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Revista online | Sobre saúvas e saúde

Mauricio Vianna*, especial para a revista Política Democrática online (49ª edição: novembro/2022)

No romance Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de 1928, Mario de Andrade enuncia uma das frases mais conhecidas do livro: “Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são”.

Passado quase um século, as saúvas continuam a assolar os campos nacionais, agora controladas por pesticidas que envenenam nossa comida, rios e agricultores, assim como na administração pública.

Se no presente possuímos um poderoso arsenal de recursos terapêuticos, preventivos e gerenciais, além de um volume de conhecimento científico incomparavelmente maior que no início do século passado, ainda vale a máxima da pouca saúde e das muitas saúvas.

Na metáfora de Andrade, nossa saúva contemporânea são os negacionistas, propagandistas e prescritores de drogas e tecnologias milagrosas sem evidência científica e os arautos do regressivo movimento antivacina, que transbordaram do tecido social e inundaram a administração da saúde pública, nunca tão politizada quanto atualmente.

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Há que se fazer a distinção entre políticas de saúde e política na saúde. Sobrou política na saúde ao lado da total ausência de política de saúde.

Vivemos, no último quadriênio, um “terraplanismo” no campo da saúde pública, mesmo após 500 anos da revolução científica e 250 anos de fabuloso acúmulo de conhecimento médico. Agora testemunhamos perplexos uma volta ao passado.

Se o setor aeroespacial segue observando as premissas científicas dos últimos 500 anos, o mesmo não ocorreu com a administração da saúde recentemente.

Os terraplanistas são hoje, no máximo, um grupo de excêntricos análogos aos ufólogos, sem, contudo, comandar o setor aeroespacial, pois, do contrário, nenhum avião decolaria, e nossos satélites de comunicação e meteorológicos já não estariam em órbita. Já na saúde, seus equivalentes produziram por ação/inação a morte evitável de centenas de milhares de brasileiros e seguem tragicamente atuando.   

Veja, abaixo, galeria de imagens de profissionais atuando contra a covid-19:

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Agora, diante da ameaça da nova variante da Ômicron BQ.1, que já causou sérios problemas nos EUA, Ásia e Europa, o comando da saúde no Brasil parece estar indiferente e “naturalizando” o incontável número de casos, cujo fator de replicação já se encontra superior a 1. Significa que cada infectado é capaz de contaminar mais de uma pessoa, o que torna esta nova onda uma ameaça real, pela possibilidade de dano individual decorrente da chance de covid longa e pelo impacto que irá causar sobre o já precário e desorganizado sistema de saúde nos próximos meses.

Existem estudos demonstrando que, em face do “escape vacinal” da subvariante BQ.1, cada nova reinfecção duplica o risco de morte e triplica o de hospitalização, principalmente, pela incidência de efeitos adversos que aumentam com as sucessivas infecções.

As autoridades de saúde assistem indiferentes à escalada da nova onda após desmontar o exitoso e internacionalmente reconhecido Programa Nacional de Imunização (PNI), protelar o pedido de vacinas bivalentes que conferem proteção contra a subvariante e desmobilizar o comitê de especialistas. As conquistas civilizatórias da nossa reforma sanitária foram sistematicamente atacadas em uma “operação de guerra” a ponto de estarmos sob a ameaça do retorno de doenças preveníveis por vacina há muito controladas e/ou erradicadas no país.

Hoje instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan, qualificadas para fabricação das vacinas de segunda geração, eficazes no combate a BQ.1, ainda não receberam o apoio necessário para início da produção, tampouco foram solicitadas as vacinas já previstas nos contratos de aquisição, como o da Pfizer.

Injustificavelmente, apenas bebês com comorbidades com idade a partir de 6 meses até crianças de 2 anos estão qualificadas para receber vacinas, e crianças de 3 a 4 anos estão descobertas, pois a CoronaVac não tem sido entregue. Os maiores de 60 anos, cuja proteção do último reforço já não é adequada, estão excluídos do radar das autoridades.

