meio ambiente

O Globo: Brasil termina 2017 com número recorde de queimadas desde 1999

Foram registrados cerca de 272 mil focos de fogo, 46% a mais do que no ano passado

Por Cleide Carvalho

SÃO PAULO — O Brasil termina 2017 com um número recorde de queimadas desde 1999, quando teve início a série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A análise dos locais onde os incêndios ocorreram mostra que, neste ano, o fogo aumentou em áreas de floresta natural, avançando em pontos onde antes não havia registro de chamas, e atingindo unidades de conservação e terras indígenas. Entre todos os biomas, o Cerrado foi o que teve mais unidades de conservação atingidas, contabilizando 75% de toda a destruição nas áreas protegidas.

Até agora, foram registrados cerca de 272 mil focos de fogo, 46% a mais do que em 2016 e acima do recorde anterior, de 2004, quando foram detectados 270 mil pontos de calor. Incêndios criminosos destruíram 986 mil hectares de unidades de conservação, o que corresponde a quase oito vezes a área da cidade do Rio. O número ficou próximo do registrado no ano passado, quando foram destruídos cerca de 1 milhão de hectares. Nas terras indígenas, os focos aumentaram 70% e ultrapassaram 7 mil.

— O fogo aumentou em áreas de floresta natural, onde não chegava antes — afirma Alberto Setzer, responsável pelo monitoramento de queimadas do Inpe.

Setzer diz que houve mais descontrole do fogo em 2017. Segundo ele, o Inpe ainda não terminou o cálculo da área afetada pelos incêndios. Enquanto os pontos de queimada são identificados por radar, a área destruída é somada por meio de estudos aprofundados. Em janeiro o Inpe deverá ter dados precisos sobre o Cerrado, por exemplo.

Apesar da grande quantidade de incêndios, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) teve o mesmo número de brigadistas de 2016 (1.170). Já o Ibama teve mil profissionais, o menor número desde a criação do sistema de prevenção e combate a incêndios florestais.

Embora o Cerrado tenha tido, proporcionalmente, mais unidades de conservação atingidas, a Amazônia concentrou mais da metade dos focos de queimadas em 2017, segundo dados do ICMBio. Na avaliação de cientistas, dois anos consecutivos de seca e estiagem prolongada tornaram os incêndios florestais mais graves. Clareiras abertas por madeireiros; corte de árvores maiores e mais nobres, as chamadas estruturantes das florestas; e desmatamento, que reduz a água no subsolo, estão mudando o microclima da floresta: ela está mais fragilizada e inflamável.

— Antes o fogo morria na beira da floresta. Agora já não morre e adentra na mata fechada — afirma Gabriel Zacharias, chefe do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo).

De acordo com Zacharias, é preciso entender o que aconteceu este ano, já que as condições climáticas não foram tão diferentes da média.

— Com a sequência de anos secos, a parte de floresta que está sujeita a morrer está ficando maior. Há um déficit de água no solo e as clareiras abertas na floresta pelos desmatamentos permitem entrar mais sol. Para cada árvore que tiram, outras 50 são danificadas — diz Paulo Barreto, do instituto de pesquisa Imazon.

MICROCLIMA MUDA E PERMITE AVANÇO DO FOGO

Douglas Morton, geocientista da Nasa, antecipou ao GLOBO que a área queimada nos últimos dois anos na Amazônia foi muito maior do que a destruída nas secas de 2005 e 2010. Ele diz que, se antes o fogo entrava um ou dois quilômetros dentro da floresta, agora as chamas avançam até 100 quilômetros, por causa da mudança do microclima, o que torna quase impossível o trabalho dos brigadistas.

Um teste feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) em Querência, no Mato Grosso, na região do Xingu, mostrou que depois de três anos de queimadas o poder do fogo aumentou. Antes, apenas 10% das árvores morriam. Agora, morrem 80% delas. E são justamente as maiores e com troncos mais grossos que sucumbem.

