Sergio Moro

Thomas Milz: Sergio Moro é falsa ilusão de uma terceira via

Imagem de Moro está essencialmente ligada tanto a Lula quanto a Bolsonaro

Thomas Milz / DW Brasil

Com o ex-juiz prestes a se tornar presidenciável, é possível vislumbrar uma campanha eleitoral voltada para brigas passadas. Em vez de ideias novas, a expectativa é de lavagem de roupa suja entre Moro, Bolsonaro e Lula.

"Uma parte da classe média que nunca votaria na esquerda, mas se decepcionou com a incapacidade administrativa de Bolsonaro, poderia agora migrar para Moro"

Fico imaginando um debate entre os presidenciáveis na campanha do ano que vem. Poderemos ter Sergio Moro, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro no mesmo palco. Seria a dança dos fantasmas do passado. Isso, claro, se Bolsonaro não fizer como fez na última campanha e fugir dos debates. Só pelo espetáculo televisível, já seria fantástico.

Bolsonaro teria dois difíceis adversários. Desta vez, anotar palavras-chaves de campanha numa mão só – como fez  em 2018 – não será suficiente. Ele precisaria das duas mãos para anotar as palavras-chaves para atacar Lula e Moro. Numa mão: comunismo, Venezuela, corrupção, Petrobras. Na outra: STF, traidor, mentiroso. Aí, ele só precisaria lembrar qual mão seria para qual adversário.

Nesse palco imaginário, quando Lula chamar Moro de mentiroso no debate dos presidenciáveis, ganhará aplausos de Bolsonaro – o qual, por sua vez, chamará Lula de corrupto, gerando aplausos de Moro. Aí, só resta Lula chamar Bolsonaro de genocida. De que Moro vai chamar seu antigo chefe Bolsonaro ainda não temos certeza. De repente, o livro de Moro, intitulado Contra o sistema da corrupção e a ser publicado no mês que vem, trará uma resposta para isso.


Foto: Podemos/Divulgação
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Foto: Lula Marques / AGPT
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Ajuste de contas

Para resumir: haverá muita lavagem de roupa suja entre pessoas cujos caminhos já se cruzaram de forma desastrosa. Será um ajuste de contas aberto, de todas as partes. O que faltará será uma discussão sobre renovar o país. Um caminho alternativo, longe das brigas pessoais entre o campo lulista e o campo bolsonarista.

Com Moro, isso não será possível. A imagem dele está essencialmente ligada tanto a Lula quanto a Bolsonaro. A essência da sua candidatura é o embate pessoal com Lula e, desde sua saída do Ministério da Justiça, com o clã Bolsonaro. Moro não mostrou "serviço" ou ganhou experiência na administração pública, como o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) ou como o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Estes sim poderiam representar uma terceira via. Moro não.

Parece-me que a entrada de Moro na corrida para 2022 atinge mais Bolsonaro que Lula. Entre o petista e o ex-juiz, as coisas são bem definidas. Seria "apenas" um reencontro com sinais um pouco trocados. Quem não se lembra dos vídeos em que Moro tomou o depoimento de Lula em Curitiba?

Os dois estariam frente a frente novamente, mas agora não na condição de um acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e, no outro lado, de um juiz, herói de um novo Brasil eticamente superior. Agora, teríamos um ex-presidente cujas condenações, feitas por Moro, foram anuladas e que aparece agora com força nas pesquisas eleitorais para 2022.


Lula participa do Festival “Democracia Para Siempre” na Argentina. Foto: Ricardo Stuckert
Lula participa do Festival “Democracia Para Siempre” na Argentina. Foto: Ricardo Stuckert
Lula participa do Festival “Democracia Para Siempre” na Argentina. Foto: Ricardo Stuckert
Lula participa do Festival “Democracia Para Siempre” na Argentina. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
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Lula participa do Festival “Democracia Para Siempre” na Argentina. Foto: Ricardo Stuckert
Lula participa do Festival “Democracia Para Siempre” na Argentina. Foto: Ricardo Stuckert
Lula participa do Festival “Democracia Para Siempre” na Argentina. Foto: Ricardo Stuckert
Lula participa do Festival “Democracia Para Siempre” na Argentina. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
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Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
Viagem Lula à Europa. Foto: Ricardo Stuckert
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Odiado tanto pela esquerda quanto pela direita bolsonarista

Moro, por outro lado, tem sofrido quedas bruscas nos últimos anos. Quebrou sua promessa de nunca entrar para a política ao aceitar ser ministro de Bolsonaro. Gerando, aliás, a suspeição de parcialidade durante sua passagem como juiz da Lava Jato. Depois, viu sua reputação desmoronar ainda mais com a Vaza Jato. E, finalmente, comprou uma briga com Bolsonaro por causa das interferências presidenciais na Polícia Federal. Agora, é odiado tanto pela esquerda quanto pela direita bolsonarista.

Mas quantos eleitores Bolsonaro perderia para Moro? O presidente baseou seu discurso vitorioso de 2018 em grande parte no "lavajatismo" de Curitiba. Uma parte da classe média que nunca votaria na esquerda, mas se decepcionou com a incapacidade administrativa de Bolsonaro, poderia agora migrar para Moro. Também haverá uma parte decepcionada com as promessas quebradas por Bolsonaro de uma reforma liberal na economia.

Estamos vendo Bolsonaro, com o apoio do Centrão, explodir o teto de gastos para criar um "Bolsa Família 2" a seu gosto. Ironicamente, não foi a esquerda que acabou com o ajuste fiscal para ampliar programas de transferência para os mais pobres, mas a "nova direita". A política brasileira realmente é uma caixa de surpresas. Resta saber quais surpresas Sergio Moro pode nos trazer com sua candidatura.


Motociata Acelera pra Jesus. Foto: Alan Santos/PR
Motociata Acelera pra Jesus. Foto: Alan Santos/PR
Bolsonaro cumprimenta o general Eduardo Villas Boas, em cerimônia no Planalto. Foto: Alan Santos/PR
Entrega de espadim aos cadetes na Aman. Marcos Corrêa/PR
Entrega de espadim aos cadetes na Aman. Marcos Corrêa/PR
Presidente visita estátua de Padre Cícero em Juazeiro do Norte. Foto: Marcos Côrrea/PR
Cerimônia de entrega de residenciais no Cariri. Foto: Marcos Corrêa/PR
Entrega da "Ordem da Machadinha" em Joinville (SC). Foto: Alan Santos/PR
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Motociata Acelera pra Jesus. Foto: Alan Santos/PR
Motociata Acelera pra Jesus. Foto: Alan Santos/PR
Bolsonaro cumprimenta o general Eduardo Villas Boas, em cerimônia no Planalto. Foto: Alan Santos/PR
Entrega de espadim aos cadetes na Aman. Marcos Corrêa/PR
Entrega de espadim aos cadetes na Aman. Marcos Corrêa/PR
Presidente visita estátua de Padre Cícero em Juazeiro do Norte. Foto: Marcos Côrrea/PR
Cerimônia de entrega de residenciais no Cariri. Foto: Marcos Corrêa/PR
Entrega da "Ordem da Machadinha" em Joinville (SC). Foto: Alan Santos/PR
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Thomas Milz saiu da casa de seus pais protestantes há quase 20 anos e se mudou para o país mais católico do mundo. Tem mestrado em Ciências Políticas e História da América Latina e, há 15 anos, trabalha como jornalista e fotógrafo para veículos como o Bayerischer Rundfunk, a agência de notícias KNA e o jornal Neue Zürcher Zeitung. É pai de uma menina nascida em 2012 em Salvador. Depois de uma década em São Paulo, mora no Rio de Janeiro há quatro anos.

