT e pelo PSOL


Elio Gaspari: Conta outra, doutor

A vida e a morte de Adriano da Nóbrega, do Escritório do Crime, tornaram-se duas histórias mal contadas

Ganha um fim de semana em Rio das Pedras quem conseguir montar um cenário plausível para a seguinte situação:

Setenta policiais participam de uma operação para a captura do “Capitão Adriano”, foragido desde o ano passado. Suspeitando-se que ele se escondeu na chácara do vereador Gilsinho da Dedé (PSL), alguns deles formam um triângulo e cercam a casa. Tratava-se de uma área rural, sem vizinhos.

Segundo a versão da polícia baiana, ratificada pelo governador Wilson Witzel (Harvard Fake ’15), “chegamos ao local do crime para prender mas, infelizmente, o bandido (Medalha Tiradentes ’05) que ali estava não quis se entregar, trocou tiros com a polícia e infelizmente faleceu”.

Conta outra, doutor. Ou, pelo menos, conta essa direito. Adriano da Nóbrega estava cercado. O bordão “trocou tiros” é um recurso gasto. Antes da chegada da polícia, o miliciano já fugira da casa onde estava com a família, na Costa do Sauípe, e do esconderijo onde se abrigara, numa fazenda próxima. Os policiais podiam ficar a quilômetros da casa, e o bandido poderia atirar o quanto quisesse, mas continuaria cercado. Se a intenção fosse capturá-lo vivo, isso seria apenas uma questão de tempo. Três dias depois da operação, as informações divulgadas pelas polícias foram genéricas e insuficientes para se entender o que aconteceu.

Na melhor da hipóteses, os policiais foram incompetentes. Na pior, prevaleceu o protocolo de silêncio seguido pelo ex-PM Fabrício Queiroz, chevalier servant da família Bolsonaro e administrador da “rachadinha” de seus gabinetes parlamentares, onde estiveram aninhadas a mãe e a mulher de Adriano. O silêncio de Queiroz é voluntário, o do miliciano foi inevitável. Fica no ar um trecho da fala triunfalista de Witzel, no qual ele disse que a operação “obteve o resultado que se esperava”.

Quando a polícia estava no rastro de Adriano, o ministro Sergio Moro vangloriou-se de ter organizado uma lista dos criminosos mais procurados. Nela estavam 27 bandidos, mas faltava o “Capitão Adriano”. No melhor burocratês, o ministério explicou: “As acusações contra ele não possuem caráter interestadual, requisito essencial para figurar no banco de criminosos de caráter nacional”. Conta outra, doutor. Dois dos listados eram milicianos municipais do Rio de Janeiro. Ademais, a interestadualidade de Adriano foi comprovada na cena de sua morte, com policiais baianos e fluminenses.

O secretário de Segurança do governo petista da Bahia prometeu transparência na investigação da morte do miliciano. Seria uma pena se a cena do tiroteio tiver sido alterada. Numa troca de tiros deveriam existir cápsulas da arma de Adriano. Seria razoável supor que a polícia disparou mais tiros, além dos dois que atingiram o bandido. A cena poderia ter sido filmada, mas isso seria pedir demais, mesmo sabendo-se que se tratava de uma operação de relevância nacional. A captura de Adriano lustraria a polícia e jogaria luz sobre suas conexões. A morte do ex-capitão serviu apenas para aumentar as trevas que protegem essa banda das milícias do Rio.

Faz tempo, uma patrulha do Exército perseguiu outro ex-militar foragido pelo interior da Bahia. Chamava-se Carlos Lamarca. Apesar de ter teatralizado a cena de sua morte, o oficial que comandava a patrulha não falou em troca de tiros. Narrou uma execução.


