Mauricio Huertas

Maurício Huertas: Um partido pra chamar de meu!

Antes de mais nada, frente à descrença generalizada na política, nas mãos desses políticos populistas, hipócritas, corruptos e fisiológicos envolvidos nos mais tenebrosos escândalos, dessa polarização burra e odiosa que divide o Brasil em bolhas ideologizadas e idiotizadas, a dúvida é: será que eu ainda preciso de um partido pra chamar de meu? A resposta, por mais incrível e antiquada que pareça, é SIM!

Se queremos um mundo melhor, mais justo e mais plural, sem preconceito e intolerância, menos desigual, violento e inseguro, com oportunidades para todos, temos que ocupar todos os espaços disponíveis e fazer valer a nossa voz. Ter a liberdade de sermos quem nós somos, o direito de expressar os nossos sentimentos, a garantia de correr atrás dos nossos sonhos e ideais.

A política não pode ser monopólio desses velhacos que manipulam os três poderes e lembram do povo só na hora de apertar botão em dia de eleição. A política tem que ser invadida, hackeada por gente jovem e bem intencionada, essa geração que já marca presença nas ruas e nas redes e que agora precisa arejar as instituições, redemocratizar a democracia, reinstalar o sistema ao disputar e ganhar cadeiras no parlamento e no executivo.

Cidadãos de bem, ativistas autorais que botem pressão diária nos políticos tradicionais, revolucionem os partidos e fiscalizem com isenção e autonomia o poder público. Que a periferia ganhe protagonismo. Que a borda invada o centro. Que as minorias tenham vez e exerçam a sua devida representação. Que a nossa opinião não seja ouvida apenas entre amigos, nos grupos de whatsapp ou nos stories do instagram.

Que a gente mostre a nossa cara na sociedade e exercite no dia-a-dia a nossa cidadania. Na mídia, na política, no mercado de trabalho, na porta de casa, na escola, na família, no lazer, na cultura, no parque, na praça, na ciclovia, no transporte público, na associação do bairro, na igreja, no movimento que pede mudança na política, na entidade de defesa dos animais.

Mas entre tantas siglas e bandeiras, trinta e tantos partidos oficializados no país, por que escolher esse tal de #Cidadania23? O que essa legenda que se diz nova, no meio de tantas outras que prometem a mesma coisa, tem de diferente das demais? Qual motivo ou argumento sensato te convenceria a ingressar, a votar ou até mesmo a ser você um dos seus candidatos? Ninguém aguenta mais tanto blablablá!

Ao conhecer a Carta de Princípios desse recém-nascido #Cidadania23, uma certeza você tem: vai ler uma proposta sincera, moderna, viável e diferenciada para responder grande parte das nossas angústias diante de uma realidade global que se torna, dia a dia, mais asfixiante e desesperadora.

Esse partido-movimento surge como uma chance de se concretizar de forma coerente os ideais democráticos, da cidadania plena, da sustentabilidade e da justiça social. É uma oportunidade de se falar de igual para igual com o político que tem mandato ou com o cidadão anônimo da base, que faz a política cotidiana na sua rua, na sua comunidade.

Se aprendemos por tentativa e erro, vale apostar no que propõe essa turma originada do antigo PPS com a soma de integrantes desses novos movimentos como Agora, Livres, Acredito, Renova, RAPS e outros. Muito além de uma nova sigla, eles (nós) pretendem(os) inaugurar uma forma diferente e inovadora de ver e de fazer a política, integrada aos novos tempos e inserida nessa revolução tecnológica que transforma continuamente a sociedade.

Em linhas gerais, essa nova formatação partidária se propõe a trilhar um caminho propositivo, reformador e equidistante da atual polarização entre a velha esquerda e essa "nova" direita - que de nova não tem absolutamente nada. Reafirma seus compromissos com a cidadania, a liberdade, o humanismo, a diversidade, o meio ambiente, o estado democrático de direito e os princípios republicanos.

Não parece pouca coisa, nem uma missão fácil. Precisamos arregaçar as mangas, pisar barro e vender o nosso peixe. Mas quem disse que temos medo de dificuldades ou de cara feia dos figurões da velha política? Então, vamos em frente, trilhar este novo caminho. Sejam bem vindos cidadãos, cidadãs, cidadanistas! Por um Brasil melhor, sempre!

 


Mauricio Huertas: Vossa Excelência, Bolsolula, o presidente demagogo, hipócrita e mitômano de duas caras

As semelhanças entre o lulismo e o bolsonarismo são gritantes e incômodas para qualquer cidadão essencialmente democrata e isento do fanatismo doentio que se instalou à direita e à esquerda. O que se observa de fora dessa polarização - por uma minoria imune às paixões cegas, minimamente racional e consciente - é a total indigência política, intelectual e moral instituída por esses dois movimentos interdependentes que vivem cada qual em sua bolha ideologizada e idiotizada, mas ambos com os mesmíssimos vícios, radicalismos, ódios, preconceitos e intolerâncias.

As duas bolhas vivenciam suas realidades paralelas e espelhadas, as duas atreladas a falsos mito que, o tempo revela, mostram-se verdadeiros mitômanos. Lula e Bolsonaro são as duas faces da mesma moeda desvalorizada da velha política, mas que insiste em monopolizar o mercado do voto. Como um deles já declarou, embora os dois ajam e pensem de forma idêntica e necessária para manter unidas as suas hordas de fanáticos e milicianos virtuais: "Eu não sou um ser humano, sou uma ideia". Verdade. Duas ideias de jerico.