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

Fonte: DW Brasil
https://www.dw.com/pt-br/sergio-moro-%C3%A9-falsa-ilus%C3%A3o-de-uma-terceira-via/a-59754632


Moro busca MBL e nomes ligados a Huck para ampliar grupo político em 2022

Ex-ministro já atua para formar grupo político que dê sustentação à sua potencial candidatura ao Planalto

Pedro Venceslau, Brenda Zacharias e Luiz Vassallo / O Estado de S. Paulo

Prestes a se filiar ao Podemos, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro já atua nos bastidores para formar um grupo político próprio que dê sustentação à sua potencial candidatura ao Palácio do Planalto. Afastado do debate nacional desde que deixou o governo e foi atuar em uma empresa de consultoria nos Estados Unidos, Moro procura interlocução em várias frentes simultâneas para se destacar no congestionado campo da terceira via.

O ex-juiz tenta arregimentar apoio nas bases “lavajatistas”, incluindo grupos que lideraram as manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), como o Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL).

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Com a saída do apresentador Luciano Huck da disputa presidencial, o ex-ministro quer explorar a condição de possível “outsider” da eleição. Moro tenta construir pontes com economistas e teve conversas com quadros que eram próximos ao apresentador da TV Globo, como Armínio Fraga. O objetivo é expandir sua narrativa para além do combate à corrupção e fazer uma sinalização ao mercado. Outro nome que está no radar de Moro é o de Persio Arida

Identificação. “Neste processo, uma das coisas que eu defendo é que não tem que ter nenhum veto a nenhum pré-candidato, a nenhuma força política que queira trabalhar pela unidade. Se ele procurar, claro, vamos dialogar”, disse o presidente do Cidadania, Roberto Freire. Na semana passada, Moro esteve com o presidenciável do partido, o senador Alessandro Vieira (SE).

Freire era um dos interlocutores próximos de Huck. Assim como Moro, Vieira é identificado com a pauta do combate à corrupção, o que facilitaria uma eventual composição. Mas, apesar da disposição ao diálogo, Freire faz ponderações sobre a candidatura de Moro. “A agenda dele tem um certo peso na sociedade, a questão da luta contra a corrupção. Mas não é suficiente para representar (o País). Os problemas brasileiros são muito maiores do que isso, embora isso (a corrupção) seja um problema. Ele é um grande eleitor, mas não sei se será um grande candidato.”

No caso do MBL, a disposição é explícita. “Precisamos de um nome viável para unir a terceira via. O nome do Moro vai além do lavajatismo. Ele tem preocupações sociais e com a estabilidade econômica. Estar com Moro é uma possibilidade. Podemos convergir no ano que vem”, disse a porta-voz do MBL, Adélia Oliveira. 


Foto: Podemos/Divulgação
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Coletiva de imprensa de Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Foto: Podemos/Divulgação
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Deputados e lideranças do MBL estarão no ato de filiação do ex-ministro ao Podemos, nesta quarta-feira, 10, em Brasília e, em contrapartida, Moro confirmou presença no Congresso Nacional do movimento, no dia 20.

Outros temas. Para o evento de filiação, Moro redigiu um discurso que deve apenas passar por pontuais ajustes da equipe de marketing do Podemos. O Estadão apurou que o texto não bate apenas na tecla do combate à corrupção, mas deve tratar de economia, educação e saúde. O ex-ministro tem dito a integrantes do partido e de sua equipe de campanha que deve privilegiar o debate sobre justiça social.

Agenda própria. Segundo aliados, Moro está 100% focado neste momento em fazer política, mas tem operado com uma agenda própria e de forma discreta. O ex-ministro, de acordo com correligionários, sabe que precisa ampliar o leque partidário de apoio para além do Podemos, uma legenda com recursos limitados do Fundo Partidário e do fundo eleitoral e pouco tempo de exposição no horário eleitoral de TV e rádio. 

Futura legenda a ser criada a partir da fusão entre o DEM e o PSL, o União Brasil, que deve ter seu registro formal em janeiro, foi procurado por Moro. O principal interlocutor do ex-ministro na legenda em formação é o deputado Junior Bozzella (SP), vice-presidente nacional do PSL e presidente do partido em São Paulo. O parlamentar chegou a organizar um grupo de parlamentares pró-Moro dentro da agremiação e, nos últimos 45 dias, tem conversado quase diariamente com o ex-ministro. 

“O União Brasil nasce com o objetivo de construir a terceira via. Moro nutre as melhores condições para quebrar a polarização”, disse Bozzella. Há, porém, fortes resistências dentro do novo partido. 

Procurado, Moro não quis se pronunciar.

Fonte: O Estado de S. Paulo
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,moro-busca-mbl-e-nomes-ligados-a-huck-para-ampliar-grupo-politico-em-2022,70003893295


Eliane Cantanhêde: Bolsonaro depõe na PF sobre a PF, fala o que quer e Moro não pode questionar

Fatos desmentem a versão do presidente e confirmam a do ex-ministro Sérgio Moro

Eliane Catanhede: O Estado de S. Paulo

O “depoimento” do presidente Jair Bolsonaro à Polícia Federal sobre interferência política na própria PF contém histórias mal contadas e os fatos desmentem a versão de Bolsonaro e confirmam a do ex-ministro Sérgio Moro. Ele saiu do governo atirando e gerou o inquérito contra o presidente, mas nem ele nem seus advogados foram sequer avisados do depoimento.

Segundo o ex-delegado Jorge Pontes, que se formou no FBI, foi representante do Brasil na Interpol e fala o que os colegas da ativa não podem, o presidente apresentou uma “denúncia vazia” contra Moro, ao acusar o ministro de tentar chantageá-lo por uma vaga no Supremo.

É a palavra de um contra o outro, mas Moro tem um trunfo: gravou no celular a proposta da deputada bolsonarista Carla Zambelli de que, se voltasse atrás, teria o STF. Sua resposta: “Cara, eu não estou à venda”. Por que diria uma coisa para o presidente e outra para a deputada, de quem foi padrinho do casamento?