Imperturbáveis, nossas saúvas assistem à escalada dos casos da Ômicron BQ.1. Com o país registrando uma média móvel de 80 óbitos diários por covid e uma variação positiva de mais de 76%, em tendência de alta, e cerca de 20.907 casos diários, em média, com incremento de 132% em relação a duas semanas anteriores, as autoridades seguem sem implementar sequer campanhas de informação sobre a retomada do uso de máscaras, cuidados de higiene e prudência nas interações sociais.     

Diante da falta de orientação e ações dos responsáveis pela saúde pública, o país mergulha em um cenário de profunda incerteza em relação às próximas semanas e meses, quando deveríamos estar com o programa de vacinação para o ano que vem já estabelecido.

Fomos dolorosamente atingidos pela pandemia nos últimos três anos e, sem que nossas feridas estejam cicatrizadas, enfrentaremos um “rebote” epidêmico para o qual não há justificativa para não estarmos preparados. Há muito o que se fazer no próximo ano sobre os escombros da destruição que as saúvas empreenderam em nosso sistema de saúde pública.  
Os brasileiros hoje experimentam o sentimento que Fernando Pessoa descreveu no Livro do Desassossego: “Minha vida é como se me batessem com ela.”

Sobre autor

*Mauricio Vianna é médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em psiquiatria pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Também é formado em administração e finanças públicas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em políticas públicas e governo pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) da Universidade Cândido Mendes (UCAM). Possui, ainda, MBA pelo Coppead, Instituto de Pós-Graduação em Administração da UFRJ e mestrado em História das Ciências e Epistemologia, pela mesma instituição de ensino.

** O artigo foi produzido para publicação na revista Política Democrática online de novembro de 2022 (49ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na revista Política Democrática online são de exclusiva responsabilidade dos autores. Por isso, não reflete, necessariamente, as opiniões da publicação.

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Parcela de negros entre os inscritos do Enem saltou de 51% para 60% entre 2010 e 2016

Enem mais negro: por que número de candidatos pretos e pardos cresceu ao longo dos anos

Thais Carrança*, Da BBC News Brasil em São Paulo

Entre 2010 e 2016, a proporção de pretos e pardos — grupos que juntos formam a população negra brasileira — entre os candidatos saltou de 51% para 60%, enquanto a parcela de brancos diminuiu de 43% para 35%.

Intrigado com a mudança, num período marcado pela adoção das cotas sociais e raciais nas universidades públicas, mas também pelo avanço do orgulho de ser negro no país, o pesquisador Adriano Senkevics decidiu investigar os motivos por trás dessa tendência.

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Seria o forte aumento no número de candidatos — que saltou de 4,6 milhões para 8,6 milhões em apenas seis anos — que estaria ampliando o acesso de grupos antes excluídos?

Ou, diante da alta concorrência, candidatos negros teriam de fazer a prova mais vezes até serem aprovados?

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E qual o peso nessa mudança de pessoas que antes se consideravam brancas mas, ao tentar a prova mais de uma vez, passavam a se autodefinir como pardas?

Ou então, que passavam de pardas a pretas, num processo de "escurecimento" da população também identificado em outras pesquisas demográficas, como a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e o Censo do IBGE, que nenhuma relação têm com o acesso ao ensino superior.

Doutor em educação pela USP (Universidade de São Paulo) e pesquisador do Inep, órgão responsável pela realização do Enem, Senkevics descobriu que cada um desses três fatores contribuíram para a mudança, ainda que com pesos distintos.

Em artigo publicado neste mês pela Dados Revista de Ciências Sociais, periódico científico mantido pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o pesquisador se debruçou sobre o tema.

A BBC News Brasil conversou com ele para entender melhor os principais resultados desse estudo, que é o primeiro a investigar o fenômeno da "reclassificação racial" — isto é, das pessoas que mudam sua autodefinição de raça ou cor — no Enem.

Uma mudança cultural no Brasil

Senkevics conta que muita gente pensa que ele decidiu olhar para o aumento da proporção de negros no Enem e o fenômeno da reclassificação racial dos candidatos pensando em captar fraudes nas cotas, mas ele deixa bem claro que essa não é a intenção do estudo.

