Míriam Leitão: As culpas de Bolsonaro na inflação de dois dígitos

Foto: Alan Santos/PR
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Última vez que a inflação subiu mirando os 10% foi no governo Dilma

Míriam Leitão / O Globo

O governo é sempre atingido quando a inflação no Brasil atravessa a fronteira dos 10%. Dois dígitos é o símbolo e um alerta. É um ponto que leva ao aumento da pobreza e derruba a popularidade dos presidentes que erram na condução da economia.

Inflação tem maior alta para setembro desde o Plano Real e atinge 10,25% em 12 meses

A última vez que a inflação subiu mirando os 10% foi no governo Dilma. Ela começou a subir em 2015 e superou a marca em 2016. Foi corrosivo para a popularidade da presidente naquela época.

Desta vez a subida da taxa produziu também a queda da popularidade de Jair Bolsonaro. Ela veio caindo conforme a inflação foi subindo. Hoje chega numa marca emblemática: 1,16% em setembro, 10,25% em 12 meses. Os erros que Bolsonaro cometeu e comete diariamente vão além da economia, mas ele é culpado por parcela importante dessa alta dos preços.

Economia parada? Com preços nas alturas e PIB perdendo fôlego, afinal, o Brasil entrou em estagflação?

Bolsonaro é o principal responsável pela instabilidade política e institucional que elevou o dólar. É o principal responsável pelo prolongamento da pandemia por ter combatido medidas de proteção, apostado em remédios ineficazes e atrasado a vacinação. É o principal responsável pela demora em agir na crise hídrica, e escolhido o caminho apenas de aumentar os preços.

A energia é que explica a principal alta do índice nesse setembro em que o grupo “habitação” teve alta de 2,56% e a energia 6,47%. Mas subiram alimentação, transportes. A inflação está persistente e espalhada, exatamente a que é mais difícil combater.

A inflação dos mais pobres foi ainda maior. O IPCA ficou em 10,25% e o INPC atingiu 10,78. Esse segundo índice mede exatamente o que acontece na cesta de consumo dos que têm renda mais baixa.Setembro pode ter sido o pior momento, mas nada garante a queda lenta da inflação até os 8,5% previstos para o fim do ano. Tudo depende de como o dólar vai se comportar, das decisões do governo, e dos sinais que o presidente emitir com a sua sempre tortuosa forma de governar o Brasil.

Fonte: O Globo
https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/culpas-de-bolsonaro-na-inflacao-de-dois-digitos.html

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