poluição

Brasil terá até 2045 para cumprir com a meta de redução dos HFCs , de acordo com o decisão das Partes do Protocolo de Montreal em reunião em Ruanda

O Brasil terá até 2045 para cumprir a meta de reduzir o uso de uma substância que não prejudica a camada de ozônio, mas que possui alto potencial de aquecimento global, os HFCs. A redução terá de ser equivalente a 20% dos níveis utilizados na média dos anos 2020-2022. O Brasil não produz HFCs e o tem seu consumo baseado nas quantidades importadas e eventualmente exportadas.

As Partes do Protocolo de Montreal se reuniram entre os dias 10 e 14 de outubro, em Kigali, capital de Ruanda, para decidir sobre a emenda que inclui, pela primeira vez, a eliminação gradual dos HFCs.

O acordo de Kigali, firmado no último sábado 15, estava em discussão havia sete anos. Ele prevê a divisãodas nações em três grupos para reduzir o consumo e a produção dos HFCs, sendo o prazo para os países desenvolvidos mais curto do que para os países em desenvolvimento.

“As metas e o cronograma de redução dos HFCs aprovadas para os países em desenvolvimento foi o que o Brasil considerou factível em assumir tendo em vista as conversas com o setor privado”, explica a Gerente de Proteção da Camada de Ozônio do Ministério do Meio Ambiente, Magna Luduvice.

Os HFCs foram desenvolvidos como uma alternativa a gases proibidos pelo Protocolo de Montreal, como os CFCs e os HCFCs, principalmente nos setores de ar condicionado, refrigeração e para alguns produtos de aerossol.

“A adoção da emenda dos HFCs trará benefícios consideráveis para as próximas décadas e apoiará no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, declarou o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.

A pesar de se encontrarem em pequenas quantidades na atmosfera, os HFCs têm um potencial de aquecimento global muito alto.

Com a suspensão do uso desses gases, estima-se que se evitará o aumento da temperatura global em 0,5ºC até 2100 e evitará a emissão de 70 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.

“A eliminação gradual mundial de HFCs proporciona um grande impulso aos esforços para manter o aumento da temperatura global abaixo de 2ºC, como indicado no Acordo de Paris”, completa Ban.

Metas e calendário diferenciado dos países:

Países desenvolvidos A2:

- Países: Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e União Europeia, dentre outros com algumas diferenciações.

- Ano de congelamento do consumo e da produção dos HFCs: 2019

- Meta: Reduzir o consumo e a produção a 15% dos níveis de 2011-2013

- Data para alcançar a meta: 2036

Países em desenvolvimento A5 Grupo 1

- Países: Países do A5 com exceção dos países do Grupo 2

- Ano de congelamento da produção dos HFCs: 2024

- Meta: Reduzir o consumo e a produção a 20% dos níveis da média dos anos 2020-2022

- Data para alcançar a meta: 2045

Países em desenvolvimento A5 Grupo 2

- Países: Índia, Paquistão, Irã, Iraque, Países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC)

- Ano de congelamento da produção dos HFCs: 2028

- Meta: Reduzir o consumo e a produção a 15% dos níveis da média dos anos 2024-2026

- Data para alcançar a meta: 2047


Fonte: undp.org


Poluição custa US$ 4,9 bi/ano ao Brasil

Estudo do Banco Mundial aponta que ela já é a 4ª causa de morte prematura no mundo; cerca de 87% da população está exposta a poluentes

A poluição atmosférica já é a quarta causa de morte prematura no mundo, respondendo por 2,9 milhões de óbitos somente em 2013, conforme relatório divulgado nesta quinta-feira, 8, pelo Banco Mundial e pelo Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME, sigla em inglês). O problema custa à economia mundial US$ 225 bilhões por ano. Somente no Brasil essa despesa chega a US$ 4,9 bilhões, de acordo com o levantamento.

Se for considerada a mortalidade decorrente da poluição nos lares, principalmente resultante do uso de combustíveis sólidos para calefação ou cozinha, o total de vítimas sobe para 5,5 milhões no mundo. Somente no Brasil, 62, 2 mil pessoas perderam a vida em 2013 por problemas provocados pela poluição atmosférica.

O país com o maior número de vítimas é a China. Na nação mais populosa do mundo, houve 1,6 milhão de mortes provocadas pela poluição em 2013. Em segundo lugar no ranking de países com mais óbitos está a Índia, com 1,4 milhão de casos.

As doenças causadas pela poluição ambiental (problemas cardiovasculares, câncer de pulmão e outras doenças pulmonares crônicas e respiratórias) são responsáveis por uma morte em cada dez no mundo, seis vezes mais do que as causadas pela malária, por exemplo. Cerca de 87% da população do planeta está de alguma forma exposta a essa poluição.

O relatório do Banco Mundial também mostra que a concentração de ozônio à qual a população mundial está exposta cresceu 8,9%, com diferenças marcantes entre países. No Brasil, China, Índia, Paquistão e Bangladesh, houve aumento de até 20%. Já nos Estados Unidos e Indonésia, o índice registrou queda.