"O que me motivou foi uma curiosidade científica com relação a esse movimento de as pessoas se classificarem cada vez mais como negras", diz o pesquisador.

"Trata-se de um fenômeno cultural brasileiro, que é a assunção cada vez maior da identidade e do pertencimento negro, num país historicamente racista e cujo racismo foi apoiado num processo de 'embraquecimento' histórico, de negação de identidades raciais negras e indígenas e desvalorização da história e cultura dessas parcelas da população", acrescenta.

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Legenda da foto,'Trata-se de um fenômeno cultural brasileiro, que é a assunção cada vez maior da identidade e do pertencimento negro', observa Senkevics

O estudo é dividido em três partes.

Na primeira delas, o pesquisador do Inep olha para os novos inscritos, ou seja, as pessoas que estão prestando o Enem pela primeira vez. Nesse grupo, o percentual de negros passou de 51,5% para 57% nos seis anos analisados.

Para Senkevics, a mudança no perfil racial aqui reflete alterações no cenário educacional brasileiro. A primeira dessas mudanças é o aumento na proporção de jovens que concluem o ensino médio, com redução da repetência e da evasão escolar nessa fase do ensino.

Como resultado desse processo, mais jovens de baixa renda, negros e estudantes vindos de famílias menos privilegiadas se tornaram aptos a tentar uma vaga no ensino superior.

"O perfil de quem termina o ensino médio foi se tornando cada vez mais heterogêneo e representativo da população", observa o especialista em educação. "O jovem de classe alta, de família mais escolarizada, já fazia o Enem. A novidade é que vai entrando um perfil novo, que vai aumentando sua presença cada vez mais nesse período."

Além disso, políticas de ampliação do acesso às universidades geraram um incentivo para estudantes que antes talvez não acreditassem na possibilidade de ingressar numa faculdade passarem a ter mais esperança com relação ao processo seletivo.

Entre essas políticas, o pesquisador cita o programa de bolsas de estudo Prouni, o programa de financiamento estudantil Fies, o sistema único de oferta de vagas Sisu e a lei de cotas.

Por fim, Senkevics destaca que esses novos inscritos estão sujeitos às mesmas mudanças culturais e demográficas identificadas na população brasileira em geral e, portanto, mais jovens talvez estejam se percebendo como negros mesmo antes de se inscreverem no Enem, contribuindo para a mudança no perfil racial dos novos inscritos.

Negros são maioria entre inscritos reincidentes

Na segunda parte do estudo, o pesquisador olha para os estudantes que prestam o Enem mais de uma vez. Em 2011, os inscritos reincidentes eram 36% do total, chegando a 65% em 2016.

Entre os estudantes que prestam o Enem uma ou duas vezes, há pouca diferença no perfil racial, com brancos superando pardos em cerca de 1 ponto percentual.

Mas, a partir da terceira tentativa, a parcela de pardos passa a superar a de brancos, chegando a 48% de pardos para 30% de brancos entre aqueles que se inscreveram sete vezes, uma diferença significativa, de 18 pontos percentuais.

Jovem negra em uma biblioteca
Pretos e pardos têm taxas de abstenção maiores nos dias de provas e médias de desempenho menores, fatores que ajudam a explicar porque negros prestam o Enem mais vezes

"A pessoa pode fazer o Enem quantas vezes ela quiser; como o ensino superior é muito disputado e o processo seletivo é muito afunilado, uma pequena parte dos inscritos vai ter sucesso", observa Senkevics. "Candidatos menos preparados, com origens menos privilegiadas, como boa parte da população negra, podem ser obrigados a fazer o exame mais de uma vez."

O pesquisador destaca alguns indicadores que mostram as dificuldades dos candidatos negros no Enem: pretos e pardos têm taxas de abstenção maiores nos dias de provas (quando a pessoa se inscreve mas não consegue comparecer no dia do exame) e médias de desempenho menores, em relação aos brancos.

Essas dificuldades podem levar um candidato a se inscrever novamente na prova. Quando isso acontece, surge a possibilidade de reclassificação racial, que ocupa a terceira parte do estudo.