Bolsonaro disse que chamou o delegado Carlos Henrique Souza para “conhecê-lo melhor”, antes de mandá-lo para a PF no Rio, justamente onde corre o inquérito das rachadinhas contra a família. E alegou “falta de produtividade” para trocar a PF em Pernambuco, apesar de não ter a ver com isso e a gestão da delegada Carla Patrícia ser muito elogiada.

Moro acusou Bolsonaro de mexer no Rio e no diretor-geral, Maurício Valeixo, por questões políticas. Agora, às vésperas de se lançar ao Planalto, ele lembrou a reunião ministerial de 22 de abril de 2020, quando o presidente exigiu acesso a informações sigilosas e disse que não admitia investigações de pessoas próximas a ele.

Desde então, muita coisa mudou na PF, a começar do perfil do diretor-geral. Se Valeixo era um quadro interno, de operação, inteligência e administração, o escolhido para sucedê-lo, Alexandre Ramagem, era amigo dos Bolsonaro e o atual, Paulo Maiurino, fez carreira entre Judiciário, Legislativo e governos estaduais.

O perfil político se expande na cúpula e nas mudanças polêmicas no DF, no Amazonas e, novamente, no Rio. E com um hábito, que não é de hoje, de compensar os “próximos” com cargos e gordos salários em dólares no exterior. Exemplos: o ex-diretorgeral Fernando Segovia em Roma, Eugênio Ricca em Washington, Sandro Avelar em Londres.

Com todos os defeitos da era Lula, a PF teve autonomia para investigar mensalão e petrolão e indiciar o irmão do presidente, Vavá, por tráfico de influência. Agora, a “boiada” passa, para proteger os amigos do rei e recompensar “delegados políticos”. Mas governos vêm e vão, a PF fica. E é uma corporação sólida e orgulhosa.

Fonte: O Estado de S. Paulo
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,boiada-na-pf,70003891546


Moro se torna o 'sonho' dos militares para a terceira via

Santos Cruz declara apoio à candidatura do ex-juiz à Presidência

Marcelo Godoy / O Estado de S. Paulo

definição de Sérgio Moro sobre sua candidatura pelo Podemos em 2022 despertou a atenção dos militares. O ex-juiz é de quase uma unanimidade na caserna, não só por ter colocado Luiz Inácio Lula da Silva atrás das grades, mas também por simbolizar as ideias do salvacionismo e do combate à corrupção, que acompanham a maioria das manifestações políticas dos militares desde a criação da República. 

Era 24 de abril de 2020 quando o ministro dos sonhos da caserna decidiu deixar o governo para o qual fora convidado em 2018, quando ainda ocupava a 13.ª Vara Criminal Federal, de Curitiba. Acusava o presidente Jair Bolsonaro de interferir na Polícia Federal, particularmente na superintendência carioca do órgão, responsável entre outras investigações por verificar supostos crimes eleitorais cometidos pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). 

A investigação sobre a rachadinha nos gabinetes da família Bolsonaro se havia transformado então em uma briga nos tribunais, onde o filho rico do presidente tentava a todo custo parar a investigação alegando ilegalidades, para não enfrentar processos de consequências imprevisíveis. Não era então a única preocupação policial do governo. O domínio da PF seria fundamental para Bolsonaro e seus aliados diante das ações que o bolsonarismo ensaiava, investigadas nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos. 

Na manhã da demissão de Moro, um general da ativa disse à coluna que estava "pessimista" em relação ao futuro do governo. Outro resolveu lembrar o gesto do então comandante do Exército, Edson Leal Pujol, que, preocupado com a covid-19, dias antes estendera o cotovelo para o presidente que tentava apertar a sua mão em meio à cerimônia de posse do comandante militar do Sul, general Valério Stumpf. A cena irritou Bolsonaro, que não havia engolido o fato de um dia Pujol tê-lo chamado de "político peculiar". 

A pandemia, que estava apenas em seu começo, colecionaria entre suas vítimas um dos protagonistas daquela cerimônia no Comando Militar do Sul, o general Antonio Miotto, que entregara o cargo a Stumpf. Os militares jamais entenderam por que Bolsonaro jamais visitou um hospital para parabenizar médicos e se compadecer com os doentes e seus familiares. Em vez disso, a Nação o ouviu dizer com desdém: "Eu não sou coveiro". Depois de mais de 600 mil mortos, o relatório da CPI da Covid tentou mostrar que Bolsonaro foi justamente o que negou ser. 


Coletiva de Imprensa do Ministério da Saúde. Foto: Alan Santos/PR
Lançamento de campanha de vacinação no Palácio do Planalto. Foto: PR
Ministro Eduardo Pazuello durante coletiva de imprensa. Foto: PR
Ministro Eduardo Pazuello durante coletiva de imprensa. Foto: PR
Pazuello durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: PR
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Presidente Bolsonaro e o ministro Pazuello durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: PR
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Ministro Eduardo Pazuello em cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: PR
Pazuello participa de motociata com o presidente Jair Bolsonaro. Foto: Agência Brasil
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Coletiva de Imprensa do Ministério da Saúde. Foto: Alan Santos/PR
Lançamento de campanha de vacinação no Palácio do Planalto. Foto: PR
Ministro Eduardo Pazuello durante coletiva de imprensa. Foto: PR
Ministro Eduardo Pazuello durante coletiva de imprensa. Foto: PR
Pazuello durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: PR
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Presidente Bolsonaro e o ministro Pazuello durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: PR
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Pazuello durante depoimento à CPI da Covid no Senado. Foto: Agência Senado
Ministro Eduardo Pazuello em cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: PR
Pazuello participa de motociata com o presidente Jair Bolsonaro. Foto: Agência Brasil
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Mas o tempo passou, e as crises se sucederam. O general Eduardo Pazuello se tornou ministro da Saúde, faltou oxigênio em Manaus – um colossal descaso logístico apontado por especialistas militares à coluna –, e veio o comício em que o presidente convidou o general da ativa para saudá-lo no palanque no Rio, pouco depois da demissão de Pujol e dos demais comandantes militares. A ausência de punição de Pazuello pelo ato de indisciplina poupou a cabeça do atual comandante, general Paulo Sérgio de Oliveira, mas se tornou um vitória de Pirro para o presidente. Bolsonaro ganhou a batalha, mas perdeu seu Exército. 

O que antes era manifestação de uma parte dos oficiais superiores, desconfiados pelos rumos de um governo que eles majoritariamente sufragaram em 2018, transformou-se em torcida pelo surgimento de uma candidatura viável da chamada terceira via. O primeiro desejo foi que o vice-presidente, Hamilton Mourão, pudesse ocupar esse espaço. Mas a relutância de concorrer contra Bolsonaro, fez com que pouco a pouco os olhares se deslocassem para outros possíveis candidatos, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). 

