gestão pública

Arte: FAP

FAP e ITV realizam formatura do curso de formação política na quarta-feira (8/6)

João Vítor*, com edição do coordenador de Publicações da FAP, Cleomar Almeida

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e o Instituto Teotônio Vilela (ITV) realizam, na quarta-feira (8/6), a partir das 19 horas, a primeira formatura dos concluintes do curso online de formação política para candidatos, candidatas e suas equipes, organizado em conjunto pelas duas instituições. Dos 1.503 matriculados, 508 alunos já estão aptos para a formatura. Os demais vão receber certificados, após concluírem as aulas da capacitação, que segue em andamento.

Curso de formação política ultrapassou 1,5 mil inscritos, em parceria da FAP com ITV

A cerimônia será realizada de forma virtual. O público poderá acompanhar a solenidade pelo aplicativo Zoom. O acesso será enviado, previamente, aos alunos aptos à formatura. Para filiados ao Cidadania, o certificado está disponível na plataforma Somos Cidadania. Integrantes do PSDB devem solicitar o certificado pelo WhatsApp [61 983301402].

De 23 a 27 de julho, 1.220 alunos responderam à pesquisa sobre o perfil dos participantes. Desse total, 584 inscritos (48%) informaram que serão candidatos nas eleições de 2022. As equipes dos candidatos representam 52% do público, com 636 respostas ao questionário. No grupo de futuros candidatos, 73% afirmaram que vão concorrer a uma cadeira nas Assembleia Legislativas espalhadas pelo Brasil. Outros 27% querem ser eleitos para a Câmara dos Deputados.

As informações completas estão disponíveis em relatório neste link.

Veja dados em imagens:

Dados: FAP/ITV
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Qual cargo vai disputar
Dados: FAP/ITV
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O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirma que o curso demonstra a força da federação PSDB-Cidadania e reforça a luta em defesa da democracia e do desenvolvimento, com foco na realidade do povo brasileiro. “Temos pré-candidatos, equipes e militâncias verdadeiramente engajados em nosso projeto de transformação do Brasil”, ressalta ele.

Além de apontar o curso como “o primeiro grande marco da federação com o PSDB”, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, destaca a capacitação como forma de garantir eficiência à formação política. “Os palestrantes estão na linha de frente da política nacional e, certamente, agregaram bastante conhecimento a todos. Só temos de comemorar o êxito do curso e desejar sucesso nas campanhas dos candidatos e candidatas”, afirma.

Presidente do Conselho Curador da FAP e ex-prefeito de Vitória (ES) por dois mandatos consecutivos, o médico Luciano Rezende agradece aos profissionais das duas entidades e dos partidos, ressalta a qualidade do curso e lembra que a boa política é feita com o talento, além de capacitação e boas técnicas de gestão para que as pessoas eleitas cumpram mandato de excelência no Legislativo ou no Executivo. “Parabenizo aos alunos participantes e, também, um agradecimento muito especial aos professores e professoras que foram sensacionais, com aulas inesquecíveis”, acentua.

Presidente do Conselho Curador do ITV, o economista Marcus Pestana afirma que o curso “obteve êxito enorme”, foi “uma injeção de ânimo” e já conquistou “qualidade muito grande”. “Creio que foi um passo decisivo. O Cidadania e o PSDB estão de parabéns por proporcionar, aos seus candidatos e às suas candidatas, uma oportunidade de se qualificar para elevar o nível do debate nesta eleição que parece que será tão tensa e radicalizada”, diz.

O diretor-geral da FAP, Caetano Araújo, lembra que o curso dá continuidade ao objetivo de formação política que vem sendo fortalecido, nos últimos anos, sempre com crescimento no número de inscritos em anos eleitorais. “Ao longo dos próximos meses, outros alunos irão concluir este curso porque ficará disponível na plataforma on-line para quem tiver interesse. O resultado é excepcional”, assevera.

Inclusão Política

Uma das mediadoras do curso, a ativista trans Mariana Valentim diz que o curso aumentou a importância da formação política ao mostrar aos participantes formas reais e práticas de elevar a representatividade e inclusão na política. “Por isso, tanto o ITV quanto a FAP estão de parabéns”, ressalta ela.