Os candidatos que 'mudam de raça'

Na pesquisa, Senkevics buscou analisar como se dão esses movimentos de reclassificação entre brancos, pardos e pretos.

E o que ele encontra é que, apesar de as alterações acontecerem em todas as direções, o saldo líquido das mudanças resulta em uma redução de 5% no número de brancos, aumento de 1% no de pardos e ganho de 13,7% na quantidade de pretos.

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Legenda da foto,Senkevics analisou como se dão movimentos de reclassificação entre brancos, pardos e pretos

O pesquisador observa que vários dados sugerem que essa reclassificação tem pouca relação com possíveis tentativas de fraude.

Uma evidência disso, segundo Senkevics, é o fato de que mudanças semelhantes acontecem em diversas outras bases de dados que não têm qualquer incentivo para que as pessoas "se escureçam", como a Pnad, o Censo e a antiga Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.

Outro ponto é a reclassificação de pardos para pretos, uma mudança que não dá vantagem nenhuma na política de cotas, que é voltada para negros de maneira geral.

"A pessoa que é parda já é beneficiária da política afirmativa racial", observa Senkevics.

"Então o que eu entendo que explica essa grande migração de pardos para pretos é que não há outra motivação que não a questão cultural, porque a categoria 'preto' é muito mais alvo do processo de ressignificação do que 'pardo'", acrescenta o pesquisador.

"O pardo não é sequer uma categoria nativa, não é usada pelas pessoas nos seus processos de autoidentificação, é uma categoria mais demográfica do que exatamente sociológica", observa o analista.

"Enquanto isso, toda a questão da valorização da negritude vem muito em cima da ideia de ser preto. Então é uma categoria que tem uma militância maior, em torno da qual a conscientização racial se construiu e que marca mais uma diferença com relação ao branco."

O especialista destaca ainda estudos do pesquisador David De Micheli que mostram que a autoidentificação como preto é maior entre os mais escolarizados, o que estaria ligado à maior exposição dessa parcela da população ao debate antirracista, ao resgate da história afro-brasileira e de seus elementos culturais e à militância negra por direitos.

Queda no percentual de negros no Enem de 2021

Apesar do processo social de empoderamento da população negra em curso, o Enem mudou bastante desde o período estudado por Senkevics.

Desde 2016, o número de inscritos na prova tem caído ano após ano, recuando de 8,6 milhões naquele ano, para apenas 3,4 milhões em 2021.

A proporção de pessoas pretas, pardas e indígenas também diminuiu no ano passado, de 62,3% em 2020, para 55,7% em 2021.

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Legenda da foto,Proporção de pretos, pardas e indígenas diminuiu no Enem do ano passado, de 62,3% em 2020, para 55,7% em 2021

Segundo analistas, diversos fatores explicam a redução no interesse pelo Enem. Um deles é que, desde 2017, a prova deixou de servir como certificação para o Ensino Médio.

O que explica menor número de inscritos no Enem em mais de uma década

A partir daquele ano, candidatos que não se formaram na idade usual e buscavam o diploma passaram a prestar o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), que havia deixado de ser aplicado em 2009.

Os especialistas também apontam uma piora nas perspectivas de acesso ao ensino superior, com redução nas bolsas oferecidas pelo Prouni, queda acentuada nos contratos de financiamento firmados através do Fies e estagnação no processo de ampliação das vagas em universidades públicas.

A esse cenário, somou-se a pandemia, que afetou de forma muito desigual ricos e pobres, reduzindo a taxa de conclusão do ensino médio e fazendo com que muitos estudantes negros e de baixa renda não se sentissem preparados para tentar uma vaga no ensino superior.

Será preciso acompanhar nos próximos anos se o Brasil vai retomar sua trajetória de gradual inclusão de negros e filhos de famílias pobres nas universidades ou se serão duradouros os impactos causados pela pandemia e pelo desmonte das políticas públicas de educação apontado por especialistas.