Pausa para respirar e refletir, com a convicção de que não sou dono da verdade. Ao contrário, faço parte de uma minoria que se propõe em vão - até quando? - a fugir dessa polarização. Assim, feita a abertura desse texto provocativo à maioria dos brasileiros, tendo em vista o resultado das eleições mais recentes que me provam que sou uma voz quase isolada e inexpressiva ante a maioria de bolsonaristas e lulistas, seguirei - se me permitirem - no meu raciocínio anti-Lula e anti-Bolsonaro.

Um minutinho para a palavra do Excelentíssimo Sr. Presidente da República:
1. Diante das ameaças à soberania nacional, da precariedade avassaladora da segurança pública, do desrespeito aos mais velhos e do desalento dos mais jovens; diante do impasse econômico, social e moral do país, a sociedade brasileira escolheu mudar e começou, ela mesma, a promover a mudança necessária. Foi para isso que o povo brasileiro me elegeu Presidente da República: para mudar.
2. Durante a campanha não fizemos nenhuma promessa absurda. O que nós dizíamos, eu vou repetir agora, é que nós iremos recuperar a dignidade do povo brasileiro. Recuperar a sua auto-estima e gastar cada centavo que tivermos que gastar na perspectiva de melhorar as condições de vida de mulheres, homens e crianças que necessitam do Estado brasileiro.
3. Para repor o Brasil no caminho do crescimento, que gere os postos de trabalho tão necessários, carecemos de um autêntico pacto social pelas mudança e de uma aliança que entrelace objetivamente o trabalho e o capital produtivo, geradores da riqueza fundamental da nação, de modo a que o Brasil supere a estagnação atual e para que o país volte a navegar no mar aberto do desenvolvimento econômico e social.
4. O pacto social será, igualmente, decisivo para viabilizar as reformas que a sociedade brasileira reclama e que eu me comprometi a fazer: a reforma da Previdência, reforma tributária, reforma política e da legislação trabalhista, além da própria reforma agrária. Esse conjunto de reformas vai impulsionar um novo ciclo do desenvolvimento nacional.
5. Meus agradecimentos à imprensa, que tanto perturbou a minha tranquilidade nessa campanha, sem a qual a gente não consolidaria a democracia no país. Meu abraço aos deputados, aos senadores, meu abraço aos convidados estrangeiros, dizendo a vocês que, com muita humildade, eu não vacilarei em pedir a cada um de vocês, me ajudem a governar, porque a responsabilidade não é apenas minha, é nossa, do povo brasileiro que me colocou aqui."
Uma perguntinha: você é capaz de identificar o autor desses trechos tirados de discursos presidenciais e reproduzidos acima? Quer fazer uma aposta? O que, na sua opinião, parece ter sido pronunciado por Bolsonaro? Algo tem a cara da Dilma? Ou um toque de Temer? Pode existir algum trecho do Lula? Você arrisca? Talvez tirando o último trecho, com um improvável elogio à imprensa, você diria que o presidente Jair Bolsonaro pode ter pensado tudo isso que aí está? Mas você concorda com o conteúdo?

Pois saiba que todos esses são trechos dos discursos de posse de Lula como Presidente da República em 2003, parte proferida no Palácio do Planalto, outra parte no Congresso Nacional. E lá se vão 16 anos. Depois disso já tivemos a reeleição de Lula em 2006; a eleição e reeleição de Dilma em 2010 e 2014; a posse de Temer após o impeachment em 2016; a eleição de Bolsonaro em 2018 e a sua posse em 2019... e tudo continua irritantemente atual.

Poderia pinçar falas de Dilma e de Temer, ou as promessas de Bolsonaro, ou como cada um dizia que mudaria a política, inovaria na forma de governar e não repetiria os mesmos vícios dos antecessores. Como Lula e Bolsonaro se comprometeram a fazer as reformas. Como Lula e Bolsonaro juraram combater a corrupção, o toma lá dá cá e o fisiologismo partidário. E como PMDB, PT e agora o PSL se tornaram, respectivamente, os maiores partidos brasileiros.

Ainda que em lados distintos, tudo é sempre muito igual. Todos parecem farinha do mesmo saco. A demagogia, a incoerência e a hipocrisia imperam! Do surgimento do PMDB com a chamada Nova República até a fabricação do salvador da Pátria da vez, este que no momento (des)governa o Brasil pelo twitter, um meme que virou presidente, ouvimos as mesmas palavras repetidas. Parodiando a canção da Legião Urbana, "mas quais são as palavras que nunca são ditas?".

Ouvimos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer, Bolsonaro. Palavras... Mas o fato concreto é que um ciclo se encerra, iniciado no festejado ponto final dos 21 anos de ditadura e, feito um círculo vicioso, retrocedendo cinco décadas para uma possível (Deus nos livre!) interrupção desta nossa jovem democracia com a retomada do poder pelos saudosos daquela decrépita ditadura. O perigo é iminente. Só não vê quem não quer.

O problema é que o fracasso da esquerda democrática no imaginário popular - muito em razão da frustração com a falsa esperança que nos deram Lula e Dilma e que acabaram nos levando para o buraco - ressuscitou tudo aquilo que parecia enterrado nesses 35 anos de reabertura democrática, de consolidação do estado de direito e do amadurecimento dos princípios republicanos. Enfim, o que nos parecia um círculo virtuoso desmoronou nas nossas cabeças. Mas a saída para o novo não virá pelos extremos. O choque de realidade exige uma resposta equilibrada, sensata, coerente. Temos alguma?

