Alberto Aggio: Violência política e desafio democrático nas eleições brasileiras

Na quinta-feira, 06/09, o candidato da extrema direita às eleições presidenciais, Jair Bolsonaro sofreu um atentado na cidade de Juiz de Fora (MG) que repercutiu no país e no mundo. Felizmente, o candidato está fora de perigo. A facada em Bolsonaro impacta diretamente o processo eleitoral, embora não se saiba ainda quais serão suas repercussões em termos de projeção de votos.
Foto: Raysa Leite/Divulgação
Foto: Raysa Leite/Divulgação

Na quinta-feira, 06/09, o candidato da extrema direita às eleições presidenciais, Jair Bolsonaro sofreu um atentado na cidade de Juiz de Fora (MG) que repercutiu no país e no mundo. Felizmente, o candidato está fora de perigo. A facada em Bolsonaro impacta diretamente o processo eleitoral, embora não se saiba ainda quais serão suas repercussões em termos de projeção de votos.

O atentado a Bolsonaro foi um ato de estupidez. É uma facada na democracia. Não é comum a violência política nas eleições presidenciais depois da redemocratização do país na década de 1980. A democracia exige serenidade e espirito de convivência. Um ato como esse joga lenha na fogueira da violência discursiva e simbólica, que é uma das tônicas do discurso de Bolsonaro. Pode ser um sinal negativo do que pode vir a ocorrer nos próximos dias.

É certo que o Brasil vive uma das suas maiores crises, resultado dos desastres promovidos por Dilma Rousseff (PT) e pela paralisia de Temer. Mas o clima político é de “terra arrasada” e de polarização extrema. O que não ajuda a se encontrar uma saída que una o país com base em suas instituições democráticas.

Bolsonaro representa uma saída extremista a essa crise com um discurso carregado de violentismo. Para ele, o povo vai “recuperar” o poder perdido depois de 1985, quando acabou o último governo da ditadura. Ele faz uma defesa aberta desse período, inclusive dos torturadores como heróis. O símbolo da sua campanha é um fuzil AR15, o que é assustador. O general Mourão, seu companheiro de chapa, disse numa entrevista que “heróis matam”. Ocorre que os heróis do momento não usaram armas e sim o bisturi para salvarem Bolsonoro. O general Mourão não conseguiu entender que heróis, no feliz contraponto do jornalista Luiz Carlos Azedo (Correio Braziliense), “salvam vidas”.

O nível de polarização do país desafia a democracia. Com Lula (PT) fora da disputa por estar condenado e com uma extrema direita violentista, vive-se uma situação dramática. O país precisa encontrar uma saída ao centro, democrática, e que conquiste confiança, recupere a governabilidade e faça o país voltar a crescer.

*Artigo escrito originalmente para o portal de notícias Punto Continenti. O original, em italiano, pode ser conferido aqui:  http://puntocontinenti.it/?p=13310

 

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