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O Globo: Mulheres mais velhas recebem críticas ao corpo em meio a movimento feminista

Por que é tão difícil derrubar estigmas e evitar o julgamento, muitas vezes vindo das jovens?

Por Míriam Goldberg, especial para o Globo

RIO — Recentemente, entrevistei uma bela mulher de 74 anos. Quando eu disse que ela parecia muito mais jovem e tinha um corpo maravilhoso, fiquei surpresa com a sua reação:

 

— Minha neta diz que sou uma velha ridícula e que não tenho mais idade para usar legging, camiseta e tênis o tempo todo. Ela tem vergonha de sair comigo, quer que eu me comporte como uma senhorinha. Mas o que deve vestir uma mulher da minha idade para fazer ginástica? Ela me critica tanto que estou acreditando que sou uma velha ridícula.

No livro “Por que os homens preferem as mulheres mais velhas?”, mostrei muitos relatos dos preconceitos que as mulheres sofrem, como o de uma jornalista de 67 anos.

“Minha filha me chama de velha doida, coroa piriguete, velhota sem noção e sem vergonha na cara, porque meu namorado tem 40 anos. Ela diz que ele tem idade para ser meu filho e tem nojo de imaginar que nós transamos. Diz que eu já tenho netos e devia ter me aposentado nesse departamento.”

Uma professora aposentada de 72 anos não aguenta mais as ofensas das duas filhas.

“Elas querem controlar tudo, desde minha forma de vestir até o meu dinheiro. Querem que eu pare de viajar, ir a restaurantes e shows, como se tudo o que eu ganhei na vida fosse delas. Elas me xingam de velha gagá, velha maluca, ameaçam pedir a minha interdição por dilapidar o patrimônio da família. Acham que eu tenho que ficar trancada em casa cuidando dos netos.”

Em inúmeras entrevistas, encontrei o mesmo tom preconceituoso e desrespeitoso com o envelhecimento feminino.

“Tenho 61 anos, mas meu corpo não mudou quase nada. Fui comprar um jeans de uma grife famosa e a vendedora me tratou com total desprezo. Seu olhar de nojo gritava: ‘Você não se enxerga, sua velha baranga? Não quero a etiqueta da minha loja desfilando na bunda de uma velha decrépita’. Fiquei chocada, já que as jovens falam tanto de sororidade, de feminismo, de empoderamento. Como ela não percebe que está sendo cúmplice da violência que todas as mulheres sofrem, que está alimentando o preconceito contra si mesma no futuro?”

Na minha pesquisa com 1.700 moradores do Rio, as mulheres mais jovens (especialmente as que têm entre 25 e 45 anos) são as que demonstram estar mais infelizes, insatisfeitas, frustradas, deprimidas e exaustas. Elas reclamam, principalmente, de falta de tempo, falta de reconhecimento e falta de liberdade. Algumas ainda dizem que “falta tudo”!

Perguntei o que elas mais invejam nos homens. Elas responderam, em primeiríssimo lugar: liberdade. Em seguida disseram: fazer xixi em pé. Elas também invejam a liberdade masculina com o próprio corpo e a liberdade sexual. Sessenta por cento das mulheres que eu pesquisei invejam a capacidade masculina de brincar e de rir de qualquer bobagem. Perguntei: “Por que vocês não riem mais?” Elas responderam: “Porque eu não tenho tempo ou tenho muito medo do que os outros vão pensar.”

Quando perguntei aos homens o que eles mais invejam nas mulheres, eles responderam simplesmente: nada.

Também perguntei o que as mulheres mais invejam em outras mulheres. Elas responderam: corpo, beleza, juventude, magreza e sensualidade. O corpo invejado por elas é jovem, magro e sensual. No Brasil, este modelo de corpo é considerado um verdadeiro capital.

Não é à toa que as brasileiras estão entre as maiores consumidoras de todo o mundo de cirurgia plástica, Botox, preenchimentos, tintura para cabelo, remédios para emagrecer, moderadores de apetite, medicamentos para dormir e ansiolíticos. São as que estão mais insatisfeitas com o próprio corpo, e as que mais deixam de sair de casa, ir a festas e até mesmo de trabalhar quando se sentem velhas, gordas e feias. Elas têm um verdadeiro pânico de envelhecer, como mostra uma professora de 45 anos.

