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Oscar 2020: O que o Parasita mostra sobre Hollywood? Veja crítica de Lilia Lustosa

Em artigo na revista Política Democrática Online, crítica de cinema aponta ínfima participação de negros

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

Apesar da ausência de ausência de mulheres e negros indicados nas categorias principais do Oscar 2020, Hollywood começa finalmente a abrir os olhos para o que acontece longe de seu umbigo e começa a se dar ao trabalho de ver filmes com legenda. A avaliação é da crítica de cinema Lilia Lustosa, em artigo que ela produziu para a 16ª edição da revista Política Democrática Online. A publicação é produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), sediada em Brasília e que disponibiliza, gratuitamente, todos os conteúdos em seu site.

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No artigo exclusivo publicado na revista da FAP, Lilia critica o que chama de “participação ínfima” de negros na premiação deste ano. “Marca evidente de retrocesso em um campo já tantas vezes discutido e que, por algum tempo, tivemos a ilusão de ter avançado”, lamenta. Na opinião dela, foi surpreendente o número de mulheres que subiram ao palco, como Hildur Guonadóttir, trilha sonora; Jacqueline Durran, figurino; Nancy Haigh e Barbara Ling, direção de arte; Karen Rupert Toliver, curta de animação; Carol Dysinger e Elena Andreicheva, curta documentário.

A crítica de cinema observa que, diante do grande vencedor do Oscar 2020 – Parasita, do coreano Bong Joon-hoo –, a cerimônia de premiação lhe deixou a impressão de que Hollywood começa finalmente a abrir os olhos para o que acontece longe de seu umbigo. “Ou, como disse o próprio Joon-hoo no Globo de Ouro mês passado, começa a se dar ao trabalho de ver filmes com legenda!”, ironiza ela.

A mudança vem sendo sutil, segundo a crítica de cinema, no artigo publicado na revista Política Democrática Online. Ela lembra que, no ano passado, Roma (2018), do mexicano Alfonso Cuarón, falado em espanhol, já havia surpreendido ao ser indicado em 10 categorias, entre elas melhor filme estrangeiro e melhor filme, o que gerou certa polêmica. Spielberg chegou a se pronunciar, alegando que produções feitas para plataformas de streaming (no caso, a Netflix) não deveriam concorrer ao Oscar.

Mas, conforme escreve Lilia, Roma acabou ficando com 3 prêmios importantes: melhor filme estrangeiro, melhor fotografia e melhor diretor, perdendo, porém, o prêmio maior da noite. “Neste ano, a façanha se repetiu com o coreano Parasita que, indicado em 6 categorias, acabou sendo o grande vencedor, levando merecidamente 4 estatuetas – melhor roteiro original, melhor diretor, melhor filme internacional e melhor filme –, derrubando o favorito 1917, do inglês Sam Mendes, que, diga-se de passagem, é o clichê, do clichê, do clichê do filme de guerra hollywoodiano. 1917 foi premiado no que tinha de bom: diretor de fotografia, mixagem de som e efeitos visuais. Justo!”.

De acordo com Lilia, outro sinal de mudança na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana foi a sutil troca de nomes na categoria de filmes falados em língua estrangeira, que passou a se chamar “Melhor filme internacional”, e não mais “Melhor filme estrangeiro”. “’estrangeiro’, além significar ‘cidadão de outra nação’, também pode ser entendido como alguém ou algo que não pertence, algo estranho àquele lugar”, escreve, para continuar: “O que até então parecia ser de fato a norma em Hollywood. O que estaria por trás de tal mudança? Algum conluio político? Lobby empresarial? Uma mensagem para Trump em ano de eleições? Pode ser. Mas, independentemente disso, Parasita ganhou porque merecia, porque reunia todas as qualidades de uma grande obra cinematográfica (roteiro original, bela fotografia, primorosas montagem, direção, atuação, etc.)”.

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