Lenir Rodrigues Santos, que também é suplente do Conselho Curador da FAP, criticou agressão contra ministra
Comunicação FAP
Em meio à repercussão de mais um caso que retrata a cultura do machismo estrutural e um processo educativo que falha na sociedade, a suplente do Conselho Curador da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e presidente estadual do Cidadania em Roraima, Lenir Rodrigues Santos, defendeu a necessidade de enfrentamento do problema e visibilidade para as mulheres na política e na sociedade. “Não vamos nos calar, vamos gritar para que mais mulheres possam ocupar os espaços de poder em quaisquer instâncias e dizermos que nós queremos ser ouvidas. Nós queremos ser respeitadas”, disse.
A declaração ocorreu depois de a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), ser agredida verbalmente durante sessão da Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado, na terça-feira (27). Ela foi cobrada pela demora na liberação de licenças ambientais. Após três horas e meia de debate e desentendimento com o senador Plínio Valério (PSDB-AM), a ministra se retirou da audiência.

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O presidente do colegiado, Marcos Rogério (PL-RO), exigiu que Marina se colocasse “no seu lugar”. O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse que ela não tinha “direito” de fazer seu trabalho com base nas leis. Além disso, Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que a respeitava como mulher, mas não como ministra.
Lenir, que também é defensora pública estadual em Roraima, professora e ex-deputada estadual por dois mandatos, com formação em pedagogia, letras e direito, criticou veementemente a violência política de gênero e a misoginia, lamentando o silêncio diante de tais atos. “Marina Silva deve ser respeitada na fala e no lugar dela”, defendeu.
“Misoginia pura”
O tratamento recebido por Marina Silva foi descrito por Lenir como uma violência clara porque a ministra é mulher e uma política de alto nível. “Ela foi desvalorizada e destratada. Foi misoginia pura, foi violência de gênero”, declarou Lenir Rodrigues Santos. A defensora pública repudiou o ocorrido, afirmando ter ficado enojada com a postura machista. No entanto, sua maior indignação foi com o silêncio dos demais políticos e de outras mulheres políticas na sociedade.
Segundo ela, a cultura do machismo estrutural se arrasta e afeta tanto homens quanto mulheres. Há uma solidariedade dos homens com a postura machista de outros homens. Infelizmente, existem mulheres machistas que também se solidarizam com essa postura masculina, resultando no silêncio de muitas. “As mulheres não estão tendo força suficiente para se portarem diante desses fatos, que nós sofremos na sociedade, como mulheres e, principalmente, com a violência política por exercermos posições de destaque na sociedade”, observou.
A violência contra mulheres ocorre pela forma como se posicionam e defendem determinados pontos de vista. Isso é uma maneira de tentar calar as mulheres, algo que, na visão de Lenir, não pode ocorrer. “Nós temos que enfrentar essas posturas”, afirmou. Para ela, a frase “o lugar da mulher é onde ela quiser” não deve ser apenas uma frase de efeito, mas sim educativa, para que os homens compreendam que as mulheres precisam ocupar espaços de poder e onde desejarem se posicionar e defender.
“Deve ser respeitada”
Lenir contrastou o tratamento dado a homens e mulheres na política: “Quando um homem está falando, ele é respeitado. Uma mulher, quando está falando, deve ser respeitada, em qualquer lugar”. Ela entende que Marina Silva está defendendo a sociedade do futuro, uma ideia para gerações futuras, não algo para si mesma. É a defesa de uma ideia que representa a postura política de uma mulher.
A luta é para defender as gerações futuras, buscando um mundo melhor para a felicidade de todos. “Para poder dizer que o mundo precisa ser melhor para todos vivermos e termos as nossas vozes ouvidas”, concluiu.