“A minha maior crise foi quando fiz 40 anos. Todas as minhas amigas e colegas de trabalho já fizeram plástica, Botox e preenchimento. Minha filha me proibiu de usar minissaia, shorts e biquíni. Estou na fase do ‘será que eu posso?’ Tenho que passar pelo julgamento dela antes de sair de casa. Eu me sinto invisível, transparente, ignorada, uma mulher ‘nem, nem’: nem jovem, nem velha.”

Em um momento de importantes lutas e conquistas feministas, é fundamental denunciar as pressões sociais que levam tantas brasileiras a aceitar e fortalecer, com seus medos e inseguranças, os preconceitos e estigmas relacionados ao envelhecimento feminino.

Simone de Beauvoir escreveu que velho é sempre o outro, já que a maior parte das pessoas de mais idade só se sente velha por meio do olhar dos outros, sem terem experimentado grandes transformações interiores ou até mesmo exteriores. No entanto, ela alertava: velho não é o outro, pois a velhice está inscrita em cada um de nós.

Vale a pena lembrar que a única categoria social que inclui todo mundo é velho. Somos classificados como homem ou mulher, negro ou branco, homo ou heterossexual, mas velho todo mundo é: hoje ou amanhã. A jovem de hoje é a mulher de mais idade amanhã. Só assumindo consciente e plenamente, em todas as fases da vida, que nós também somos ou seremos velhas, poderemos ajudar a derrubar os medos, estereótipos e preconceitos existentes sobre o envelhecimento feminino.

Por isso defendo que, como nos movimentos libertários do século passado, todas as mulheres, de todas as idades, deveriam vestir uma camiseta com os dizeres: “Eu também sou velha. E velha é linda! Somos livres, enfim!”

Cada uma de nós, principalmente as mais jovens, deveria se reconhecer na velha que é hoje ou na velha que será amanhã. Velha não é a outra; velha sou eu!

*Míriam Goldberg é antropóloga, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora de “A bela velhice” (Record)

 

 


Em nota, PPS lamenta a morte da atriz Ruth Escobar

O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP) divulgou nota de pesar pela morte da atriz Ruth Escobar, aos 81 anos, nesta quinta-feira (05) em São Paulo.

Para o partido, a atriz que também era empresária, produtora e ativista “merece ser reverenciada não apenas por quantos fazem ou curtem o espetáculo teatral, mas por toda a cidadania”.

“Deixa-nos uma grande atriz e produtora cultural

Uma figura excepcional do teatro faleceu hoje, dia 5 de outubro, aos 81 anos, em São Paulo, e merece ser reverenciada não apenas por quantos fazem ou curtem o espetáculo teatral, mas por toda a cidadania. Trata-se da inestimável Ruth Escobar que, nascida na cidade do Porto, ao norte de Portugal, em uma família pobre, emigrou, aos 16 anos, com sua mãe, Marília do Carmo, para o Brasil e aqui fez residência.

Casando-se com o filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar, em 1958, partiram para a França, onde Ruth fez cursos de interpretação e ao retornarem, ela montou companhia própria, a Novo Teatro, e daí em diante tornou-se uma atriz de destaque, uma das mais importantes produtoras culturais e destacada personalidade do teatro, empreendedora de muitos projetos culturais especialmente comprometidos com a vanguarda artística, como o 1º Festival Internacional de Teatro, a Feira Brasileira de Opinião, sempre oferecendo o melhor da produção cênica brasileira e mundial.

Em 1964, decidiu fazer teatro popular e adaptou um ônibus, transformando-o em palco, para levar espetáculos à periferia de São Paulo – iniciativa que recebeu o nome de Teatro Popular Nacional. Neste mesmo ano, inaugurou seu próprio teatro, que recebeu o seu nome, situado no bairro da Bela Vista, na capital paulista. Com o golpe ocorrido em 1º de abril, ela se envolveu em vários dos movimentos culturais, sociais e políticos que denunciaram e enfrentaram a ditadura militar. Ela teve a coragem de centralizar no seu teatro importantes manifestações contra o regime ditatorial, inclusive a fundação do Comitê da Anistia Internacional. Nos anos 1980, afastou-se parcialmente do teatro, já que, eleita deputada estadual por duas legislaturas, dedicou-se a projetos comunitários e revelou-se um exemplo de seriedade com a coisa pública.