Advogado especialista em direito eleitoral e um dos professores do curso, Marcelo Nunes destaca a relevância do curso, principalmente em virtude da complexidade das regras eleitorais. “Estimamos expressivo rigor na fiscalização dos recursos públicos que serão destinados nas eleições 2022, e esse curso de formação foi essencial para dirimir dúvidas nesse sentido”, explica.

A Presidente do Tucanafro, o movimento negro do PSDB, Gabriela Cruz, ressaltou a importância do recorte étnico-racial da formação política. “É um objetivo muito central para a militância possa ter uma visão para a promoção equidade racial e promover políticas públicas de igualdade. É importante para que a gente possa ter representatividade e fazer um pacto de humanidade, uma ação conjunta de combate ao racismo e preparação dos candidatos e candidatas dessa agenda tão relevante para o debate nacional”, observou.

Pré-candidata à deputada federal pelo Cidadania do Paraná, Eleangela Cervilha afirma que o curso foi um divisor de águas para seu projeto. “O nível dos palestrantes surpreendeu, e o conteúdo das aulas, muito dinâmico, me motivou ainda mais nesta caminhada. Só tenho a agradecer à FAP, ao ITV, ao PSDB e ao Cidadania23”, diz.

As aulas foram transmitidas, de forma online, de 23 a 31 de maio, na plataforma Somos Cidadania, onde continuam disponíveis para todas as pessoas interessadas.

Confira vídeos do curso:



Serviço

Formatura do curso de formação política para candidatos, candidatas e suas equipes

Data: 8/6/2022 (quarta-feira)

Transmissão: a partir das 19 horas

Onde: https://us02web.zoom.us/j/6612599807

Realização: Fundação Astrojildo Pereira e Instituto Teotônio Vilela

*Integrante do programa de estágio da fundação, sob supervisão do jornalista, editor de conteúdo e coordenador de Publicações da FAP, Cleomar Almeida


Marco Marrafon: Governança estratégica deve nortear reforma do Estado na era digital

“Um Estado leve, porém forte, necessário e dotado de lógica pública não necessariamente estatal. Afinal, na Era Digital se tornou urgente que as instituições funcionem e forneçam respostas às necessidades da população, de modo a possibilitar a efetividade dos direitos fundamentais individuais e sociais, resgatar a legitimidade da política e preservar importantes postulados da democracia liberal.”

Há algum tempo tenho defendido aqui neste espaço o conceito de reengenharia constitucional como a necessária e radical reconfiguração estrutural das instituições oitocentistas do liberalismo democrático que fomentaram a ideia de Estado de Direito.

Tendo em vista o diagnóstico cada dia mais consensual de que existe uma crise nos postulados da democracia liberal e que essa crise pode se tornar um retrocesso civilizatório com o aumento do autoritarismo em escala global, parte-se da ideia de que a superação desse quadro tornou imprescindível a implantação de medidas estruturantes para salvaguardar valores universais como os direitos humanos, o governo democrático, a liberdade, a separação dos poderes e os limites do poder estatal, bem como a redução de desigualdades e a concretização de direitos sociais.

Assim, para preservar esses objetivos da gestão pública e fazer cumprir o papel que se espera do Estado, as formas estruturais pensadas há aproximadamente três séculos não se mostram efetivas atualmente.

Pelo contrário, sua perda de legitimidade é evidente. Na Era Digital, o tempo do Estado burocrático não é o tempo da vida, o que tem gerado forte descrença e rejeição da política, aliado a arroubos autoritários.

Desta feita, é preciso transformar as estruturas e preservar as finalidades públicas, notadamente a concretização dos direitos fundamentais e a busca de vida plena aos cidadãos.

As mesmas reflexões se aplicam ao contexto brasileiro: a fim de assegurar o conteúdo funcional da Constituição de 1988 é preciso reconstruir sua arquitetura estrutural, ou seja, novos meios para realmente alcançar a efetividade dos fins constitucionais.

Nesta oportunidade, ouso enunciar algumas ideias que possam se tornar diretrizes para o futuro do Estado, em uma perspectiva ensaísta e provocativa para que o debate e o tempo amadureçam as reflexões.

