renata bueno

Brasil em queda livre: imagem e participação nacional na política externa

A sensação é de que o Brasil está virando as costas para o mundo e se recusando a entrar na brincadeira

Renata Bueno / Plural Curitiba

O mundo conta atualmente com mais de 190 países que se relacionam de forma pensada e planejada, de acordo com seus interesses e objetivos. Para esse planejamento, que ocorre tanto em nível nacional quanto internacional, damos o nome de política externa. Uma espécie de jogo que ninguém é capaz de vencer sozinho e tem o intuito de oferecer mais qualidade de vida a todos os participantes.

Para estar apto a jogar é preciso diplomacia e reconhecimento internacional, duas características bastante presentes na história do Brasil e que premiam os países mais bem colocados com a vantagem de exercer um papel cada vez mais importante no sistema político, com facilidade de compra e venda de matéria-prima e acesso a novas tecnologias. Entretanto, a percepção do Brasil no âmbito mundial vem sofrendo uma grande decadência.

Devido às inúmeras riquezas e recursos naturais, o Brasil poderia facilmente ocupar um lugar de protagonismo mundial. Porém, hoje, quando falamos em grandes grupos internacionais, não vemos quase nenhuma participação brasileira. A sensação é de que o Brasil está virando as costas para o mundo e se recusando a entrar na brincadeira, como uma criança mimada. E para piorar, poucos líderes internacionais têm demonstrado interesse em se aproximar do Brasil, visto que o país não aparenta ser um bom aliado.

Mas por que essa decadência na imagem do Brasil?

Primeiramente, quero deixar claro que não acredito que o erro seja somente do governo, que claramente peca em diplomacia e planejamento, mas também de seus eleitores. Precisamos entender o porquê dessas escolhas para conseguir mudar a imagem do Brasil no exterior. Afinal, por mais que muitos pensem que não, há uma relação direta entre política internacional e hábitos populacionais. A pandemia foi um grande exemplo de como a internacionalização faz parte do nosso dia a dia.

Além da crise sanitária, o Brasil vem há mais de ano sofrendo com falta de água e queda de energia em diversas regiões do país, dois temas diretamente interligados às discussões de política externa. E mais do que nunca, neste cenário pós-pandemia, a sustentabilidade ganhou espaço na agenda das grandes potências mundiais, não como um padrão a ser alcançado, mas sim como uma estratégia de melhoria contínua dentro de cada setor da economia.

Agora, cabe ao Brasil tentar se adequar, não só como governo, mas como população em geral, dentro dos termos que vão de encontro com um futuro sustentável. Mais do que carros elétricos, precisamos de incentivo governamental para adequação das práticas diárias dos brasileiros e alinhamento com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), da ONU. O Brasil precisa ganhar confiança no cenário mundial e a sustentabilidade pode ser definitivamente um grande caminho.

*Renata Bueno é advogada internacionalista e política brasileira. Foi eleita vereadora de Curitiba pelo Cidadania no ano de 2009 e, mais tarde, entre 2013 e 2018, atuou como deputada do Parlamento da República Italiana pela União Sul-Americana dos Emigrantes Italianos.

Fonte: Plural Curitiba
https://www.plural.jor.br/artigos/brasil-em-queda-livre-imagem-e-participacao-nacional-na-politica-externa/


Especialistas debatem modelos da Alemanha e Itália para eleições no Brasil

Webinar da FAP será realizado no dia 16 de outubro com participação de Renata Bueno, Arlindo Fernandes e Soninha Francine

Cleomar Almeida,da equipe da FAP

Especialistas vão discutir possíveis contribuições ao sistema eleitoral brasileiro por parte de experiências da Itália e Alemanha, onde os social-democratas de centro-esquerda venceram por uma pequena margem o partido da chanceler Angela Merkel nas eleições realizadas no mês passado. O debate será realizado, no dia 16 de outubro, a partir das 10 horas, em evento online da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília.

O webinar terá transmissão, em tempo real, no portal, na página do Facebook e no canal da fundação no Youtube. Confirmaram participação a primeira cidadã nascida no Brasil a tornar-se deputada no Parlamento italiano, Renata Bueno, que também é ex-vereadora de Curitiba (PR); a ex-vereadora de São Paulo Soninha Francine e o consultor do Senado Arlindo Fernandes, especialista em direito eleitoral.

Assista!