No Mato Grosso, por exemplo, segundo estado com maior número de focos de incêndios em 2017, o governo proibiu queimadas entre 15 de julho e 30 de setembro, o período mais seco do ano. De pouco adiantou. Neste período o Inpe identificou 31.599 focos no estado, a maior parte em Colniza, palco da chacina de nove trabalhadores rurais em abril e da morte do prefeito Esvandir Antonio Mendes (PSB) na sexta-feira.

O Código Florestal, que entrou em vigor em 2012, prevê que só é possível responsabilizar alguém pelo uso irregular do fogo, se a pessoa for pega em flagrante. Houve incêndios criminosos este ano em parques nacionais importantes, como o da Chapada dos Veadeiros (Goiás) e da Serra da Canastra (MG), onde fica a nascente do Rio São Francisco.

— Como pegar em flagrante? É quase impossível. No Mato Grosso, ninguém deu bola para a proibição — diz Setzer, do Inpe.

Christian Berlinck, coodenador de Emergências Ambientais do ICMBio, conta que nas áreas de proteção os criminosos chegam a usar artefatos de retardo do fogo, para que o incêndio de grandes proporções comece pelo menos 10 minutos depois de provocado. Mas o que leva alguém a queimar florestas tão importantes?

— O pano de fundo são os conflitos fundiários. As pessoas querem a terra e, quando não conseguem ocupá-la, queimam — diz Berlinck.

Na Serra da Canastra, por exemplo, o fogo costuma ser uma reação às tentativas frustradas de reduzir o tamanho do parque. O Parque Nacional do Araguaia (TO), por exemplo, sofre com queimadas causadas pela renovação de pasto no entorno.


Míriam Leitão: MP vai combater em duas frentes 

 

A gestão de Raquel Dodge terá preocupação com direitos humanos, desmonte da Funai, minorias e meio ambiente. E manterá o combate à corrupção, ou a “depuração do país”, como a nova procuradora-geral disse. Assuntos que estavam fora do foco passarão a ter. “Mesmo que nossa ação não tenha destaque na imprensa, nós olharemos para estes temas”, promete o vice-procurador-geral, Luciano Mariz Maia.

Aposse foi marcada pelo conflito explícito entre as duas lideranças do Ministério Público, mas a transição foi tranquila, disseram fontes dos dois lados. Procuradores ligados a Janot e ligados a Raquel contam que o clima no grupo de transição, que trabalhou nos últimos dias, foi colaborativo, mas nenhuma informação sigilosa da Lava-Jato foi passada:

— Ela dizia que só seria a procuradora-geral quando fosse a procuradora-geral. E, enquanto isso, ela só poderia ter acesso a informações sigilosas por decisão judicial. Como não houve, nem ela pediu, só agora é que começaremos a tomar conhecimento dos assuntos — disse um dos seus assessores diretos.

Além do mais, havia uma preocupação entre assessores da nova procuradora: se ficassem a par de tudo antes, as confusões de uma gestão poderiam contaminar a outra. Há uma impressão entre o grupo da procuradora-geral de que haverá daqui para a frente menos eventos na Lava-Jato. Mas não é verdade, segundo dizem alguns procuradores que lidam com o tema. Ainda há muito a se revelar e muitas providências para serem tomadas. Assessores do ex-procurador-geral Rodrigo Janot negam que houve correria no fim do mandato para enviar a segunda denúcia, apenas uma decisão coerente:

— Os quatro processos — do PT, PP, PMDB do Senado e PMDB Câmara — devem ser lidos juntos, porque são, na verdade, os mesmos delitos. Por isso Janot precisava enviar a denúncia contra o PMDB da Câmara antes de sair, para fechar esse ciclo — disse um assessor do ex-procurador-geral.