Para concluir, mais palavras tiradas do discurso de um líder político: "A verdade não tem valor enquanto houver a ausência da vontade indomável de transformar essa percepção em ação!". Dica: quem disse isso foi um verdadeiro calhorda, ser repugnante, asqueroso. Lula? Bolsonaro? Não! Adolf Hitler. Resumindo: Falar, até papagaio fala. Não precisamos apenas de palavras, necessitamos de ações. À direita e à esquerda temos muita demagogia, hipocrisia, mitomania. Então, olhos abertos, ouvidos atentos e, vacinados contra esses canalhas de duas caras, sigamos em frente!

 


Mauricio Huertas: É hora de tirar a bunda da cadeira, levantar do berço esplêndido e fazer a diferença na política

Nem dois meses e já são evidentes os estragos desse governo do meme que virou presidente. Um despreparado, cercado de filhos patetas e um time de ministros medíocres, com um trio especialmente imbecil (precisa dar nomes?). Todos deslumbrados pelo poder, insuperáveis no fornecimento de doses diárias de vergonha alheia.

Eu não votei no Bolsonaro, graças a Deus (Brasil acima de tudo, Deus acima de todos), nem votei no PT, mas isso não me exime das responsabilidades de cidadão nem me torna um "isentão". Não sou eleitor petista nem bolsonarista, não acredito que o Lula é injustiçado, não acho que o impeachment foi golpe mas também não via capacidade (nem legitimidade) na presidência interina do Temer (que devia ter caído junto com a Dilma).

Quer dizer, está difícil me encaixar em algum lado dessa polarização. Na verdade, eu diria mesmo que é impossível, até porque nenhum deles me representa. Assim se descobre na prática que criticar os gurus do petismo e/ou do bolsonarismo é comprar briga com verdadeiras milícias partidárias e ideológicas nas redes sociais. Ao menos se você escolhe um dos lados, você tem essa trincheira para se defender da artilharia inimiga. É declaradamente de esquerda ou de direita, demarca seu território (como o cachorro que faz xixi no poste), paga um preço por isso e ponto final.

Agora, desafiar o senso comum, não escolher seu malvado favorito e ser leal apenas à sua própria consciência é um problemão. Você passa a ser achincalhado pela direita chucra como comunista, esquerdalha e saudoso da mortadela do PT. Na mão inversa, a esquerda fanática te chama de golpista, bolsominion e faz outros ataques do tipo, que nivelam por baixo os dois lados - até porque são limitados e não entendem (ou não aceitam) que você pode ser crítico de ambos. Aliás, cujo modus operandi é idêntico.

Então há esse vácuo político entre os dois extremos que digladiam e se acusam diariamente. Um vazio partidário entre essas torcidas uniformizadas de um lado e de outro que precisa ser ocupado por gente íntegra, sensata, preparada, disposta e bem intencionada. Que seja uma alternativa viável aos padrões e visões mais tradicionais e às posturas ideologizadas que não convencem mais ninguém além dos próprios convertidos.

É esse papel que cobramos de indivíduos conscientes, sejam cidadãos anônimos ou personalidades reconhecidas, ativistas autorais, influenciadores digitais, formadores de opinião. É esse chamamento que se faz à sociedade organizada, aos movimentos cívicos, aos partidos não atrelados automaticamente à base governista, adesista, fisiológica, nem à oposição sistemática que aposta no "quanto pior, melhor".

Cidadania plena, liberdade, democracia, humanismo, sustentabilidade. A defesa intransigente do estado democrático de direito. O respeito à diversidade. Princípios que esse presidente tuiteiro e a sua geração de youtubers e blogueirinhos lacradores não dão conta de atender simplesmente com memes, selfies, lives, posts e stories que infestam o espaço virtual.

Falta uma ação mais concreta, presencial, objetiva, real. Fazer a diferença no dia a dia. Cortar o cordão umbilical de uma nova geração que vai sacudir essa velha política. Tirar a bunda da cadeira, levantar do berço esplêndido, dar a cara a tapa e mostrar que não somos iguais a esses babacas. Quem se habilita?

Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente


Maurício Huertas: Se você faz parte da bolha bolsonarista ou da bolha petista, não leia esse texto. Você vai odiá-lo!

Não se trata de ser de direita ou de esquerda. Trata-se de você ser humano ou uma ameba. É natural agir com a razão ou com a emoção, ora uma, ora outra. Mas ao menos faça bom uso do cérebro. Está aí na sua cabeça e é de mais fácil alcance que qualquer aplicativo digital. Eu me obrigo a fazer essa reflexão diante de diversos acontecimentos dos últimos dias e a repercussão extremada que cada um tem nas redes sociais.

Da morte brutal do rapaz sufocado por um segurança desqualificado do supermercado Extra à tentativa de feminicídio e espancamento sofrido pela mulher que recebeu um psicopata em seu apartamento após conhecê-lo pela internet. Da campanha difamatória contra o ator e agora diretor Wagner Moura pelo filme que ainda nem lançou sobre o guerrilheiro Marighella à verdadeira caça aos comunistas imaginários promovida por essa nova direita reacionária emergente, empoderada e armada de tablets e smartphones. Tudo é ideologizado.

O mundo está doente. Vivemos talvez a mais absoluta idiotização política, social, cultural e comportamental da nossa história. Estamos retrocedendo a passos largos ao obscurantismo e à barbárie, com o agravante que a globalização e o avanço tecnológico em curso multiplicam essa estupidez e ignorância, consolidadas por exemplo pela ascensão de figuras emblemáticas como Donald Trump e Jair Bolsonaro, expressões mais caricatas (e até por isso também potencialmente perigosas) do poder dessa camarilha polarizada.

