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José Roberto de Toledo: Caçando o voto inútil

Quem anula ou vota em branco pode, sem saber, ajudar o candidato mais votado.

Para 16 milhões de brasileiros, o voto se tornou inútil. No domingo passado, eles votaram em branco ou anularam, propositalmente ou não. É a maior ocorrência de votos inválidos em ao menos 20 anos: 13,7%. Mas, para ser compreendido, o fenômeno precisa ser escrutinado, sopesado, dividido. O diabo eleitoral é detalhista, nada tem de genérico. Não adianta procurar, o eleitor médio não existe. Se existisse, teria um seio e um testículo.

Antes de mais nada é preciso separar abstenção de brancos e nulos. Abstenção é um problema eminentemente cadastral. A Justiça Eleitoral não atualiza a listagem de eleitores como deveria. Ela está repleta de fantasmas e dados desatualizados sobre quem deveria votar - do endereço dos pais à escolaridade que o eleitor tinha aos 16 anos quando tirou seu título.

Tanto é assim que nos municípios onde houve recadastramento recente, como em Manaus, a abstenção foi menos da metade da média brasileira e quase um terço da verificada em cidades onde os cadastros não são atualizados há 30 anos, como São Paulo.

Só 8% dos eleitores manauaras não deram as caras, contra 22% dos paulistanos. É porque o cadastro eleitoral não tira a urna funerária da urna eletrônica em São Paulo. Mais idosos têm a zona eleitoral, como as do centro, mais abstenção. Quando os mortos se abstêm não há problema. Problema é quando eles votam.

À medida que mais localidades implantarem o sistema biométrico, mais viva e atualizada ficará a listagem de eleitores, porque o recadastramento é obrigatório. O problema é a falta de manutenção, porém. Cidades que recadastraram eleitores há mais tempo registraram taxas crescentes de abstenção no domingo.

Incompetência burocrática à parte, o problema para a democracia são os votos brancos e nulos. Porque eles indicam indiferença, revelam que para milhões e milhões tanto faz quem for eleito - porque, pensam eles, vai continuar tudo na mesma, sem solução.

Mas mesmo entre os votos nulos há que se separar os de protesto daqueles provocados pela Justiça Eleitoral ao anular a votação de candidatos cujos nomes estavam na urna eletrônica. Os nulos por impugnação somam 3,3 milhões de votos. Ocorreram em cidades como Matão, no interior de São Paulo, onde por causa do indeferimento da candidatura de Cidinho PT, seus 4.720 votos foram anulados, e o vencedor, Edinardo Esquetine (PSB), ficou com 100% dos votos válidos. O voto para prefeito desses 3,3 milhões acabou sendo inútil, mas não por vontade deles. Foi obra da Justiça Eleitoral.

Brancos e nulos de protesto (fazendo de conta que ninguém digitou número errado) somaram quase 13 milhões, ou 11% dos 119 milhões de eleitores que compareceram à sua seção de votação. É indiferença à beça, mais do que a população de Portugal, da Grécia ou da Bolívia. Mas os indiferentes não estão distribuídos uniformemente - nem pelo País nem dentro das cidades.

Já descontados os anulados pela Justiça, os brancos e nulos foram muito mais importantes em Belo Horizonte (21,5%) do que em Rio Branco (6,3%), gritaram mais alto no Rio (18,3%) do que em São Luís (7,4%), foram mais decisivos em São Paulo (16,6%) do que em Belém (8%). Decisivos? Voto nulo decisivo?

Decisivo, sim. Quem anula ou vota em branco pode achar que está apenas protestando, mas, sem saber, pode ajudar o mais votado. Aconteceu em São Paulo.

Os votos nulos e brancos apareceram proporcionalmente três vezes mais na periferia pobre do que no centro rico paulistano. Se dependesse das áreas pobres, a eleição teria dois turnos. Mas como até 20% de seus eleitores invalidaram seus votos, o peso da periferia diminuiu no total. E a vontade esmagadora do centro decidiu a eleição no primeiro turno. O voto inútil para uns foi útil para outros. Sorte de João Doria (PSDB).


