microcefalia

#ProgramaDiferente debate as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, o vírus Zika e os casos de microcefalia

#ProgramaDiferente desta semana traz informações sobre o vírus Zika e debate as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Mostra a relação do vírus Zika com recentes casos de microcefalia, entre outros assuntos estudados pela "Rede Zika", uma força-tarefa de cientistas da USP, Unesp e Unicamp financiados pela Fapesp. Assista.

Participam do debate o bioquímico Walter Colli, coordenador da Fapesp desde 2003 e responsável pelas iniciativas do combate ao vírus Zika; e o virologista Paulo Zanotto, professor doutor da USP e um dos idealizadores da Rede Zika.

O #ProgramaDiferente é exibido pela TVFAP.net e pela TVAberta / Canal Comunitário da cidade de São Paulo todos os domingos, às 21h30, e terças-feiras, à 1h30 da madrugada (Net canal 9, Vivo canal 186 e Vivo Fibra canal 8).


OMS: Surto de zika e microcefalia é ‘mais difícil e ameaçador’ que ebola e gripe H1N1

Em visita à Fiocruz, no Rio de Janeiro, diretora-geral da OMS, Margaret Chan, destacou que o Aedes aegypti, mosquito transmissor da zika, da dengue e da chikungunya, está presente em 113 países, podendo afetar muito mais pessoas do que epidemias dos últimos anos. Para o especialista da OMS Bruce Aylward, a zika terá consequências imprevisíveis e coloca em risco o futuro das crianças brasileiras e do Brasil.

Vacinas contra a zika devem chegar à população em três anos, segundo o ministro da Saúde, Marcelo Castro. Governo e Fiocruz já desenvolveram método de diagnóstico que permite identificar infecção pela doença, pela dengue e pela chikungunya. Técnica, no entanto, só funciona em pacientes que apresentam sintomas.

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, visitou nesta quarta-feira (24) a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), centro de pesquisa no Rio de Janeiro que está à frente do desenvolvimento de tecnologias para combater o vírus zika e o mosquito Aedes aegypti. A dirigente expressou seu apoio e gratidão pelos esforços do Brasil na luta contra a doença e seu principal vetor. Na véspera (23), Chan já havia se encontrado com diversos ministros e a presidenta Dilma Rousseff.

A chefe da agência da ONU destacou que o atual surto da doença, associada a números crescentes de casos de microcefalia no Brasil, é “uma ameaça muito, muito maior” do que outras epidemias dos últimos anos, como as de ebola e da gripe H1N1, devido ao número de países onde o principal transmissor da infecção, o Aedes, está presente. Atualmente, 113 países possuem populações do mosquito em seus territórios.

“A zika é culpada (pelo aumento dos casos da malformação) até que sua inocência seja provada”, afirmou Chan durante uma coletiva de imprensa na Fiocruz. A dirigente explicou que diversos fatores podem causar a microcefalia, mas que, no Brasil, os dados indicam que o surto de zika está ligado ao da síndrome neurológica. Entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, 5.280 casos suspeitos de microcefalia foram relatados no país. A média anual, entre 2001 e 2014, era de 163 ocorrências.

Questionada quanto à vulnerabilidade das pessoas ao mosquito e à zika, a diretora-geral disse que, “em todas os países, há desigualdades, há populações muito pobres”. Segundo Chan, a falta de acesso a saneamento básico e a exposição a danos ambientais tornam parcelas da população mais suscetíveis a doenças.

“O desequilíbrio do ecossistema vai nos dar mais desafios, mais doenças novas”, disse a dirigente. Uma pesquisa recente da OMS revelou que 23% das mortes prematuras são causadas por circunstâncias do ambiente onde as pessoas residem. Estima-se que 70% das novas infecções identificadas no mundo tenham origem animal, segundo Chan.

Participaram também da coletiva o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e o representante da OPAS/OMS no Brasil, Joaquín Molina. Confira clicando aqui o áudio na íntegra da coletiva de imprensa.

Para governo, relação causal entre zika e microcefalia já é certeza

Também presente na coletiva, o ministro da Saúde brasileiro, Marcelo Castro, disse que, para os cientistas brasileiros, não há dúvida de que a zika causa microcefalia. Além da correlação regional e temporal, uma vez que os casos recentes da malformação congênita foram identificados em áreas atingidas pela epidemia de zika do verão de 2015, cerca de seis a sete meses após o surto, há fortes evidências epidemiológicas.

“O que nós podemos dizer com segurança? Que esse padrão do cérebro de microcefalia das crianças é um padrão infeccioso”, afirmou. O ministro explicou que, entre as infecções tradicionalmente associadas à malformação congênita – sífilis, toxoplasmose, HIV e outros, rubéola, citomegalovírus e herpes –, nenhuma registrou aumento de incidência recentemente. Com o zika, foi o contrário.