A Constituição de 1988, inspirada nos ideais do Estado de Bem-Estar europeu (keynesiano, providencialista) que emergiu após a Segunda Grande Guerra, trouxe consigo fortes preocupações com os sistemas de controle, com a impessoalidade na gestão pública e um arquétipo estatalista que rapidamente se mostrou esgotado ante as demandas do fim do milênio. O grande avanço na salvaguarda dos direitos fundamentais individuais e sociais não veio acompanhado de estruturas sustentáveis fiscalmente e capazes de garantir sua efetividade.

O modelo pensado tinha uma tendência irrefreável para o avanço das corporações e o inchaço da máquina pública, de modo que o excesso de estruturas estatais se tornou obstáculo para a efetividade dos direitos fundamentais, e não meio para concretizá-los.

Sem demoras, vieram as pressões por reformas. Especialmente a partir de 1995, emergiu o Plano Diretor da Reforma do Estado proposto pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), cujo objetivo era operar um câmbio entre o paradigma burocrático-controlador para o gerencial-fiscalista na Administração Pública.

Novos conceitos foram introduzidos. Pregava-se a redução do tamanho do Estado, a descentralização e desconcentração dos serviços públicos, a flexibilização de controles, maior autonomia dos gestores em prol de resultados, maior abertura à sociedade civil, maior relacionamento com o chamado terceiro setor, a necessidade de novos entes gestores sob a tutela técnica e não política (p. ex. agências reguladoras) e um rígido controle das contas públicas.

Veio uma série de concepções empresariais, como a ideia do cidadão-consumidor, o princípio da eficiência em uma perspectiva mercadológica, privatizações e a crença nos mecanismos de mercado como vetores de desenvolvimento. O conceito de eficiência estava atrelado a uma noção rudimentar de Estado-empresário.

Como pano de fundo teórico, o paradigma gerencial-fiscalista se apresentava conectado à concepção de Estado-Regulador.

Em palavras ligeiras, um Estado-Regulador é aquele que ao invés atuar diretamente nas políticas públicas, gastando ele mesmo os recursos auferidos via tributação, estabelece normas e regula as atividades privadas para que elas gerem desenvolvimento a partir de condições de funcionamento eficiente, conforme ensina La Spina e Majone1.

Passados alguns anos das reformas estruturantes, cujo marco legal se revela nas emendas constitucionais n. 19 e n. 20 de 1998, inúmeras são as razões que obstacularizaram a implantação desse modelo no Brasil.

Dentre elas, pode-se mencionar a cultura política avessa ao planejamento de longo prazo e ao tratamento técnico de questões públicas até a resistência burocrática a ações orientadas pelo desempenho, especialmente em um ambiente de rigor fiscal2.

Contudo, além do plano prático relativo ao contexto brasileiro, novos desafios se impõem ao novo Estado que não podem ser relativizados: i) o advento da era digital e o incrível desenvolvimento das novas tecnologias, ii) as mudanças no mindset dos cidadãos, cada vez mais ansiosos, impacientes e (des)informados, iii) os limites internos e externos à soberania nacional, os quais impõem constrangimentos e condicionantes aos poderes estatais, cerceando o potencial de atuação centralizada do Estado3, iv) a necessidade de maior integração com a sociedade civil e atuação em rede, bem como v) a maior participação dos cidadãos na produção normativa, ante o aumento de complexidade na base social e o incremento do pluralismo nas expectativas e modos de vida.

Daí é imprescindível a adoção de uma lógica pós-burocrática radicalmente inovadora, digital e conectada com as demandas contemporâneas, um Estado enquanto centro de inteligência e governança estratégica.

Pautado por uma racionalidade pública e no interesse coletivo, não necessariamente estatal e nem mesmo empresarial, esse modelo prioriza a inteligência de análise e tratamento de dados, as evidências e os mecanismos de governança para o fim maior de concretização dos direitos fundamentais individuais e sociais por meio de políticas públicas. Seu compromisso não é com a estrutura, mas com os resultados.

No olhar proposto, as inovações de governo digital ou govtech não são apenas instrumentos a facilitar as medidas executivas. Elas adquirem forte assento no nível estratégico de decisão.