Fonte: politica.estadao.com.br


Dora Kramer: Uma eleição sem derrotas nem derrotados

À exceção do já previsto desastre petista, não houve derrotas nem derrotados fragorosos na eleição de ontem. Tampouco ocorreram vitórias ou se registraram vitoriosos absolutos na escolha de prefeitos e vereadores nas capitais do País. Foi tudo meio morno. Portanto, de baixa intensidade também foi o impacto sobre os preparativos para 2018. É tradição se tomar o desempenho de cada partido no pleito municipal como uma espécie de ensaio para a disputa presidencial dali a dois anos, embora tal versão quase nunca corresponda aos fatos. Desta vez, podemos dispensar o “quase” e assumir na totalidade a negativa.

Não haverá correspondência alguma entre as duas eleições, notadamente pela peculiaridade de ambas. A de agora, realizada com regras até então inéditas, em ambiente de crises, escândalos, prisões, delações, reações algo desesperadas e um altíssimo grau de rejeição aos políticos. O paradoxo é que o interesse pela política cresceu na proporção inversa. O sumiço dos caciques partidários das campanhas deu-se justamente porque não há quem possa dizer que esteja bem na fotografia no momento. Fernando Henrique e Aécio Neves fizeram aparições fortuitas em prol do candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, João Doria, e ainda assim só depois de ele dar sinais de saúde eleitoral.

O ex-presidente Lula bem que tentou. Apareceu aqui e ali, no Nordeste e em São Paulo, para ter o desgosto de ver candidatos nordestinos dispensando sua presença e Fernando Haddad desistindo de apresentá- lo no horário eleitoral depois de as pesquisas qualitativas o apontarem como fator de perda de votos. O presidente Michel Temer não deu o ar da graça. Verdade que ele havia anunciado distância a fim de não provocar atritos entre partidos dos quais depende de votos no Congresso. Mas é fato também que não se viu ninguém no PMDB e área de influência a clamar por sua presença.

Por esses e outros motivos, não se pode enxergar em 2016 um ensaio para 2018, quando o esperado e o inesperado cuidarão de proporcionar cada qual a respectiva surpresa. Nada está garantido e a obra do futuro com desfecho em aberto. Mesmo o desempenho surpreendente de João Doria em São Paulo não representa um passaporte para o governador Geraldo Alckmin na disputa presidencial. Entre outros motivos, porque nossa história recente demonstra que criaturas nem sempre fazem bem aos criadores. (O Estado de S. Paulo – 03/10/2016)


Fonte: pps.org.br


Luiz Carlos Azedo: Lula na ponte aérea

Duas eleições municipais estão implodindo a frente de esquerda que o PT articulou para deixar o poder em ordem e tentar sobreviver às eleições municipais, garantindo uma mínima base de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2018: a de São Paulo e a do Rio de Janeiro. Em ambas, as forças que adotam a narrativa de golpe — PT, PCdoB, PSol e representantes da Rede — se digladiam e correm o risco de ficar fora do segundo turno. Com exceção de Rio Branco, no Acre, o PT enfrenta grandes dificuldades nas capitais, a começar pela reeleição de Fernando Haddad em São Paulo.

Em São Paulo, a possível ausência do prefeito Fernando Haddad (PT) no segundo turno subverte a lei da gravidade, uma vez que administra o terceiro orçamento do país e disputa a eleição com a máquina administrativa da capital sob seu controle, mas não será surpresa. Sua administração é considerada um desastre pelos paulistanos. No Rio, se houver segundo turno, a disputa poderá ser entre Marcelo Crivella (PRB) e o candidato do PMDB, Pedro Paulo, apoiado pelo prefeito Eduardo Paes, que surfa os louros do sucesso das Olimpíadas, apesar do peemedebista ter a pecha de supostamente “bater em mulher”. A candidatura de Jandira Feghali (PCdoB), apoiada pelo PT, pode tirar do segundo turno o candidato do PSol, Marcelo Freixo.

