Arthur Lira abriu brecha para voto impresso ganhar sobrevida na Câmara

Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados
Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Mariana Carneiros / Coluna Malu Gaspar /O Globo

Em tese, a derrota da proposta que previa a adoção do voto impresso na comissão especial da Câmara por 23 votos a 11 deveria representar o fim da linha no Congresso. Mas a ameaça do presidente da Casa, Arthur Lira, de enviar o projeto para deliberação do plenário mesmo que ele fosse derrubado, deu sobrevida à campanha bolsonarista na Casa.

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O temor entre parlamentares que derrubaram a proposta na noite de quinta-feira é que Lira de fato envie o projeto ao plenário. Confiam ter votos suficientes para derrubá-lo, mas sabem que, até isso acontecer, Bolsonaro terá chance de continuar defendendo a proposta publicamente. 

Com o movimento, Lira agradou ao presidente da República e à sua base mais radical. Ao longo do dia, nesta quinta-feira, as redes bolsonaristas se inflamaram com a declaração de Lira. Memes com a foto do presidente da Câmara e links para reportagens sobre a fala do presidente da Câmara foram bastante compartilhadas nos grupos de WhatsApp e Telegram. 

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As regras da Casa dizem que as decisões tomadas em comissões especiais não são necessariamente as finais e devem ser enviadas ao plenário. Mas, se houver acordo entre os partidos, isso não precisa ocorrer. 

Até agora, os líderes partidários esperavam que Lira fosse enterrar o projeto junto com a comissão especial. Na semana passada, ele disse que a proposta não tinha apoio e que seria perda de tempo colocá-la em votação.

Desde então, porém, Jair Bolsonaro fez a live em defesa do voto impresso que o transformou em investigado no inquérito das fake news e o colocou em rota de colisão com o Supremo Tribunal Federal. Isso fragilizou ainda mais a proposta no Congresso. 

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Para Alessandro Molon (PSB-RJ), a larga vitória na comissão indica que, se Lira quiser levar o projeto ao plenário apenas para agradar Bolsonaro, vai ter trabalho. “Foi acachapante Espero que ele não leve, mas se levar perde também”. 

Orlando Silva (PC do B-SP) vai na mesma linha: “O centro em peso foi contra a proposta, PSDB, DEM, PSD… a votação mostra a posição da maioria dos partidos”.

Já outros membros da comissão especial são mais cuidadosos. Acreditam que o presidente da Câmara fará contagens dentro dos partidos antes de tomar uma decisão. Isso porque o voto impresso só será aprovado com o apoio de 308 dos 513 deputados, em dois turnos. 

Se tiver certeza de que o projeto não passa, Arthur Lira deverá recuar. Até lá, porém, o presidente da República já terá tido tempo e oportunidades para reorganizar sua estratégia.

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Fonte: Malu Gaspar / O Globo
https://blogs.oglobo.globo.com/malu-gaspar/post/lira-deu-sobrevida-voto-impresso-na-camara.html

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