Fernandes diz ser muito comum o sistema eleitoral alemão ser adotado como referência no mundo quando se discute o assunto. “Lá, eles adotaram sistema eleitoral misto”, afirma o consultor do Senado. “Não havia maioria, na Constituinte de 46, nem para adotar o sistema proporcional nem para adotar o sistema majoritário distrital”, explica.

Na época, conforme lembra o especialista, a Alemanha fez um acordo para adotar o sistema misto, “considerado, tecnicamente, bastante desenvolvido”. “Nas últimas décadas, com a onda de democratização e reformas dos sistemas eleitorais, em democracias mais consolidadas, como Nova Zelândia e Itália, o modelo alemão tem sido o sistema adotado em países que mudam o sistema eleitoral”, diz.

Na avaliação de Fernandes, “o sistema alemão é possível ser adotado no Brasil porque não ofende, não afronta, a cultura política, com a qual o povo brasileiro está acostumado, que é a do voto na pessoa”. “Tem o voto no partido, mas também tem o voto na pessoa”, observa o consultor.

Renata Bueno, por sua vez, acredita que o resultado da eleição na Alemanha, um dos líderes fundadores da União Europeia, provocou uma “boa mudança no cenário político” no país e em todo o restante do quadro europeu, “justamente porque levanta uma bandeira de mais centro-esquerda”.

Ela também acredita que o modelo italiano seja interessante. “Na Itália, é parlamentarismo. São as listas eleitorais que acabam somando a maioria no parlamento, e isso gera a vaga para o primeiro-ministro. Eles votam lei eleitoral próximo a eleição, dando detalhes de como funcionará aquela disputa”, explica.

“Na última lei eleitoral na Itália, eles seguiram muito o modelo alemão, com alguns votos uninominais e outros por listas proporcionais, isso porque ali tem Senado e Câmara e acaba tendo voto misto. Seria quase um distrital misto com vários detalhes também”, compara ela.

Na avaliação de Soninha Francine, a discussão de modelo político, a partir de experiências de outros países, pode ajudar muito o Brasil a adotar um sistema mais adequado para as eleições. “Não tem como evoluir, como discussão política, se não entender melhor do que está falando. Analisar os modelos de outros países pode fazer a maior diferença”, ressalta.

Webinar sobre sistemas eleitorais na Alemanha e Itália
Data: 16/10/2021
Horário: 10 horas
Transmissão: portal e redes sociais (Facebook e Youtube)  da FAP
Realização: FAP

Leia também

Professores sugerem obras para alunos do curso Jornada Cidadã 2022

FAP abre inscrições para curso de formação política Jornada Cidadã 2022

FAP defende fortalecimento da democracia contra bolsonarismo (novos artigos)

Ciclo de debates destaca defesa da democracia. Confira todos os vídeos

Ampla frente democrática será discutida pela FAP como alternativa a Bolsonaro


Ansa: Especial Eleições/Renata Bueno, candidata à Câmara da Itália

(ANSA) - Aos 38 anos, Renata Bueno tenta sua primeira reeleição à Câmara dos Deputados da Itália. Nascida em Brasília, a parlamentar atua na política desde os 16, acompanhando seu pai, o deputado federal paranaense Rubens Bueno, do PPS.

Bueno se formou em direito pela Universidade Tuiuti do Paraná, em 2001, e se especializou em direitos humanos e diálogo intercultural na Universidade dos Estudos de Pádua, na Itália, em 2003. Em 2008, foi eleita vereadora em Curitiba. Após a conclusão de seu mandato, foi se tornou deputada no Parlamento da Itália pela União Sul-Americana de Emigrados Italianos (Usei), em 2013

Na Câmara, integrou o chamado Grupo Misto e adotou posições alinhadas com o governo de centro-esquerda do Partido Democrático (PD). Em 2018, Bueno concorre à reeleição pelo Paixão Itália, movimento integrado à lista de centro Cívica Popular.

As trocas comerciais entre Brasil e Itália caíram mais de 30% desde 2013, ano das últimas eleições legislativas italianas. O que a senhora propõe para recuperar as relações entre os dois países no âmbito do comércio?

Nós passamos por uma grave crise econômica tanto na Itália quanto no Brasil nos últimos anos. Isso coincidiu com a legislatura. Nós temos de olhar para as câmaras de comércio, que são entidades que favorecem muito as duas ações, tanto empresariais quanto de investimentos. É claro que temos também um projeto interessante que já é tratado com a Argentina, que é o corredor do desenvolvimento, onde podemos ter ícones específicos de atração dos investimentos da Itália para o Brasil e vice-versa. A Itália também tem muito interesse em atrair investimentos brasileiros.

