Cora Rónai: Na rede 5G, será possível baixar 90 músicas em 1 segundo ou um filme em 2 minutos

Difícil é dizer quando isso vai chegar ao Brasil.
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Difícil é dizer quando isso vai chegar ao Brasil

Mal o avião decolou, liguei o computador e tentei me conectar. Tinha coluna para escrever, precisava do Google. Virou vício – não sei mais escrever sem o Google, mesmo quando não uso o Google. Nada. Tentei de novo, e mais uma vez, e outra. Finalmente a internet deu sinal de vida, lenta como uma centopeia com problemas nas articulações; a bem dizer, imprestável. Comecei a sentir aquela irritação clássica que nos afeta diante de uma conexão ruim, mas o meu cérebro corrigiu a rota a tempo:

– Cora Rónai, você está mesmo reclamando da conexão de internet a 11 mil metros de altitude? É sério isso? Você está confortavelmente sentada dentro do Grande Pássaro de Prata que os seus semelhantes inventaram e desenvolveram, viajando a uma velocidade jamais sonhada pelos seus antepassados, e ainda tem a audácia de reclamar que a conexão wi-fi não está boa?

Uma vez ouvi o comediante Louis C. K. dizer algo parecido, e ainda que tenha esquecido as palavras exatas, me lembro bem da essência do que ele dizia, porque era um resumo perfeito dos meus pensamentos. Nós vivemos cercados por milagres, mas temos a tendência de ignorá-los quando modificam a paisagem e nos acostumamos com eles.

Agora escrevo de um outro avião — uma máquina que voa! — usando um computador peso pluma que é muitas vezes mais poderoso do que os computadores que, ainda outro dia, ocupavam salas inteiras. Como se isso não bastasse, a internet funciona impecavelmente.

Entre um voo e outro, fui ver o lançamento do primeiro smartphone que poderá acessar a primeira rede 5G, que a Verizon deve pôr no ar em algumas cidades dos Estados Unidos em abril do ano que vem. O celular é o Motorola Moto Z 3, um aparelho 4G bastante parecido com o seu antecessor, mas capaz de se conectar ao 5G através de um novo módulo da família Z equipado com quatro antenas e dois modems.

Há anos falamos em 5G, mas agora, enfim, a tecnologia começa a tomar corpo. Como o 4G antes dela – e antes ainda o 3G, e as gerações anteriores — ela também vai mudar radicalmente os nossos hábitos. A internet das coisas dará um salto, e os smartphones ficarão muito, muito mais rápidos – o que possibilitará o desenvolvimento de utilidades e de aplicativos que ainda nem imaginamos. Estamos prestes a presenciar o nascimento de um novo ecossistema.

Numa rede 5G, será possível baixar o equivalente a 90 músicas em 1 segundo, ou um filme de duas horas em 2 minutos; hoje, com uma boa conexão, levamos um pouco mais de 20 minutos. Quer dizer: daqui a cinco ou seis anos ficaremos muito irritados quando não conseguirmos fazer o download da última temporada do nosso seriado favorito enquanto tomamos um café.

Quer dizer: vamos precisar de muuuuuito espaço de armazenagem. Hoje os celulares de ponta têm espaço para cartões de 2TB (que ainda não existem). É possível que isso em breve nos pareça ridiculamente pouco.

Quando essas maravilhas vêm para o Brasil? Difícil responder. O 5G precisa de toda uma nova infraestrutura, e de investimentos pesados. Um dia chega.

 

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