‘Eles não usam black-tie’ fala da disputa de classes com força histórica

Longa metragem será debatido em webinar sobre o modernismo no cinema brasileiro nesta quinta-feira (3/2), a partir das 17h
Arte: FAP
Arte: FAP

João Vitor*, da equipe da FAP

O filme Eles não usam black-tie, dirigido por Leon Hirszman em 1981, discute a modernização do país por meio da disputa de classes. “Tem força histórica”, diz o crítico de cinema e professor de comunicação da Universidade Católica de Brasília (UCB) Ciro Inácio Marcondes. Ele vai discutir o longa nesta quinta-feira (3/2), a partir das 17 horas, em evento online sobre modernismo no cinema brasileiro.

Marcondes explica que o filme é atemporal por ser uma gênese do que ocorre no Brasil. “Eles não usam black-tie se passa no contexto onde o ex-presidente Lula foi criado. Em meio às greves de operários de São Paulo, entre os anos 1970 e 1980”, afirma o crítico, ressaltando que a luta de classes ainda existe.

ASSISTA!

O webinar será realizado pela Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo (FAP), sediada em Brasília. O público poderá assistir ao evento online no canal da entidade no Youtube, na página da fundação no Facebook e na rede social da biblioteca. Além de Marcondes, o cineasta e documentarista Vladimir Carvalho confirmou presença.

O professor diz que o neorrealismo está presente no longa pois o protagonista tem de decidir entre o bem coletivo e o individual. “Tião é preocupado com o futuro da noiva que está grávida e, para não ser demitido, ele tem que jogar o jogo dos patrões”, conta.

Marcondes explica que o nome do filme tem a ver com o modo de vestir. A classe operária retratada no filme não usava roupas para “gente chique”, afirma. Black tie significa gravata preta.

Premiado no Festival de Veneza de 1981, o filme, de duas horas de duração, é uma adaptação da peça teatral de Gianfrancesco Guarnieri que estreou em 1958 no Teatro de Arena, em São Paulo.

O professor lembra que este teatro, feito para o povo, estava em decadência, e a peça o salvou. Quem frequentava, segundo ele, não usava terno, paletó e gravata. “Isso não é mencionado no filme, mas tem a ver com o contexto de quando a peça foi escrita”, ressalta.

Cenas de ‘Eles não usam black-tie’

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De acordo com a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), a obra dirigida por Leon Hirszman em 1981 é o quarto melhor filme brasileiro de todos os tempos. O primeiro, segundo a classificação da entidade, é Limite (1931), de Mário Peixoto.

Para a crítica, o filme representa uma aventura político-idealista que se desvia dos recursos histriônicos e baratos da propaganda ideológica, comum em estéticas de denúncia como Cinema Novo e Neorrealismo, e assume um projeto de qualidades dramatúrgicas sóbrias.

*João Vitor é integrante do programa de estágios da FAP, sob supervisão do jornalista e coordenador de Publicações da FAP, Cleomar Almeida.

Ciclo de debates O Modernismo no Cinema Brasileiro
Webinar sobre o filme Eles não usam black-tie, dirigido por Leon Hirszman
Dia: 3/2/2022
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira

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