Qual é a proposta da senhora para aproximar Brasil e Itália na cultura e do turismo?

No âmbito cultural, nós já aprovamos a primeira lei do Brasil que foi exportada, que foi a Lei Rouanet na Itália, artigo número um do Decreto Cultura, o qual inclusive deu a possibilidade de fazer a reforma do Coliseu através de um financiamento privado. Estamos agora conversando já com o governo italiano para trazer esses investimentos, esse financiamento, para a cultura italiana no exterior. Ou seja, o governo poderá incentivar empresas que queiram investir e financiar projetos da cultura e do turismo da Itália no mundo todo. Essa é uma grande proposta que já aprovamos parte dela - como eu disse, a reforma do Coliseu foi feita dessa forma -, e agora queremos atrair também para as atividades culturais italianas no exterior.

Nos últimos anos, apenas um primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, veio ao Brasil, e por causa das Olimpíadas. A Itália negligenciou as relações políticas com o Brasil e vice-versa?

A Itália não negligenciou, nós tivemos alguns episódios nos últimos anos, principalmente na questão da não extradição de Cesare Battisti, que congelaram bastante o relacionamento entre os dois países. Então agora estamos retomando isso com o governo, que foi este do Partido Democrático. O Matteo Renzi veio, muito contente, vários ministros vieram também, não só o próprio Paolo Gentiloni, que é o atual primeiro-ministro, como outras autoridades importantes da Itália. Então nós temos interesse, sim, em retomar esse contato. Claro que tudo isso depende do futuro político dos dois países.

As eleições de outubro no Brasil podem facilitar a retomada das relações com a Itália?

A crise política também ajudou muito nesse distanciamento. O próprio presidente da República Sergio Mattarella não pode hoje vir ao Brasil pelas circunstâncias em que esse país se encontra. Isso já é mais do que sabido, que, a partir do momento em que tivermos um governo eleito e um governo reestruturado no Brasil, uma política estável, a Itália está pronta a vir fazer sua visita oficial.

A senhora é a favor da extradição de Cesare Battisti pelo governo brasileiro?

Sou a favor e acompanhei isso passo a passo desde seu grande episódio, em 2008. Nós temos acompanhado isso, como acompanhamos também o caso de Henrique Pizzolato, conseguindo sua extradição da Itália para o Brasil, um cidadão que era italiano e que a Itália mostrou para o Brasil como se faz. Minha promessa foi que eu me empenharia para fazer o mesmo, extraditando Cesare Battisti. Estou nesse empenho junto com muitas pessoas, junto com o governo do Brasil, tentando saltar as dificuldades políticas, porque nas jurídicas a gente já sabe que essa causa está ganha.

Os defensores de Battisti acusam a Itália de tentar interferir nas instituições do Brasil ao pedir novamente sua extradição, mesmo depois das decisões tomadas pelo presidente da República (Lula) e pelo Supremo Tribunal Federal. O que a senhora pensa dessa visão?

A permanência de Cesare Battisti é ilegal. Ele teve sua extradição concedida, mas, para permanecer em território nacional, ele precisa ter uma espécie de permissão para aqui estar. E ele não tem essa permissão. Tanto que ele foi condenado a ser deportado pela juíza Adverci [Rates Mendes de Abreu] e que agora essa ação, como tantas outras, está em grau de recurso. Juridicamente, tecnicamente, tudo cabe para que Cesare Battisti saia do Brasil, deixe o Brasil. Aí é óbvio, como eu disse, nós temos alguns impedimentos políticos que, infelizmente, ainda acabam bloqueando a nossa Justiça aqui no Brasil.

A comunidade de ítalo-descendentes no Brasil reclama bastante das filas para reconhecimento de cidadania nos consulados. O que a senhora propõe para melhorar essa situação?