Quando a nossa companheira Zuleika Alambert, feminista de primeira hora, retornou ao Brasil, em 1979, após um exílio de 15 anos em vários países da América e da Europa, foi recebida no aeroporto de Guarulhos, com todas as honras, por Ruth, que já comandava movimentos em defesa dos direitos das mulheres em São Paulo.

Esta era nossa exemplar atriz e destacada figura de ação pública Ruth Escobar, a quem rendemos nossas fraternas homenagens.

Roberto Freire

Presidente Nacional do Partido Popular Socialista”


Mulheres do PPS debatem participação feminina na política nesta quinta-feira (6)

Temas como a questão do espaço feminino no Legislativo e a violência contra a mulher estarão em discussão

 

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) realiza nesta quinta-feira (6), em Brasília, o seminário Mulheres na Política, com apoio da Coordenação Nacional de Mulheres do PPS. O evento será realizado no San Marco Hotel – Setor Hoteleiro Sul, Quadra 05, Bloco C – Asa Sul.

Tereza Vitale, coordenadora do evento, diz que estarão em debate temas como a questão do espaço feminino no Legislativo e a violência contra a mulher. O seminário contará com a presença das deputadas do PPS, Carmen Zanotto (SC), Pollyana Gama (SP) e Eliziane Gama (MA), da senadora do PMDB Martha Suplicy (SP) e da cineasta e atriz Naura Schneider.

Na sexta-feira (7), a coordenação do movimento promove um workshop com o tema “Propostas para avançar com as mulheres no Parlamento”. Serão analisadas as palestras proferidas no encontro do dia anterior e a realização de oficinas com a pesquisadora da Universidade de São Paulo, Beatriz Rodrigues Sanchez, e a assessora da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres e da ONU Mulheres Brasil, Silvia Rita de Souza.

Programação dos eventos:

SEMINÁRIO MULHERES NA POLÍTICA – MEDIDAS ALTERNATIVAS E A GARANTIA DE VAGAS NO PARLAMENTO

Dia: 06 de abril

11h – Credenciamento

12h – Almoço

13h30 – Abertura com Tereza Vitale (DF) e Raquel Dias (CE)

14h – Mesa-redonda com deputada Carmen Zanotto (PPS-SC) – Bancada Feminina da Câmara dos Deputado -; senadora Martha Suplicy (PMDB-SP) – Bancada Feminina do Senado Federal e autora do projeto sobre a reserva de vagas no Parlamento); deputada Pollyana Gama (PPS-SP) como mediadora. Comentários da deputada Eliziane Gama (PPS-MA).

TEMA: Vagas no Parlamento
14h45 – Debate

15h30 – Mesa-redonda com Beatriz Rodrigues Sanchez, pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política da Universidade de São Paulo e do Núcleo Democracia e Ação Coletiva do Cebrap; com os comentários de Irina Storni, da SPM (Secretaria de Políticas para as Mulheres ).

TEMA: Apresentação da Pesquisa Mulheres do PPS e as eleições de 2016
16h15 – Coffee break

16h30 – Exibição do longa Vidas Partidas, com Naura Schneider e Domingos Montagner

18h30 – Debate com a cineasta e atriz Naura Schneider, comentários de Irina Storni (SPM)

TEMA: Violência contra a mulher
19h30 – Encerramento
Coordenação: Tereza Vitale


WORKSHOP: PROPOSTAS PARA AVANÇAR COM AS MULHERES NO PARLAMENTO

Dia: 07/04
8h30 – Abertura com Raquel Dias (CE) e Tereza Vitale (DF)

TEMÁRIO: Avaliando as palestras proferidas no Seminário da FAP realizado no dia anterior. 2. Explicação sobre as oficinas nas quais serão discutidos dois temas para efetivar o workshop. 3. Relatoras: nomes sugeridos das duplas: Guiomar Monteiro e Renata Cabrera; Elaine Otto e Simone Girotto. Comentários de Luzia Ferreira (MG)

9h30 às 10h30 – Oficina com Beatriz Rodrigues Sanchez
Pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política da Universidade de São Paulo e do Núcleo Democracia e Ação Coletiva do Cebrap. Apresentação da Pesquisa Mulheres do PPS e as eleições de 2016.

TEMA: Eleições 2016. Fazendo autocrítica para avançar
10h30 às 12h – Debate e depoimentos
12h – Almoço
13h30 às 14h30 – Oficina com Silvia Rita de Souza

Assessora da Secretaria de Políticas para as Mulheres e da ONU Mulheres Brasil, e autora do livro A mulher candidata. Competindo para vencer, Brasília: Alpha, 2016, 136p.