Sampa

O empresário João Doria (PSDB) assumiu a liderança da disputa em São Paulo, em pesquisa Ibope divulgada ontem, com 28%. O deputado federal Celso Russomanno (PRB) continua em queda, com 22%. Em seguida vêm a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy (PMDB), com 16%, mostrando certa capacidade de recuperação; o atual prefeito, Fernando Haddad (PT), com 13%; e a deputada federal e ex-prefeita Luíza Erundina (PSol), com 5%, também em ligeira recuperação. Major Olímpio (Solidariedade) teve 1% das intenções de voto, assim como Ricardo Young (Rede), João Bico (PSDC) e Levy Fidelix (PRTB).

Marta sofre duros ataques dos adversários, principalmente de Russomanno, que vem caindo e teme ser volatilizado, ficando fora da disputa, e do prefeito Haddad, que tenta resgatar os votos tradicionais do PT, nacionalizando a campanha. A forte movimentação organizada pelo partido após o julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, com grandes manifestações na Avenida Paulista, serviu para reforçar o discurso contra a ex-petista, vinculando-a ao presidente Michel Temer.

O fato de ter deixado a legenda e votado a favor do impeachment estimula impiedosos ataques dos petistas contra Marta, que ficou ensanduichada, mas tem muito voto popular na periferia de São Paulo. O voto da classe média é seu maior problema. Além de arcar com o desgaste do apoio a um governo federal de baixa popularidade, Marta não conta com o apoio do presidente Michel Temer, que teme desagradar o governador Geraldo Alckmin (PMDB). O tucano aposta todas as fichas na eleição de Doria, cuja ascensão é impressionante, para se viabilizar como candidato em PSDB à Presidência em 2018. Luíza Erundina (PSol) resiste às pressões para desistir da candidatura e apoiar Haddad, para levá-lo ao segundo turno.

Rio

Marcelo Crivella lidera com folga a disputa no Rio de Janeiro, com 34% dos votos, segundo o Ibope divulgado ontem. Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Freixo (PSol) estão empatados, com 10%. Pedro Paulo conta com 18% das intenções de votos na parcela da população que recebe menos de um salário-mínimo, Marcelo Freixo desponta entre os eleitores com renda acima de cinco salários (16%). Geograficamente, ocupam territórios demarcados: Freixo nas zonas Sul e Norte, Pedro Paulo na Oeste. Quem invadir a praia do outro vai para o segundo turno.

Acontece que os votos da esquerda carioca estão divididos por causa da candidatura da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), apoiada pelo PT, que tem 7% dos votos, empatada com Flávio Bolsonaro, também com 7%. Foi ultrapassada por Índio da Costa (DEM), que está com 8%; Carlos Osório (PSDB) caiu para 4%. Molon, da Rede, está empatado com Carla Migueles, do Partido Novo, com 1%. Como Haddad em São Paulo, Jandira nacionalizou as eleições: na semana passada, atraiu a ex-presidente Dilma para a campanha (o que provocou sua queda nas pesquisas), mas depois levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um comício em Campo Grande, para seduzir eleitores contra o impeachment.