O que ainda está sendo investigado é se “o vírus é uma causa necessária e suficiente para desencadear a microcefalia ou precisa, para ele se manifestar, algum fator predisponente ou algum fator contribuinte”, explicou o ministro.

Governo aposta na mobilização e na pesquisa para combater o vírus

Segundo Castro, cientistas brasileiros e estrangeiros estão otimistas quanto à possibilidade de desenvolver uma vacina contra o zika em menos de um ano. Isso não significa, porém, que o tratamento será disponibilizado para a população nesse prazo. O ministro da Saúde estima que serão necessários três anos para concluir ensaios clínicos e, enfim, oferecer as vacinas ao público.

Uma vacina para a dengue, concebida pelo Instituto Butantã, já está na fase final de testes e deverá chegar aos brasileiros em dois anos, de acordo com Castro.

O chefe da pasta também informou que a Fiocruz já conseguiu desenvolver um método diagnóstico para o zika, que emite resultados entre duas a três horas após o exame e consegue identificar infecções pela doença e também por dengue e chikungunya. A técnica, no entanto, só funciona para pessoas que apresentam sintomas como febre e dor de cabeça. O diagnóstico deverá ser disponibilizado pelo governo em parceria com a Fiocruz.

Para Castro, os esforços de prevenção e combate ao Aedes aegypti estão maiores do que nunca. “Há uma percepção da sociedade, dada a mensagem e o trabalho que o governo vem fazendo, de que o mosquito, agora, precisa ser tratado de maneira diferente, porque ele se tornou muito mais perigoso”, comentou. O ministro ressaltou que, por trás das estatísticas, existem vidas e dramas humanos e que os brasileiros têm se sensibilizado e abraçado a luta contra o mosquito.

O diretor executivo interino da OMS para Surtos e Emergências de Saúde, Bruce Aylward, disse estar impressionado com a resposta do Brasil à epidemia de zika. Segundo o especialista, trata-se de uma crise mais difícil que a do ebola.

“Aqui, você está lidando com uma doença terrível, com consequências terríveis e incertezas terríveis. O vírus não é um problema de saúde. Vocês estão lidando com uma ameaça às crianças do país, ao futuro (do Brasil) potencialmente, à economia”, explicou. Para Aylward, graças aos esforços brasileiros de pesquisa e de combate à infecção, países têm sido alertados e informados com antecedência sobre o vírus, antes de verificarem surtos maiores da zika. “O mundo tem uma dívida tremenda para com o Brasil”, afirmou.

Mulheres devem receber informações sobre saúde reprodutiva

A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, também presente na coletiva, chamou atenção para a situação das mulheres que pensam em ter filhos ou que tiveram bebês com microcefalia.

“Eu só quero usar essa plataforma também para apelar a todos os governos que estão, atualmente, tendo transmissão do vírus zika para que melhorem o acesso a serviços de saúde reprodutiva para as mulheres em idade fértil, particularmente: acesso à informação adequada para que as mulheres sejam capazes de tomar uma decisão quanto a querer engravidar ou não; cuidado pré-natal adequado; cuidado pós-natal adequado e o apoio e informação de que elas precisarão”, disse.

Recentemente, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, convocou todos os Estados a garantir os direitos reprodutivos das mulheres, incluindo o direito à interrupção da gravidez, e a adequarem suas legislações em meio ao surto de zika e microcefalia. O ministro Marcelo Castro reiterou, durante a coletiva, que a lei brasileira não permite o aborto em caso de microcefalia.

Zika não ameaça Olimpíadas, segundo governo e OMS

Tanto a diretora-geral da OMS quanto o ministro Marcelo Castro enfatizaram que, durante os meses de agosto e setembro, quando serão realizados os Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio de Janeiro, são registradas as menores densidades populacionais do Aedes aegypti.

A época das competições é também a mais fria e seca da capital fluminense, o que dificulta a proliferação do mosquito transmissor do zika. Os dirigentes acreditam que a doença não será uma ameaça aos que vierem participar e assistir aos Jogos.

https://www.youtube.com/watch?v=hCfcJYbymDQ

Fonte: Nações Unidas


OMS declara vírus zika e microcefalia ‘emergência pública internacional’

Comitê de Emergência se reuniu pela primeira vez nesta segunda-feira (1) para responder ao aumento do número de casos de desordens neurológicas e malformações congênitas, sobretudo nas Américas. País mais atingido é o Brasil. Confira aqui todas as medidas anunciadas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou nesta segunda-feira (1) a primeira reunião do Comitê de Emergência que trata dos recentes casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos em áreas afetadas pelo vírus zika, sobretudo nas Américas. O país mais atingido é o Brasil.

O Secretariado da OMS informou ao Comitê sobre a situação dos casos de microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré, circunstancialmente associados à transmissão do vírus zika. O Comitê foi recebeu informações sobre a história do vírus zika, sua extensão, apresentação clínica e epidemiologia.