Por que Janot não foi? Essa era uma pergunta frequente entre as mais de 600 pessoas presentes na posse da nova procuradora-geral. Os dois lados admitem que Janot e Raquel nunca se entenderam, que houve brigas pessoais e diferenças fortes de estilo. Mas houve também complicadores. Todo o credenciamento ficou a cargo da presidência e era um funil ao qual Janot não queria se submeter. Se ele fosse, não estaria na mesa, apenas na plateia, em algum ponto de destaque longe o suficiente do seu duplamente denunciado Michel Temer.

Raquel Dodge estava na Procuradoria-Geral dos Direitos Humanos quando houve um esforço forte no combate ao trabalho escravo. Sua atuação provocou um recuo da prática e punição aos culpados, como, por exemplo, no processo que condenou o ex-presidente da Câmara Inocêncio Oliveira. Raquel Dodge estava no comando da Operação Caixa de Pandora, primeira operação de combate à corrupção a prender um político no exercício do cargo, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.

O que ela quer é permanecer no esforço da Lava-Jato e ao mesmo tempo abrir o leque das outras questões que na visão do seu grupo foram deixadas de lado. É isso que ela quis dizer quando afirmou no discurso que o Ministério Público tem “a obrigação de exercer com igual ênfase a função criminal e a de defesa dos direitos humanos”. Fontes da Lava-Jato garantem que não há preocupação de que a gestão dela reduza o combate à corrupção. Mas só um integrante da Força-Tarefa de Curitiba esteve presente ontem na posse.

Seja como for, em qualquer das duas áreas, o MP terá que confrontar o presidente Temer. Na área criminal, ele é hoje um denunciado pelo Ministério Público. Nas outras questões, o governo Temer tem sido marcado por ameaças ao meio ambiente, como a desafetação da Floresta de Jamanxin, por nomeações polêmicas para a direção da Funai. “É a maior agência de proteção dos direitos dos indígenas no mundo”, define o vice-procurador-geral.

A nova procuradora-geral será mais discreta em tudo, falará menos com a imprensa, terá menos frases-flecha, tem uma equipe mais fechada. Mas é impossível fazer com discrição o trabalho de “depuração” de um país, por isso suas ações acabarão tendo repercussão. Portanto, não haverá paz entre Ministério Público e o governo Temer.

 


Folha de S. Paulo: Estudo acha 381 novas espécies na Amazônia, várias já ameaçadas

Na Amazônia, entre 2014 e 2015, foram descobertas 381 novas espécies de plantas e vertebrados –uma média de cerca de um novo ser vivo a cada dois dias. Esses novos animais e vegetais, contudo, já chegam ao conhecimento de cientistas e da população sob a sombra do perigo de extinção.

PHILLIPPE WATANABE
DE SÃO PAULO

A compilação das novas espécies amazônicas faz parte de um novo relatório da WWF-Brasil, feito em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). Outras duas publicações do tipo (relativas aos períodos de 1999-2009 e 2010-2013) já haviam sido feitas.

Entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015, foram descritas em revistas científicas 381 espécies amazônicas: 216 plantas, 93 peixes, 32 anfíbios, 19 répteis, 1 ave e 20 mamíferos (sendo 2 deles fósseis).

"Estamos longe de conhecer a Amazônia. Algumas estimativas falam que conhecemos menos de 40% das espécies vegetais. É uma curva de possibilidade de catalogação enorme", afirma Ricardo Mello, coordenador da Amazônia do WWF-Brasil.

O relatório ainda deixa de fora as descobertas de insetos e outros invertebrados, que constituem a maior parte da fauna amazônica.

O macaquinho zogue-zogue-rabo-de-fogo (Plecturocebus miltoni) foi um dos animais descobertos no período destacado no relatório. O mamífero foi avistado pela primeira vez em 2010, mas a descrição oficial da espécie só se completou em 2014.

Também levou algum tempo até a descrição do poaieiro-de-Chico-Mendes (_Zimmerius chicomendesi) –que homenageia o ambientalista Chico Mendes, assassinado em 1988–. O pássaro foi ouvido (sim, ouvido) pela primeira vez em 2009 e dados mais completos só foram obtidos em anos posteriores.

