Vida na água

ONU: Má gestão do meio ambiente e dos recursos naturais pode contribuir para surgimento de conflitos

A má gestão pode abastecer e financiar as guerras existentes e aumentar o risco de retomada de conflitos, alertou o secretário-geral da ONU. “Por outro lado, existem muitos exemplos de recursos naturais que servem como catalisadores para a cooperação pacífica, para a construção da confiança e para a redução da pobreza”, acrescentou Ban Ki-moon.

Na ocasião do Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente em Tempos de Guerra e Conflito Armado, marcado no último domingo (6), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que, para alcançar os novos objetivos globais da Agenda 2030, é essencial que a comunidade internacional compartilhe o dever de cuidar do meio ambiente em tempos de paz e de guerra.

“A má gestão do meio ambiente e dos recursos naturais podem contribuir para a eclosão de conflitos. Isso pode abastecer e financiar as guerras existentes e aumentar o risco de retomada dos combates. Por outro lado, existem muitos exemplos de recursos naturais que servem como catalisadores para a cooperação pacífica, para a construção da confiança e para a redução da pobreza”, disse o dirigente máximo da ONU.

O secretário-geral observou que recursos naturais como terra, madeira, minerais, petróleo e gás são, muitas vezes, os principais ativos que os governos precisam para apoiar os meios de subsistência e a recuperação econômica.

“A maneira como as autoridades gerenciam esses recursos pode alterar fundamentalmente o curso da construção da paz pós-conflito”, disse Ban.

Ele destacou a necessidade de trabalhar em conjunto para combater a criminalidade ambiental; por fim à exploração ilegal de recursos naturais; melhorar a transparência; compartilhar benefícios de maneira mais equitativa; e incentivar a participação das mulheres, dos povos indígenas e de grupos vulneráveis no processo de tomada de decisão.

“Neste Dia Internacional, peço a todos os governos, empresas e cidadãos em todo o mundo que priorizem o cuidado ambiental e a gestão sustentável dos recursos naturais, para a prevenção dos conflitos, para a construção da paz e para a promoção da prosperidade duradoura”, frisou Ban.

De acordo com o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Erik Solheim, e o coordenador humanitário da ONU, Stephen O’Brien, a destruição ambiental pode também, entre outras coisas, afetar a entrega de ajuda humanitária às pessoas necessitadas e servir como um condutor de migração.

Em declaração conjunta, eles informaram que, nas últimas semanas, poços de petróleo foram incendiados no Iraque, criando uma grande nuvem tóxica e afetando a saúde de várias pessoas.

“Entre os 65 milhões de refugiados do mundo, muitos terão uma história que inclui o ecocídio. Guerras começam por causa dos recursos naturais e muitas se perpetuam por causa deles. E nós estamos vendo o ambiente sendo usado como uma arma. A proteção ambiental tem de assumir um papel mais proeminente na nossa resposta ao conflito’’, disse Solheim.

“As famílias que fogem de Mossul foram impactadas por anos pelas ações dos integrantes do ISIL e pela operação militar em curso. Gases tóxicos provenientes da queima de poços de petróleo e de instalações industriais agora adicionam mais um sofrimento à situação dessas pessoas”, acrescentou Stephen O’Brien.

“Proteger o meio ambiente durante os conflitos é fundamental para proteger a saúde humana e também a capacidade das comunidades e nações de se recuperar”, continuou O’Brien.


Brasil: Especialistas da ONU elogiam suspensão de acordo sobre desastre no Rio Doce

“O acordo ignorava os direitos humanos das vítimas, e sua suspensão (no dia 1° de julho) é uma oportunidade perfeita para realizar uma completa revisão baseada em direitos humanos das devidas reparações e compensações para as vítimas, com transparência e participação pública”, afirmaram os especialistas.

Os peritos da ONU observaram que o Ministério Público do Brasil estimou que os custos dos danos são 25 vezes maiores que a quantia considerada no acordo inicial, e alertaram que o acordo foi negociado a velocidade recorde em comparação com outros desastres desta magnitude, durante um tumultuado período para o governo do Brasil.

O desastre socioambiental promovido pela Samarco tem sido descrito como o maior na história do país. Foto: Rogério Alves/TV Senado

Um grupo de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas elogiou nesta terça-feira (5) a decisão do Superior Tribunal de Justiça brasileiro de suspender o acordo alcançado entre o governo do Brasil e a Samarco Mineração S.A., junto com suas empresas controladoras Vale S.A. e BHP Billition Brasil Ltda., em resposta ao que tem sido descrito como o maior desastre socioambiental na história do país.