Outras consequências

Os óbitos também são sinônimo de perdas em termos de potenciais rendimentos e de obstáculos ao desenvolvimento econômico, segundo cálculos do Banco Mundial. O estudo avalia que as perdas de rendimentos trabalhistas atribuídas a essas mortes alcançaram US$ 225 bilhões de dólares em 2013.

Além disso, a poluição provoca perdas em termos de bem-estar que totalizam US$ 5,1 trilhões, de acordo com o grupo de métricas e estatísticas. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Por Fabiana Cambricoli

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.


Fonte: cidadessustentaveis.org.br


Novo relatório da ONU mostra que dano ambiental cresce, mas pode ser revertido se agirmos agora

Os resultados das mudanças climáticas para o planeta estão mais evidentes do que os cientistas previram, alertou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) nesta quinta-feira (19). Se os problemas estão mais evidentes, por outro lado, é possível revertê-los, desde que os governos comecem a agir imediatamente.

Essas são algumas das conclusões do estudo Previsão Meio Ambiental Global (GEO-6, na sigla em inglês), apresentado em Nairóbi, no Quênia. Trata-se do último e mais exaustivo trabalho realizado pelo PNUMA que, através de seis relatórios regionais, mostra como a ameaça do clima no planeta está aumentando de intensidade de forma preocupante – com efeitos em todas as regiões.

Entre os motivos apresentados para tais consequências pelo mundo estão o aumento da população, a rápida urbanização, os crescentes níveis de consumo, a desertificação e a degradação do solo. Todos esses fatores provocaram uma grave escassez de água e puseram em risco a segurança alimentar de centenas de milhões de pessoas. Porém, os especialistas também avaliam que é possível reverter consequências importantes como a destruição de ecossistemas marítimos e o crescente nível de poluição do ar. As cidades não apenas ajudam nesses problemas, mas também são parte importante na solução deles.

“Se esta tendência continuar e o mundo não conseguir melhorar os padrões atuais de produção e de consumo, se não conseguirmos utilizar os recursos naturais de forma sustentável, o estado do meio ambiente seguirá piorando”, lamentou em entrevista coletiva o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.

Os relatórios, feitos com a contribuição de 1.203 cientistas, são uma antecipação da segunda Assembleia Meio Ambiental das Nações Unidas, que ocorre na próxima semana em Nairóbi. A América Latina e o Caribe, que têm nos produtos primários e nos recursos naturais 50% de todas as suas exportações, além de uma taxa de urbanização elevada, precisam começar a desvincular o seu crescimento econômico do consumo de recursos. Veja a análise dos cientistas para quatro áreas-chave desta região:

Qualidade do ar

As emissões de gases do efeito estufa estão crescendo na América Latina como resultado da urbanização, que traz crescimento econômico, mas também de consumo de energia, além das alterações no uso do solo. Todas essas transformações afetam a qualidade do ar. A maioria das cidades da região que têm dados registrados estão com concentrações de matéria particulada acima das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, há progressos a partir da redução do uso de substâncias que afetam a camada de ozônio e a eliminação do uso de chumbo na gasolina. Estima-se que 100 milhões de pessoas vivem em áreas suscetíveis à contaminação do ar na América Latina, a maioria nas cidades, que são locais mais densamente povoados. Em 2012, 138 mil mortes foram atribuídas à contaminação do ar.

Saúde dos oceanos, mares e costa

O desenvolvimento mal gerido na região costeira ameaça a fauna e a flora marinha em todo o continente. Há degradação de hábitats importantes, que podem causar escassez de recursos naturais e impactos na biodiversidade. Essas áreas também estão mais suscetíveis a desastres naturais. Além disso, o aumento no nível do mar afeta cerca de 29 milhões de pessoas que vivem em áreas costeiras na América Latina, sujeitas a inundações. Regiões densamente urbanizadas, com grandes cidades à beira mar, como no Brasil, estão mais suscetíveis a enfrentar problemas.

Perda de hábitats e degradação da terra

A América Latina e o Caribe contêm 12 dos 14 biomas do mundo e 191 das 867 eco regiões únicas no mundo. De 2001 a 2013, 17% das terras aráveis e 57% das pastagens foram estabelecidos em florestas derrubadas para esse propósito. Há uma gestão insustentável do uso da terra, dizem os cientistas. A demanda regional e internacional para a produção agrícola, carne de gado, madeira, petróleo e mineração, juntamente com as condições socioeconômicas adversas e a necessidade de investimento estrangeiro, colocam pressão sobre os legisladores da região a dar prioridade a metas de curto prazo que podem resultar em uma degradação da terra.

Biodiversidade

De 60% a 70% de toda a vida conhecida na Terra vem da América Latina e do Caribe. Sem limitações ao desenvolvimento urbano e agrícola, essa riqueza continuará ameaçada. A mudança do uso da terra continua sendo a maior ameaça, sem contar outros impactos como a contaminação, a superexploração, o turismo não sustentável e a invasão de espécies. Mesmo com a taxa de desmatamento tenha caído recentemente, ainda são derrubados 2,18 milhões de hectares ao ano. Os estudos também mostraram que, mesmo com a redução no desmatamento, não houve uma desaceleração na perda de biodiversidade, que continua aumentando.