É o grande calo hoje da nossa italianidade no mundo. Os consulados não dão conta de atender. Claro que tem uma precariedade imensa nos serviços e nas estruturas consulares. Nós trabalhamos isso no meu mandato enquanto deputada, nós trouxemos verba, mais de 2 milhões de euros para os consulados, nós trouxemos várias coisas para agilizar esses serviços. Até mesmo conseguimos aprovar a Convenção das Apostilas, que é o conhecido Pacto de Haia, para diminuir em 50% a burocracia, e vamos continuar tratando dessa forma. A nossa insistência é com o governo italiano, que melhore cada vez mais essa estrutura dos consulados, que aí é que a gente precisa fazer com que funcione e que mude, principalmente a mentalidade daqueles que devem dar ao cidadão italiano o seu direito de reconhecimento da cidadania.

A senhora é a favor da imposição de um limite de geração à concessão de cidadania jus sanguinis, como propôs um senador italiano no fim do ano passado?

Não, não sou a favor, até mesmo porque sou bisneta de italiano. Meu avô, Alberto Brustolin, que veio para o Brasil em 1921, nasceu em Treviso, e da outra parte ainda também sou bisneta da parte de Lucca, na Toscana. Então temos, sim, defendido muito essa bandeira na Itália, não só pela dificuldade de reconhecer essas cidadanias, mas que cada um tenha o seu direito cumprido. Afinal de contas, nós já nascemos cidadãos italianos, pelo direito do jus sanguinis, e nós precisamos só de um reconhecimento burocrático, que é obter a documentação italiana. Assim, vamos defender sempre os nossos italianos no exterior.

Um dos projetos que ficaram pendentes na última legislatura italiana foi o do jus soli. Se eleita, a senhora defenderá a aprovação dessa lei?

É um projeto bastante polêmico porque ele depende de ter muitas condições. A Itália não vai conceder cidadania simplesmente às pessoas que moram ali, mas nós precisamos ter muitas condições para que as crianças que nasçam ali tenham realmente condição de ser cidadãs italianas se assim for escolhido por sua família. Então nós temos que ter condições, eu acho que tem que progredir muito na questão dos critérios. Acho que precisam ser valorizadas as pessoas que já vivem ali há muitos anos, e é claro que sempre dando atenção prioritária aos italianos que já estão no mundo. Assim como eu fiz em plenário nessa legislatura, defendi no meu discurso em plenário dessa forma: temos que buscar condições e critérios para conceder cidadania através do jus soli, mas temos que ainda dar prioridade àqueles que são os verdadeiros descendentes de italianos no mundo.

Nos últimos anos, a Itália foi destino de um dos maiores deslocamentos em massa desde a Segunda Guerra Mundial. Qual, na visão da senhora, deve ser a postura do governo para lidar com a crise migratória e de refugiados no Mediterrâneo?

A crise migratória hoje é um problema do mundo, é uma falta de coesão social, um pouco daquilo que aconteceu no passado com os nossos avós, que vieram da Itália para o Brasil, e muito daquilo que está acontecendo hoje... Eu inclusive estive pessoalmente visitando Lampedusa, o centro de acolhimento de imigrantes que chegam da Líbia, do norte da África. É muito triste essa realidade. E não é culpa da Itália nem da Europa. A culpa é do grande capitalismo em que o mundo vive hoje, essa diferença de classes sociais. O que a gente vê no brasil entre centros e periferias das cidades a gente vê no mundo entre países ricos e países pobres. Então precisa-se transformar a realidade do mundo para a gente buscar uma solução na questão dos fluxos migratórios.

Quem é o candidato ou candidata da senhora a primeiro-ministro nas eleições de março?

Conforme anunciado, o movimento Passione Italia, que é o partido que nós criamos no Brasil, aliás, o primeiro movimento partidário italiano que nasce no Brasil, se aliou ao Civica Popolare. Então a squadra Passione Italia está na coligação do Civica Popolare, essa grande aliança na Itália, junto com vários amigos, Pier Ferdinando Casini, vários outros líderes italianos que vão, inclusive, nos dar força para o próximo governo. E com ele nós temos também a grande [Beatrice] Lorenzin, que é a ministra da Saúde, uma grande mulher e que compete, sem dúvida nenhuma com muita capacidade, para ser a próxima primeira-ministra da Itália. (ANSA)


Brasileira disputa reeleição para Câmara dos Deputados da Itália

Primeira brasileira eleita para a Câmara de Deputados da Itália, a dirigente nacional do PPS Renata Bueno já colocou na rua nesse mês de fevereiro sua campanha para a reeleição ao Legislativo italiano. Em 2013, foi escolhida por eleitores da América do Sul para representar os italianos e cidadãos com dupla cidadania que residem na região. A Itália tem um dos poucos parlamentos do mundo que elege cidadãos residentes no exterior. No total, a América do Sul vai escolher quatro deputados e dois senadores.