Uma nova espécie de boto também faz parte do relatório de descobertas. É o Inia araguaiaensis, encontrado na bacia do rio Araguaia.

"Com esse tipo de levantamento, conseguimos identificar locais prioritários de conservação", diz Mello. Segundo ele, vários dos animais que acabam de chegar ao conhecimento de pesquisadores já estão ameaçados.

"O zogue-zogue-rabo-de-fogo se encontra no sul do Amazonas, em uma das áreas que mais sofre pressão por desmatamento", afirma Mello.

O recém-descoberto boto, devido a sua distribuição restrita, população estimada em cerca de mil indivíduos e possivelmente baixa diversidade genética, também já está em risco.

Segundo Mello, um dos objetivos do relatório é que a Amazônia "deixe de ser uma incógnita para a população".


chaminés de indústrias soltando fumaça no espaço

José Eli da Veiga: Aquecimento global, a humanidade com prazo de validade

Publicado no Jornal da USP, em 09/02/2017

Nas colunas anteriores, o professor José Eli da Veiga abordou oito dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Retomando o tema na primeira coluna deste ano, o professor fala sobre o sétimo dos ODS, que trata de energias renováveis.

Para o professor, o esforço feito até aqui para resolver o problema do aquecimento global está aquém do necessário. “É certeza que um dia a espécie humana se extinguirá, e há cenários que permitem vislumbrar uma aceleração. A primeira ameaça são os arsenais nucleares e a segunda é a elevação das temperaturas”, enfatiza.

aquecimento global
Relatório do Programa Apollo Global para combater a mudança climática mostrou que, desde 1980, despencou de 11% para 4% a participação do conjunto dos projetos energéticos no orçamento global de pesquisa – Foto: Andrey Armyagov/Nasa

Brasil: Vanguarda Ambiental e Agrícola

Foi-se o tempo em que o Brasil era grassado como o país do futebol. Talvez menos pelos deméritos recentes de nossa seleção canarinho e muito mais pelo amadurecimento de outras vocações nacionais, hoje podemos nos orgulhar de ostentarmos uma condição ímpar: somos uma grande potência agrícola e somos, ao mesmo tempo, a grande potência ambiental do planeta. Apesar do aparente paradoxo, o Brasil está conseguindo avançar simultaneamente nestas duas direções: produzir cada vez mais alimentos para o mundo e preservar recursos naturais para as futuras gerações. Ao contrário do que muitos apregoam, não são caminhos opostos, pelo contrário, são simbioticamente complementares.

O Brasil guarda 12% da água doce do mundo, tem 500 milhões de hectares de florestas, 350 milhões de hectares de áreas marinhas e 2 milhões de espécies vivas distribuídas em 6 diferentes biomas. Ao mesmo tempo, produz 200 milhões de toneladas de grãos por ano, é o maior produtor de soja, café, açúcar, laranja e o segundo maior exportador mundial de produtos agropecuários.

O Brasil optou por reservar mais de 60% de seu território para preservação ambiental. Não estamos falando de áreas inóspitas ou inabitáveis. São terras que poderiam ser convertidas e destinadas ao aproveitamento econômico. No entanto, de forma muito sábia e corajosa, o povo brasileiro decidiu destinar à exclusiva proteção de nossa riquíssima biodiversidade quase dois terços das terras brasileiras. Enquanto isso, a agricultura, que ocupa apenas 8% do território nacional, graças à sua extraordinária pujança e desenvolvimento tecnológico, é a grande responsável por garantir a segurança alimentar e energética do mundo, agora e principalmente no futuro.

