O Globo: Sergio Moro tem estratégia permanente de ‘tentar acuar instituições democráticas’, diz Maia

 Presidente da Câmara voltou a criticar o ministro da Justiça .
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 Presidente da Câmara voltou a criticar o ministro da Justiça 

RIO — O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, voltou a fazer duras críticas ao ministro da Justiça, Sergio Moro, que tenta aprovar o pacote anticrime no Congresso. Para Maia, o ministro erra ao insistir aprovar a possibilidade da prisão após condenação em segunda instância por meio de projeto de lei e, se algumas das teses de Moro fossem seguidas ao pé da letra, ele seria réu, e não ministro da Justiça. Em entrevista para o jornal “Folha de S. Paulo”, o presidente da Câmara disse ainda que o ex-juiz da Lava-Jato tem como “estratégia permanente” tentar acuar as instituições democráticas do país.

— Acho que o ministro Sergio Moro tenta, como sempre, a estratégia permanente dele, a estratégia de um pouco de pressão, de tentar acuar as instituições democráticas deste país — disse ao criticar pontos do pacote anticrime de Moro.

Para Maia, colocar a prisão em segunda instância em projeto de lei “parece mais uma vontade de desgastar o Parlamento do que uma vontade de aprovar o projeto”.

— O projeto que foi apresentado pelo governo tem coisas boas. Agora, acredito que a discussão da prisão de segunda instância… Ele, que é jurista, que conhece o tema, encaminhar por projeto de lei parece mais uma vontade de desgastar o Parlamento do que uma vontade de aprovar o projeto.

O deputado também lembrou que em 2016, na votação das dez medidas contra corrupção, elaboradas pela força-tarefa da Lava-Jato, o Congresso não aprovou a proposta de uso de prova obtida de forma ilícita, desde que de boa fé.

— Naquelas dez medidas (contra corrupção) nós rejeitamos a prova ilícita de boa fé. Hoje eles criticam a prova ilícita de boa fé no caso do Intercept. Você vê como são dois pesos e duas medidas que, se nós tivéssemos feito o que eles gostariam, hoje eles eram réus, não eram procuradores, e ele não era ministro da Justiça — disse à “Folha de S. Paulo”.

Sobre a relação de Moro com o Congresso, Maia diz que o ministro começou o governo com uma visão distorcida e “achou que podia marcar a data da votação do projeto e como o projeto iria tramitar”.

— O que eu espero é que se respeite a legitimidade do Parlamento, coisas que no passado, o grupo do entorno do ministro Moro, principalmente os procuradores, não respeitaram — ressaltou.

Na entrevista, Maia afirmou, no entanto, que a Lava-Jato teve um saldo positivo e que a possibilidade de criar uma CPI para investigar as mensagens vazadas na operação, que já possui número de assinaturas suficientes, é “próxima de zero”.

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