TEMA: Preparando as eleições de 2018. Levantando nossa autoestima!
14h30 às 16h – Debate

17h – Apresentação dos relatórios dos grupos

18h – Encerramento – Organização da Carta do Encontro Eleitoral 2016/2018 de Brasília (Tereza Vitale e Raquel Dias)

Organização e coordenação: Raquel Dias e Tereza Vitale

 

 


Quase 1/4 das Câmaras Municipais do país não terá nenhuma vereadora

Apesar de as mulheres representarem 51% da população do Brasil, não haverá vereadoras em 23% das cidades do país a partir de janeiro de 2017 —ou seja, em 1.290 localidades.

Apesar disso, o cenário representa uma ligeira melhora com relação às eleições de 2012, quando as Câmaras eram exclusivamente masculinas em 24% dos municípios brasileiros. Em apenas 23 municípios (0,4% do total) elas serão maioria no Legislativo a partir do ano que vem.

É o que mostra levantamento da Folha com base nos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele aponta que cerca de 90% dos municípios terão Câmaras com menos de 30% de mulheres a partir do ano que vem. O índice é o mínimo que a lei considera na apresentação de candidaturas —não há cota para eleições, porém.

Para tentar ampliar a presença de mulheres em cargos de representatividade, a lei eleitoral exige desde 2009 que cada partido ou coligação deve destinar o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo.

Levantamento feito pela Folha, porém, apontou que 11% das coligações foram às urnas sem respeitar a cota de mulheres. Pesquisadoras de representação política feminina dizem que a falta de penalidades para o desrespeito à regra é um dos motivos que inibe a participação feminina.

A falta de recursos –dinheiro, apoio político e tempo na TV– é outro motivo que explica a baixa presença de mulheres nas câmaras, segundo especialistas.

Neste ano, os partidos destinaram proporcionalmente 30% mais recursos aos homens em relação ao que foi repassado às mulheres.

O índice de mulheres prefeitas caiu neste ano em relação à eleição de 2012. Nas câmaras, a situação ficou praticamente igual.

Dos quase 58 mil vereadores eleitos, 13,5% são mulheres. Em 2012, o índice foi de 13,3%.

PERFIL DOS ELEITOS

Além do gênero, os dados do TSE apontam que 57% dos vereadores declararam ser brancos, que a maioria têm entre 40 a 44 anos e a profissão mais comum indicada é de vereador, seguida de agricultor e servidor público.

Entre os vereadores eleitos, um deles declarou ser ministro de Estado. O nome de Igor Fabiano, eleito em Magé (RJ) pelo PR, porém, não consta na lista de ministros do governo Michel Temer.

A idade média dos eleitos é de 44 anos, mas 52 se tornaram vereadores com a idade mínima para o cargo, 18 anos. O mais novo é Amarilo Júnior (PP), eleito em Cedro (CE) e que tinha 18 anos e 37 dias na data da eleição.

O parlamentar mais velho a ser eleito é Dona Lourdes (PSB), eleita em Curitiba aos 88 anos e dez meses de idade. Por erro de digitação na data de nascimento, nos dados do TSE aparecem dois eleitos com mais de cem anos.

PARTIDO

O partido com maior número de vereadores eleitos é o PMDB, que lidera ao menos desde 2008. Apesar disso, a quantidade caiu 5% em relação a 2012.

O PSDB, que figura na segunda colocação, teve crescimento de 2% e diminuiu sua distância do PMDB.

O PT, partido que sofreu a pior derrota nas urnas, viu o número ser reduzido em 46% e caiu da 3ª para a 10ª posição no ranking.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes-2016/2016/10/1819287-pt-tem-...

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.

Por: André Monteiro


Fonte: cidadessustentaveis.org.br


Tereza Vitale: Mulheres na política. Para que? Por que?

Muitas pessoas não conseguem perceber a importância das mulheres estarem no poder, delas ocuparem espaços no Legislativo, no Executivo e no Judiciário. Para muitos homens essa é uma questão desnecessária, e muitas mulheres têm grande dificuldade de se perceberem ocupando esses espaços, que, historicamente, são dominados pelos homens. Elas só se veem trabalhando em casa e eles fora de casa! E a divisão sexual do trabalho fica restrita a esses papéis tradicionais de gênero. Aquilo que foi “ensinado” é o que prevalece. Poucas e poucos se libertam destes papéis pré-fabricados ao longo dos séculos.