Esta nossa realidade, sem paralelo no cenário planetário, descortina para nós um tempo vindouro especialmente promissor. Temos em nosso país uma incomparável vantagem comparativa e estratégica: conseguimos preservar nossa biodiversidade ao mesmo tempo que nos tornamos os grandes fornecedores mundiais de comida, de energia renovável e, sobretudo, de imprevisíveis e reveladoras descobertas científicas sobre nosso preciosíssimo patrimônio genético, já que 90% dele ainda é desconhecido.

Nesta semana do meio ambiente, vale a pena fazer um resumo de como conseguimos chegar nesta privilegiada situação. Especialmente em São Paulo, seguindo diretriz do Governador Alckmin, existe um esforço permanente para fazer com que nossa agricultura fique na vanguarda da sustentabilidade. Este esforço é de nossas universidades, entidades da sociedade civil, institutos de pesquisa e de milhares de profissionais e agricultores que se dedicam a experimentar técnicas de sustentabilidade.

Comemoramos recentemente inúmeras novidades na área do controle biológico de pragas e doenças por meio da utilização de ácaros predadores, fungos, parasitas, nematoides e insetos, conforme pesquisas desenvolvidas por nosso Instituto Biológico. Estas novas tecnologias são capazes de substituir a utilização de agroquímicos, não deixam resíduos, não afetam a saúde de ninguém e não causam impacto ambiental relevante. Quanto à preservação dos solos e das águas, editamos novas normas para melhor a aplicação de técnicas de manejo e plantio, especialmente para a cana-de-açúcar. Por meio dos exitosos programas “Integra” e “Nascentes”, financiamos a recuperação de áreas degradadas e incentivamos fortemente a recuperação de matas ciliares. O programa “Melhor Caminho” recupera estradas vicinais e, sobretudo, ensina técnicas de conservação que evitam erosões e assoreamentos. O programa “Aplique Bem” qualifica profissionais para o uso racional de agroquímicos e nossas equipes de extensão rural da CATI difundem as técnicas de plantio direto, tratamento de dejetos animais, biodigestão ou compostagem de materiais orgânicos e carcaças, nitrogenação biológica de solos, integração lavoura-pecuária-floresta, recuperação de pastagens degradadas, Sistemas Agro-Florestais e outras voltadas à agricultura ecológica e orgânica. Nosso Instituto de Zootecnia tem desenvolvido técnicas extraordinárias para dar mais precocidade aos rebanhos (como é o caso do Boi 777, cujo ciclo completo até o abate é de apenas 21 meses), fortificação de leite, melhoria da nutrição animal, etc. O Instituto Agronômico, que completa 129 anos neste mês, não cansa de lançar novos cultivares, mais resistentes à estresse hídrico, às pragas e que melhoram a produtividade de nossa agricultura. O Instituto de Tecnologia de Alimentos desenvolve técnicas para o melhor aproveitamento dos alimentos e o Instituto de Pesca tem conseguido resultados importantes no repovoamento de nossa fauna aquática. Estamos na reta final da elaboração do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) paulista e fizemos recentemente um aprofundamento da compreensão e planejamento para o desafio de Segurança Alimentar X Mudanças Climáticas. Tudo isso representa uma agricultura harmônica com o meio ambiente e de baixa emissão de Gazes de Efeito Estufa. É a agricultura de baixo carbono que garante produtividade no campo ao mesmo tempo que cumpre nossa missão de combater o agravamento das mudanças climáticas.

Além de todas estas tarefas que exigem compromisso com a preservação ambiental, sabemos que a melhoria da renda de quem mora no campo é um grande aliado da conservação. Por isso, ainda para comemorar a semana do meio ambiente, no último dia 31 assinamos 134 projetos para o desenvolvimento rural de associações ou cooperativas de pequenos produtores agrícolas, com aporte financeiro de R$ 58 milhões a fundo perdido por meio do programa “Microbacias II”. Fomentar o progresso sustentável dos pequenos agricultores é diretriz do Governo de São Paulo que seguimos à risca com efeitos extremamente benéficos do ponto de vista ambiental.