A primeira característica desse modelo é a prioridade no nível estratégico: ao lado dos mandatários eleitos, um corpo de executivos públicos de alta qualificação e bem preparados formam um conselho de governança no Poder Executivo, cuja missão é analisar dados, avaliar diagnósticos, planejar, definir atribuições táticas e operacionais, estabelecer indicadores e monitorar o cumprimento das metas a serem executadas na própria gestão pública ou por meio de parceiras com a iniciativa privada.

Assegurada a atuação direta do Estado em atividades consideradas essenciais e que demandam garantias igualmente públicas, os demais serviços públicos não necessariamente teriam execução estatal. Tampouco se submeteriam à razão mercadológica.

Para que seja possível o monitoramento na execução das políticas públicas, o controle e fiscalização dos seus agentes, a adoção de políticas de integridade (compliance) e responsabilização de agentes públicos e privados (accountability) o modelo estratégico deve se aliar ao compromisso fortemente regulador.

Regulação e monitoramento são imprescindíveis para bons resultados. Por isso, a prestação de serviços públicos de índole meramente operacional ou direta deve prestigiar a parceria com a iniciativa privada, restando ao Estado maior foco na atividade regulatória em detrimento da prestação direta e ação operacional.

Neste quesito, não há grandes novidades. A inovação é aliar essa regulação com um modelo de governança estratégia e inteligência pública ditando os rumos do futuro e que não se restringe à regulação tradicional. Ele atua também como indutor do desenvolvimento.

Superando as dicotomias da modernidade entre Estado e sociedade civil, o modelo proposto atua dialeticamente com a esfera privada, de modo a promover novos vetores de desenvolvimento a partir da síntese dessas duas forças dialogantes.

Nessa dialética supera-se a leitura desenvolvimentista clássica, que credita ao Estado o papel de motor da história, sem atribuir exclusividade à sociedade civil e aos mecanismos de mercado a missão de fomentar os avanços sociais.

O novo Estado induz, provoca, gera incentivos e estabelece punições. Indica caminhos, constrói meios em conjunto e atua com a sociedade no progresso civilizatório e na promoção dos direitos fundamentais da pessoa humana.

Por fim, esse modelo há de ser interativo: ante a insuficiência contemporânea da produção normativa puramente estatal, a governança deve interagir com os diferentes atores sociais, de modo a permitir sua participação e adotar mecanismos de construção colaborativa e compartilhada tanto no âmbito da formulação das políticas, quanto de seu arcabouço legal regulatório.

Um exemplo prático e que revela uma tendência é o Comitê Gestor de Internet composto por membros do setor empresarial, acadêmico-científico, empresarial e entidades não governamentais. Sua atribuição principal é a formulação de orientações estratégicas sobre o uso e o desenvolvimento da internet no Brasil, além de promover estudos e pesquisas sobre a temática (conferir: www.cgi.br),

Estratégico, regulador, indutor do desenvolvimento e interativo: eis um conjunto de diretrizes para se pensar o novo Estado e assim orientar as reformas administrativas em prol de resultados, a reelaboração dos marcos regulatórios e a formulação de políticas públicas baseadas em evidências.

Um Estado leve, porém forte, necessário e dotado de lógica pública não necessariamente estatal. Afinal, na Era Digital se tornou urgente que as instituições funcionem e forneçam respostas às necessidades da população, de modo a possibilitar a efetividade dos direitos fundamentais individuais e sociais, resgatar a legitimidade da política e preservar importantes postulados da democracia liberal.

Marco Aurélio Marrafon é advogado, professor de Direito e Pensamento Político na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), doutor e mestre em Direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com estudos doutorais na Università degli Studi Roma Tre (Itália). É membro da Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst).

1 LA SPINA, Antonio. MAJONE, GIANDOMENICO. “Lo Stato Regolatore” Bologna: IlMulino, 2000. p. 24 e ss.

2Para aprofundamento, conferir: REZENDE, Flávio da Cunha. Razões da crise de implementação do estadogerencial: desempenho versus ajuste fiscal. In: Revista de Sociologia e Política n. 19: 111-121. Curitiba: Ufpr, 2002. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/rsp/article/viewFile/3622/2879 Acesso: 07maio2020.

3 Cf. CHEVALIER, Jacques. O Estado Pós-moderno. Trad, Marçal Justen Filho. Belo Horizonte: Fórum, 2009. (Coleção Forum Brasil-França de Direito Público, n. 1). p. 38 e ss.