Mas, a necessidade de as mulheres auxiliarem no sustento familiar levou muitas delas a perceberem que podem mais, muito mais do que reproduzir, cuidar, limpar, “estar”. Perceberam que podem “ser”, podem fazer e acontecer. Podem ser donas de seu nariz, de seu corpo, de suas vontades, de sua vida. Podem ter objetivos sem estar atreladas a casamento. Mas que este pode ser uma relação muito saudável se houver respeito recíproco. Além de saudável, pode ser uma relação feliz! UFA, que coisa boa, ser feliz, se realizar na vida sozinha ou acompanhada! Ter um companheiro ou uma companheira…

Esta introdução é para dizer que as mulheres avançaram neste quesito “sair de casa” em busca de sonhos, de objetivos para criar sua própria história de sucesso pessoal. Que as formas de ser assim ou assado também se modernizaram, que hoje as opções são inúmeras, que os meios de comunicação colaboram para conhecermos o mundo além do nosso portão, da nossa escola, da nossa vizinhança. Mas e na política? Elas se alçam à vida política?

NÃO! As mulheres são mais que 50% da população. São mais de 50% dos eleitores. E sub-representadas na vida política… A democracia exige igualdade de gênero no sistema político e o Brasil ocupa o ridículo 158º lugar entre 188 países do mundo.

Na América Latina está em último! Pasmem! É um país injusto com as mulheres e podemos ampliar este leque: além da desigualdade de gênero, temos a de classe e a de raça na política. Como dizem, nossos poderes são de homens, brancos e de classe média(alta).

Portanto, a democracia está bem longe de ser completa. A desigualdade de gênero é estrutural. A quem interessa mudar essa realidade? Aos partidos políticos? Acho que não! Estamos nessa luta há anos e nada melhora. As leis que temos a nosso favor vêm carentes de sansões e sabemos que por isso não são cumpridas em partes ou na íntegra. Há sempre um jeitinho para escamotear o que é de lei e o que é de extrema importância para as mulheres que fazem política: os míseros 5% do fundo partidário que deveriam ser empregados em programas de promoção às mulheres na política.

Uma boa pergunta: Por que as mulheres na política? O que altera? Se justiça democrática é sinônimo de paridade na política, se essa paridade significa ocupação de espaços de poder e se temos uma questão complexa que é a política ser um espaço masculino, é dever de todos proporcionar às mulheres condições de participação em igualdade de condições, nesses espaços masculinos. É necessária a preocupação e a realização de ações que as aproximem da oportunidade de discutir e tomar decisões.

Elas começam a se interessar, se percebem como alguém que pode fazer a diferença nas discussões. E fazem mesmo, a diferença! Temos uma visão diferenciada de mundo, não pelo simples fato de nascermos mulher, mas pelo fato de nos tornarmos mulher. Essa já era a fala, pela constatação, de Simone de Beauvoir, lá atrás, na obra O segundo sexo, no final da primeira metade do século passado (1949). É a inserção social que nos faz diferente do homem e a diversidade de pensamento, como todo tipo de diversidade, leva as situações a serem enriquecidas.

Dizem: mas elas são poucas. Poucas as que gostam da política, poucas que se dispõem a deixar suas casas para irem discutir política. Por isso, poucas mulheres na política! Concordo com essas teses, em parte. Mulher não deixa sua casa e seus afazeres por besteira. Por isso, a valorização de seu papel é importante. Por isso, a política tem que ser discutida, por isso é importante a discussão cidadã do papel da política nas nossas vidas. Tudo a nossa volta é política e ela se resume à nossa real participação: na escola, na nossa rua, no nosso bairro, nossos locais de estar diariamente… tudo é movido pela política! Se nos furtarmos dessa questão, outros estarão resolvendo nossa vida à nossa revelia. Sem nossa participação não vale nem reclamar!