Em seu primeiro mandato na Itália, Renata Bueno atuou em temas importantes para os dois países como a extradição do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, e também no processo para entrada em vigor do acordo de reconhecimento recíproco da carteira de habilitação entre os dois países. Atuou ainda em parcerias nas áreas de Defesa, Cultura, entre outros assuntos.

Antes de ser eleita em 2013, Renata já tinha experiência parlamentar e exerceu um mandato como vereadora em Curitiba. Ela explica que, no Brasil, só em São Paulo existem 115 mil italianos em condições de votar (é o maior colégio eleitoral do país, seguido por Paraná e Santa Catarina). Ao todo, cerca de 350 mil pessoas podem votar em todo o Brasil.

Como votar

A parlamentar disputa o cargo por uma lista cívica popular (Civica Popolare), encabeçada pela ministra da Saúde, Beatrice Lorenzin, e que conta com o apoio do Movimento Passione Itália. Tem direito a voto todos os italianos e cidadãos com dupla cidadania que moram na América do Sul. Entre os dias 09 e 16 de fevereiro todos os registrados nos consulados receberão a cédula em sua casa.

Para votar na brasileira, o eleitor deve marcar um “X” no símbolo da CIVICA POPULARE e ao lado escrever de forma legível o nome de Renata Bueno. Vencerá a eleição quem tiver o maior número de votos pela lista cívica. Desde 2006, a Itália abre espaço para candidaturas de representantes de outros países.

O voto deve ser devolvido pelos Correios até 25 de fevereiro ou entregue nos consulados até o dia 1º de março. Caso o eleitor não receba a cédula deve requisitá-la no consulado até o prazo final para a entrega do voto. Na Itália, os eleitores vão às urnas no dia 4 de março de 2018. Ao contrário do Brasil, o voto no país é facultativo.

Com dupla nacionalidade, Renata Bueno morou quatro anos na Itália antes de ser eleita deputada em 2013. Lá fez pós-graduação e mestrado, além de cursos na área de Direitos Humanos.

Relação entre os países
A candidata ressalta a importância da eleição de um brasileiro já que, devido ao processo histórico de migração, existem muitos pontos de interesse comum entre o Brasil e a Itália. Lembra ainda que o PPS tem esse perfil internacionalista muito forte em sua atuação política e sua história. “A Argentina, por exemplo, é muito organizada com relação a política italiana, mas aqui no Brasil nós não éramos muito organizados. Com a minha eleição em 2013, essa situação começou a mudar. A eleição de uma brasileira para o parlamento italiano chamou a atenção da comunidade residente no país que passou a se interessar mais pelo processo eleitoral e pela política italiana. Espero continuar esse trabalho para sacramentar cada vez mais a parceria entre os dois países”, afirmou a candidata.

Momento atual da política italiana
Renata lembra ainda que hoje a Itália vive um momento muito delicado e de muita mudança. “Depois da queda do governo de Mateo Renzi e de um período de governo provisório, o parlamento foi dissolvido e convocadas novas eleições. Não só na Itália, mas no mundo todo vem surgindo um processo de reflexão sobre a representação política. Assim como no Brasil, o país passa por uma crise econômica e enfrenta a questão da migração. O cidadão italiano é muito politizado e isso gera uma expectativa muito grande para essa eleição. Acredito que vai ser um momento importantíssimo. E não podemos nos esquecer que a Itália é um país que reflete na economia mundial, o que torna essa eleição ainda mais emblemática”, ressaltou.

Sistema eleitoral
O voto na Itália é pelo sistema de lista fechada, no qual os eleitores votam em uma lista de representantes – equivalente às nossas legendas. As cadeiras são distribuídas de acordo com a lista. Entretanto, para as vagas destinadas a estrangeiros, o sistema é por lista aberta. O eleitor deve votar em uma das listas disponíveis e destacar um dos candidatos. As vagas são distribuídas de acordo com os votos das listas e os ocupantes das cadeiras que são os mais citados.

O parlamento e o Senado italiano reservam, respectivamente, 12 e 6 vagas para residentes no exterior – sendo que quatro deputados e dois senadores são eleitos pelo distrito da América do Sul, que inclui o Brasil. Estão aptos a votar cidadãos italianos maiores de 18 anos.