Finalmente, com orgulho, podemos afirmar que São Paulo foi o primeiro aluno da classe no cumprimento da hercúlea tarefa de inscrever posses e propriedades rurais no Cadastro Ambiental Rural – CAR. Se pegarmos como base os dados do IBGE, que servem de parâmetro para medir performance do cadastramento nos estados brasileiros, São Paulo atingiu 100% da área cadastrável. Isto é um feito notável, só atingido graças ao empenho de milhares de profissionais, do setor público e privado, que demostraram ser apuradíssima a consciência ambiental dos agricultores paulistas. Nosso próximo passo será dar início ao Programa de Regularização Ambiental – PRA das propriedades rurais, confirmando que São Paulo sabe produzir ao mesmo tempo em que conserva.

Muito mais do que petróleo, o mundo precisará nos próximos 30 anos de comida, água potável e energia limpa. Precisará de medicamentos, fibras, compostos e descobertas científicas. São Paulo e o Brasil estão prontos para se inserir neste futuro promissor como grandes protagonistas. Vamos ao futuro!


Arnaldo Jardim – Deputado federal licenciado (PPS-SP) e Secretário de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo

Rubens Rizek – Foi Secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e atual Secretário Adjunto de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo


No Dia do Meio Ambiente, o #ProgramaDiferente entrevista Fabio Feldmann e debate os efeitos práticos da COP21, seis meses depois

Para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente, neste 5 de junho, o #ProgramaDiferente entrevista um dos ambientalistas pioneiros do Brasil, Fabio Feldmann, e debate os efeitos práticos da COP21, seis meses após a sua realização em Paris. Assista.

Como está o "clima" da sustentabilidade no Brasil? Quais são as contradições entre aquilo que o Governo Dilma prometeu fazer na Conferência do Clima, em dezembro do ano passado, e aquilo que de fato está colocando em prática?

Os convidados do debate são três jornalistas: Ana Carolina Amaral, mestre em ciências holísticas pelo Schumacher College, moderadora da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e que cobriu a COP21 para a Revista Época; Reinaldo Canto, especializado em sustentabilidade e consumo consciente, professor de gestão ambiental, colunista da Revista CartaCapital e também presente à COP21; e Dal Marcondes, fundador e diretor do site Envolverde, profissional especializado em jornalismo econômico e em ciência ambiental.

Com o perdão do trocadilho, mas será que em seis meses já mudou o clima de festa sobre o acordo climático para um certo pessimismo? Qual era o ideal, o que foi possível e qual é hoje o cenário real sobre o clima no mundo? Quais as novidades sobre desenvolvimento sustentável, aquecimento global, economia de baixo carbono, mudança da matriz energética? Como fazer a sustentabilidade deixar de ser apenas um rótulo moderninho?


Novo relatório da ONU mostra que dano ambiental cresce, mas pode ser revertido se agirmos agora

Os resultados das mudanças climáticas para o planeta estão mais evidentes do que os cientistas previram, alertou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) nesta quinta-feira (19). Se os problemas estão mais evidentes, por outro lado, é possível revertê-los, desde que os governos comecem a agir imediatamente.

Essas são algumas das conclusões do estudo Previsão Meio Ambiental Global (GEO-6, na sigla em inglês), apresentado em Nairóbi, no Quênia. Trata-se do último e mais exaustivo trabalho realizado pelo PNUMA que, através de seis relatórios regionais, mostra como a ameaça do clima no planeta está aumentando de intensidade de forma preocupante – com efeitos em todas as regiões.

Entre os motivos apresentados para tais consequências pelo mundo estão o aumento da população, a rápida urbanização, os crescentes níveis de consumo, a desertificação e a degradação do solo. Todos esses fatores provocaram uma grave escassez de água e puseram em risco a segurança alimentar de centenas de milhões de pessoas. Porém, os especialistas também avaliam que é possível reverter consequências importantes como a destruição de ecossistemas marítimos e o crescente nível de poluição do ar. As cidades não apenas ajudam nesses problemas, mas também são parte importante na solução deles.