Uma mulher incentiva a outra a participar. E cada vez mais teremos mulheres nos partidos discutindo no mesmo tom e à mesma razão que os homens. Basta um empurrãozinho… e lá estarão elas participando em pé de igualdade. Assim estaremos incentivando as mulheres a chegarem ao Parlamento. Incentivando candidaturas pra valer e incentivando que mulheres votem em mulheres. Esta é outra questão cultural que temos que “atacar”. Se as mulheres são mais que 50% dos eleitores e não temos mulheres que nos representem como parlamentares, essa conta não fecha. Cadê nossos votos? Foram para os homens!

E nossas teses não são para se votar em mulher porque é mulher, simplesmente. Ninguém pede isso quando incentiva medidas afirmativas como as cotas, p.e., queremos que as mulheres candidatas estejam bem preparadas para a política para fazer valer nosso “voto em mulher”. Isto é óbvio!

E uma das prerrogativas para que elas se tornem candidatas em pé de igualdade com os homens, está sob a responsabilidade dos partidos. Elas têm menos recursos financeiros, menos tempo livre pra correr atrás destes recursos, menos influência em coligações. Todos estes entraves são combatidos por nós quando lutamos pela reforma política que abarque o sistema eleitoral em nosso favor. O ideal, para alterar este quadro, menos lentamente, é o financiamento público de campanha e a lista fechada com alternância de sexo. Tendo maior controle sobre as candidaturas e a aplicação do financiamento de campanha garantiríamos mais sucesso para eleger mulheres.

Sem estes artifícios, que chamamos de medidas afirmativas (cotas para vagas em candidaturas, financiamento público, lista fechada), demoraremos dois séculos para alcançar a paridade de representação nos parlamentos. Dois séculos!!!!!!
Em outubro próximo, nossas eleições serão municipais. Uma oportunidade única para as candidaturas de mulheres. Trata-se do poder local! O Poder que está bem perto das mulheres. Do Local onde vivem, do Local onde está sua família, do Local em que vão e voltam…, ou seja, podem trabalhar com uma plataforma eleitoral bem conhecida, de seu inteiro domínio.

Para as candidatas à prefeita, as políticas públicas para as cidades são voltadas ao transporte coletivo, para a educação infantil e ao ensino fundamental, ao atendimento à saúde além de voltar-se ao ordenamento territorial do solo urbano e à proteção do patrimônio municipal.

A prefeita, que é a representante do Poder Executivo municipal, tem que trabalhar em conjunto ao Poder Legislativo municipal, que é a Câmara dos Vereadores, cuja atribuição é elaborar leis de competência dos municípios, e fiscalizar a atuação e gerenciamento dos recursos do orçamento. Uma fiscalização não só em relação ao bom uso dos recursos públicos, mas também quanto ao atendimento adequado às demandas dos habitantes do município.

Tudo bem!!!! Homens e mulheres podem perfeitamente cumprir essas agendas municipais. Mas por que nos interessa que a mulher esteja nos representando nos municípios? Qual a diferença? Por que os homens não nos representam?

Espera-se que as mulheres defendam pautas específicas que nos dizem respeito. O que chamamos de Plataforma das Mulheres. Homens também podem se comprometer com nossa pauta, mas deles esperamos menos, bem menos…


Tereza Vitale é integrante da Coordenação Nacional de Mulheres do PPS

Fonte: www.pps.org.br


Brasil: a cada 6 horas uma mulher é assassinada por um agressor conhecido, alerta ONU Mulheres

"Instamos as autoridades a empenhar todo o peso da lei contra os agressores e proteger a dignidade das vítimas”, disse a diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho, que assina nota da agência sobre estupros coletivos ocorridos no Brasil.

A diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho, assinou uma nota da agência comentando os casos recentes de estupros coletivos ocorridos no Brasil.

“Nenhuma forma de violência contra as mulheres e meninas pode ser aceita: pelo fim da cultura de tolerância com a violência contra as mulheres. Pelo fim da impunidade”, destacou ela no comunicado divulgado neste domingo (29).

“Proteger a vida de mulheres e meninas é uma responsabilidade de toda a sociedade”, acrescenta a nota.

O escritório regional da ONU Mulheres ressaltou que a tolerância social da violência contra as mulheres e meninas é “sistemática” e inclui violência física, psicológica e econômica, ocorrendo tanto nos espaços públicos como nos privados.

Confira a nota na íntegra:

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Luiza Carvalho, diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe. Foto: Bruno Spada/ONU Mulheres

“A Oficina Regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe se une ao repúdio do atroz caso de estupro perpetrado por 30 homens contra uma adolescente no Rio de Janeiro, Brasil. Além da brutalidade com que o crime foi cometido, a degradação contra a vítima foi acentuada por imagens e gravações publicadas na internet sobre este ato condenável.

