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Debate FAP/Livraria Cultura: 'É necessário superar o totalitarismo da esquerda', diz Ruy Fausto

Para o filósofo Ruy Fausto, autor da obra "Caminhos da Esquerda – Elementos para reconstrução", é preciso que se revise e supere certos fundamentos da esquerda

Germano Martiniano

O totalitarismo sectário da esquerda deve ser suplantado pela democracia. O tema foi um dos principais discutidos durante o debate sobre o livro "Caminhos da Esquerda – Elementos para reconstrução", organizada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) em parceria com a Livraria Cultura, nesta terça-feira (19), em Brasília. O evento contou com a presença do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), do sociólogo Caetano Araújo e do autor da obra, o filósofo Ruy Fausto.

De acordo com Ruy Fausto, o livro se insere no contexto de crise da esquerda e na “grande” ofensiva do capitalismo no Brasil e no mundo e, portanto, é necessária uma revisão e superação de certos fundamentos da esquerda. Para tal análise o autor se vale do que ele denomina de patologias da esquerda. “O maior responsável pela crise da esquerda ainda é o totalitarismo, que levou a milhares de mortos, e que ainda é possível se ver em governos como de Maduro na Venezuela”, avalia Fausto.

O autor também considerou, como outras patologias, o populismo de esquerda, caracterizado pelo patrimonialismo; alianças de classes, autoritarismo e carisma, entre outros. Por fim, o adesismo - uma alusão ao reformismo, que é um termo ultrapassado, na visão do autor - é a terceira patologia da esquerda. Segundo Fausto, governos como de FHC, por exemplo, que faziam parte da esquerda, acabaram por aderir à medidas capitalistas em detrimento de conceitos básicos da esquerda. “Não se trata de um purismo ideológico, mas todas politicas de direita na história também afirmavam que iria haver melhoria das condições de vida dos cidadãos”, completou o filósofo.

Caetano Araújo divergiu de Ruy Fausto quanto às questões patológicas do populismo e adesismo. Para o sociólogo, no mundo globalizado com todas as mudanças que ocorreram pós segunda guerra, tornou-se difícil não pensar em um estado que fosse reformista. “Algumas reformas, ditas liberais, são necessárias mediante o novo mundo”, disse. Com relação ao totalitarismo, citado por Ruy Fausto, Caetano convergiu que é uma “impossibilidade lógica” na esquerda que precisa ser superada através da democracia, mesmo com todos os defeitos que esta possui.

Ao encerrar o evento, Cristovam Buarque chamou a atenção para o fato de que, em sua avaliação, o que falta hoje na política brasileira são bons filósofos. “Muitas pessoas pensam que carecemos de bons políticos, mas na verdade necessitamos de bons filósofos. Temos de trazer a filosofia para dentro da política”, acredita. O senador, que afirmou que vivemos em um “terremoto social”, convergiu com Caetano quanto a dificuldade de se negar certas medidas reformistas adotadas por vários governos pelo mundo. “A economia atual deve ser eficiente, com regulações e a justiça social se faz com o excedente da desta economia”, finalizou Buarque.

 


FAP e Livraria Cultura promovem lançamento e debate da obra Caminhos da Esquerda nesta terça (19)

Discussão do tema ocorre em um momento no qual a esquerda brasileira - e mundial - passa por grande crise de identidade

Germano Martiniano

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e a Livraria Cultura promovem, nesta terça-feira (19/9), em Brasília, o lançamento do livro “Caminhos da Esquerda – Elementos para uma reconstrução”, do filósofo Ruy Fausto. O evento contará com uma mesa de debate com o autor da obra, o historiador Alberto Aggio, o sociólogo Caetano Araújo e o presidente do Conselho Curador da FAP, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF).

“Vamos discutir os argumentos do Ruy Fausto sobre a situação da esquerda hoje. A ideia é esclarecer e demarcar convergências e divergências entre a visão dominante no PPS e esses argumentos”, disse Caetano Araújo, dirigente da FAP e um dos responsáveis pela realização do evento. Caetano também destacou a iniciativa da Fundação na organização do evento junto à Livraria Cultura: “O tema da identidade da esquerda, para nós da FAP, é de extrema importância, por isso quisemos organizar um debate com um autor que é reconhecido pela opinião pública e acadêmica neste assunto."

Em um momento no qual a esquerda brasileira - e mundial - passa por uma crise de identidade, a obra de Ruy Fausto, assim como a discussão em torno do tema, são essenciais para se trilhar novos caminhos. Como o próprio Ruy Fausto definiu, em recente debate promovido pela Livraria Cultura e Companhia das Letras, “o livro é uma espécie de tentativa de redefinir a esquerda”. Para isso, o autor considera três pontos essenciais: democracia, crítica ao capitalismo e crítica ao populismo.

“Um dos pontos principais desta obra é tentar juntar coisas que se supõem separadas, democracia e a crítica do capitalismo”, disse Ruy Fausto. Outros pontos que também são abordados por ele, essenciais para a reconstrução da esquerda, são as criticas ao populismo e, consequentemente, a corrupção. “Precisamos ser exigentes quanto à lisura administrativa, critica ao populismo e ao sistema que estamos inseridos”, disse o filósofo.

Sobre o debate, o historiador Alberto Aggio avalia que “é interessante que estratos distintos de intelectuais da esquerda debatam essa crise pela qual a esquerda passa”. E completa: “O livro do Ruy Fausto é importante no momento em que estamos já que a crise da esquerda depois do fracasso do lulopetismo é profunda, é uma obra de alguém que conhece e estuda as questões da esquerda.”

O debate, que será aberto ao público, será transmitido ao vivo pelo Facebook da FAP: https://www.facebook.com/facefap.

Após a mesa redonda haverá sessão de autógrafos.

Serviço 
“Caminhos da Esquerda – Elementos para uma reconstrução”
Local: Livraria Cultura – CasaPark Shopping Center – SGCV- Sul, Lote 22 – Piso 2 – Loja 4 – Zona Industrial
Data: 19 de setembro, terça-feira, às 19h30

Convite

Confira o debate na íntegra:

https://www.facebook.com/facefap/videos/1320477578062700/