Leandro Colon: Crise com PSL transforma governo Bolsonaro em um buraco de incertezas

O barril de pólvora que virou o partido tem potencial para causar danos irreparáveis ao Planalto.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O barril de pólvora que virou o partido tem potencial para causar danos irreparáveis ao Planalto

“Como o Bolsonaro já falou, nós estávamos noivos e hoje é o dia do casamento”. A frase é de Luciano Bivar, no dia 7 de março de 2018, no ato de filiação ao PSL do então pré-candidato à Presidência.

Era um casamento de fachada, assim como de fachada eram as candidaturas de mulheres usadas como laranjas da sigla de Bivar e sua trupe.

O PSL nunca foi levado a sério em Brasília. Nada dos últimos dias surpreende. Bolsonaro topou ser “noivo” ciente da encrenca em que estava se metendo. Beneficiou-se dela, ganhou a eleição presidencial há um ano e agora tenta bancar o bom moço e cair fora da lama da legenda.

Bastava uma lida no prontuário de Bivar para Bolsonaro ter pensado duas vezes antes de entrar no PSL. Quem vive no mundo do futebol conhece as travessuras do deputado.

Cartola conhecido em Pernambuco, Bivar afirmou anos atrás que, no comando do Sport de Recife em 2001, pagou para emplacar um jogador na seleção brasileira. O dinheiro serviu, segundo ele, para garantir a convocação do volante Leomar pelo então treinador da CBF, Emerson Leão. Bivar nunca explicou direito a tramoia financeira – quem recebeu a suposta propina, por exemplo.

Leão, na época da história mal contada pelo deputado, negou ter levado qualquer comissão. A única certeza do caso é que Leomar não tinha futebol para jogar na seleção.

É com esse tipo de político que Bolsonaro se “casou” em março do ano passado, depois de leiloar sua candidatura entre várias legendas de aluguel. O inquilino viu o estado do imóvel e agora quer romper o contrato ou tomá-lo dos donos.

O problema de Bolsonaro é que o barril de pólvora que virou o PSL tem potencial para causar danos irreparáveis ao Planalto e ameaçar a governabilidade de quem ainda não tem uma base para chamar de sua.

O desmonte da única sigla que, em tese, estava até agora fechada com o presidente é um péssimo sinal para Bolsonaro. Ou ele reage e opera algum milagre ou o seu governo caminha para um buraco de incertezas.

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