“Se esta tendência continuar e o mundo não conseguir melhorar os padrões atuais de produção e de consumo, se não conseguirmos utilizar os recursos naturais de forma sustentável, o estado do meio ambiente seguirá piorando”, lamentou em entrevista coletiva o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.

Os relatórios, feitos com a contribuição de 1.203 cientistas, são uma antecipação da segunda Assembleia Meio Ambiental das Nações Unidas, que ocorre na próxima semana em Nairóbi. A América Latina e o Caribe, que têm nos produtos primários e nos recursos naturais 50% de todas as suas exportações, além de uma taxa de urbanização elevada, precisam começar a desvincular o seu crescimento econômico do consumo de recursos. Veja a análise dos cientistas para quatro áreas-chave desta região:

Qualidade do ar

As emissões de gases do efeito estufa estão crescendo na América Latina como resultado da urbanização, que traz crescimento econômico, mas também de consumo de energia, além das alterações no uso do solo. Todas essas transformações afetam a qualidade do ar. A maioria das cidades da região que têm dados registrados estão com concentrações de matéria particulada acima das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, há progressos a partir da redução do uso de substâncias que afetam a camada de ozônio e a eliminação do uso de chumbo na gasolina. Estima-se que 100 milhões de pessoas vivem em áreas suscetíveis à contaminação do ar na América Latina, a maioria nas cidades, que são locais mais densamente povoados. Em 2012, 138 mil mortes foram atribuídas à contaminação do ar.

Saúde dos oceanos, mares e costa

O desenvolvimento mal gerido na região costeira ameaça a fauna e a flora marinha em todo o continente. Há degradação de hábitats importantes, que podem causar escassez de recursos naturais e impactos na biodiversidade. Essas áreas também estão mais suscetíveis a desastres naturais. Além disso, o aumento no nível do mar afeta cerca de 29 milhões de pessoas que vivem em áreas costeiras na América Latina, sujeitas a inundações. Regiões densamente urbanizadas, com grandes cidades à beira mar, como no Brasil, estão mais suscetíveis a enfrentar problemas.

Perda de hábitats e degradação da terra

A América Latina e o Caribe contêm 12 dos 14 biomas do mundo e 191 das 867 eco regiões únicas no mundo. De 2001 a 2013, 17% das terras aráveis e 57% das pastagens foram estabelecidos em florestas derrubadas para esse propósito. Há uma gestão insustentável do uso da terra, dizem os cientistas. A demanda regional e internacional para a produção agrícola, carne de gado, madeira, petróleo e mineração, juntamente com as condições socioeconômicas adversas e a necessidade de investimento estrangeiro, colocam pressão sobre os legisladores da região a dar prioridade a metas de curto prazo que podem resultar em uma degradação da terra.

Biodiversidade

De 60% a 70% de toda a vida conhecida na Terra vem da América Latina e do Caribe. Sem limitações ao desenvolvimento urbano e agrícola, essa riqueza continuará ameaçada. A mudança do uso da terra continua sendo a maior ameaça, sem contar outros impactos como a contaminação, a superexploração, o turismo não sustentável e a invasão de espécies. Mesmo com a taxa de desmatamento tenha caído recentemente, ainda são derrubados 2,18 milhões de hectares ao ano. Os estudos também mostraram que, mesmo com a redução no desmatamento, não houve uma desaceleração na perda de biodiversidade, que continua aumentando.

O que fazer?

