Míriam Leitão: Desmonte econômico

A saída de Pedro Parente acentua o desmonte econômico do governo Temer. Henrique Meirelles abandonou a Fazenda para tentar uma candidatura quase impossível à Presidência. Tem 1% das intenções de voto. Maria Silvia Bastos deixou o BNDES por também tentar, como Parente, implementar no banco uma gestão de corte de subsídios. Entre os principais nomes do primeiro escalão, restou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que tem conseguido se blindar da interferência política por ter derrubado a inflação e levado a Selic ao menor patamar histórico.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A saída de Pedro Parente acentua o desmonte econômico do governo Temer. Henrique Meirelles abandonou a Fazenda para tentar uma candidatura quase impossível à Presidência. Tem 1% das intenções de voto. Maria Silvia Bastos deixou o BNDES por também tentar, como Parente, implementar no banco uma gestão de corte de subsídios. Entre os principais nomes do primeiro escalão, restou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que tem conseguido se blindar da interferência política por ter derrubado a inflação e levado a Selic ao menor patamar histórico.

Números de Parente
A tabela abaixo mostra alguns dos principais indicadores da Petrobras na era Pedro Parente. O valor de mercado aumentou 134%, a dívida bruta recuou 24%, e a geração de caixa mais do que triplicou, segundo a Economática. Antes, o setor dava como certa a necessidade de um aporte do Tesouro para socorrer a companhia. Há duas semanas, a Petrobras havia voltado a ser a empresa mais valiosa da América Latina, cotada em R$ 388 bilhões. Ontem, após a saída do executivo, fechou em R$ 231 bi.


Nome marcado
No governo Fernando Henrique, Pedro Parente ficou marcado como o ministro do apagão, por ter coordenado a equipe que enfrentou a crise elétrica. Mas foi ele que implementou a construção das termelétricas, de backup no sistema, que depois ajudou o país em momentos de pouca chuva. Agora, após ter tirado a Petrobras de sua maior crise, é apontado como culpado pela alta dos combustíveis e a paralisação dos caminhoneiros.

Na Lava-Jato
É sempre bom lembrar que as refinarias da Petrobras estão no centro das denúncias de corrupção da Lava-Jato e foram projetadas nos governos Lula e Dilma. A de Abreu e Lima, em Pernambuco, começou orçada em US$ 2 bilhões e hoje é estimada em US$ 20 bi. A construção levou um calote do governo venezuelano — parceiro no projeto — e a planta precisou ser refeita. No Rio, o Comperj foi reduzido. O que seria um complexo com refinarias e polo petroquímico foi restringido à unidade de gás. A previsão inicial era gastar US$ 6,1 bi. O TCU estimou em 2017 que apenas as perdas da Petrobras chegaram a US$ 12,5 bilhões. As refinarias Premium, uma no Maranhão e outra no Ceará, foram canceladas e provocaram baixa contábil de R$ 2,8 bi à petrolífera. No total, a Petrobras contabilizou perdas de R$ 31 bilhões nos ativos de refino em seu balanço.

Micos na mão
Com a saída de Pedro Parente, ficará mais difícil para a Petrobras se desfazer das refinarias. O projeto de vender o controle de duas plantas do Nordeste, inclusive Abreu e Lima, e de outras duas no Sul do país, foi prontamente engavetado, conta um técnico da companhia. O investidor privado se afastou, com o temor da interferência do governo na política de preços. Se a Petrobras, que tem 15 refinarias, aplicar um preço menor para atender ao interesse do governo, as concorrentes terão que acompanhar. Esse risco, cada vez maior, ninguém quer correr.

PERDAS. A Petrobras perdeu ontem uma Fibria em valor de mercado. Desde o início da greve dos caminhoneiros, um banco Santander.

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