Ao agir como dublê de presidente e achar que vai governar o Brasil pelo twitter, ladeado pela renca de filhos que confundem chefia de estado e de governo com a gestão daqueles antigos conglomerados familiares empresariais, Bolsonaro legitima essa escrotidão que se comporta como manada e só tem coragem de se manifestar escondida no anonimato das plataformas virtuais. Tudo é politizado, partidarizado e vira munição na opinião distorcida dessa maioria medíocre.

É incrível como são semelhantes todos os habitantes da bolha bolsonarista que reúne fanáticos, lunáticos, haters, preconceituosos, intolerantes e extremistas patológicos. Mas reconheçamos também que tal bolha à direita surgiu exatamente como reação ao comportamento idêntico manifestado anteriormente pela cegueira esquerdista que tentou construir a sistemática narrativa de vitimização por perseguições partidárias e golpes político-jurídicos improváveis, enquanto na verdade a própria esquerda traía a esperança transformadora que nela se depositava.

Traduzindo melhor: tanto a direita quanto a esquerda se igualam na boçalidade extremista. O que falta na política brasileira é viabilizar um movimento progressista sustentável que reequilibre a sociedade com bom senso, equidade e justiça, que nos afaste da polarização burra e do ódio persecutório, que ilumine o caminho da cidadania consciente e atuante para mostrar como estão equivocados esses que repelem o diálogo, impedem o contraditório e apostam na radicalização das divergências para destruir o oponente.

Dizendo com todas as letras: petistas e bolsonaristas fazem parte da mesma escória política, com sinais trocados. O modus operandi é idêntico. A reação às descobertas da sua podridão partidária, intestinal, é a mesma: negar as evidências, fingir que não sabiam de nada, esvaziar a importância da acusação, desqualificar o denunciante. Compare como ambos reagem quando são revelados escândalos do PT ou do PSL, crimes dos governos passados de Lula e Dilma ou do neófito no poder executivo, Jair Bolsonaro, e seu séquito de destrambelhados.

Eles cairão por si mesmos, mas é importante que estejamos preparados para o próximo passo, para o dia seguinte ao estouro dessas bolhas em que vivem petistas e bolsonaristas, que por enquanto ainda turvam a visão da maioria bem intencionada da população, carregada a reboque de sucessivos enganos e de promessas delirantes. Afinal, o que resultará depois do fracasso do petismo e do bolsonarismo? Não podemos ter a democracia outra vez em risco.

*Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente

 


Maurício Huertas: O PSL e a Grande Família! Tutti buona gente!

A mediocridade deste governo é gritante. Se não bastasse a leva de oportunistas e incompetentes eleitos na onda do bolsonarismo (leia-se: o antipetismo da vez) e uma tropa de ministros fanáticos e limitados, o presidente Jair Bolsonaro ainda é influenciado de um lado por seus filhos (01, 02 e 03 - como gosta de nominar sua produção em série para a política) e do outro lado pelo fantasioso PSL, o partido que ele alugou para ser eleito, e que agora se mostra um verdadeiro laranjal, ou jocosamente chamado de Partido do Suco de Laranja.

O mais recente dos escândalos é a fritura pública (pelo twitter, no melhor padrão bolsonarista) do ministro Gustavo Bebianno, espécie de faz-tudo de Bolsonaro-pai mas antigo desafeto da prole por desavenças partidárias e eleitorais. Agora um dos filhos (que nunca se sabe qual é, mas também não faz muita diferença, como acontece quando as crianças confundem Patati & Patatá) resolveu escancarar a crise interna, chamando Bebianno de mentiroso. O presidente endossou.

Não é a primeira lavagem de roupa suja em público. Aconteceu com Joice Hasselmann, com Janaína Paschoal, com Alexandre Frota, com Major Olímpio, com Major Vitor Hugo, com Luciano Bivar, com Charles Evangelista... toda a fina flor deste que se tornou o maior partido do Brasil no Congresso Nacional e em diversas Assembleias estaduais, como a paulista. Brasil acima de tudo, PSL acima de todos. Alguém viu o Moro por aí? Socorro!


Maurício Huertas: Uma "nova era" com Bolsonaro, a vanguarda do retrocesso e os emergentes da velha política

Tal como os resíduos tóxicos que transbordam de uma barragem fragilizada e vulnerável pela combinação assassina da negligência com a ganância, também os rejeitos da velha política contaminam o ambiente já debilitado da democracia e das instituições republicanas ao trazer a escória das redes sociais para o palco central das decisões do poder.

Perdoe a metáfora impiedosa, mas vivemos tempos de complexas e profundas mudanças tecnológicas, culturais e comportamentais, que merecem contínua reflexão, análise e consideração. A imagem de um país degradado em meio ao mar de lama é emblemática. Na era das fake news, verdades precisam ser ditas.

É ponto pacífico que necessitávamos de um freio urgente aos desmandos e abusos da máfia estabelecida no governo federal - então não foi à toa a vitória de quem mais soube explorar a radicalização antipetista, ou a aversão ao status quo. Porém, é aquela velha história: a diferença entre o remédio e o veneno está na dose aplicada.

O fato de o Brasil eleger o que já chamamos aqui de "o meme que virou presidente" criou em alguns a ilusão do aprimoramento da participação popular através de uma quase reinvenção da democracia direta, traduzida nessa espécie de ágora virtual, online e responsiva, como manda o código de etiqueta da internet, e instituída de maneira aparentemente espontânea, horizontal e descentralizada.

O brasileiro anônimo, ou o chamado "cidadão de bem" até então excluído daquilo que se entendia como "fazer política" do modo mais convencional e organizado, aliás também fortemente avesso ao sistema partidário e eleitoral vigente, ganha um protagonismo inédito, histórico e revolucionário com as suas intervenções autorais por meio de postagens, memes, lives, stories, curtidas, comentários e compartilhamentos.