O que fazer?

Veja as recomendações gerais dos cientistas para a América Latina e o Caribe:

- Os governos precisam encontrar soluções inovadoras para permitir a dissociação entre o crescimento económico e o consumo de recursos;

 - Reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diversificar as fontes de energia será fundamental para a região. Esse tipo de mudança será crítica nas cidades, responsáveis por 70% das emissões em escala global;

 - Os governos precisam investir em soluções baseadas nos ecossistemas para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a adaptação;

 - Aumento do investimento em investigação científica e desenvolvimento da capacidade de recolher e aplicar dados baseados em pesquisas para reforçar a interface entre ciência e política;

- Uma coordenação intergovernamental mais forte e mais focada em nível regional e sub-regional irá melhorar as questões de governança que são de prioridade regional.


Por Bruno Felin - The City Fix Brasil

Matéria publicada orginalmente no portal The City Fix Brasil.


OMS: mais de 80% da população urbana vive em áreas de ar poluído

Relatório da agência da ONU analisou a qualidade do ar em 3 mil cidades de 103 países; Curitiba é citada como modelo com várias ações e medidas verdes; nível de poluição está aumentando nas regiões mais pobres.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, alertou que mais de 80% da população urbana mundial vive em áreas com alta taxa de poluição do ar. A informação consta do 3º Relatório Global sobre o assunto, lançado esta quinta-feira pela agência da ONU. Segundo os especialistas, a poluição do ar representa o maior risco ambiental à saúde. Ela é responsável por mais de 3 milhões de mortes prematuras no mundo todos os anos.

Piorar

Segundo o documento, 98% das cidades dos países de baixa e média rendas, com mais de 100 mil habitantes, apresentam índices de qualidade do ar piores do que o estipulado pela OMS. No caso dos países ricos, a taxa das cidades que registram ar poluído caiu para 56%.

De Genebra, em entrevista à Rádio ONU, Carlos Dora, epidemiologista da agência falou sobre as conclusões do relatório.

"Nas cidades dos países em desenvolvimento, a gente vê que tem uma quantidade maior (de cidades poluídas) e a tendência é piorar. Então isso é, obviamente preocupante. Uma parte dos dados, mostra exatamente essa tendência temporária. A piora no geral é de 8%."

O estudo da OMS foi feito em 3 mil cidades em 103 países. No Brasil, os especialistas analisaram 45 cidades do nordeste ao sul do país, entre elas, Curitiba, Campinas, São Paulo, Campos, no Estado do Rio de Janeiro e Malembá e Madre de Deus, na região metropolitana de Salvador.

"Tem, por exemplo, cidades como Curitiba, que tinha um nível que antes era acima do preconizado pela OMS e que agora tem o ar limpo de acordo com a qualidade de ar da agência da ONU. É uma coisa muito positiva porque Curitiba também tem um dos melhores exemplos de políticas públicas que levam a limpar a qualidade do ar. Gestão dos resíduos para não queimar o lixo, (a cidade) faz uma gestão ecológica dos resíduos, deixa fermentar e colhe o metano para usar como biogás. Então tem uma série de soluções na gestão de resíduos que eles estão implementando."

Rodízio de Carros

Dora falou ainda que o rodízio de carros implementado em várias cidades mundiais, como por exemplo em São Paulo e na Cidade do México, funciona para reduzir a poluição em situação aguda.

Mas ele disse que a longo prazo, as cidades devem analisar a situação detalhadamente e buscar a causa da poluição.

O representante da OMS citou que Nova York, na época do prefeito Michael Bloomberg, fez um estudo que concluiu que metade da poluição do ar vinha do combustível "sujo" usado nos equipamentos de aquecimento e refrigeração dos prédios da cidade e não dos carros.

Poluição e Saúde

Dora fez uma comparação dizendo que as medidas adotadas para combater a poluição do ar podem ajudar na área de saúde. Segundo ele, as pessoas que têm doenças vasculares recebem recomendações para fazer exercício físico, não fumar e ter uma dieta saudável.

Mas o epidemiologista da OMS declarou que não há uma recomendação especial para que essas pessoas evitem ambientes poluídos.

Para ele, "é crucial que os governos e cidades façam da qualidade do ar em regiões urbanas uma prioridade de saúde e desenvolvimento".

Dora afirmou que "quando a qualidade do ar melhora, diminuem os gastos de saúde relativos a doenças como alergias e infecções pulmonares, aumenta a produtividade dos trabalhadores e também a expectativa de vida da população".

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

Matéria publicada no portal Notícias e Mídia - Rádio ONU.

Acesso à íntegra do relatório no site da OMS, em inglês: http://www.who.int/phe/health_topics/outdoorair/databases/cities/en/