dia das mães

J. R. Guedes de Oliveira - Um incômodo indulto

Há algum tempo, um noticiário dos Estados Unidos dava conta de que um recluso, condenado à prisão perpétua, por crime que aqui no Brasil consideramos também hediondo, estava em fase terminal de vida. Pediu para que pudesse ser solto e visitar seus familiares. Foi negado. Morreu na prisão, cumprindo a sua sentença, dado o fato por demais violento perpetrado pelo dito indivíduo.

Mas, estamos pasmos ante a decisão do judiciário brasileiro em dar o indulto do “Dia das Mães” para Suzane Von Richthofen. São coisas que não entram em nossa cabeça e a perplexidade se estende em todos os quadrantes do país.

Num jornal recente, li um comentário de alguém que disse, com a maior certeza de ser palavras correntes: “Suzane não é mãe; não tem mãe e matou a mãe”. Realmente profundo e significativo para os nossos legisladores que, à vista de dispositivos jurídicos carcomidos e levianos, dão respaldo a tais feitos que ferem brios e nos causam repugnância.

Numa outra possibilidade qualquer, mesmo com estes defeitos e escapes da nossa legislação penal, que abre em recursos infindáveis e dá acolhida a algumas “bestas” ou mesmo contemplam o feito criminoso e revoltoso, poder-se-ia lhe conceder uma saída detrás das grades. Em um dia, por exemplo, em que se comemore qualquer coisa, menos o “Dia das Mães”, tão sagrado para nós todos.

Os legisladores brasileiros estão desatentos a esta mister verdade. Seguem dispositivos dos quais o Código de Processo Penal abre de todo para dar guarida a criminosos, com as chamadas benesses e acolhem, mais ainda, o recurso, com base em vãs argumentos e hipotéticas demonstrações de que o delituoso se recuperou. Não é isso o que o Código Penal e o legislador dizem: “ressocialização”.

Do pouco que observo sobre a questão do indulto, clareia-me a dra. Maria Helena Diniz, no seu Dicionário Jurídico: “...não se concede a quem praticou crime hediondo”.

Agora se vê, com a cara de anjo, talvez até com a Bíblia agora em baixo do braço, pregando capítulos e passagens, com o coração de pedra, de pouco se dar conta do que fez ou mesmo do que praticou com aqueles que a embalaram quando criança. É, no mínimo, uma verdadeira aberração, dar-lhe um indulto.

É claro e evidente que não existe o Dia do Demônio. Talvez, se existisse, este sim seria a oportunidade para um Indulto. Mas lhe dar as boas vindas na sociedade, invocando a ressocialização e, sem a menor sombra de dúvidas, uma verdadeira aberração da nossa legislação que, sendo no máximo 30 anos de prisão, em pouco espaço de tempo acha brecha para a semi-aberta e, logo após, aberta, dentro dos parâmetros da Lei de Execução Penal.

A sociedade brasileira já está cansada desses disparates. É preciso todo o rigor da exclusão de tipos iguais a este da nossa sociedade, para que a vida em nosso país tenha, no mínimo, a segurança, a paz e a concretização dos ideais republicanos.

Urge, portanto, não beneficiar tais figuras, principalmente como que se abre, como uma verdadeira recompensa da materialidade assumida e conhecida de todos: o rosto de anjo sob a auréola envolve uma criminosa e psicopata chamada Suzane Von Richthofen.

Em repetição do que uma cidadão comum disse, fecho: “não é mãe, não tem mãe e matou a mãe”.


J. R. Guedes de Oliveira
Escritor, autor, dentre outros, de Viva Astrojildo Pereira e Quatro Figuras, ambos editados pela Fundação Astrojildo Pereira


O #ProgramaDiferente do Dia das Mães conta a história da jornalista Rose Nogueira, que foi presa política e dividiu cela com Dilma Rousseff

O #ProgramaDiferente do Dia das Mães entrevista Rose Nogueira, jornalista e militante dos direitos humanos, presa política no final dos anos 60 na mesma cela de Dilma Rousseff, editora do Jornal Nacional nos anos 80 e uma das criadoras de programas que fazem parte da história da televisão brasileira, como o Balão Mágico e a TV Mulher, na Rede Globo.

Quando foi presa por nove meses pela ditadura militar, Rose atuava na ALN (Aliança Libertadora Nacional), grupo revolucionário de Carlos Marighella. Com um bebê de apenas um mês de vida, sofreu todo tipo de tortura física e psicológica, como mãe e mulher. É uma história e tanto. Assista.