Partidos, sindicatos, ONGs e associações tradicionais envelheceram rapidamente, perderam credibilidade e foram substituídos por novas plataformas, grupos no WhatsApp, comunidades no Facebook e perfis no Instagram. Velhas causas e bandeiras foram trocadas por modernas hashtags, reivindicações pontuais e manifestações difusas. A militância de esquerda, com seu antigo charme e líderes maculados pelo fiasco criminoso do PT, foi fragorosamente derrotada pelo pragmatismo dos influenciadores digitais e pelo poder ofensivo dessa nova direita.

O grande problema, na minha modesta e parcial opinião, é que apenas invertemos a mão de direção da má política. Trocamos seis por meia dúzia. Substituímos estúpidos de esquerda por boçais de direita, sem meio-termo. Não há nenhuma inovação nos métodos, práticas e conceitos. Saem os seguidores fanáticos de um lado e entram seus opositores na contramão, tão limitados e danosos quanto seus antecessores.

Ou será que dá para considerar "nova política", ou comemorar o início da tal "nova era", como anunciada pelo fã-clube do bolsonarismo, esse substrato ideológico que tem como guru Olavo de Carvalho e como líderes e principais expoentes Jair Bolsonaro e suas crias, além de Onyx Lorenzoni, Damares Alves, Ernesto Araújo, Ricardo Vélez Rodríguez, Joice Hasselmann, Alexandre Frota, Bia Kicis, Carla Zambelli, Major Olímpio, Major Vitor Hugo e outros que tais da vanguarda do retrocesso?

*Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente


Maurício Huertas: Para a Vale, quanto vale uma vida?

Serão doados R$ 100 mil para cada família de vítima. Mais R$ 80 milhões para o município de Brumadinho. E ainda, como bônus, assistência psicológica com profissionais do renomado Hospital Albert Einstein. Esse é o pacote anunciado com estardalhaço pela mineradora Vale, em anúncios de página inteira nos jornais e nas redes sociais, como se isso atenuasse o crime ou aliviasse a barra dos envolvidos. Mas, afinal, quanto a Vale acha que vale uma vida? Perdoai-os, Pai.

Eu atravesso uma rodovia movimentada fora da passarela de pedestres. Nunca fui atropelado. Eu ando na corda bamba sem rede de proteção. Nunca despenquei lá de cima. Eu brinco de roleta russa bebendo com meus amigos e fumando narguilé. Nunca a única bala do tambor foi disparada. A Vale faz tudo isso, todos os dias, com as suas barragens. Um dia o pior acontece. Não é acidente, é consequência da irresponsabilidade.

Não aprendemos nada com Mariana? O atual presidente da Vale, esse que aparece na TV mostrando que valeu à pena cada centavo gasto com media training, garantiu ao assumir o cargo que tragédias como o rompimento da barragem do Fundão, no Rio Doce, nunca mais se repetiriam. É verdade. Houve um upgrade fúnebre nesse crime reincidente. Há três anos morreram "apenas" 19. Hoje entramos para a casa das centenas.

Cada diretor da Vale, cada governante, cada servidor público, cada funcionário da empresa que faz vistas grossas para as ilegalidades, que ajuda a burlar as regras, que permite o afrouxamento da fiscalização, é cúmplice de todas essas mortes. De cada lágrima derramada. Do animal que agoniza sufocado. Do rio poluído. Da lama tóxica que arrasta e destrói casas, cidades, famílias, sonhos, vidas.

A imprensa informa hoje que, sem contar os crimes-catástrofes de Mariana e Brumadinho, a Vale já acumula condenações na Justiça em processos ambientais que passam de R$ 8 bilhões. Por manobras de seus competentes advogados, gastaria neste ano somente R$ 13 milhões para procrastinar essas ações na Justiça, explorando brechas burocráticas e criando chicanas jurídicas com recursos infinitos.

Aí o Brasil elege um governo que promete "tirar o Estado do cangote dos empresários", demoniza a fiscalização e a punição das irregularidades. Somos um povo que tomou gosto por posar nas redes sociais de combatente obstinado da corrupção, mas seguimos furando fila, comprando carteira de motorista, passando no farol vermelho e querendo molhar a mão do guarda.

Somos todos "cidadãos de bem", só que às vezes damos uma fraquejada. À direita, fecham os olhos para o "garoto" do presidente que desvia recursos, usa motorista-laranja e dribla o MP, ou quando o próprio pai anula sua multa do Ibama. Afinal, Bolsonaro é mito! À esquerda, bradam #LulaLivre e não vêem mal nenhum nos mimos do sítio de Atibaia ou no tríplex do Guarujá. “O inferno são os outros”, sentenciaria Sartre. Imagine se ele visse o mar de lama que tomou conta deste nosso imenso Brasil...

* Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente


Maurício Huertas: Jean Wyllys x Bolsonaro - Você tomou partido?

Goste-se ou não de Jean Wyllys, é inaceitável que qualquer cidadão brasileiro, ainda mais um deputado federal reeleito, tenha que sair do país por estar ameaçado de morte em razão de suas atividades políticas, comportamento social, crenças, ideias ou ideologia.

Mais bizarra que a situação que leva a esse abandono do mandato, só mesmo a reação debochada, infantilóide e repugnante do presidente Jair Bolsonaro, de seus filhos criados à sua imagem e semelhança, e de seus seguidores xucros e fanáticos nas redes sociais. Vivemos dias insanos.