O que pode definir sucesso de Bolsonaro? Felipe Nunes analisa na Política Democrática online

Em revista da FAP, pós-doutor em ciência política diz que presidente levanta polêmicas pautadas nos desejos mais íntimos das pessoas

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

O professor de comunicação política, eleições e análise de dados na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Felipe Nunes diz que o sucesso do governo de Jair Bolsonaro dependerá de resultados econômicos, os quais, conforme analisa, poderão garantir, ou não, a reeleição do presidente em 2022. Essa análise está publicada na reportagem especial da 15ª edição da revista mensal Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), sediada em Brasília. Todos os conteúdos da publicação podem ser acessados gratuitamente no site da entidade.

» Acesse aqui a 15ª edição da revista Política Democrática online

Nunes é PhD em ciência política, mestre em estatística pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e está produzindo livro sobre a eleição de Bolsonaro em 2018. Segundo ele, depois de o governo passar a etapa da Reforma da Previdência em 2019, o presidente terá de oferecer à população muito mais do que mostrou até agora.

 “Embora a eleição tenha sido em torno dos costumes, o que vai definir o sucesso do governo, ou não, é a pauta econômica”, afirma o professor da UFMG, na reportagem especial da revista Política Democrática online. “Se conseguir ter resultados econômicos expressivos, quando isso se associar à pauta de costumes, ele terá resultado mais expressivo”, acentua.

A pauta econômica, na avaliação de Nunes, estabelece uma linha muito tênue entre o sucesso e o insucesso de Bolsonaro. “Se os resultados econômicos não vierem, a pauta de costumes não será suficiente para convencer a maioria da sociedade e, por isso, manterá unida apenas a base eleitoral mais próxima. Para ganhar uma eleição de novo, ele terá de mostrar resultados econômicos”, enfatiza.

O professor da UFMG observa que Bolsonaro é o primeiro presidente brasileiro a incluir a pauta de costumes e valores na política nacional. “Ele é o primeiro eleito para o cargo com temas que dizem respeito a valores cotidianos, de dentro da casa das pessoas. Isso significa uma quebra de paradigma muito grande. Talvez por isso os políticos brasileiros tenham dificuldade de fazer oposição efetiva ao governo”, afirma o pesquisador.

Nunes reforça que o presidente infla discussões sem caráter técnico, informações e evidências. “Ele move polêmicas pautadas no desejo, no gostar das pessoas, nas preferências mais íntimas que elas têm. As pessoas passaram a discutir política de forma não mais objetiva, mas totalmente emocional, cada uma tentando confirmar aquilo em que já acredita”, diz.

Todos os artigos desta edição da revista Política Democrática online serão divulgados no site e nas redes sociais da FAP ao longo dos próximos dias. O conselho editorial da publicação é composto por Alberto Aggio, Caetano Araújo, Francisco Almeida, Luiz Sérgio Henriques e Maria Alice Resende de Carvalho.

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Míriam Leitão: As polêmicas de Paulo Guedes

Falas desastradas de Guedes em várias situações, mesmo com o contexto, têm criado resistências às reformas

O ministro da Economia tem uma comunicação desastrada e vai criando polêmicas, pedindo desculpas quando uma frase causa mais estrago e, claro, sempre culpando a imprensa, por “tirar do contexto”. Parasita é nome do filme vencedor do Oscar e da última confusão em que Paulo Guedes se envolveu. Não há contexto que salve o que ele disse, ao se referir aos servidores públicos. Ele falava das reformas, em especial da PEC emergencial, para o ajuste em todos os níveis da federação:

— A notícia que eu quero dar. A primeira grande notícia é a seguinte: o Congresso abraçou as reformas, mesmo. O Pedro Paulo está lá com a PEC emergencial dele na Câmara, ela no início estava focada na União, eu tentei botar prefeitos, governadores, todo mundo no jogo, está aí a cláusula de emergência fiscal, o sujeito aperta o botão, é descentralizado.