O surgimento de Moro, como um nome viável eleitoralmente e decidido a concorrer contra sua nêmesis – Lula – e seu ex-chefe – Bolsonaro –,  voltou a movimentar agora as águas das casernas. "O que eu não quero é a polarização entre Bolsonaro e Lula, que não vai ajudar em nada o Brasil. Olho para as outras candidaturas válidas e, dessas, se o Moro confirmar a sua presença na disputa, vou nessa. Vou apoiá-lo. Se o Moro se candidatar eu vou apoiar. De todas as opções, neste momento, estou com o Moro”, afirmou o general Santos Cruz à coluna. 

Nenhum segredo. Há muito ele e outros militares nutrem relações e simpatias pelos magistrados que de alguma forma tiveram seus nomes ligados às decisões da Lava Jato. Esse é o caso também do desembargador Thompson Flores, que presidiu o Tribunal Regional Federal-4 (TRF-4) entre 2017 e 2019, tempo em que o tribunal julgava os processos de Lula. Se dependesse de Mourão e outros, Flores seria ministro da Justiça ou ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), como fora o seu avô,  Carlos Thompson Flores. 

Assim, Santos Cruz deixa claro que, em um segundo turno, apoiará qualquer candidatura que rompa a "polarização". O ex-companheiro de ministério de Moro verbaliza ainda apenas o que outros generais já disseram: torcem por Moro ou por algum outro candidato da terceira via. Esse é o caso também do general Paulo Chagas, que foi candidato ao governo do Distrito Federal em 2018. Assim também pensa a maioria dos generais e coronéis da ativa ouvidos pela coluna. Moro, no entanto, representa para todos a possibilidade de pôr um "sonho" nos trilhos: o trem descarrilado dos militares quer provar que sua carga só não salvou o País pela condução desastrosa do maquinista Jair Bolsonaro

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Marcelo Godoy é jornalista formado em 1991, está no Estadão desde 1998. As relações entre o poder Civil e o poder Militar estão na ordem do dia desse repórter, desde que escreveu o livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015).

Fonte: O Estado de S. Paulo
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,moro-se-torna-o-sonho-dos-militares-para-a-terceira-via,70003886524


Bolsonaro torce por Lula e Doria como adversários, e teme Sergio Moro

Pelo menos por enquanto é assim

Blog do Noblat / Metrópoles

Jair Bolsonaro dá-se ao luxo de só bater em Lula, e de orientar sua tropa a fazer o mesmo. Lula é seu adversário preferido. Nas contas dele, seria o mais fácil de derrotar ano que vem.

De resto, bater em nomes que ainda carecem de apoio em massa só serviria para fortalecê-los. Seria uma jogada burra, primária, amadora, não à altura da experiência acumulada por ele.

O que Bolsonaro mais teme é um candidato da dita terceira via que venha a consolidar-se como tal. Porque, nesse caso, ele correria o risco de ficar de fora do segundo turno, quiçá do primeiro.

Pela terceira via, o nome que mais o ameaça é o do ex-juiz Sergio Moro, o paisano dono da maior coleção de condecorações militares desde que a Operação Lava-Jato foi deflagrada.

Bolsonaro torce para que venha pela terceira via o governador João Doria, de São Paulo, que a seu juízo teria dificuldades de unir seu próprio partido, o PSDB, quanto mais os outros.

Em resumo: é tempo de Bolsonaro seguir batendo em Lula, e só uma vez ou outra em quem mais puser a cabeça de fora. Lá pelo fim do primeiro trimestre de 2022, escolherá também outro alvo.

Fonte: Blog do Noblat / Metrópoles

https://www.metropoles.com/blog-do-noblat/ricardo-noblat/bolsonaro-torce-por-lula-e-doria-como-adversarios-e-teme-sergio-moro


Com entrada de Moro e Pacheco, terceira via já tem 11 nomes para 2022

Podemos prepara filiação do ex-juiz e ingresso na sigla deve ocorrer em 10 de novembro

Lauriberto Pompeu, Daniel Weterman e Marcelo de Moraes / O Estado de S.Paulo

O Podemos já prepara uma cerimônia para marcar a filiação do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro ao partido. O ex-juiz da Operação Lava Jato deve sacramentar o ingresso na sigla em 10 de novembro. A decisão de Moro de estrear na política partidária e o anúncio da filiação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao PSD, ampliaram o cenário de potenciais pré-candidatos à sucessão do presidente Jair Bolsonaro, em 2022, na chamada terceira via.

No campo expandido do centro político já há 11 nomes que postulam ou são indicados como possíveis candidatos para quebrar a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem.

No caso de Moro, o assunto é tratado com reserva, já que ele ainda é consultor da Alvarez & Marsal e mora nos Estados Unidos. O contrato, porém, termina no fim deste mês e, a partir daí, a entrada do ex-ministro na política partidária poderá ser oficializada.

Pacheco, por sua vez, já anunciou a saída do DEM e vai se filiar ao PSD do ex-ministro Gilberto Kassab na próxima quarta-feira. Nem Moro nem o presidente do Senado bateram o martelo sobre a candidatura ao Planalto, mas todas as conversas se desenrolam nesse sentido, inclusive com a procura de vices para possíveis chapas. O ex-juiz da Lava Jato tem ainda no radar uma vaga no Senado – ele poderia concorrer por São Paulo ou pelo Paraná.

O ex-juiz da Operação Lava Jato deve sacramentar o ingresso no Podemos em 10 de novembro. Foto: Lula Marques

No cenário atual, não apenas uma ala da política como representantes do mercado financeiro estão à procura de um nome que possa se contrapor à polarização entre Bolsonaro e Lula. “É muito importante que haja uma união do centro para que isso possa ocorrer, para que haja um único candidato mais forte”, disse em entrevista ao Estadão o banqueiro Roberto Setubal, copresidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco.

Em pesquisa do Ipec divulgada em setembro, em um cenário com dez nomes, Moro aparece com 5%. Lula lidera todos os levantamentos e Bolsonaro, acuado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid – que recomendou seu indiciamento em nove condutas criminosas –, vem perdendo cada vez mais popularidade diante de uma sucessão de crises, que vão da política à economia.

Além da filiação de Moro, outra definição importante ocorrerá em novembro. Trata-se do resultado das prévias do PSDB que vão escolher o pré-candidato do partido à Presidência. Os concorrentes são os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

O PSDB integra o grupo de nove partidos de espectro político de centro que têm se reunido na tentativa de construir uma chapa única ao Planalto. De todas as legendas que se movimentam para construir uma alternativa a Bolsonaro e a Lula, porém, a única que não admite mudança de candidato é o PDT. O partido vai lançar Ciro Gomes (PDT) e está em busca de um vice. Nesta sexta-feira, 22, o PDT projetou em prédios de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Belém e Porto Alegre a nova marca da campanha, intitulada “Prefiro Ciro”. 

A lista dos 11 potenciais pré-candidatos da terceira via à eleição presidencial de 2022 inclui, ainda, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), os senadores Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB), o jornalista e apresentador de TV José Luiz Datena (PSL) e o cientista político Luiz Felipe d’Ávila (Novo).