#ProgramaDiferente acompanha as atividades do deputado Jean Wyllys. Já exibimos matérias diversas e até um programa especial sobre o pré-lançamento de um documentário sobre este personagem polêmico (que se chamaria #Eu_JeanWyllys e acabou recebendo o título oficial de Entre os homens de bem).

Ninguém precisa concordar com ele, mas é importante ouvi-lo e tentar compreender a sua luta. Um mínimo de empatia e solidariedade também é válido, até porque o que está acontecendo hoje com ele, amanhã pode ser comigo ou com você, se "sairmos da linha".

Vale refletir sobre os muitos aspectos desse retrocesso político e social que o Brasil vive, por enquanto disfarçados na rejeição da maioria da população aos governos petistas, mas que vem acirrando de forma perigosa o ódio, o preconceito, a intolerância e a ameaça aos direitos individuais e coletivos dos cidadãos brasileiros.

Reveja alguns programas e matérias que refletem bem esses tempos nebulosos:

O #ProgramaDiferente acompanha o pré-lançamento do polêmico documentário #Eu_JeanWyllys e ouve Soninha, Laerte e Suplicy

Matéria seguida do trailler do documentário

Reportagem completa do pré-lançamento

O #ProgramaDiferente especial da Páscoa combate o ódio e a intolerância

#ProgramaDiferente apresenta "Púlpito e Parlamento: Evangélicos na Política"


Maurício Huertas: Cidadania, sustentabilidade e democracia

“Caminhante não há caminho, se faz caminho ao andar…”

(Antonio Machado, poeta espanhol)

Aprendemos no dia a dia, nas relações pessoais e profissionais, na família, na amizade, no casamento, em qualquer texto motivacional, na religião, na política, na vida: a crise pode gerar risco e oportunidade. Estamos neste exato momento de perigo, de dificuldades e conflitos, de mudanças bruscas e manifestações violentas. Precisamos enfrentar essa conjuntura problemática, superar esta crise e impedir consequências mais perversas, danosas e permanentes.

Nós, cidadãos e agentes políticos, devemos agir com responsabilidade. Liderar. Apontar caminhos. Nós, que buscamos o caminho do equilíbrio, das práticas democráticas e dos princípios republicanos, fomos derrotados pela polarização, pelo ódio, pela intolerância, pelo preconceito. Perdemos, com os nossos valores e ideais, para estratégias políticas predatórias, para a descrença de parcela significativa da população nas instituições e para o discurso populista de direita e de esquerda.

Está na hora de reagir, levantar, sacudir a poeira e reerguer pontes para o futuro. Precisamos compreender que esse movimento político que foi vitorioso, tanto quanto a alternativa que se mostrou mais viável quantitativamente no 2º turno das eleições de 2018, são igualmente danosos, retrógrados e ultrajantes para o modelo sustentável de desenvolvimento que desejamos ver implantado no País.

O que nos une, seja a insatisfação com esse sistema obsoleto, involutivo e opressor ou com a forma fisiológica, corrupta e patrimonialista de se fazer política, cria a oportunidade para darmos um passo firme e decisivo na construção de uma nova plataforma para o exercício da cidadania, na qual o cidadão comum possa expressar seu ativismo autoral a serviço da construção de novos paradigmas políticos.

Daí o chamamento que se faz à coletividade, às forças vivas da sociedade, às personalidades públicas e aos brasileiros anônimos descontentes com esse atual cenário polarizado entre as duas faces da mesma moeda da velha política, que hoje atuam não apenas em partidos mais tradicionais e ideológicos, como o PPS, o PV ou a novata Rede Sustentabilidade, mas são também protagonistas desses inovadores movimentos cívicos como Agora, Acredito e Livres, entre outros.

É uma oportunidade única e histórica essa possibilidade concreta e objetiva que temos posta, a partir dos congressos partidários recém-convocados pelo PPS e pela Rede, para a efetivação dessa nova formatação política, como um partido-movimento que se constitua em defesa de um país socialmente justo, politicamente democrático, economicamente inclusivo e ambientalmente sustentável.

Que busquemos incansavelmente o consenso para uma fundamentação programática e estatutária que expresse da melhor forma essa unidade entre os que se identificam com o campo das reformas progressistas, da justiça social, do desenvolvimento sustentável e da defesa da democracia. Mas não podemos deixar escapar das nossas mãos essa chance de construir algo realmente transformador, que absorva e reúna solidariamente as melhores qualidades e o aprendizado acumulado de cada um dos elos formadores dessa nova corrente.

Somos de luta e de paz, meus amigos, em tristes tempos de guerra. Estamos na mesma trincheira da resistência democrática. Não podemos permitir que roubem os nossos sonhos, que ameacem as nossas conquistas, que ofendam a nossa história, que subtraiam a nossa liberdade. É hora de olhar para a frente, juntar forças, seguir adiante, traçar um novo caminho com passos firmes, coragem e altivez. O primeiro passo, por si só, é um ato de Cidadania.

* Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente


Maurício Huertas: Faça o que eu mando mas não faça o que eu faço

Esse é o mandamento "up to date" do bolsonarismo. A última atualização da mais velha e abjeta forma de fazer política. Sinto informar à parcela de inocentes úteis entre os 57,7 milhões de brasileiros que elegeram Jair Messias Bolsonaro para a Presidência da República, mas, se vocês ainda não perceberam, só ajudaram a trocar as moscas. Porque o resto...

A média de um escândalo por dia deste novo governo é mantida com louvor. É uma sucessão de trapalhadas e pataquadas. Lembra até daquele que foi um dos momentos antológicos de Dilma Rousseff na essência do raciocínio dilmês: "Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta."