Sua candidatura é acusada de divisionismo pelo PSol, que denuncia um acordo de bastidor do PT com o prefeito Eduardo Paes para viabilizar a ida de Pedro Paulo para o segundo turno. A manobra tem a cara do ex-presidente Lula, que sempre usou a legenda como moeda de troca para suas alianças no Rio de Janeiro com o grupo político do ex-governador Sérgio Cabral. A juventude de esquerda, intelectuais e artistas estão com Freixo. É o caso, por exemplo, de Chico Buarque, que compareceu ao comício do candidato do PSol no mesmo dia em que Lula prestigiava Jandira. (Correio Braziliense – 29/09/2016)


Fonte: pps.org.br


Conheça as semelhanças entre cinco modelos de gestão descentralizada pelo mundo

De São Paulo a Londres, de Viena a Paris, diferentes e importantes cidades mundo afora já adotam modelos de gestão municipal descentralizados. Divididas em subprefeituras, ou em “comunas”, como são conhecidas em Buenos Aires, elas adotam estruturas administrativas bastante parecidas.

Na capital paulista, os quase 12 milhões de habitantes contam com 32 subprefeituras, criadas sob sob lei a partir de 2002. São elas as responsáveis, por exemplo, por atender as demandas locais da população, receber reclamações, realizar pequenas obras.

De acordo com o diretor da Escola de Governo, Mauricio Piragino, o Xixo, quando se aborda a atual gestão das subprefeituras é preciso, antes, falar sobre o modelo de governança da cidade. “No que diz respeito à subprefeitura, à maneira em que se governa localmente, ainda estamos numa situação muito complicada porque não existe identificação do subprefeito com a população local”, pontua.

Atualmente, a escolha de cada subprefeito acontece por indicação, não por votação direta. Cobiçados, esses cargos costumam ser disputados por partidos e vereadores da Câmara Municipal.

Para o coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, o modelo ideal de descentralização pressupõe a participação da sociedade e a autonomia das subprefeituras. “Em São Paulo, é preciso incentivar ainda mais o engajamento dos cidadãos na gestão local e valorizar os canais existentes para isso, como os conselhos participativos. Além disso, é fundamental que haja descentralização total também dos recursos do município, não apenas de uma pequena parcela do orçamento. Os investimentos devem ser proporcionais às necessidades de cada região. Esse é o ideal”.

Um estudo lançado este ano pelo GT DP (Grupo de Trabalho Democracia Participativa), que reúne entidades e cidadãos, comparou os modelos de descentralização de algumas cidades do mundo, como Buenos Aires, Paris, Viena e Londres.

De acordo com a pesquisa, esses modelos, reconhecidos internacionalmente, são interessantes por apresentam mecanismos de participação, transparência e controle social para a descentralização. Outro aspecto, destaca o estudo, é a forma como são divididas, em subprefeituras ou em estruturas de administrativas parecidas, além de contar, inclusive, com conselhos locais que atuam e se articulam à proposta de descentralização.

Comunas

Capital da Argentina, a cidade de Buenos Aires, possui 15 comunas (ou subprefeituras), determinadas por lei em 2005. A maioria delas contempla apenas um bairro. Descentralizadas política e administrativamente, elas são responsáveis por fiscalizar o uso do espaço público, cuidar da arborização e do asfalto, como promover iniciativas legislativas para o desenvolvimento do seu orçamento e programa de governo.

Assim como em São Paulo, a cidade portenha conta com um “órgão colegiado”, mais conhecido como “conselho da comunidade”, formado por sete membros eleitos pela votação popular. Ao contrário do modelo brasileiro, o “presidente” do conselho — que seria equivalente ao nosso subprefeito — é também escolhido pela população local, com mandato de quatro anos.

Cada comuna de Buenos Aires também conta com a participação de representantes dos bairros, entidades não-governamentais, partidos políticos, meios de comunicações, entre outros “conselheiros”, que compõe o conselho consultivo.

Conselhos Distritos

Chamados de Conselhos Distritos, as subprefeituras de Viena, capital da Áustria com quase dois milhões de habitantes, são constituídas por voto popular. Por lá, cada “subprefeitura” é composta por entre 40 e 60 membros.

São eles que elegem o presidente distrital (figura que equivale ao nosso subprefeito), responsável por atuar em ações externas, em contato com o prefeito. Outro cargo é o de “diretor distrital”, uma espécie de “vice”, que assume o cargo quando presidente distrital se ausenta.