Movimentação. Além de uma recepção para Moro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, o Podemos também planeja outros eventos semelhantes em São Paulo e em Curitiba.

No fim de setembro, o ex-ministro esteve no Brasil para ter conversas políticas e tratar da possibilidade de participar da disputa eleitoral. A primeira reunião foi com a cúpula do Podemos, em Curitiba, na casa do senador Oriovisto Guimarães, com a presença da presidente do partido, a deputada Renata Abreu, e dos senadores Alvaro Dias e Flávio Arns. Em São Paulo, Moro se encontrou com Doria e com Mandetta.

'Centro expandido' : veja quais são os pré-candidatos da terceira via à eleição presidencial de 2022

  • João Doria (PSDB)

Governador de São Paulo

  • Eduardo Leite (PSDB)

Governador do Rio Grande do Sul

  • Arthur Virgílio (PSDB)

Ex-prefeito de Manaus

  • Ciro Gomes (PDT) 

Ex-ministro

  • Alessandro Vieira (Cidadania-SE)

Senador

  • Simone Tebet (MDB-MS)

Senadora

  • Luiz Henrique Mandetta (DEM)

Ex-ministro da Saúde

  • Sérgio Moro

Ex-juiz da Lava Jato e  ex-ministro da Justiça e Segurança Pública

  • Rodrigo Pacheco (DEM-MG)

Presidente do Senado

  • José Luiz Datena (PSL)

Jornalista e apresentador de TV

  • Luiz Felipe d’Avila (Novo)

Cientista político e fundador do Centro de Liderança Pública (CLP)NOTÍCIAS RELACIONADAS

Fonte: O Estado de S. Paulo
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,com-entrada-de-moro-e-pacheco-terceira-via-ja-tem-11-nomes-para-2022,70003877441


Elio Gaspari: Sergio Moro precisará se reinventar para 2022

Ex-juiz precisa de roupa nova para as eleições de 2022

Elio Gaspari / O Globo

Em 2017, no apogeu da Operação Lava-Jato, o juiz Sergio Moro parecia ter tudo para disputar a sucessão de Michel Temer. Pela primeira vez na história da República, havia mandado para a cadeia grandes empresários e um ex-ministro da Fazenda que se revelaram criminosos confessos. Condenou o ex-presidente Lula, que foi para o cárcere protestando inocência. Com a ajuda de um tuíte do comandante do Exército, evitou-se que o Supremo Tribunal Federal lhe concedesse um habeas corpus.

Aquele juiz desconhecido de Curitiba surpreendeu o país. Passou o tempo e ele produziu novas surpresas. Divulgou a colaboração do comissário Antonio Palocci às vésperas da eleição de 2018 e, poucos meses depois, aceitou o cargo de ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, que haveria de fritá-lo.

Entre o apogeu e o ocaso, a própria Operação Lava-Jato teve expostas algumas de suas truculências e umas poucas boquinhas. Passou o tempo, Lula prevaleceu em mais de uma dezena de processos, enquanto o juiz de Curitiba teve sua parcialidade apontada pelo Supremo Tribunal Federal. A Lava-Jato se revelou um desengano, se acabou na quarta-feira e pelas ruas o que se vê é uma gente que nem se sorri.

Depois de uma temporada numa banca americana de litígios, Moro está no Brasil, conversando em torno da hipótese de vir a ser candidato na eleição do ano que vem.

Ele enriquecerá o debate, mas para isso terá que se reinventar, pois o juiz de Curitiba empobreceu a luta contra a corrupção em Pindorama. Seus meios se revelaram catastróficos e sua ida para o governo de Bolsonaro tisnou-lhe a biografia. Seu silêncio desde que deixou o ministério agravou essa situação. Muitos anos antes de se tornar um exemplo de moralidade, Moro se apresentava como alguém capaz de destruir um sistema político azeitado pela corrupção. Veio, viu e perdeu. O governo que ajudou a eleger gravita em torno das mesmas figuras que davam (e recebiam) as cartas antes da Lava-Jato.

Para que aquele juiz de Curitiba se apresente, reinventado, como um nome que encarne o que se chama de Terceira Via, o doutor precisa dizer para onde vai essa via. O ponto final da rota do último Moro foi o fenômeno Jair Bolsonaro, com seus subsidiários, como o juiz carioca Wilson Witzel.

Na sua fase de esplendor, Moro parecia reeditar a Operação Mãos Limpas da Itália. Seu críticos lembraram que a “Mani Pulite” produziu Silvio Berlusconi, um palhaço corrupto. A bem da justiça deve-se registrar que nenhum dos juízes italianos se aninhou no governo do histrião. Moro se tornou ministro da Justiça de Bolsonaro e deixou-se fritar em relativo silêncio.

Em 2022, como em 2017, pode-se fazer de tudo por Sergio Moro, menos o papel de bobo.

Joe Biden ainda não acordou

Picaretagens de filhos de presidentes pareciam ser um fenômeno latino-americano. Joe Biden atravessou essa fronteira de forma entristecedora. Com menos de um ano na Casa Branca, seu filho Hunter se meteu em mais uma encrenca. Ele já havia se casado com a viúva do irmão, tivera uma passagem pela dependência de drogas, farfalhara no mundo dos negócios eletrônicos, no ramo de consultorias e chegou a faturar US$ 83 mil mensais numa boquinha ucraniana.

Agora, aos 51 anos, virou artista plástico. Seus quadros abstratos parecem um carnaval de micróbios. Hunter expôs em Los Angeles telas cujo preço ia de US$ 75 mil a US$ 500 mil. Amealhou US$ 375 mil, equivalentes a cerca de R$ 2 milhões. Até aí, tudo bem, pois cada um pode jogar dinheiro fora comprando porcarias.

Hunter inovou. A identidade dos compradores foi mantida em sigilo, e a porta-voz da Casa Branca disse que o presidente tem orgulho de seu filho.

Lavar dinheiro com obras de arte é coisa velha.

Biden é um bom sujeito e protege seu filho, mas coisa desse tipo nunca se viu. O presidente Ronald Reagan manteve seus filhos encrencados a quilômetros da Casa Branca. O casal Clinton só se meteu com dinheiro, canalizando milhões de dólares para sua fundação, depois de deixar o poder.

Pelo andar da carruagem, acelerada pelo desastre da saída das tropas do Afeganistão, Biden arrisca jogar a administração democrata numa ruína eleitoral nas eleições parciais do ano que vem, perdendo a tênue maioria nas duas casas do Congresso. Os negócios de Hunter Biden são um presente para os republicanos trumpistas.

Eremildo, o idiota

Eremildo é um idiota, nunca tomou vacina e resolveu ajudar o capitão ao ouvir que ele pretende vender a Petrobras porque lhe atribuem culpa pelo aumento do preço da gasolina. O cretino vasculhou seus extratos bancários em paraísos e infernos fiscais e pretende ir a Brasília levando-lhe uma proposta:

Quanto ele quer pelo resto do Pindorama?