“O acordo ignorava os direitos humanos das vítimas, e sua suspensão em 1° de julho é uma oportunidade perfeita para realizar uma completa revisão baseada em direitos humanos das devidas reparações e compensações para as vítimas, com transparência e participação pública”, afirmaram os especialistas. “Pedimos que o governo a aproveite, a fim de abordar de forma oportuna e adequada as persistentes preocupações de direitos humanos.”

Em novembro de 2015, o rompimento de uma barragem em Mariana, no estado de Minas Gerais, liberou cerca de 50 milhões de toneladas de rejeito de minério de ferro, supostamente aumentando os níveis de múltiplas substâncias tóxicas em um curso de aproximadamente 700 km de vários rios, incluindo o rio Doce. Dezenove pessoas morreram diretamente por causa do colapso.

As vidas de 6 milhões de pessoas foram severamente afetadas, enquanto muitas casas e aldeias foram enterradas ou destruídas, e fontes essenciais de água foram contaminadas. Fontes de alimento e água para povos indígenas e comunidades locais ficaram seriamente comprometidas.

“Os poderes executivos e as empresas parecem ter, com sua pressa, ignorado os direitos das vítimas à informação, participação e a uma reparação efetiva, bem como a entregar garantias de prestação de contas. Para as vítimas, isso agrava ainda mais a situação”, disse o relator especial da ONU sobre direitos humanos e substâncias e resíduos perigosos, Baskut Tuncak. “Eles pareciam dispostos a dispensar os direitos das vítimas em um esforço de varrer esse desastre para debaixo do tapete.”

Os peritos da ONU observaram que o Ministério Público do Brasil estimou que os custos dos danos são 25 vezes maiores que a quantia considerada no acordo inicial, e alertaram que o acordo foi negociado a velocidade recorde em comparação com outros desastres desta magnitude, durante um tumultuado período para o governo do Brasil, atolado em uma crise política e alegações de corrupção em massa.

“Os eventuais custos de fornecer total reparação e compensação para todas as vítimas será colossal, e podem ser os maiores em termos de água e saneamento”, alertou o relator especial da ONU sobre o direito humano à água potável e saneamento, Léo Heller.

O acordo

O acordo suspenso previa o estabelecimento de uma fundação privada para executar vários programas de reparação e compensação nos próximos 15 anos. Nesse sentido, os especialistas da ONU expressaram preocupação sobre a “deplorável falta de transparência e de participação das vítimas no processo de negociação do acordo”, e notaram que o acordo não foi disponibilizado para o público geral.

Eles expressaram também grave preocupação com os órgãos de governança a serem estabelecidos pelo acordo, que deixariam pouca ou nenhuma margem para a efetiva participação das autoridades públicas e das comunidades afetadas no planejamento e execução dos programas ambientais, sociais e econômicos.

Se for estabelecido, a empresa de mineração teria o poder de decidir sobre as indenizações a serem entregues para as populações afetadas sem possibilidade nenhuma de que essas decisões fossem questionadas ou recorridas. Além disso, o acordo não projetava mecanismos suficientes para garantir a participação de todas as comunidades afetadas na implementação da fundação.

“Aproveitando a oportunidade da suspensão, os termos do acordo devem fornecer salvaguardas adequadas para garantir que existirão recursos suficientes para todos os projetos. A alocação desses recursos deve ser revisada e decidida conforme princípios democráticos e deve ser aplicada observando os princípios de direitos humanos”, enfatizaram.

O apelo dos peritos também foi respaldado pela relatora especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, e o atual presidente do Grupo de Trabalho da ONU sobre empresas e direitos humanos, Pavel Sulyandziga.

Sobre os especialistas independentes

Léo Heller, Baskut Tuncak e Victoria Tauli-Corpuz e Pavel Sulyandziga fazem parte do que se conhece como os Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos. ‘Procedimentos Especiais’, o maior órgão de especialistas independentes no sistema de direitos humanos das Nações Unidas, é o nome atribuído aos mecanismos de investigação e monitoramento independentes do Conselho, que trabalham sobre situações específicas de cada país ou questões temáticas em todas as partes do mundo.

