Na semana em que se tornou pública uma dura crítica do governador Geraldo Alckmin, do PSDB, à Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo), principal órgão de financiamento à ciência, por supostamente “priorizar estudos sem utilidade prática”, o #ProgramaDiferente mostra exatamente o contrário: um trabalho essencial para a saúde pública e para o dia-a-dia de milhares de famílias brasileiras.
Assista aqui ao bate-papo exclusivo sobre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e a relação do vírus Zika com recentes casos de microcefalia, entre outros assuntos estudados pela “Rede Zika”, uma força-tarefa de cientistas da USP, Unesp e Unicamp financiados pela Fapesp.
Participam do debate na TVFAP.net o bioquímico Walter Colli, coordenador da Fapesp desde 2003 e responsável pelas iniciativas do combate ao vírus Zika; e o virologista Paulo Zanotto, professor doutor da USP e um dos idealizadores da Rede Zika.
Segundo a imprensa divulgou nesta semana, na última reunião do seu secretariado Alckmin teria feito severas críticas (e injustas, para os especialistas) à falta de apoio da Fapesp a estudos para o desenvolvimento da vacina da dengue, e ainda ironizou o incentivo a pesquisas de sociologia, por exemplo.
Para o governador, ainda de acordo com os participantes da reunião, a Fapesp vive numa bolha acadêmica desconectada da realidade, financia estudos que muitas vezes não têm nenhuma serventia prática e gasta dinheiro sem critérios objetivos.
Porém, para contrariar o governador, do total gasto pela Fapesp em pesquisas (cerca de R$ 1,18 bilhão em 2015), quase 30% foram destinados à área de saúde. Para o desenvolvimento da vacina da dengue no Instituto Butantan, especificamente, a fundação teria desembolsado algo em torno de R$ 2 milhões.
Logo depois que a associação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia em bebês brasileiros foi detectada, o órgão também aprovou recursos adicionais da ordem de R$ 500 mil para projetos de virologia já em andamento.
Neste ano, em parceria com a Finep (órgão federal), a Fapesp lançou um edital no valor de R$ 10 milhões para pequenas empresas que busquem desenvolver tecnologias contra o Zika e o mosquito Aedes aegypti.
Ninguém da Fapesp quis responder as críticas feitas por Alckmin. Mas o debate sobre o vírus Zika, que dará origem a um especial do #ProgramaDiferente sobre o tema, é um bom indicativo da realidade desta instituição pública de fomento criada em 1962 para financiar a inovação científica.
A Fapesp recebe um percentual fixo de um 1% do total de impostos do Estado de São Paulo e, com esse dinheiro, concede bolsas a alunos e professores e arca com as despesas das pesquisas por ela selecionadas. O órgão tem autonomia garantida por lei e seus dirigentes têm mandato fixo, o que significa que a influência política e econômica do governo do Estado sobre a Fapesp é limitada.