Urucubaca chinesa

Num episódio típico dos primeiros momentos da ditadura, nove chineses foram presos no Rio de Janeiro em abril de 1964. Estavam em missão oficial de um governo que o Brasil não reconhecia formalmente e viram-se acusados de fomentar a subversão comunista com agulhas envenenadas e bombas teleguiadas com formato de pássaros. Alguns apanharam, todos fizeram greve de fome e vagaram por meses pelas cadeias da cidade. Em abril de 1965, quando haviam se transformado numa batata quente para a diplomacia brasileira, foram expulsos do país.

Um deles tornou-se embaixador em Angola e chefiou o setor de América Latina do Ministério das Relações Exteriores da China. Outro tornou-se presidente do Conselho para a Promoção do Comércio Internacional e, nessa condição, conversou com o presidente João Batista Figueiredo em 1984.

— Morei um ano no Rio de Janeiro — disse-lhe o diplomata.

— Então o senhor deve conhecer bem o Brasil.

— Conheço muito pouco, porque fiquei, aquele ano, quase todo preso.

Os repórteres Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo contaram toda essa história no livro “O caso dos nove chineses”, que será atualizado e reeditado. Eles descobriram que em 2014, no governo de Dilma Rousseff, os chineses de 1964 foram agraciados com comendas da Ordem do Cruzeiro do Sul. As patacas e os diplomas foram mandados para a embaixada do Brasil em Beijing, mas em maio passado ainda estavam engavetados e não haviam sido entregues aos sobreviventes ou a seus familiares.

O decreto de expulsão dos nove chineses já foi revogado, e a concessão da honraria foi publicada no Diário Oficial. Engavetar as patacas é um caso exemplar da clarividência do então chanceler Azeredo da Silveira quando dizia:

“Tem gente que atravessa a rua só para escorregar na casca de banana da outra calçada”.

A conta de Alcolumbre

Se os çábios do Palácio do Planalto tivessem cumprido um décimo do que combinaram com o senador Davi Alcolumbre, não estariam com um espinho no pé.

Fonte: O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/sergio-moro-precisara-se-reinventar-25239329


Eliane Cantanhêde: João Dória de olho em Moro

Doria contra Leite: ‘A população não quer fazer teste, quer segurança, confiança’

Eliane Catanhede / O Estado de S. Paulo

O mais novo investimento do governador e presidenciável João Doria, de São Paulo, é para tentar atrair o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro para seu projeto de disputar as prévias do PSDB em novembro e a Presidência da República em 2022. Os dois andam conversando, mas Moro, um poço de indefinição, não diz nada e não descarta nem confirma sua própria candidatura. Além disso, é também disputado pelo União Brasil (resultado da fusão DEM-PSL).

Além do temperamento e da inexperiência política, o tempo corre contra Moro, que tem até o fim deste mês para acertar sua vida com a consultoria em que trabalha depois de deixar o Ministério da Justiça atirando. Ele tem até o dia 31 para dizer se abandona o sonho de ser candidato (à Presidência ou ao Senado), ou se abandona o emprego.

Moro conversa muito, mas não define nada, enquanto João Doria é inabalável na sua decisão – ou obsessão – de disputar a Presidência e tenta arrastar Moro e, junto com ele, toda a sua simbologia no combate à corrupção, para sua campanha. A Lava Jato morreu, mas a aura da Lava Jato ainda paira sobre o eleitorado.

Doria levou para seu governo seis ex-ministros do governo Michel Temer, a começar por Henrique Meirelles, da Fazenda. Também levou o seu vice, Rodrigo Garcia, do DEM para o PSDB e acolheu o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, ex-DEM, hoje sem partido, numa secretaria com dupla personalidade, econômica e política. E convidou para a Saúde Luiz Henrique Mandetta, do DEM, que indicou seu ex-braço direito, João Gabbardo.

Enquanto o governador Eduardo Leite (RS), seu adversário nas prévias do PSDB, esbanja simpatia, princípios e pautas de costumes, Doria dispara uma torrente de números: PIB de 7,5% em São Paulo neste ano, segundo a Fundação Seade, e recuperação de 713 mil empregos de janeiro a agosto, segundo o Caged. Tudo sempre acompanhado de “eu fiz”, ou “São Paulo fez”. O Estado, aliás, aplica R$ 30 milhões em absorventes femininos nas escolas. Ontem, Bolsonaro vetou um programa semelhante para o Brasil...

Ao dizer que o social e a Educação “não são prerrogativas do (ex-presidente) Lula”, novos números: mais R$ 21 bilhões para investir em 2021 e R$ 28 bilhões em 2022, 4,3 milhões de pessoas no “Alimento Solidário”, 2 milhões no “Vale Gás”, de 363 para 1.878 escolas de tempo integral... E uma bandeira de campanha: “Aqui não tem roubo. Não se mete a mão no dinheiro público”.

E a rejeição? Para o mundo político, um grande problema de Doria é exatamente sua rejeição, que é forte em São Paulo e migra para o resto do País. Mas o próprio rejeitado diz que o índice vem caindo há quatro meses e emenda: “Quanto melhor a economia, a renda, o emprego e a vacina, melhor a avaliação (dele) em São Paulo e no Brasil”. A estratégia de Eduardo Leite é transformar suas desvantagens em vantagens – ser muito jovem (36 anos), novato e inusitado. Mas Doria aposta: “A população não quer fazer teste, quer segurança, confiança”.

Se as prévias já não são um passeio, como Doria aparentemente imaginava, a maior pedreira vem depois, seja para ele, Leite ou qualquer opção de “centro” ou “terceira via”. Ao admitir a força eleitoral de Lula, com quem já trocou ácidos desaforos, disse que não menospreza Bolsonaro: “Ele está ferido, machucado, mas tem a caneta e a queda nas pesquisas não é acentuada, é gradual. Logo, será um importante player, vai dar muito trabalho”.

É uma corrida de obstáculos: prévia tucana, polarização Lula-Bolsonaro e uma multidão de candidatos a terceira via, que fica ainda mais congestionada com o União Brasil. Logo, Eduardo Leite é apenas um dos muitos problemas de Doria para sobreviver até o segundo turno de 2022.


Merval Pereira: Preparando a largada para a corrida eleitoral pela Presidência

Parlamentares estão em movimentação nos bastidores para a troca de partidos, a partir da fusão do DEM com o PSL

Merval Pereira / O Globo

A corrida eleitoral pela Presidência da República ganha contornos mais nítidos à medida que o prazo fatal de abril se aproxima para que os candidatos mudem de partido, no caso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ou decidam se candidatar, como é o caso mais notório, do ex-ministro Sergio Moro.