Em vez de o governo dar ordem e controlar, não é o governo, nós somos uma federação. Se o prefeito quiser ir para o saco, deixa ele ir para o saco, ele foi eleito. Votaram nele, deixa ele depois fugir da polícia, correr lá da população. O problema é dele, se ele não quiser . Agora, se ele quiser, aperta o botão vermelho: Estado de Emergência Fiscal. Na mesma hora abre a porta do céu pra ele. Entra no programa de privatização, vem dinheiro do BNDES, ganha o direito de não dar aumentos automáticos de salários. O governo está quebrado, gasta 90% da receita toda com salário e é obrigado a dar aumento de salário. O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação. Tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa. Tem tudo. O hospedeiro está morrendo e o cara virou um parasita. O dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático. Não dá mais, a população não quer isso: 88% da população brasileira são a favor inclusive de demissão do funcionalismo.

Esse é o contexto. Há a necessidade de reforma administrativa, em todos os níveis de governo. Agora, a fala provocou tanta confusão que o governo pensa em desistir de ter uma proposta própria. O que ele precisa é se comunicar melhor. Naquele dia, ele fez outros estragos. Ainda sobre como funcionaria a PEC emergencial, Guedes deu o seguinte exemplo:

— Prefeito de Quixadá: Não consigo pagar nada à população, os 18 habitantes cercaram a minha casa, estão jogando pedra. Aperta o botão. Pararam os aumentos de salários por um ano e meio a dois. O país cresce 2,5%. Inflação, 4%. Receitas públicas, 7%. Em dois anos, acabou a crise fiscal. Ou seja, se você não fizer nada... Conversando com amigos políticos eu falo assim: se vocês forem para a casa dormir, está tudo certo, consertou tudo. Agora, para produzir uma crise fiscal, vocês têm que voltar e fazer merda sistematicamente. Tem que vir e aprovar. Se trabalhar, periga atrapalhar.

Vários erros numa única fala. Segundo o IBGE, Quixadá, no Ceará, tem 87 mil habitantes, e não 18. Se parar os aumentos de salários, a crise fiscal não acaba. O pior erro que se pode cometer é subestimar a complexidade da crise fiscal no Brasil. E por fim, o ministro ofende os políticos em geral, o que reitera logo depois ao falar de deputados no cargo de ministro:

— Fica meia dúzia de caras querendo se consagrar como ministro, cada um desenha o seu superplano. Eu estava pensando em fazer uma ponte para a lua. O outro queria fazer a transposição do Rio Amazonas para quem sabe desembocar no Pacífico e a gente pode então fazer uma comunicação direta com a China. Cada um pensa o seu negócio que vai torná-lo importante e ele vai virar governador no próximo mandato se a obra for importante. E se parar tudo depois? Problema de quem vier depois.

Em outro momento, ele falou do STF:

— No pacto federativo, desenhamos como um livro. Vamos criar um ritual fiscal. Ter a cumplicidade do TCE, do TCU, criando referências. O STF, que de vez em quando dá um parecer que custa R$ 100 bi. Importante que ele entenda.

Foi por falar assim que Guedes produziu outros atritos: ofendeu a mulher de Macron para confirmar o que Bolsonaro dissera, “ela é feia mesmo”. Em conversa com jornalistas em Washington, disse “não se assustem, então, se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”, disse ecoando Eduardo Bolsonaro. Em Davos, afirmou que “as pessoas destroem o meio ambiente para comer”. Ele se explica, às vezes pede desculpas, sempre culpa a imprensa. O problema é que os atritos que cria acabam se refletindo na economia.


Luiz Carlos Azedo: Inflamável

“O pano de fundo da disputa entre Bolsonaro e governadores é a tabela de frete rodoviário, cuja constitucionalidade será julgada pelo STF. Há inquietação entre os caminhoneiros”

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro, ontem, na reunião dos governadores, por causa da queda de braço envolvendo a questão dos combustíveis. Bolsonaro havia desafiado os governadores a zerar a cobrança de ICMS sobre combustíveis, prometendo fazer o mesmo.