Ainda em Viena, é o conselho distrital quem incide sobre os orçamentamentos e as contas, e ainda quem zela e realiza obras, localmente.

Conselhos de Departamentos

De acordo com o estudo do Grupo de Trabalho Democracia Participativa, em terras francesas, ainda que difícil de simplificar, atualmente o modelo parisiense de descentralização acontece da seguinte maneira: por duas autoridades: uma municipal e uma por departamento.

A divisão administrativa é formada por 20 departamentos. Cada um deles, conta com Conselho de Departamento (órgão deliberativo, eleito pelo voto popular dos moradores em cada departamento). Os 20 conselhos têm um total de 364 eleitos. Desses conselheiros, 20 serão eleitos subprefeitos e outros serão adjuntos do subprefeito.

Em resumo, a população elege os conselheiros distritais (364 no total), e esses conselheiros elegem os subprefeitos (20, no máximo) que compõem o corpo dos conselheiros e os adjuntos para cada subprefeito (163 no total). O Conselho Municipal de Paris é constituído pelos primeiros mais votados de cada lista política nos 20 distritos.

Conselhos de bairros

Já em Londres, desde 1965 a capital inglesa é dividida em 32 conselhos de bairro (correspondente às nossas subprefeituras e aos conselhos participativos), incluindo a “cidade de Londres”, a “região central” ou a “City de Londres”.

São os bairros (e a City de Londres) os responsáveis por executar a maior parte dos serviços. Para isso, são gastos, anualmente mais de 12 bilhões de euros, dos quais 7 bilhões são destinados a serviços para crianças, da qual faz parte a educação, e dois bilhões em serviços sociais para adultos.

Além disso, cada um dos 32 bairros de Londres é dividido em alas (o que equivaleria a nossos distritos). Cada ala é representada por três conselheiros eleitos, a partir de eleições a cada quatro anos.

O desafio da metrópole

Segundo Xixo, é fundamental que todo cidadão consiga repensar o atual modelo de governança de São Paulo. “Não é possível continuar com a centralidade tão grande, com uma população que equivale a cidades médias brasileiras”, afirma.

De acordo com o último senso do IBGE (2010), 20 milhões de pessoas moram na região metropolitana de São Paulo. “É necessário uma mudança constitucional na qual o saneamento e a poluição devam ser tratados de maneira metropolitana. A cidade de São Paulo sendo a maior, enfrenta a maior parte dos problemas”, finaliza.

Por: Vagner de Alencar, do site 32xSP

Matéria publicada no site 32xSP.


Fonte: cidadessustentaveis.org.br


Mapa mostra que 30% da área de São Paulo é de Mata Atlântica

Levantamento contou com mais de 4 mil fragmentos, a maioria de até 0,5 hectare; estudo ajudará a definir novas unidades de conservação

Fragmentos de remanescentes da Mata Atlântica cobrem 30% da área da cidade de São Paulo. É o que mostra um mapeamento pioneiro, lançado nesta quinta-feira, 30, pela Secretaria do Verde. Além das já conhecidas grandes manchas de mata que existem nas porções sul e norte do município, ainda existem diversos pedacinhos de verde escondidos em meio ao visual cinza e urbanizado da cidade que juntos aumentam a cobertura de vegetação do município.

novo mapa, publicado no Diário Oficial da cidade, é o primeiro passo para a consolidação do Plano Municipal da Mata Atlântica e vai ajudar na definição de áreas prioritárias e estratégicas para conservação e recuperação. É uma exigência do Plano Diretor e atende à lei federal da Mata Atlântica. A expectativa é que esse plano de ação esteja definido até novembro deste ano e pode levar à definição de novas unidades de conservação, criação de parques e projetos para criar conectividade entre as áreas, visto que os trechos urbanos estão, em geral, isolados.

