Ricardo Noblat: Por que não haverá frente de esquerda para a sucessão de Temer

Cada um por si e o eleitor por quem quiser.
Foto: Lula Marques/Liderança do PT na câmara.
Foto: Lula Marques/Liderança do PT na câmara.

Cada um por si e o eleitor por quem quiser

Somente Lula, hoje condenado, encarcerado e impedido de se candidatar, seria capaz de liderar uma frente de partidos de esquerda para concorrer às eleições presidenciais de outubro próximo.

E como o PT não renunciará ao lançamento de candidato próprio à vaga de Michel Temer, não haverá frente. Outros partidos de esquerda terão seus próprios candidatos. Já os têm. Simples assim. E assim será.

Em nova carta do cárcere, divulgada ontem, Lula reafirmou que é candidato porque é inocente. E que não deixará de ser candidato. Tem razões de sobra para proceder assim até a véspera da eleição.

Se desde já abençoasse outro nome do PT, correria o risco de ser esquecido em Curitiba. A força de sua benção se diluiria até o início da campanha. E, com outras palavras, estaria admitindo ser culpado.

Lula entende que é vital para a sobrevivência do PT que o partido dispute as eleições com um candidato para chamar de seu. Outros partidos, não, preferem apostar na eleição de deputados federais.

No caso deles, ter candidato a presidente custaria muito caro. Melhor gastar o dinheiro do Fundo Partidário com a eleição para o Congresso. No caso do PT, um candidato a presidente puxará a eleição de parlamentares.

Por que o PT é de fato um partido, goste-se dele ou não. Tem militância. É organizado em todo o país. Tem discurso. E resultados positivos a mostrar dos seus quase 14 anos de governo.

Seu capital eleitoral, com Lula ou sem ele, é maior do que o capital dos demais partidos de esquerda. Por que então contentar-se em indicar um vice para Ciro Gomes, por exemplo, ou para qualquer outro?

Sem frente de esquerda, portanto. Só haverá frente no segundo turno.

Privacy Preference Center