“Estamos trabalhando em uma postura de que, em primeiro lugar, se trata as coisas sérias de uma forma séria. Essa questão de impostos é uma questão tributária, é uma questão muito séria. Então, o presidente da República deveria ter reunido primeiramente sua equipe econômica antes de entrar em um debate tão criminoso como esse, que é o debate de quebrar todos os estados, inclusive a Federação, prejudicando aqueles que são mais pobres”, declarou Ibaneis.

Presente à reunião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou apagar o incêndio e disse que a redução dos impostos sobre combustíveis só pode ser um objetivo de médio e longo prazos. O ICMS sobre combustíveis é o único imposto cobrado no destino, e não na origem, como os demais, sendo uma das principais fontes de receita dos estados.

“Nós, governadores, estamos apanhando há 15 dias, de todo mundo, inclusive do senhor e do presidente”, disse Ibaneis ao ministro Guedes. Porta-voz do encontro, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, disse que “Guedes sabe que só pode reduzir a carga tributária a partir da aprovação do pacto federativo e da reforma tributária. Não é um assunto que pode ser resolvido imediatamente”.

O pano de fundo da disputa entre Bolsonaro e os governadores é a tabela de frete dos transportes rodoviários, cuja constitucionalidade será julgada no próximo dia 19 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Há grande inquietação entre os empresários do setor de transportes e os caminhoneiros avulsos, que ameaçam fazer uma nova greve. O tabelamento do frete foi aprovado pelo Congresso após a greve dos caminhoneiros, no governo Michel Temer, em 2018. Na época, Bolsonaro apoiou o movimento, conquistando apoio maciço dos caminhoneiros.

Nos bastidores do Supremo, é dada como certa a inconstitucionalidade da tabela de frete, cujo julgamento fora adiado pelo ministro Luiz Fux, relator do caso, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). A tabela em vigor trouxe como novidade no cálculo de valor a obrigação do pagamento do frete de retorno para algumas cargas, como combustível.

O texto também incluiu a cobrança de diárias de estadia e de refeição do caminhoneiro e um novo tipo de carga, a pressurizada. Com isso, a regulamentação passou a abranger, ao todo, 12 categorias. Além do aumento no preço dos fretes, os caminhoneiros querem ampliar a pauta para redução do diesel, com a exigência, por exemplo, de uma alíquota única de ICMS sobre os combustíveis para todos os estados. O combustível representa 38% dos custos do transporte rodoviário.

Jogou a toalha
Não foi só em relação à cobrança do ICMS que o governo recuou. Após a posse do ex-deputado Rogério Marinho no Ministério do Desenvolvimento Regional, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), anunciou que o Palácio do Planalto desistiu de encaminhar ao Congresso o seu projeto de reforma administrativa.

A forte reação dos servidores públicos e dos políticos às declarações do ministro Paulo Guedes sobre os servidores, nas quais comparou-os a parasitas, inviabilizou qualquer possibilidade de o governo manter essa iniciativa. O que está se discutindo, agora, é aproveitar uma emenda constitucional em tramitação numa das Casas para fazer uma reforma de iniciativa do Congresso, com certeza bem mais branda do que a pretendida por Guedes.

Repete-se a situação da reforma tributária, que o governo também desistiu de encaminhar ao Congresso. Câmara e Senado vão compor uma comissão mista para examinar a proposta do deputado Baleia Rosssi (MDB), que se baseia no projeto do economista Bernardo Appy.

Em contrapartida, os líderes do Congresso e o Palácio do Planalto entraram em acordo sobre os vetos do presidente Bolsonaro às emendas do Orçamento da União de 2020, que previa a liberação de R$ 30, 6 bilhões em emendas selecionadas pelo relator e por comissões. O Legislativo devolverá ao governo o poder de definir o destino de R$ 10,5 bilhões. As emendas individuais (R$ 9,6 bilhões) e as de bancadas (R$ 5,4 bilhões) são de liberação obrigatória.

http://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-inflamavel/


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