“Com esse levantamento em mãos agora temos de fazer com que ele converse com outros planos do município, como o de habitação, que também está sendo lançado hoje. Tem de casar com desenvolvimento urbano, com saneamento, com tratamento de resíduos. Está tudo interligado. Mas é esse mapa que vai dar o norte para podermos aliar tudo isso com a preservação”, disse ao Estado o secretário do Verde, Rodrigo Ravena.

Ele afirma que se surpreendeu que os remanescentes respondam por 30% da área de São Paulo. “Todo mundo achava que seria menos. Mas em geral a gente pensa só em mata tradicional e o trabalho contabilizou outras fisionomias de Mata Atlântica.” Ravena se refere aos campos de várzea, gerais e alto montanos, que se caracterizam por uma cobertura mais herbácea em vez de arbórea, mas que também são importantes para a conservação. “Aumenta a área que tem de ser tratada como Mata Atlântica”, diz.

O trabalho levantou a existência de 4.496 polígonos – o menor deles com apenas 85 metros quadrados – que somados têm uma área de 45.906,64 hectares. A maioria é bem pequena: 23,44% dos polígonos (1054) tem até 0,5 hectare; 18,91% (850) têm entre 0,5 e 1 hectare e 19,04% (856) medem de 1 a 2 hectares. Somente 36 deles têm mais de 100 hectares e apenas dois medem mais de mil hectares – ambos estão localizados na APA Capivari-Monos.

remanescentes

É a primeira vez que fragmentos tão pequenos são contabilizados. Levantamento recente feito pela ONG SOS Mata Atlântica com imagens de satélite só tinha conseguido ver fragmentos com mais de 1 hectare, representando uma área de 25.797 hectares.

“São Paulo está em uma situação caótica de crescimento. O mapa vem para dar diretrizes de como crescer respeitando esses territórios. Ele vai ajudar a planejar onde pode crescer e onde tem de proteger”, comenta Márcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica. “É também um marco legal que vai servir para orientar os futuros prefeitos. Todos os candidatos têm de fazer seus planejamentos considerando esse mapeamento. É o que vai garantir que a população tenha água, mais áreas verdes, mais qualidade de vida”, diz.

Ela afirma que mesmo áreas tão pequenas como algumas das contabilizadas pelo trabalho são importantes para a conservação e para o bem-estar da população. “Uma área com árvores é muito mais agradável, confortável, que uma área árida, sem verde.”

Pressão

O trabalho não mostra ainda qual é a condição desses fragmentos, se estão sob pressão ou degradados. É o que deve mostrar a próxima etapa do trabalho. “Vamos olhar o fragmento e também o que está no entorno dele para definir ações”, explica o biólogo Ricardo Garcia, um dos responsáveis pelo levantamento.

Algumas pressões, no entanto, já são bem conhecidas. Os remanescentes da região Sul de São Paulo, por exemplo, os maiores da cidade, há anos vêm sofrendo com invasões por moradia, como mostrou no ano passado reportagem do Estado na APA do Bororé. O secretário Ravena reconheceu que este ainda é um problema e disse que a secretaria vem desmontando novas invasões. “Tem muito problema fundiário, muita área privada. As negociações (para a conservação) vão ter de passar pelo cidadão”, disse.

Dependendo da situação de cada área será definido um tipo de ação. “Pode virar uma nova unidade de conservação, ou um parque urbano. Áreas privadas podem ganhar incentivos como pagamentos por serviços ambientais”, explica Anita Correia de Souza Martins, coordenadora do Plano Nacional da Mata Atlântica.

Ela afirma que o diagnóstico também pode levar a uma revisão da legislação que permite a supressão de vegetação no município para impedir o corte das áreas definidas como prioritárias. E ainda orientar o plantio em locais que hoje se vê que não têm vegetação nenhuma. “Precisamos pensar uma estratégia de conexão, porque o isolamento dos remanescentes é gigantesco, seja com a arborização ou plantio de novas praças”, afirma Anita.