Estão dobrando a mer... ops, a meta! Viva Bolsonaro, a Dilma de farda! O meme que virou presidente. Saído diretamente das esquetes do CQC para a cadeira presidencial. Um salto e tanto para quem não passava de piada ruim do baixo clero em Brasília. Diretamente da comédia para a tragédia do dia a dia. Mas o que já não tinha tanta graça vai se tornando calamitoso. Dias piores virão.

A notícia mais recente: que negócio é esse de um dos zeros-filhos (aliás, chamar os filhos de 01, 02 e 03 é piada pronta, né? Saem os zeros à esquerda e entram os zeros à direita...), mas, voltando, que negócio é esse de Flávio Bolsonaro pedir (e o STF acatar!) a suspensão da investigação sobre o motorista-laranja Fabrício Queiroz, aquele que movimentou R$ 1,2 milhão em um ano, supostamente recebia devolução de salário dos assessores do gabinete e depositava cheque para a primeira-dama?

Imagina se isso fosse no governo do PT!? Cadê os bolsominions? MBL? Vem Pra Rua? Cadê a Joice Hasselmann? Bia Kicis? Alexandre Frota? Carla Zambelli? Janaina Paschoal? Major Olímpio? Sérgio Moro? Cadê os robozinhos das redes sociais? Estão todos comemorando a posse das quatro armas e esqueceram de ler o resto do noticiário? Ou é tudo fake news da mídia golpista? (não, espera, a mídia é petista ou bolsonarista? Fiquei confuso...)

Do diversionismo da ministra Damares Alves criando polêmicas lá do alto do pé de goiaba para distrair a galera, passando por questões como a instalação de uma base americana no Brasil, as demissões na Apex e na Funai, o inominável novo nomeado do Enem, a despetização fajuta do Onyx, a promoção meritória do talentoso filho do vice... (ah! vai listando aí a proliferação de escândalos, não estou conseguindo acompanhar...) esse governo é de uma incompetência atroz!

Não basta ser retrógrado, autoritário, intolerante, preconceituoso, é preciso também ser contraditório, desonesto, incoerente e incapaz! Se você pegar todos os discursos recentes de bolsonaristas atacando os governos petistas, ou, na mão inversa, as peças de defesa do petismo contra as denúncias e acusações na imprensa e na justiça, vai ver o novo samba do crioulo doido (que bota no bolso a genial criação do saudoso Stanislaw Ponte Preta).

Escândalo no reino! Os bobos-da-corte chegaram ao poder! Estamos fritos!

*Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente


Maurício Huertas: Oi, sumido! Quantos likes vale esse governo?

O twitter já tem um presidente. Falta Jair Bolsonaro assumir de fato a presidência do Brasil. O diversionismo nas redes sociais vai durar até quando? E a lua-de-mel com a opinião pública, resiste a quantos desmentidos? Esses emergentes governistas se esquecem que tudo na política é cíclico. O poder é passageiro, assim como a paciência da maioria silenciosa. O clima festivo tem prazo de validade. É uma sinuca. A bola da vez passa. Logo vem a próxima. É a sina.

A militância ruidosa e empolgada funciona para fazer espuma, mas a onda recua. Os dois candidatos que foram ao segundo turno, assim como seus apoiadores mais fiéis, não saíram ainda da campanha. Parece que a eleição não terminou. Não é à toa o constante bate-boca protagonizado por Bolsonaro e Haddad nas redes, para delírio das claques uniformizadas. Curioso, mas ambos parecem ter razão nos mais baixos xingamentos.

Adentramos janeiro com a "despetização" de Brasília anunciada pelo novo governo: o que na prática funciona na mão inversa como uma "bolsonarização" das instituições que - estas sim - deveriam ser desideologizadas. Mas trocam seis por meia dúzia. Saem os entusiastas da esquerda, entram os fanáticos da direita. Muda apenas a orientação da seita. Se a facção que controla o poder é destra ou canhota. No fundo são todos inflexíveis nas suas doutrinas arcaicas.

Essa moda neopopulista de se comunicar pela internet e (des)informar por whatsapp é mera avacalhação, empulhação, marmelada, trapaça. Não tem nada de republicano e muito menos democrático. É a nova versão da voz oficial. É um monólogo capenga de quem não quer ouvir o contraditório. Típico de qualquer ditadorzinho de republiqueta. Autoritário, autocrático, opressor.

Outra desculpa esfarrapada são os perfis fakes, apresentados como se fossem satíricos, mas que na verdade são criados deliberadamente para difundir notícias falsas, versões sabidamente mentirosas, quase sempre seguindo a orientação chapa-branca dos estrategistas do marketing governista para confundir o leitor e diluir a repercussão negativa de verdades incômodas. Tristes tempos.

Se alguém votou, sinceramente, esperançoso em algo novo na política ou no salto qualitativo para um governo liberal, já deve estar frustrado. Quem busca alguma essência republicana ou democrática também percebe fácil o engodo. Até para os padrões militares, esse início de governo Bolsonaro é um fracasso retumbante. Tudo que não se viu nessa primeira semana foi ordem, hierarquia, planejamento e inteligência. É pura desordem e retrocesso.

Não é só o fato do capitão comandar os generais, como foi mostrado em tom de humor para humanizar e disfarçar o lado truculento e tirânico desse bolsonarismo que se impõe como antídoto ao lulismo que predominava até então. Ambos são tóxicos. Nem é tão problemático, embora inusitado, o fato de técnicos e funcionários de segundo escalão virem a público desmentir o presidente em anúncios, promessas e compromissos que não se sustentam. Preocupante é a incompetência, o despreparo, a indigência intelectual desse títere da nova ordem que chega ao poder.

