sem rumo
Luiz Carlos Azedo: Guedes perdeu o rumo, mas ninguém tem uma alternativa
Luiz Carlos Azedo / Nas Entrelinhas / Correio Braziliense
A desaceleração global da indústria e a redução do preço das commodities podem provocar uma tempestade perfeita no Brasil, se a economia brasileira continuar fora de controle e desacelerando. Na prática, o único instrumento disponível para evitar uma explosão dos preços é a alta dos juros. O ministro da Economia, Paulo Guedes, perdeu a credibilidade e a economia está ancorada apenas na política monetária, ou seja, na ortodoxia do Banco Central (BC).
Os números divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o Brasil está vivendo uma “recessão técnica”, puxada pelo agronegócio — pasmem! —, que teve uma queda de atividade de 8% no terceiro trimestre de 2021. O PIB variou -0,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. A Indústria ficou estável (0,0%) e os Serviços subiram (1,1%). No setor externo, tanto as exportações de bens e serviços (-9,8%) quanto as importações de bens e serviços (-8,3%) tiveram quedas em relação ao segundo trimestre de 2021. Mesmo assim, o PIB cresceu 4,0% frente ao mesmo período do ano passado.
É aí que mora o perigo, por causa da falta de compromisso com o equilíbrio fiscal e o auto-engano do governo em relação ao desempenho da economia, haja vista o baluartismo do presidente Jair Bolsonaro nas viagens que fez à Itália e aos Emiratos Árabes. O PIB desse ano deve crescer 5%, mas esse crescimento é relativo ao desempenho da economia no ano passado, quando a recessão foi de -4,1%, a pior retração em 24 anos. Ou seja, estamos diante de um “voo de galinha”, que pode virar um mergulho no mar de incertezas de 2022.
Enquanto a política segue seu curso intangível, sem previsibilidade do que vai ocorrer nas eleições presidenciais do próximo ano, o debate eleitoral que se avizinha, pelas manifestações dos pré-candidatos até agora, não é nada animador. Ninguém tem uma proposta clara para a economia, e as narrativas predominantes, tanto no governo quanto na oposição, são de viés populista, sem nenhum compromisso com o problema fiscal nem uma chave realista para a retomada do crescimento.
A principal causa de revisão das expectativas para o PIB em 2022 é a inflação, que deve obrigar o Banco Central a subir ainda mais os juros, com efeito negativo sobre o consumo das famílias e o investimento das empresas. O mercado financeiro está prevendo uma inflação de 8,4% em 2021. O PIB do próximo ano foi revisado de 1,7% para 1,3%.
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/07/paulo-guedes_mcamgo_abr_220720211818-5-scaled-1.jpeg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2019/12/pzzb7620.jpg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/04/51026601121_9f2a19cc56_o.jpg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/03/codex_e_super-scaled.jpg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/03/51063430248_15f0d27a06_o.jpg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/08/paulo_guedes_defende_dar_sobras_a_mais_pobres_para_combater__18062021110012.jpg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/01/50877705021_4439b4214b_o.jpg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2020/06/pauloguedes_braganeto_foto_Alan-Santos_PR.jpg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/08/img20210625114714376.jpg)
![](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2020/02/economia_1202200239.jpg)
![Ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/07/paulo-guedes_mcamgo_abr_220720211818-5-scaled-1.jpeg)
![Coletiva do ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2019/12/pzzb7620.jpg)
![Ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Marcos Corrêa/PR](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/04/51026601121_9f2a19cc56_o.jpg)
![O Ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/03/codex_e_super-scaled.jpg)
![Paulo Guedes durante cerimônia do Novo FUNDEB. Foto: Isac Nóbrega/PR](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/03/51063430248_15f0d27a06_o.jpg)
![O Ministro da Economia, Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa/PR](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/08/paulo_guedes_defende_dar_sobras_a_mais_pobres_para_combater__18062021110012.jpg)
![Paulo Guedes e Bolsonaro durante o Latin America Investment Conference. Foto: Marcos Corrêa/PR](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/01/50877705021_4439b4214b_o.jpg)
![pauloguedes_braganeto_foto_Alan Santos_PR](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2020/06/pauloguedes_braganeto_foto_Alan-Santos_PR.jpg)
![Arthur Lira e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2021/08/img20210625114714376.jpg)
![O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante palestra. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil](http://www.fundacaoastrojildo.org.br/wp-content/uploads/2020/02/economia_1202200239.jpg)
Incertezas eleitorais
Mesmo com o novo Auxílio Brasil, viabilizado ontem pela aprovação da PEC dos Precatórios no Senado, a renda das famílias deve crescer 1,5%. A taxa de desemprego deve chegar aos níveis pré-pandemia somente em 2023. Além disso, haverá uma acomodação de preços das commodities, principalmente de minérios, além de redução das exportações para a China. O espetacular crescimento do superavit da balança comercial, que foi de US$ 76,6 bilhões em 2021, deve desacelerar em 2022, ficando em US$ 74,1 bilhões.
É aí que a questão eleitoral ganha contornos dramáticos. O processo eleitoral é um fator de incertezas para a mercado financeiro. Ao mesmo tempo, é a travessia a ser feita, porque um novo governo terá credibilidade para adotar medidas econômicas e tirar a economia da estagnação. O problema é que todos os pré-candidatos estão fugindo do debate econômico; apenas emitem sinais de fumaça, quando indicam um porta-voz econômico — como fez o ex-ministro Sergio Moro ao indicar Affonso Celso Pastore para comandar seu programa econômico — ou lançam propostas que miram muito mais os interesses corporativos do que, propriamente, uma saída da crise — como fez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao falar dos preços dos combustíveis e da Petrobras.
O único pré-candidato que tem propostas claras e conhecidas para a economia é Ciro Gomes (PDT). Mas o ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco nas eleições de 1994 não tem a simpatia do mercado financeiro. Com prefácio do Roberto Mangabeira Unger, seu livro Projeto Nacional, o Dever da Esperança propõe a retomada do percurso inaugurado pela Era Vargas e interrompido no início da década de 1980. “O neoliberalismo nos trouxe até aqui. Mas não nos tirará daqui”, avalia. Acontece que o nacional-desenvolvimentismo é considerado um modelo esgotado pela globalização.