POR: GIOVANA GIRARDI - O ESTADO DE S. PAULO

Matéria publicada originalmente no jornal O Estado de S. Paulo.


Pré-candidatos a vereador em SP serão convidados a aderir ao Programa Cidades Sustentáveis

Evento público, em que os pré-candidatos à Câmara Municipal paulistana poderão assinar a carta compromisso do Programa, será no dia 28 de julho. 

Airton Goes, Rede Nossa São Paulo

O Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e a Rede Nossa São Paulo realizam no próximo dia 28 de julho um evento público com os pré-candidatos a vereador em São Paulo.

No evento, para o qual estão sendo convidados os pré-candidatos a vereador por meio dos diretórios municipais de todos os partidos políticos, haverá uma apresentação da nova plataforma do PCS – que está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas.

O encontro servirá também para uma reflexão sobre o futuro de São Paulo e como a atuação dos vereadores e a produção legislativa podem contribuir com a construção de uma cidade justa e sustentável.

Todos os pré-candidatos a vereador participantes serão convidados a assinar a carta compromisso do Programa Cidades Sustentáveis, que está sendo disponibilizada pelos organizadores do evento.

Em sintonia com o momento que o país atravessa, a carta deste ano contém algumas inovações em relação à eleição anterior. Ao assinar o documento o postulante a vereador concorda, caso seja eleito, em combater à corrupção e pautar o seu trabalho na Câmara Municipal pela transparência e austeridade nos gastos públicos.

Confira a íntegra da nova carta compromisso disponibilizada aos pré-candidatos a vereador.

Leia também: Programa Cidades Sustentáveis disponibiliza nova carta compromisso para pré-candidatos a vereador

Primeiro evento específico para pré-candidatos a vereador

O evento na capital paulista será o primeiro específico para os pré-candidatos a vereador nas eleições deste ano.

O Programa Cidades Sustentáveis tem promovido outras atividades, visando à adesão de partidos políticos e pré-candidatos a prefeito à carta compromisso.

Serviço:
Evento “Compromisso dos pré-candidatos a vereador de São Paulo com o Programa Cidades Sustentáveis”
Data: dia 28 de julho de 2016
Horário: das 9h30 às 12h30
Local: Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo
Endereço: Viaduto Jacareí, 100, 8º andar – Bela Vista

Clique aqui para confirmar sua presença no evento.


Shakespeare em 7 lições: por Martin Cezar Feijó.

Em homenagem aos 400 anos da morte de William Shakespeare (24/04/2016), o Prof. Dr. Martin Cezar Feijó realiza o curso SHAKESPEARE EM 7 LIÇÕES, no primeiro semestre de 2016.

Em 7 encontros sobre a obra de Shakespeare, temas fundamentais da existência humana tratados pelo autor vão comprovar a atualidade de sua literatura bem como sua permanência em outros gêneros narrativos.

1 - Mal (Macbeth) - 07 de Abril
2 - Ciúme (Otelo) - 14 de Abril
3 - Mulher (A Megera Domada) - 28 de Abril
4 - Direito (Como Gostais / O mercador de Veneza) - 05 de Maio
5 - Amor (Romeu e Julieta) - 12 de Maio
6 - Velhice (Rei Lear / A tempestade) - 19 de Maio
7 - Inteligência (Hamlet) - 02 de Junho

Sempre às quintas-feiras, de 19h30 a 22h30 (Carga horária total: 21h)

Investimento: R$ 1.050,00 (a vista) ou 6x R$ 200,00 (cheque)

Inscreva-se pelo email loja@livrariazaccara.com ou ligue (11) 3872-3849

Local: Livraria Zaccara
R. Cardoso de Almeida, 1.356 Perdizes - São Paulo-SP

Folder promocional do curso Shakespeare em 7 lições
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