*Texto publicado originalmente na BBC Brasil


Educação: Brasil despenca no ranking mundial de educação em ciências, leitura e matemática

Os resultados do Brasil no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, na sigla em inglês), divulgados nesta terça-feira (6), mostram que o Brasil despencou para as últimas posições de pontuação nas áreas de ciências, leitura e matemática.

O recuo da pontuação no Pisa também refletiu na queda do Brasil no ranking mundial. O País ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática.

O desempenho dos alunos no Brasil está abaixo da média dos alunos em países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em ciências (401 pontos, comparados à média de 493 pontos), em leitura (407 pontos,comparados à média de 493 points) e em matemática (377 pontos, comparados à média de 490 pontos).

A prova é coordenada pela OCDE foi aplicada no ano de 2015 em 70 países e economias, entre 35 membros da OCDE e 35 parceiros, incluindo o Brasil. A aplicação da prova ocorre a cada três anos e oferece um perfil básico de conhecimentos e habilidades dos estudantes, reúne informações sobre variáveis demográficas e sociais de cada país e oferece indicadores de monitoramento dos sistemas de ensino ao longo dos anos.

Especialistas ouvidos pelo Portal G1 afirmam que não há motivos para comemorar os resultados do país no Pisa 2015, e afirmaram que, além de investir dinheiro na educação de uma forma mais inteligente, uma das prioridades deve ser a formação e a valorização do professor.

“Questões como formação de professores, Base Nacional Comum e conectividade são estratégicas e podem fazer o Brasil virar esse jogo”, afirmou Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann.

“É fundamental rever os cursos de formação inicial e continuada, de maneira que os docentes estejam realmente preparados para os desafios da sala de aula (pesquisas mostram que os próprios professores demandam esse melhor preparo)”, disse Ricardo Falzetta, gerente de conteúdo do Movimento Todos pela Educação.

Para Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, parte da solução “passa também em superar a baixa atratividade dos jovens brasileiros pela carreira do magistério, ao contrário do que ocorre nos países que estão no topo do ranking mundial do Pisa. Nesses países, ser professor é sinônimo de prestígio social”.
Participação do Brasil

Prova

No Brasil, a prova fica sob responsabilidade do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A amostra brasileira contou com 23.141 estudantes de 841 escolas, que representam uma cobertura de 73% dos estudantes de 15 anos.

Entenda o Pisa

As provas do Pisa duram até duas horas e as questões podem ser de múltipla escolha ou dissertativas. Nesta edição, em alguns países, incluindo o Brasil, todos os estudantes fizeram provas em computadores. O exame é aplicado a uma amostra de alunos matriculados na rede pública ou privada de ensino a partir do 7° ano do ensino fundamental. Além de responderem às questões, os jovens preencheram um questionário com detalhes sobre sua vida na escola, em família e suas experiências de aprendizagem.

Do total de alunos da amostra brasileira, 77,7% estavam no ensino médio, 73,8% na rede estadual, 95,4% moravam em área urbana e 76,7% viviam em municípios do interior.

Estudantes de escolas indígenas, escolas rurais da região Norte ou escolas internacionais, além de alunos de escolas situadas em assentamentos rurais, comunidades quilombolas ou unidades de conservação sustentável não fizeram parte do estudo do Pisa. Segundo o Ministério da Educação, o motivo foram as dificuldades logísticas de aplicação da avaliação e o fato de certos grupos populacionais não terem necessariamente a língua portuguesa como língua de instrução. (Com informações do Portal G1)

Os cinco primeiros colocados em ciências

Cingapura: 556 pontos
Japão: 538 pontos
Estônia: 534 pontos
Taipei chinesa: 532 pontos
Finlândia: 531 pontos

Os cinco primeiros colocados em leitura

Cingapura: 535 pontos
Hong Kong (China): 527 pontos
Canadá: 527 pontos
Finlândia: 526 pontos
Irlanda: 521 pontos

Os cinco primeiros colocados em matemática

Cingapura: 564 pontos
Hong Kong (China): 548 pontos
Macau (China): 544 pontos
Taipei chinesa: 542 pontos
Japão: 532 pontos


Fonte: pps.org.br