As representações do Brasil, França, Estados Unidos e El Salvador apresentaram as primeira informações sobre uma potencial associação entre a microcefalia – bem como outros distúrbios neurológicos – e a doença provocada pelo vírus zika.

Segundo o comunicado da OMS, os especialistas reunidos em Genebra concordam que uma relação causal entre a infecção do zika durante a gravidez e microcefalia é “fortemente suspeita”, embora ainda não comprovada cientificamente.

A falta de vacinas e testes de um diagnóstico rápido e confiável, bem como a ausência de imunidade da população em países recém-afetados, foram citados como novos motivos de preocupação.

Para a Comissão da OMS, o recente conjunto de casos microcefalia e outros distúrbios neurológicos relatados no Brasil, logo após ocorrências semelhantes na Polinésia Francesa, em 2014, constituem uma “emergência de saúde pública de importância internacional”, condição conhecida também pela sua sigla em inglês (PHEIC).

Em uma decisão aceita pela diretora-geral da OMS, Margaret Chan, o Comitê da agência da ONU busca assim coordenar uma resposta global de modo a minimizar a ameaça nos países afetados e reduzir o risco de propagação internacional.

Recomendações à diretora-geral da OMS

O Comitê, em resposta às informações fornecidas, fez recomendações ao Secretariado da OMS sobre medidas a serem tomadas.

Em relação aos distúrbios neurológicos e microcefalia, o Comitê sugere que a vigilância de microcefalia e da Síndrome de Guillain-Barré deve ser padronizada e melhorada, particularmente em áreas conhecidas de transmissão do vírus zika, bem como em áreas de risco de transmissão.

O Comitê também recomendou que seja intensificada a investigação acerca da etiologia – a causa das doenças – nos novos focos onde ocorrem os casos de distúrbios neurológicos e de microcefalia, para determinar se existe uma relação causal entre o vírus zika e outros fatores desconhecidos.

Como estes grupos se situam em áreas recém-infectadas com o vírus zika, de acordo com as boas práticas de saúde pública e na ausência de outra explicação para esses agrupamentos, o Comitê destaca a importância de “medidas agressivas” para reduzir a infecção com o vírus zika, especialmente entre as mulheres grávidas e mulheres em idade fértil.

Como medida de precaução, o Comitê fez as seguintes recomendações adicionais:

Transmissão do vírus zika

  • A vigilância para infecção pelo vírus zika deve ser reforçada, com a divulgação de definições de casos padrão e diagnósticos para áreas de risco.
  • O desenvolvimento de novos diagnósticos de infecção pelo vírus zika devem ser priorizados para facilitar as medidas de vigilância e de controle.
  • A comunicação de risco deve ser reforçada em países com transmissão do vírus zika para responder às preocupações da população, reforçar o envolvimento da comunidade, melhorar a comunicação e assegurar a aplicação de controle de vetores e medidas de proteção individual.
  • Medidas de controle de vetores e medidas de proteção individual adequada devem ser agressivamente promovidas e implementadas para reduzir o risco de exposição ao vírus zika.
  • Atenção deve ser dada para assegurar que as mulheres em idade fértil e mulheres grávidas em especial tenham as informações e materiais necessários para reduzir o risco de exposição.
  • As mulheres grávidas que tenham sido expostas ao vírus zika devem ser aconselhadas e acompanhadas por resultados do nascimento com base na melhor informação disponível e práticas e políticas nacionais.

Medidas de longo prazo

  • Esforços de pesquisa e desenvolvimento apropriados devem ser intensificados para vacinas, terapias e diagnósticos do vírus zika.
  • Em áreas conhecidas de transmissão do vírus zika, os serviços de saúde devem estar preparados para o aumento potencial de síndromes neurológicas e/ou malformações congênitas.

Medidas de viagem

  • Não deve haver restrições a viagens ou ao comércio com países, regiões e/ou territórios onde esteja ocorrendo a transmissão do vírus zika.
  • Viajantes para áreas com transmissão do vírus zika devem receber informações atualizadas sobre os potenciais riscos e medidas adequadas para reduzir a possibilidade de exposição a picadas do mosquito.
  • Recomendações da OMS sobre padrões em matéria de desinfestação de aeronaves e aeroportos devem ser implementadas.

Compartilhamento de dados

  • As autoridades nacionais devem garantir a comunicação e o compartilhamento ágeis e em tempo de informações relevantes de importância para a saúde pública, para esta Emergência.
  • Dados clínicos, virológicos e epidemiológicos relacionados com o aumento das taxas de microcefalia e/ou Síndrome de Guillain-Barré, ou com a transmissão do vírus zika, devem ser rapidamente compartilhados com a OMS para facilitar a compreensão internacional destes eventos, para orientar o apoio internacional para os esforços de controle, priorizando a pesquisa e desenvolvimento de produtos.

Fonte: nacoesunidas.org