O quadro atual indica que Ciro, Alckmin e Haddad são os candidatos a derrotar o capitão do PSL.
Um desses três homens deverá ser eleito presidente do Brasil. A última pesquisa do Datafolha, confirmada em parte pelo Ibope, parece estar apontando para uma tendência. Marina muito provavelmente estará fora do segundo turno, e Bolsonaro deverá chegar lá, mas apenas para perder no dia 28 de outubro. Apesar de ser líder em todas as pesquisas de intenção de votos, ele não é o favorito desta eleição.
Na pesquisa mais atual, a do Datafolha de segunda-feira, Ciro, Alckmin e Haddad cresceram, assim como Bolsonaro. É interessante analisar as chances de cada um deles diante da situação atual e apostando em algumas movimentações que deverão ser feitas por suas campanhas nesta reta final. Mas antes, é preciso entender por que será difícil para Marina se recuperar da queda que teve nas duas pesquisas.
Pelo Datafolha, a candidata perdeu quase 30% do seu eleitorado em dez dias. No Ibope, perdeu 20% em uma semana. Os números são eloquentes. As razões de tamanha perda são diversas, a principal talvez seja a incapacidade dela de se posicionar claramente sobre questões mais polêmicas.
A candidata terá dificuldade em retomar o protagonismo na campanha porque sua aliança com o PV é desidratada. Marina tem apenas 21 segundos no horário eleitoral, e se não criar um fato político relevante, vai passar os últimos dias da campanha fazendo apenas figuração. E Marina não gosta de criar fatos. Grave ainda é o seu índice de rejeição recolhido pelo Datafolha, crescendo para 29% e só sendo superado pelo de Bolsonaro.
Ciro cresceu nas duas pesquisas, e no Datafolha chegou a se isolar no segundo lugar. Os adversários Alckmin e Haddad só o alcançam no limite da margem de erro. Mas este fato não significa que ele está garantido no segundo turno. A campanha terá ainda 25 dias de emoção em que as posições dos três pode muito bem mudar. Ciro, contudo, tem uma carta na manga, a mais baixa rejeição dentre os candidatos competitivos.
O problema do candidato do PDT é o mesmo de Marina. Sua coligação é ridícula em tamanho, tendo apenas o Avante ao seu lado. Com pouca TV, Ciro terá de se valer do noticiário e dos debates para se manter bem posicionado na disputa. Mas Ciro é um criador de fatos, o que pode ajudá-lo. A sacada do SPC, por exemplo, tem relação direta com o crescimento das intenções de voto no candidato. Resta saber como anda o estoque de ideias do candidato, e se ele ainda não vai dar aquele habitual tiro no pé.
Dentre os três contendores de Bolsonaro, Alckmin é o mais pesado, o mais difícil de ser carregado. A prisão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) na terça, dia seguinte à pesquisa Datafolha, pode ainda ter reflexos no apoio à sua candidatura. Mas Alckmin tem muita TV, pode construir qualquer discurso com diversas narrativas. Sem dúvida, esta é uma grande vantagem.
O PSDB deve retomar os ataques a Bolsonaro, levando ao eleitor o caráter homofóbico e misógino do candidato do PSL e a ideia de que armar a população resolve o problema da segurança. Este pode ser um trunfo, mas todo cuidado é pouco. Qualquer deslize pode parecer contraditório, já que, no aspecto econômico, Bolsonaro (Paulo Guedes) e Alckmin são bastante parecidos. E, depois, o inimigo de Alckmin a bater é o PT.
Haddad, enfim, entrou na disputa e tem um bom espaço para crescer. Antes mesmo de ser o candidato oficial, já subira cinco pontos no Datafolha. Mas seu ritmo de crescimento terá de ser alucinado. Nas três semanas que faltam até o domingo eleitoral, o candidato terá de dobrar seu rendimento de modo a superar Alckmin, Marina e, sobretudo, Ciro, seu principal adversário e com quem divide os votos da esquerda, dos órfãos de Lula.
Por isso também a sua campanha será feita inteiramente à sombra de Lula. Haddad só voltará a ser Haddad se for eleito. Antes disso, será o estepe do ex-presidente preso. Outro detalhe importante, o discurso de sua candidatura vai centrar fogo no governo Temer, a quem culpará por todos os problemas criados pela gestão de Dilma. Aliás, PT e Haddad vão fingir que Dilma não existiu. Esse discurso é tão fácil quanto falso e, sem desmentidos dos demais candidatos, poderá até colar.