Os próprios parlamentares estão em movimentação nos bastidores para a troca de partidos, a partir da fusão do DEM com o PSL, de que nasceu o União Brasil, um partido feito para ter posição de protagonismo na sucessão presidencial e no Congresso que nascerá das urnas em 2022. Será o maior partido da Câmara atual e com muito dinheiro, com a soma dos fundos eleitoral e partidário dos dois, muito à frente do PT — e, portanto, tem estrutura para disputar com qualquer partido.

Essa grandeza formal garante ao partido nascente as condições ideais para uma disputa nacional, embora isso não seja o suficiente. Temos exemplos da eleição presidencial de 2018, com Geraldo Alckmim, do PSDB, ficando para trás mesmo com o maior tempo de propaganda eleitoral na televisão e no rádio. E Ulysses Guimarães, do MDB, então maior partido do país, que terminou em quarto lugar em 1989. Nos dois casos, os favoritos foram atropelados por fenômenos eleitorais inesperados, Bolsonaro e Collor.

O União Brasil tem as condições básicas para ser competitivo, mas precisará se unir em torno de um nome palatável ao eleitor, e que tenha empatia, pois disputará com dois líderes populistas que já se mostraram eficientes em buscar votos. É um novo player, e importantíssimo, no jogo da sucessão. Apesar de fragmentado em termos de programa — tem bolsonaristas, direitistas, conservadores —, se conseguir se unir em torno de um candidato, terá muita chance de se colocar como uma possibilidade real de poder, ir para o segundo turno e disputar a eleição presidencial.

O ex-ministro Luiz Mandetta parece ser a melhor aposta no momento, e o presidente do Senado está num dilema para a tomada de decisão: se for para o PSD, como quer Kassab, terá garantida a candidatura, mas não uma estrutura partidária forte como no União Brasil. Que também não lhe garantirá a cabeça da chapa presidencial, pois tem outros candidatos a candidato em suas fileiras.

O PSDB é outro que se mexe para a definição de seu candidato a presidente, realizando prévias partidárias pela primeira vez. O governador de São Paulo, João Doria, favorito, mas pressionado pela candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, está fazendo uma manobra inteligente ao admitir abrir mão da candidatura para unir o partido e, mais adiante, a candidatura da terceira via.

Pode ser que tenha falado porque tem certeza da vitória, mas, de qualquer maneira, é um gesto importante, e ele tem razão: se aparecerem três, quatro, cinco candidatos da terceira via, nenhum derrotará Lula ou Bolsonaro. Foi um gesto de quem nunca se esperou tal magnanimidade. Dizia-se que um acordo era impossível porque Doria nunca abriria mão da candidatura. Se vencer no PSDB, como continua sendo o mais provável, ganha força de argumentação e marca posição diante dos eleitores, com demonstração de desapego de interesses pessoais por uma questão maior, a unidade da oposição.

Na campanha, haverá uma filtragem natural de quem terá mais chance de tirar Lula ou Bolsonaro do segundo turno. Dificilmente haverá apenas um candidato da terceira via — até porque Ciro Gomes está disputando esse mesmo espaço —, mas, se houver dois, já facilita a vida do eleitor. Com cinco candidatos, ganha a polarização entre Lula e Bolsonaro.

Doria tem força partidária muito grande em São Paulo, que não se reflete ainda no eleitorado, mas pode ser que a vitória nas prévias o fortaleça como liderança nacional. O problema do PSDB estará ligado sempre à unidade partidária, que nunca foi conseguida totalmente. Mais uma vez o estado-chave será Minas Gerais, um dos maiores colégios eleitorais do país. Historicamente, quem vence em Minas vence no Brasil, uma amostragem perfeita do país, conforme definiu Carlos Augusto Montenegro, antigo dono do Ibope e um dos maiores conhecedores do eleitorado brasileiro. O deputado Aécio Neves, que continua sendo o grande líder político mineiro, será a pedra no sapato do candidato de João Doria.

Fonte: O Globo
https://blogs.oglobo.globo.com/merval-pereira/post/preparando-largada.html


Luiz Carlos Azedo: Um olho no Lula, outro no Moro

Ao decidir depor presencialmente no inquérito que apura sua suposta interferência na PF, Bolsonaro faz um cálculo político

Luiz Carlos Azedo / Nas Entrelinhas / Correio Braziliense

Como aquele sujeito que frita o peixe com um olho na frigideira e outro no gato, o presidente Jair Bolsonaro informou, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF) que pretende depor presencialmente no inquérito que apura a denúncia do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, ao renunciar ao cargo, de que estaria interferindo politicamente na Polícia Federal. O STF estava para julgar se Bolsonaro poderia prestar depoimento por escrito nesse caso, mas o ministro Alexandre de Moraes informou ao presidente da Corte, Luiz Fux, que o presidente da República havia mudado de posição.

O inquérito que investiga supostas interferências de Bolsonaro fora aberto após as denúncias de Moro, mas as investigações foram intensificadas em agosto, por determinação de Moraes. O caso é uma das razões do estresse de Bolsonaro com o STF, principalmente depois que o então relator do caso, ministro Celso de Melo, defendeu o depoimento presencial do presidente. A Advocacia-Geral da União havia recorrido dessa decisão, mas mudou de posição. A AGU afirma que Bolsonaro “manifesta perante essa Suprema Corte o seu interesse em prestar depoimento em relação aos fatos objeto deste inquérito mediante compare-cimento pessoal”. Segundo Moro, Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF ao cobrar a troca do chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro e ao exonerar o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, indicado pelo ex-ministro. Bolsonaro sempre negou.

Ocorre que Moro divulgou troca de mensagens com o presidente da República sobre o assunto e revelou o teor da discussão entre ambos na famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020, cujos vídeos foram tornados públicos por decisão de Celso de Mello. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e oficialmente não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f*** minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, dissera Bolsonaro na reunião.

Imagens fortes
A mudança de postura do Bolsonaro tem um cálculo político, não é apenas uma tática jurídica. Primeiro, o plenário do Supremo poderia exigir o depoimento presencial, porque o voto de Celso de Mello, antes de se aposentar, é muito robusto. Segundo, o ambiente é favorável, depois da carta que divulgou em 8 de setembro, desculpando-se pelas declarações contra os ministros Moraes e Luís Roberto Barroso, e o próprio Supremo. Terceiro, talvez a razão mais importante, Bolsonaro precisa produzir imagens vigorosas para a campanha eleitoral, que se contraponham a Moro, que dá sinais da intenção de se candidatar à Presidência, e também ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As imagens da reunião ministerial e de Moro denunciando a suposta interferência de Bolsonaro são muito fortes, do ponto de vista do marketing político. Estão na memória da opinião pública e desgastaram muito o presidente. São tão impactantes que Moro, mesmo debaixo de críticas e morando nos Estados Unidos, continua pontuando bem nas pesquisas de opinião.

