Livro destaca heroísmo e bravura de negros no Exército Brasileiro durante Guerra do Paraguai

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Cleomar Almeida, Coordenador de Publicações da FAP

O protagonismo e o patriotismo dos negros do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai, o maior conflito armado internacional na América Latina de 1864 a 1870, foram decisivos para a defesa da integridade do território do Brasil. Apesar de pouco lembrada, a presença de afrodescendentes na história militar do país é significativa, marcada por bravura e heroísmo.

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Os relatos estão no novo livro Kamba’Race: Afrodescendências no Exército Brasileiro (156 páginas), do jornalista Sionei Ricardo Leão. Editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), a publicação será lançada em evento virtual da entidade, nesta quinta-feira (27/5), com transmissão neste portal e nas redes sociais, a partir das 20h30.


Confira o vídeo!

https://www.facebook.com/fundacaoastrojildofap/videos/3104680913102392/


20 anos de pesquisa

O livro é resultado de um estudo realizado durante 20 anos, desde 1999, que também apresenta uma relação inédita de poucos generais negros brasileiros. Em 2005, a pesquisa também foi usada na produção de documentário do mesmo nome, que recebeu o Prêmio Palmares de Comunicação, realizado pela Fundação Palmares e Ministério da Cultura.

O nome da pesquisa se refere ao lugar onde a tropa paraguaia assassinou soldados brasileiros com cólera, em uma região de Mato Grosso do Sul. De acordo com o autor, moradores relatam que, na área de uma clareira ouvem os gemidos dos homens que ali foram sacrificados. “Portanto tornou-se comum na região divulgar que aquele lugarejo é mal-assombrado”, escreve o autor.

Kamba, no idioma guarani, significa “negro”; race, “choro”, “lamento”.  “Ainda hoje, você ouve o gemido, o choro, dos negros que morreram. É até uma metáfora sobre a população negra, que continua sofrendo, o grito continua ecoando”, afirma, em entrevista ao portal da FAP. “O livro é um registro de valorização da população negra, que continuam contribuindo para o país e precisam ser reconhecidos por isso”.

1 branco para 45 negros

O livro reforça que o nome dado ao lugar, provavelmente por paraguaios, serve de referência à participação de afrodescendentes brasileiros na guerra. “Existem relatos segundo os quais a proporção nas tropas brasileiras era de um branco para 45 negros. Portanto, sobram evidências sobre essa massiva participação nos corpos de voluntários da pátria do Exército Imperial”, analisa o jornalista, na obra.

As indagações de historiadores abordam a condição desses homens, de acordo com Sionei. Ou seja, a proporção entre negros livres e escravizados entre os que foram lutar naquele conflito. Na avaliação dele, as mortes massivas de negros “explicam a construção do mito de

Professor Doutor do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) e autor do livro A maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai, Francisco Doratioto analisa, no prefácio, que o documentário mostra a reconstituição de episódio do abandono de mais de 100 militares brasileiros, em sua maioria negros, atingidos pelo cólera em 1867.

Eles foram abandonados por não mais poderem ser transportados pela coluna, que se encontrava em difícil situação, quase sem munição e perseguida pelos soldados paraguaios. “Estes executaram os coléricos”, lembra Doratioto.

Na época, de acordo com o professor da UnB, a coluna militar enviada pelo governo imperial para socorrer a província de Mato Grosso, invadida por soldados paraguaios, recuou após invadir o Paraguai, sem ordens superiores, e começou a ser perseguida pelo inimigo.

Segundo Doratioto, o livro Kamba’Race: afrodescendências no Exército Brasileiro é mais abrangente, vai além, e pesquisa a participação dos brasileiros negros no Exército brasileiro.

“Trata-se de uma contribuição à História Militar brasileira quanto ao aspecto da composição étnica da Força Terrestre, no qual desde a Guerra do Paraguai há forte presença de negros e pardos entre soldados, cabos, sargentos e em determinados níveis do oficialato”, ressalta.

Lançamento virtual | livro Kamba’Race: Afrodescendências no Exército Brasileiro
Data: 27/05/2021
Transmissão: a partir das 20h30
Onde: Portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade.
Realização: Fundação Astrojildo Pereira

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