Os especialistas dos Procedimentos Especiais trabalham a título voluntário; eles não são funcionários da ONU e não recebem um salário pelo seu trabalho. São independentes de qualquer governo ou organização e prestam serviços em caráter individual. Saiba mais (em inglês):

Água e saneamento:

www.ohchr.org/EN/Issues/WaterAndSanitation/SRWater/Pages/SRWaterIndex.aspx

Resíduos perigosos:

www.ohchr.org/EN/Issues/Environment/ToxicWastes/Pages/SRToxicWastesIndex.aspx

Povos indígenas:

www.ohchr.org/EN/Issues/IPeoples/SRIndigenousPeoples/Pages/SRIPeoplesIndex.aspx

Empresas e direitos humanos:

www.ohchr.org/EN/Issues/Business/Pages/WGHRandtransnationalcorporationsandotherbusiness.aspx

ONU Direitos Humanos, página de país – Brasil:

http://www.ohchr.org/EN/Countries/LACRegion/Pages/BRIndex.aspx

Para mais informações ou pedidos de imprensa, entre em contato com Melinda Ching Simon (+41 22 917 9113 / mchingsimon@ohchr.org) ou Patricia Varela (+41 22 928 9234 / pvarela@ohchr.org) ou escreva para srtoxicwaste@ohchr.org

Para consultas de mídia relacionadas com outros especialistas independentes da ONU:
Xabier Celaya, Unidade de Mídia do ACNUDH (+ 41 22 917 9383 / xcelaya@ohchr.org)

Informações à imprensa no Brasil:
Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio)
Roberta Caldo e Gustavo Barreto: (21) 2253-2211 | (21) 98202-0171 | (21) 98185-0582
unic.brazil@unic.org | caldo@un.org | barretog@un.org
Site www.unicrio.org.br


Fonte: nacoesunidas.org


Preservar oceanos é fundamental para a manutenção da vida em todo o planeta, destaca chefe da ONU

Nesta quarta-feira (8), as Nações Unidas celebram o Dia Mundial dos Oceanos e chamam atenção para os perigos enfrentados pela vida marinha. Cerca de 20 milhões de toneladas de plástico são despejadas anualmente nos mares, ameaçando animais aquáticos e também humanos que se alimentam de frutos do mar.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou nesta quarta-feira (8) – Dia Mundial dos Oceanos – que a preservação dos mares é fundamental para a manutenção da vida na Terra. O chefe da ONU destacou que os oceanos contribuem para a regulação do clima, além de oferecerem recursos naturais e alimentos para bilhões de pessoas.

“Embora os oceanos pareçam infinitos, sua capacidade de resistir às atividades humanas é limitada, particularmente porque eles também enfrentam as ameaças colocadas pelas mudanças climáticas”, destacou Ban Ki-moon.

Em 2016, as celebrações do Dia Mundial contam com o tema “Oceanos saudáveis, planeta saudável”. Atividades na sede das Nações Unidas em Nova York e em outras partes do mundo vão chamar atenção para os riscos associados ao despejo de cerca 20 milhões toneladas de plástico nos mares por ano.

https://twitter.com/UNESCOBrasil/status/740513790328856576

A poluição provocada por esse tipo material ameaça não apenas os animais aquáticos – que confundem as micropartículas de plástico com alimento –, mas também as pessoas que comem essas espécies e podem acabar ingerindo o poluente.

Ban Ki-moon também destacou a importância da pesquisa científica, que fornece informações importantes sobre os perigos enfrentados pela vida marítima. O secretário-geral lembrou que, em dezembro do ano passado, a Assembleia Geral da ONU recebeu a primeira Avaliação Mundial do Oceano – relatório que foi publicado em janeiro de 2016 contendo um panorama sobre o atual estado dos mares.

‘Oceano é chave para nova Agenda Global’

Também por ocasião do Dia Mundial, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, ressaltou que os oceanos “são parte integral de nosso planeta e um componente absolutamente essencial das vidas humanas, dos meios de subsistência e do meio ambiente que nos sustenta”.

“Da pesca e do turismo ao transporte e à regulação climática, o oceano é chave para implementar a nova Agenda Global”, enfatizou a dirigente, que lembrou que um dos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é dedicado à conservação da vida na água.

“Seja no litoral ou no alto-mar longe de todos, a salvaguarda de sítios marinhos ricos em biodiversidade é essencial para se garantir o uso sustentável e de longo prazo de recursos naturais preciosos.”

Bokova lembrou ainda que a UNESCO possui uma Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI), responsável por apoiar os Estados-membros na implementação das metas relativas à vida marinha da Agenda 2030. “A COI está comprometida com o incentivo ao desenvolvimento de políticas nacionais que promovam o crescimento sustentável ambientalmente consciente.”


Fonte: nacoesunidas.org