Contra a "ameaça comunista", inimiga imaginária dos bolsonaristas (na falta de fatos concretos ou argumentos racionais) usada para manter alguma coesão interna, aparece o patriotismo exacerbado, a aversão aos princípios básicos do estado democrático de direito. Contra as liberdades e conquistas elementares da cidadania, o fundamentalismo religioso, o criacionismo bíblico, o discurso bélico, a violência, o ódio e o preconceito.

Seguimos acompanhando e aprendendo sobre quem são esses personagens caricatos que se apossam do governo central. Quem são os novos inquilinos dos palácios de Brasília, liderados por um meme que virou presidente e por seus filhos que parecem saídos de uma série da Netflix, identificados à la Capitão Nascimento como 01, 02 e 03 - e que, neste momento, discutem publicamente sobre a infestação de oportunistas que cercam seu pai, atraídos pelo poder como mariposas pela luz.

Ah, uma luz... Como é necessária! Pode ser rosa ou azul (laranja*, oi?), artificial ou divina, mas que ilumine essas mentes obscuras pelos próximos anos. Por favor! E que nos aponte um caminho sem atalhos fáceis à esquerda ou à direita. Nem armadilhas e disfarces virtuais. Que olhem menos para as redes e mais para as ruas. Menos para os avatares e mais para os cidadãos. Menos para milhões de seguidores e mais para milhões de brasileiros.
Curtiu? ðŸ‘

(*Queiroz, me segue que eu te sigo de volta!)

* Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente


Mauricio Huertas: Problema vai ser quando o monstro sair do armário

Por enquanto tudo é divino maravilhoso. Mas, como Gil e Caetano cantaram no endurecimento do regime militar, lá no final dos anos 60, é preciso ter olhos firmes para este sol, para esta escuridão. Atenção! Tudo é perigoso! É preciso estar atento e forte!

(Nota do autor: Só nesse primeiro parágrafo, 55% dos leitores e eleitores já estão me tachando de comunista; não sou, mas se fosse está aí Jair Bolsonaro para varrer do mapa os comunistas, graças a Deus! E é verdade esse bilete!)

Enquanto vivermos a exaltação ao presidente empossado, depois do "xô PT" que marcou as eleições de 2018 e do "ch*** Lula" (censurado) que estava entalado na garganta do brasileiro, parece que não há com o que se preocupar. Começamos o ano com cenas explícitas de patriotismo. O verde e amarelo voltou a reinar no Brasil. Viva!!!

Passagens em câmera lenta, sorrisos em close, o sentimento de orgulho e a satisfação estampada na cara de cada brasileiro usado na edição dos melhores momentos da posse para encerrar o Jornal Nacional festivo de 1º de janeiro dão o tom oficial do que vem por aí. Tudo é mesmo divino maravilhoso. Arre!!!

Tem o charme da primeira-dama, que "quebrou o protocolo" e foi a 1ª primeira-dama (a repetição é proposital, não reparem) a discursar antes do presidente, e ainda por cima em libras. Um encanto! Tem o tradutor negro encenando o hino nacional, substituindo na posse o deputado negro que fica sempre postado como peça do cenário nos discursos do presidente. Viva a inclusão e a diversidade!

Tem entrevista da primeira-dama (de novo!), eleita pela mídia chapa-branca para dourar a pílula truculenta do bolsonarismo, garantindo que o marido não é machista coisa nenhuma. Tá ok? Tem cobertura especial no canal do Silvio Santos, aquele que não gosta de se envolver em nada de política a não ser que seja para afagar o poderoso de plantão e garantir seus interesses. Tá certinho. Brasil, ame-o ou deixe-o!

Tem urros do Major Olímpio, senador por São Paulo (Senhor!). Tem selfie com o presidente e arminha com a mão. Tem Frota, tem Joice, tem Bia Kicis, tem uma penca de filhos e novos deputados dessa nova ordem. Tem falas contra os comunistas (sempre eles, esses canalhas!), contra os direitos humanos, contra o politicamente correto.

Tem bandeira do Brasil que jamais será vermelha, a não ser pelo sangue que, se preciso, será derramado em defesa da Nação, como alerta Bolsonaro para deleite da claque e do fã-clube. Bravo!!! Tudo por amor à Pátria, enfim resgatada das mãos do inimigo. Mito!!!!

Daqui pra frente, nada de ideologia, essa invenção de esquerdista para destruir a família brasileira e desviar os nossos filhos do caminho de Deus! De agora em diante acaba toda essa baboseira. Escola é sem partido! Gênero é como nos tempos de Adão e Eva. Homem é homem. Mulher é mulher. O resto a gente cura, na bala ou no tapa! Novos tempos!

Acabou esse papinho de sustentabilidade, aquecimento global, direito social, direito trabalhista. Chega de nhenhenhém! Vamos trabalhar, p***! (censurado) Tem ambientalista predador do meio ambiente? Tem Funai que vai desmarcar terra indígena? Tem ministra que vai dar bolsa-auxílio para quem não abortar? Tem xenófobo nas relações exteriores? Tem militar a dar com pau (ops!) para garantir a democracia? Tem tudo isso, mas é a vontade do povo brasileiro! Urra!!!

Enfim, tudo é divino maravilhoso. Problema vai ser quando o monstro sair do armário. É como o Palmeiras de Bolsonaro, decacampeão brasileiro. Era penta em 2016, virou deca em 2018. Estamos mais ou menos nessa mesma situação. Entramos em 2019, mas podemos parar em 1964. Assim, num vôo direto no túnel do tempo, sem escalas. Liberdade? Democracia? Futuro? Foi bom enquanto durou. E leia esse texto antes que acabe. ObrigXXX.

Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente