Regina Duarte

Bernardo Mello Franco: O papelão da Viúva Porcina

Regina Duarte reviveu a Viúva Porcina. Foi secretária da Cultura sem nunca ter sido. Agora ela vai trocar o ócio em Brasília por uma sinecura mais perto de casa

Regina Duarte reviveu a Viúva Porcina: foi secretária da Cultura sem nunca ter sido. A atriz trocou o protagonismo nas novelas por uma ponta num governo de chanchada. Saiu de cena em menos de três meses. Um fracasso de público e crítica.

A estreia já foi um espetáculo constrangedor. Entre caras e bocas, Regina definiu a cultura nacional como uma mistura de chimarrão, pum de palhaço e caipirinha de maracujá. “Cultura é assim: é feita de palhaçada”, discursou. Nem o tradutor de libras conseguiu disfarçar o espanto.

Em poucos dias, o polemista Olavo de Carvalho sentenciou que a atriz não estava “bem da cabeça”. Ela tentou se livrar dos discípulos dele, mas fracassou. O guru manteve seus radicais no comando de órgãos como a Biblioteca Nacional e a Fundação Palmares. Sem poder efetivo, Regina se resignou a fazer figuração.

Esvaziada, a secretária sumiu. Só passou a ser vista nas redes sociais, onde postava fotos de bichinhos e mensagens de autoajuda. Há duas semanas, ela tentou se redimir no papel de namoradinha da extrema direita. Cometeu um suicídio de reputação, com transmissão ao vivo na TV.

Numa entrevista delirante, Regina bajulou o capitão, relativizou os crimes da ditadura e deu chilique diante das câmeras. Não convenceu os radicais e se indispôs de vez com a classe artística. A performance arrancou elogios de um general de pijama, mas não foi suficiente para segurá-la no cargo.

Ontem o presidente Jair Bolsonaro informou que a atriz voltará a São Paulo para dirigir a Cinemateca Brasileira. Depois de uma temporada de ócio remunerado em Brasília, ela vai assumir outra sinecura perto de casa. “Pode ter um presente melhor que esse?”, comemorou, na última cena do pastelão.

Regina será substituída pelo ator bolsonarista Mário Frias, ex-galã de “Malhação” que apresentava um programa de turismo na RedeTV. Antes de sumir da telinha, ele interpretou um deputado corrupto na novela “Senhora do Destino”. A experiência pode ajudá-lo a entender a cabeça do novo chefe.


O Estado de S. Paulo: Bolsonaro demite Regina Duarte da Secretaria Especial da Cultura

Agora, a atriz vai comandar Cinemateca, em São Paulo; expectativa é que o ator Mário Frias assuma o cargo

Jussara Soares e Emilly Behnke, O Estado de S. Paulo

Após dias de "fritura", o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira, 20, a demissão da atriz Regina Duarte do cargo de secretária Especial da Cultura. Segundo postagem nas redes sociais, ela vai assumir o comando da Cinemateca Brasileira, que fica em São Paulo. O nome do substituto ainda não foi confirmado. A expectativa é que o ator Mário Frias, apoiador de Bolsonaro, fique com o cargo. Regina Duarte estava no comando da Secretaria Especial da Cultura desde o início de março. Antes dela, o secretário foi Roberto Alvim, demitido por fazer alusão ao nazismo.

Jair M. Bolsonaro✔@jairbolsonaro

Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias

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Os dois gravaram um vídeo juntos, na área externa do Palácio da Alvorada, em que Regina começa questionando Bolsonaro se ele está a "fritando". "Jamais ia fritar você", responde o presidente.

Ao anunciar a mudança, pouco mais de dois meses após assumir a secretaria de Cultura, Regina diz que assumir a Cinemateca é um "sonho de qualquer pessoa de comunicação, audiovisual, cinema e teatro". Na prática, ela assumirá um posto em que será subordinada ao seu substituto na secretaria.

"Pode ter um presente melhor que esse? Obrigado presidente", diz a atriz. "Estou sentindo muita falta dos meus filhos e dos meus netos. É um presente duplo. É a Cinemateca e é estar próxima da minha família."

O anúncio desta quarta-feira, 20, ocorreu um dia após o presidente compartilhar nas redes sociais um vídeo em que o ator Mário Frias fala sobre a possibilidade de assumir o cargo da colega de profissão.

O vídeo publicado nesta terça pelo presidente é uma entrevista de Frias à emissora CNN Brasil, exibida no dia 6 de maio, em que o ator diz torcer por Regina Duarte, mas que está à disposição de Bolsonaro. “Para o Jair, o que ele precisar estou aqui”, afirma o ator.

Na gravação, publicada com cortes, Frias defende o presidente e diz que Bolsonaro é “preocupado com o povo” e “defende os três Poderes”.

A entrevista com o ator ocorreu no mesmo dia em que Regina havia se reunido com Bolsonaro no Palácio do Planalto. Na ocasião, o presidente havia demonstrado insatisfação pública com a atuação da secretária e renomeado o maestro Dante Mantoavani no comando da Funarte. O maestro havia sido afastado do cargo logo após a posse da nova secretária. No fim do dia, a nomeação foi suspensa, mas o gesto foi visto no governo como um processo de “fritura” de Regina.

Depois do encontro, em outro gesto considerado como parte do processo de "fritura", o número 2 da pasta, o secretário especial adjunto, Pedro José Vilar Godoy Horta, foi exonerado do cargo. A demissão, publicada em edição extra do Diário Oficial de sexta-feira, 15, levou a assinatura do ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto.

Como revelou o Estadão, Bolsonaro estava incomodado com a ausência de Regina em Brasília e acredita que a secretária é suscetível ao setor “todo de esquerda”. Já a secretária se sente desprestigiada e pressionada pela “ala ideológica” do governo.


Ascânio Seleme: Regina, fria, insensível e debochada

Entrevista que Regina concedeu à CNN mostrou o lado mais obscuro da atriz, a sua frieza e insensibilidade, o caráter tão deformado quanto o do seu antecessor

Quando Regina Duarte foi anunciada como substituta do nazista demitido da Secretaria de Cultura há dois meses, muitos se equivocaram (este colunista inclusive) acreditando que o setor ganharia com sua nomeação. Afinal, era uma atriz com meio século de experiência e que conhecia muito bem a cultura nacional, suas necessidades e precariedades. O fato de ser aliada de primeira hora de Jair Bolsonaro fazia parte do jogo, não se podia esperar que o presidente chamasse Chico Buarque para o posto. Foi um engano terrível.

A entrevista que Regina concedeu aos repórteres Daniel Adjuto, Daniela Lima e Reinaldo Gottino, da CNN, mostrou o lado mais obscuro da atriz, a sua frieza e insensibilidade, o caráter tão deformado quanto o do seu antecessor Roberto Alvim. Debochada, a secretária zombou da morte, da tortura, fazendo uma dancinha patética na cadeira enquanto cantarolava “Pra Frente Brasil”, música-hino da seleção brasileira de 1970 mas que também serviu como propaganda do governo do general Emílio Médici, o mais brutal do ciclo militar que durou 21 anos.

Somente uma pessoa gelada pode tratar de tortura e assassinatos a mando do Estado como coisa natural. “Sempre houve tortura”, disse Regina. “Na humanidade, não para de morrer (gente)”, acrescentou desavergonhadamente. E depois, ridícula, perguntou “por que que as pessoas ficam oh, oh, oh (diante da morte), por que?”. A atriz não difere em nada dos trogloditas que avançam sobre enfermeiras, que agridem jornalistas, que carregam faixas pregando a volta do AI-5, a intervenção militar ou o fechamento de Supremo e Congresso.

Regina também protagonizou um episódio de incoerência explícita, atributo muito comum entre os radicais do bolsonarismo. Ao iniciar sua entrevista, disse que falava à CNN porque adora “essa ideia de dois lados”. A atriz quis sugerir que os demais veículos não dão os dois lados de uma história. Bobagem. O importante foi o que se viu mais adiante, quando a secretária produziu um faniquito ao vivo porque a emissora colocou um vídeo com Maitê Proença cobrando medidas da secretária de Cultura. Regina não quis ouvir o outro lado e chegou a tirar o fone de ouvido que usava.

Não preciso repetir aqui a confusão produzida ao vivo pela atriz ao perceber que um VT de Maitê estava entrando no ar para questioná-la. Mas é necessário lembrar um ponto pelo menos. Ao retirar o fone para não ouvir a colega de profissão, Regina cobrou dos jornalistas por terem colocado um contraditório na entrevista que ela imaginou ser propriedade sua. “Pra quê desenterrar uma mensagem da Maitê? Quem é você?”, perguntou a secretária para Daniela Lima, estufada de autoridade e claramente irada porque a emissora apresentou o que antes ela disse adorar, o outro lado.

Ontem, menos de 24 horas depois de a entrevista ir ao ar, os robôs do bolsonarismo começaram a torpedear Maitê e a CNN nas redes sociais. A emissora que entrou no ar há menos de dois meses passou a ser atacada pelos mesmos energúmenos habituais. Aqueles que confundem jornalismo com propaganda, os que só querem ler, ver e ouvir boas histórias. As ofensas foram as de sempre, mudando apenas o seu objeto. “Imprensa canalha, jornalismo comunista, CNN Lixo”. Bem-vinda ao clube.

Milícia de lobistas
Se não estivessem todos de terno e gravata, a turma que atravessou a Praça dos Três Poderes com o presidente Bolsonaro na quinta poderia ser chamada de milícia em rota para o confronto. Foi o que se viu. Uma tentativa de ocupação de território. Poderiam também ser traficantes, não fossem os ternos e as gravatas, querendo tomar uma boca de fumo de favela vizinha. Já havia se visto quase de tudo na famosa praça de Brasília, mas essa foi nova.

DNOCS
Mais uma vez o governo entrega o controle do órgão que cuida do maior drama nordestino a um partido político. Criado em 1909 pelo presidente Nilo Peçanha como Inspetoria de Obras Contra a Seca (IOCS), o órgão virou Departamento em 1959, centralizando todos os gastos federais (mais de R$ 1 bi/ano) necessários para levar água até localidades onde ela não chega naturalmente. Desde os primeiros dias, o Dnocs serve a interesses políticos. Seus dirigentes já foram indicações de partidos ancestrais como UDN, PTB e Arena. Nos últimos anos, o órgão abrigou indicados de PMDB, DEM, PP, PT e similares. Hoje, pertence ao Progressistas do senador Ciro Nogueira (Lava-Jato, organização criminosa e desvios de recursos públicos). O anterior, José Rosilonio Magalhães de Araújo, pertencia ao Solidariedade do deputado Genecias Noronha (condenado em segunda instância por improbidade administrativa por contratar sem necessidade e sem concurso 2,6 mil servidores para uma cidade cearense com 31 mil habitantes).

Pede o boné
O ministro Paulo Guedes levou dois tocos do presidente Jair Bolsonaro em 15 dias. O primeiro foi o anúncio do programa Pró-Brasil, que estabelecia gastos bilionários sem que Guedes fosse consultado. Agora foi a questão da suspensão por dois anos do reajuste do funcionalismo, quando o presidente autorizou a inclusão de exceções na Câmara, contrariando orientação do ministro. Em ambas, Bolsonaro voltou atrás. No ano passado, ao ser criticado no calçadão de Ipanema em razão da sua fala deselegante sobre a mulher do presidente francês, Guedes disse que se ocorresse outra crítica pública como aquela pegaria o boné e iria embora. Não falou sobre tocos presidenciais. Esses podem ser múltiplos e com certeza vão ocorrer outros.

Anitta arrebentou
Se Anitta já estava em alta desde que Nelson Motta escreveu a primeira coluna sobre sua inteligência, força e determinação, cresceu ainda mais depois do corretivo que aplicou no deputado Felipe Carreras (PSB) numa live na internet. O parlamentar tinha incluído na MP 948 uma emenda estabelecendo novas regras no recolhimento de direitos autorais. Beneficiaria produtores culturais que recolheriam menos e prejudicaria todo o segmento musical. Anitta desmascarou Carreras, que recuou e retirou a emenda. O deputado é produtor cultural em Pernambuco.

Aliás
A Medida Provisória 948 atende demanda do setor de turismo, estabelecendo regras para o cancelamento de serviços, de reservas e de eventos dos setores de turismo e cultura em razão da pandemia de coronavírus. Foram propostas 279 emendas, quase todas de correção de texto, alteração de vigências ligadas diretamente à questão. Dois jabutis atropelaram o tema, ambas do deputado Carreras. A já citada, que reduziria pagamento de direitos autorais, e outra baixando para zero o percentual de cobrança de contribuições para o PIS/Pasep, Cofins, CSLL e ISS sobre receitas decorrentes das produções culturais que forem realizadas nos próximos 12 meses.

Pelas manhãs
O jornalista Ricardo Lessa escreveu para informar que há mais uma razão para Bolsonaro ser tão intratável pelas manhãs. Ele sofre de refluxo e por isso dorme muito mal quase todas as noites. Se não for sintoma da Covid-19, a tosse desses últimos dias indica que o refluxo piorou, o que colabora com o enfezamento.

Minas merece?
Leitor de Belo Horizonte achou errada nota publicada aqui na semana passada dizendo que Minas não merecia um governador como Zema. “Estado que já elegeu Aécio Neves e Fernando Pimentel fez por merecer Romeu Zema”, escreveu o leitor.


Bernardo Mello Franco: Regina Duarte correrá riscos que não enfrentou nas novelas

Regina Duarte aceitou colar sua imagem a um governo que flerta com a censura e hostiliza a classe artística. Agora ela será pressionada a endossar o sectarismo no poder

Para Jair Bolsonaro, foi um ótimo negócio. O presidente trocou um auxiliar obscuro, que desgastou o governo ao imitar um nazista, por uma das atrizes mais populares do país. Para Regina Duarte, talvez não seja. Ela parece empolgada com o novo papel, mas correrá riscos que nunca enfrentou nas novelas. Por vontade própria, deixará o mundo encantado das celebridades para se lançar na arena selvagem da política.

Em poucos dias, a atriz já sofreu dois arranhões em sua reputação. Primeiro surgiu a pensão de R$ 6,8 mil, bancada pelos cofres públicos. Ela perdeu o pai militar em 1981, quando já era uma das estrelas mais bem pagas da TV. No fim de semana, a revista “Veja” revelou que Regina tem pendências com a Lei Rouanet. Ela recorre para não devolver R$ 319 mil ao Tesouro.

Enquanto se dizia “noiva” do presidente, Regina escondeu o jogo. Agora que selou o casamento, terá que dizer o que pensa. Há oito meses, ela deu algumas pistas. No “Conversa com Bial”, disse que Bolsonaro a “fascinou” e que sempre foi conservadora. Na mesma entrevista, condenou o ódio na política: “Não pode xingar, não pode ser agressivo. Todo mundo tem direito a falar tudo”.

Questionada sobre política cultural, a atriz surpreendeu ao sacar um discurso escrito. Nele, pediu mais rigor no uso do dinheiro público e disse que o Estado não deveria financiar artistas famosos. Tudo certo, mas faltou dizer que ela já teve as próprias contas rejeitadas. No total, sua produtora captou R$ 1,4 milhão pela Lei Rouanet.

Nos próximos dias, Regina terá que decidir quem sai e quem fica na equipe de Roberto Alvim. Será seu primeiro teste. Se mantiver os aloprados em instituições como a Funarte e a Casa de Rui Barbosa, ela passará a imagem de uma rainha da Inglaterra. Se tiver coragem para demiti-los, arrisca virar alvo de fogo amigo.

A atriz já topou colar sua imagem a um governo que flerta com a censura e hostiliza a classe artística. Agora será pressionada a endossar o sectarismo no poder. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito que Regina é séria, mas carece de experiência política e pode ser “destruída” pela ala mais radical do bolsonarismo. Apesar dos alertas, ela disse “sim” ao capitão.


El País: Regina Duarte finalmente diz sim a Bolsonaro, e negocia divórcio com a Globo

Após 10 dias de “noivado”, com direito a micronovela dia a dia, atriz confirma que assumirá o posto. Emissora diz, em nota, que negocia “fim da relação contratual” com estrela

A atriz Regina Duarte disse “sim” ao convite do presidente, Jair Bolsonaro, e assumirá a Secretaria Especial de Cultura. Duarte viajou esta tarde a Brasília para oficializar o casamento com o Governo e começar a montar sua equipe. Ela foi convidada por Bolsonaro para ser responsável pela pasta depois da exoneração de Roberto Alvim, que plagiou discurso e estética de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista. Ao chegar à capital, a atriz afirmou a jornalistas que o noivado —termo usado por ela mesma para referir-se ao período de reflexão sobre a proposta— com o presidente foi “excelente”. No entanto, perguntada sobre o que pretende fazer à frente da Secretaria, a atriz disse que “é cedo” para essas definições. Estrela da Globo por 50 anos, a atriz negocia seu divórcio com a emissora. “Globo e Regina Duarte estão negociando o fim da relação contratual, em função da decisão da atriz de aceitar o convite para ocupar a Secretaria Especial da Cultura”, leu o apresentador William Bonner no Jornal Nacional, principal telejornal da TV.

O convite a Duarte foi lido por alguns membros do Executivo como uma bandeira branca ao setor cultural, depois de um ano de conflitos narrativos, com referências a uma “guerra cultural” por conta dos cortes de orçamentos e censura a diversos projetos. Na terça-feira (28/01), Bolsonaro disse que Duarte terá liberdade para fazer as mudanças que desejar à frente da pasta e sua equipe afirmou que o presidente não tolerará fogo amigo contra a nova secretária. Esse recado é para a ala ideológica do Governo, que até então vinha comandando a Secretaria Especial de Cultura.

“Para mim seria excepcional, para ela, ela tem a oportunidade de mostrar realmente como é fazer cultura no Brasil. Ela tem experiência em tudo que vai fazer. Precisa de gente com gestão ao seu lado, tem cargo para isso, vai poder trocar quem ela quiser lá sem problema nenhum. Então tem tudo para dar certo a Regina Duarte”, disse o presidente.

Nos bastidores do setor cultural, no entanto, produtores, diretores e diferentes artistas são céticos quanto às mudanças positivas que Duarte possa fazer. “Se ela está alinhada com o Governo, será mais do mesmo”, afirma um cineasta que prefere não se identificar durante a 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que acontece até o dia 1º de fevereiro.

“Não acredito que ela vá, pelo menos de entrada, mudar a política de desmonte cultural do Governo. Vai ter alguma política de fomento ao cinema brasileiro? Enquanto não soubermos disso, não dá para não ficar com o pé atrás”, comenta Camila Vieira, uma das curadoras da Mostra.

Ainda na terça-feira, Bolsonaro reconheceu que Duarte virou “vidraça” depois das notícias divulgadas na última semana sobre irregularidades com a Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. A atriz é dona da empresa A Vida É Sonho Produções Artísticas e captou três financiamentos no total de 1,4 milhão e reais. Em março de 2018, o extinto Ministério da Cultura recusou a prestação de contas de um dos projetos, a peça Coração Bazar, que captou 321 mil reais. Foi cobrado da atriz uma restituição de 319,6 mil reais, de acordo com o Diário Oficial da União, e sua produtora apresentou recurso.

Postura política

Duarte chegou a criticar, em novembro do ano passado, a indicação de Roberto Alvim para a Secretaria Especial de Cultura. “Quem me conhece sabe que, se eu pudesse opinar, teria sugerido outro perfil. Alguém com mais experiência em gestão pública e mais agregadora da classe artística”, publicou a artista em seu perfil pessoal no Instagram, na época. A atriz costuma utilizar seus perfis nas redes sociais para demonstrar apoio ao Governo. Nos últimos meses, durante a publicação das notícias com o vazamento de conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e o promotor Deltan Dallagnol, ela utilizou o Instagram para defender ambos —“Somos todos Sergio Moro”, publicou em uma ocasião— e também posta mensagens contra o Supremo Tribunal Federal: “STF. Guardião da Constituição ou da impunidade?”.

No entanto, quando a Ancine (Agência Nacional do Cinema) retirou os cartazes de filmes brasileiros de sua sede e de sua página oficial, a atriz —assim como fizeram outros artistas, principalmente os de esquerda— usou seu perfil no Instagram para publicar cartazes de produções como Deus e o Diabo na terra do sol, Tropa de Elite e Carlota Joaquina.

Duarte teria rebatido, em uma reunião na última semana, as críticas do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, sobre o filme Bruna Surfistinha, de acordo com a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Álvaro Antônio teria dito que o filme é um exemplo de projeto que não deveria ser apoiado pelo Governo e Duarte rebateu com o argumento de que a produção tem classificação indicativa e que a prostituição é a profissão mais antiga do mundo, acrescentando que ela é uma artista e que os membros do Executivo não poderiam esquecer-se disso.


Manifestação #ForaDilma na reta final do processo de impeachment mostra que população segue mobilizada contra a corrupção e no apoio a Sergio Moro

Na reta final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), novas manifestações populares tomaram as ruas em pelo menos 20 estados brasileiros e no Distrito Federal, neste domingo, 31 de julho. Como já virou tradição desde a primeira manifestação pró-impeachment no início de 2015, o #ProgramaDiferente acompanhou o ato da Avenida Paulista. Assista.

Os protestos ocorrem para demonstrar que a população segue mobilizada pelo afastamento definitivo da presidenteDilma e pela condenação dos corruptos de todos os partidos, além de defender a continuidade da Operação Lava Jato, a aprovação das 10 medidas contra a corrupção e a atuação do juiz Sergio Moro, do Ministério Público e da Polícia Federal.

A reportagem ouviu Rogério Chequer, porta-voz do Movimento Vem Pra Rua; o historiador e radialista Marco Antonio Villa; o jurista Modesto Carvalhosa; e a atriz Regina Duarte. Relembre aqui toda a cobertura daTVFAP.net nos atos pelo impeachment da presidente Dilma e contra a corrupção na política, além do programa especial nesta data (1º de agosto) que é também o aniversário do juiz Sergio Moro.