De igual maneira, também são muito fortes as imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao depor perante Moro, no caso do tríplex do Guarujá, quando negou todas as acusações e sustentou sua inocência. São imagens que precisam ser confrontadas por Bolsonaro, não no cercadinho da saída do Palácio da Alvorada, ou nos palanques de suas viagens pelos estados. Tem que ser um cenário no qual também possa aparecer como vítima de falsidades e injustiças.

Do ponto de vista eleitoral, a situação de Bolsonaro não é boa. Sua imagem continua derretendo. Na pesquisa de opinião da Quaest entre quem ganha até dois salários mínimos, para 58% a avaliação é negativa, 22% acham o governo regular, enquanto para 17% o saldo é positivo. A reprovação cai para 49% entre os que ganham mais de cinco salários. Nessa faixa, 26% o consideram regular e 24% têm opinião positiva. Bolsonaro não pode mais se dar ao luxo de se posicionar sem levar em conta o impacto eleitoral de suas atitudes e declarações.

https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-um-olho-no-lula-outro-no-moro

Bruno Boghossian: Sergio Moro devolve seu nome ao baralho eleitoral de 2022

Existe espaço para candidatura do ex-juiz após Vaza Jato e rompimento com Bolsonaro?

runo Boghossian / Folha de S. Paulo

Sergio Moro devolveu seu nome ao baralho da eleição de 2022. O ex-juiz se reuniu com aliados na semana passada e discutiu a possibilidade de uma candidatura no ano que vem. No encontro, ele pediu que os participantes evitassem comentar seus planos para evitar problemas com o escritório americano onde ele trabalha como consultor.

Foi o sinal mais explícito do interesse de Moro na disputa desde que ele assinou com a Alvarez & Marsal, no fim do ano passado. O potencial conflito com a firma só existe porque ele continua no jogo.

Dirigentes do Podemos querem fazer de Moro mais um candidato ao Planalto com pretensão de furar o domínio de Lula e Jair Bolsonaro nas pesquisas. Não é um plano simples: assim como outros nomes que reivindicam o tal rótulo da terceira via, o ex-juiz não chega a 10% das intenções de voto em sondagens feitas por institutos e partidos.

Esses números ainda desanimam uma parte dos políticos que incentivam essa candidatura, principalmente porque Moro é um dos nomes mais conhecidos dessa arena eleitoral. Isso sugere que, já na largada, o ex-juiz acumula uma imagem negativa entre petistas e bolsonaristas, que hoje representam juntos dois terços do eleitorado.

Mesmo assim, seus aliados acreditam que ele pode ocupar terrenos numa direita que se afastou ou ainda pode se afastar de Bolsonaro.

Na última pesquisa do Datafolha que incluiu o nome do chefe da Lava Jato, em maio, só 26% diziam que não votariam nele de jeito nenhum. Os moristas veem aí um sinal de que bolsonaristas poderiam votar no ex-juiz se ele tiver chances de vencer o PT. Até aqui, não é o caso: Moro e Bolsonaro perdem de longe para Lula nas simulações de segundo turno.

Moro prometeu decidir até novembro se larga um emprego em Washington para se tornar alvo numa campanha de alta octanagem. Se entrar na corrida, ele terá que explicar sua colaboração com o governo Bolsonaro e a parceria ilegal com o Ministério Público na Lava Jato.

Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bruno-boghossian/2021/09/sergio-moro-devolve-seu-nome-ao-baralho-eleitoral-de-2022.shtml


Alon Feuerwerker: Um Bolsonaro para Bolsonaro? E Moro

Alguém que tire do incumbente a liderança do bloco que vai do centro para a direita, exatamente como o atual presidente fez com o PSDB

Alon Feuerwerker / Blog do Noblat / Metrópoles

Toda previsão no Brasil deveria trazer junto um seguro-imprevisibilidade, mas é razoável supor que entramos num período algo estável, no qual a guerra de movimento vem sendo substituída por uma guerra de posição, e de baixa ou média intensidade. Por uma razão: nem o presidente da República reuniu até o momento força para suplantar os demais poderes nem os opositores acumularam por enquanto massa crítica para depô-lo.

Daí que as atenções comecem a se voltar cada vez mais para a próxima janela de oportunidade na disputa do poder: a eleição. Com uma competição particular entre os candidatos a ser o “Bolsonaro do Bolsonaro”. Alguém que tire do incumbente a liderança do bloco que vai do centro para a direita, exatamente como o atual presidente fez com o PSDB na corrida de 2018. Um PSDB que nas seis disputas anteriores ou ganhara ou pelo menos fora ao segundo turno…

Os dois pré-candidatos tucanos afiaram as lanças esta semana, exibindo suas impecáveis credenciais antipetistas, pouquíssimo tempo após a vaga de opiniões e emocionados apelos pela “frente ampla”. Faz sentido. Para a legenda, a vaga em disputa no segundo turno não é a de Luiz Inácio Lula das Silva, mas a do adversário dele. E os governadores paulista e gaúcho estão num momento de “ciscar para dentro”.

Enquanto isso, o presidente busca um certo reposicionamento, mostrando que a carta redigida em conjunto com o ex Michel Temer não foi raio em céu azul. Tem lógica, pois Jair Bolsonaro não enfrenta concorrência séria no campo da direita. Se mantiver os traços estruturais do discurso, pode tranquilamente fazer movimentos táticos ao “centro”, inclusive por não ter maiores antagonismos com o centrismo. Corre pouco risco de perder substância.

Quanto vai durar a (quase) calmaria? Um palpite é que dure enquanto os dois blocos que hoje travam a disputa mais acalorada, o bolsonarismo e o centrismo, acreditarem reunir potencial de voto para prevalecer em outubro de 2022. Por isso mesmo, seria imprudente apostar todas as fichas num processo eleitoral no padrão dos anteriores, absolutamente estável. Pois alguma hora um desses dois blocos notará que a vaca está indo para o brejo.

A não ser que Lula derreta no caminho. O que por enquanto não está no horizonte.

E os imprevistos? Como dito amiúde, é imprudente desprezá-los. Especialmente diante de um Judiciário fortemente inclinado ao ativismo. Mas eventuais decisões que removam algum contendor manu militari não garantem vida fácil a quem sobrar na corrida. Pois pode perfeitamente acontecer como em 2018: o removido apoiar alguém e manter ocupado o espaço político que se pretendeu deixar vago.

E há outra variável, que ensaia alguns passos, costeando o alambrado: Sergio Moro. As ofertas para ele estão feitas. Com o pulverizado cenário da “terceira via”, a possibilidade de ocupar esse espaço não deixa de ser atraente para o ex-juiz e ex-ministro.

Sobre isso, escrevi em janeiro do ano passado (E se Moro virar o “candidato do centro”?).

Alon Feuerwerker é jornalista e analista político/FSB Comunicação

Fonte: Blog do Noblat / Metrópoles
https://www.metropoles.com/blog-do-noblat/artigos/um-bolsonaro-para-bolsonaro-e-moro-por-alon-feuerwerker