Veja as recomendações gerais dos cientistas para a América Latina e o Caribe:

- Os governos precisam encontrar soluções inovadoras para permitir a dissociação entre o crescimento económico e o consumo de recursos;

 - Reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diversificar as fontes de energia será fundamental para a região. Esse tipo de mudança será crítica nas cidades, responsáveis por 70% das emissões em escala global;

 - Os governos precisam investir em soluções baseadas nos ecossistemas para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a adaptação;

 - Aumento do investimento em investigação científica e desenvolvimento da capacidade de recolher e aplicar dados baseados em pesquisas para reforçar a interface entre ciência e política;

- Uma coordenação intergovernamental mais forte e mais focada em nível regional e sub-regional irá melhorar as questões de governança que são de prioridade regional.


Por Bruno Felin - The City Fix Brasil

Matéria publicada orginalmente no portal The City Fix Brasil.


ONU-Habitat publica versão em português de Diretrizes Internacionais sobre planejamento urbano

Documento contém recomendações para o aprimoramento de políticas urbanas e territoriais. Segundo o ONU-Habitat, o planejamento inadequado contribui para o surgimento de favelas e para a segregação e desigualdade social; acesse aqui as Diretrizes em português.

O Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) publicou no mês de março a versão em português das suas Diretrizes Internacionais para Planejamento Urbano e Territorial.

O documento contém orientações para o desenvolvimento de políticas adequadas e abrangentes, que levem em consideração os vínculos entre o planejamento urbano e territorial e áreas como o desenvolvimento socioeconômico sustentável, o meio ambiente e a governança.

Acesse a versão em português das Diretrizes Internacionais aqui.

Segundo o ONU-Habitat, planos e projetos urbanos inapropriados levam à distribuição espacial inadequada de pessoas e atividades, contribuindo para a proliferação das favelas, o aumento dos congestionamentos, a segregação e desigualdade social, a degradação ambiental e a limitação do acesso a serviços básicos.

Com as Diretrizes, o Programa da ONU oferece um conjunto de referências para a reforma e concepção de políticas urbanas. As recomendações foram elaboradas com base em experiências nacionais e locais, das quais foram extraídos princípios universalmente aplicáveis e adaptáveis a diferentes contextos.

O documento considera que o planejamento urbano e territorial é “uma pré-condição para uma qualidade de vida melhor e processos bem-sucedidos de globalização que respeitem patrimônios e diversidade cultural”.

Para o ONU-Habitat, a concepção de projetos para cidades e territórios não se reduz apenas a ferramentas técnicas. De acordo com a agência da ONU, trata-se de um verdadeiro processo de tomada de decisões, que lida com interesses competitivos e está associado a estratégias de desenvolvimento.

Além de divisões temáticas, as recomendações das Diretrizes estão segmentadas também segundo as responsabilidades e possíveis contribuições de grupos específicos, como os diferentes níveis de governo, as organizações da sociedade civil e os profissionais de planejamento.

Fonte: nacoesunidas.org


O #ProgramaDiferente debate o "clima" depois da Conferência de Paris, o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente no Brasil e no mundo

O #ProgramaDiferente, da TVFAP.net, debate o meio ambiente e o "clima" no Brasil pós-COP21, o desenvolvimento sustentável e as contradições entre aquilo que o Governo Dilma prometeu fazer na Conferência do Clima, em dezembro do ano passado, em Paris, e aquilo que de fato está colocando em prática. Assista.

Os convidados são três jornalistas: Ana Carolina Amaral, mestre em ciências holísticas pelo Schumacher College, moderadora da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e que cobriu a COP21 para a Revista Época; Reinaldo Canto, especializado em sustentabilidade e consumo consciente, professor de gestão ambiental, colunista da RevistaCartaCapital e também presente à COP21; e Dal Marcondes, fundador e diretor do site Envolverde, profissional especializado em jornalismo econômico e em ciência ambiental.

Com o perdão do trocadilho, será que já mudou o clima de festa sobre o acordo climático para um certo pessimismo? Qual era o ideal, o que foi possível e qual é hoje o cenário real sobre o clima no mundo? Quais as novidades sobre aquecimento global, economia de baixo carbono, mudança da matriz energética? Como fazer a sustentabilidade deixar de ser apenas um rótulo moderninho?