Preocupa, ainda, outro estupro coletivo registrado em Bom Jesus, estado do Piauí, onde outra adolescente foi vítima de violação por parte de cinco homens, cujo crime segue em investigação.

Esses acontecimentos têm causado a mais forte rejeição e comoção na comunidade internacional. Diversas entidades públicas, organizações da sociedade civil, agências do Sistema das Nações Unidas, meios de comunicação social, assim como personalidades dos âmbitos artístico e cultural se pronunciaram com contundência.

Deste Escritório Regional, somamos a nossa voz para a enérgica condenação e instamos as autoridades competentes a empenhar todo o peso da lei contra os agressores e a proteger a intimidade e a dignidade das vítimas.

A tolerância social da violência contra as mulheres e meninas é sistemática e vai desde a violência física, psicológica, econômica e acontece tanto nos espaços públicos como nos privados. A violência se mantém durante desastres naturais e conflitos armados e permanece para sempre na vida de homens e mulheres e com consequências nefastas para toda a sociedade. Dados da OPAS [Organização Pan-Americana da Saúde] relevam que:

A iniciação sexual forçada e não desejada acontece desde cedo na vida de muitas meninas na América Latina e Caribe:

Proporções expressivas de mulheres jovens, em todas as pesquisas, informaram que a sua primeira relação sexual havia sido forçada. Os esposos, companheiros, namorados e outros parceiros eram os agressores informados com maior frequência nas pesquisas com tais indicadores.

A exposição à violência na infância aumenta o risco de outras formas de violência em etapas posteriores da vida e tem importantes efeitos intergeracionais negativos:

A exposição à violência na infância pode ter efeitos de longo prazo e intergeracionais. A prevalência da violência por parte do esposo/companheiro era significativamente maior (em geral umas duas vezes maior) entre as mulheres que informaram ter sido maltratadas fisicamente na infância na comparação com aquelas que não tinham passado por tais violências na infância.

A proporção de mulheres que informaram que seu pai (ou padrasto) agredia a sua mãe (ou madrasta) variava amplamente segundo o país, entre a oitava parte (12,6 %) no Haiti, em 2005/6, e quase a metade (48,3 %) na Bolívia, em 2003. Em sete de 13 países, a quarta parte ou mais das mulheres informaram exposição a algum tipo de violência doméstica.

A impunidade frente aos crimes cometidos contra as mulheres e as meninas e a alta tolerância social com a violência contra elas posicionaram a América Latina e Caribe como a região com mais assassinatos de mulheres. De acordo com a Convenção de Genebra, no seu relatório de 2011, dos 2,5 países com mais altas taxas de feminicídio, 14, mais de 50%, estão na América Latina e Caribe. Calcula-se que, no Brasil, a cada 6 horas uma mulher é assassinada por um agressor conhecido.

Na Colômbia, a cada 6 dias, uma mulher é assassinada pelas mãos de seu companheiro ou ex-companheiro. No México, um recente estudo sobre as tendências dos últimos 25 anos do Instituto Nacional das Mulheres e ONU Mulheres demonstra que, mesmo com reduções das taxas de assassinatos de mulheres, segue, de maneira preponderante, os crimes cometidos por companheiro e ex-companheiro.

Para muitas pessoas, as reivindicações das mulheres, nos últimos anos, significam que estas violações sistemáticas dos direitos humanos são coisa do passado. Mas lembremos que, em âmbito mundial, 35% dos assassinatos de mulheres são cometidos por parceiro, comparado com 5% para os homens de acordo com estudos preliminares da Organização Mundial da Saúde. Esses cálculos devem ser vistos como modestos porque não há informação comparável entre os países, o que alimenta a cultura da impunidade.

Como explicou a relatora especial das Nações Unidas para Eliminação da Violência contra as Mulheres, suas causas e consequências, os assassinatos de mulheres relacionados com gênero, mais do que uma nova forma de violência, constituem a manifestação extrema das formas de violência que existem contra a mulher. Não se trata de incidentes isolados que ocorram de maneira repentina e imprevisto. São os últimos atos de violência que acontecem numa violência contínua.

Ao ver de maneira sistemática a violência que acontece no Brasil e no resto da América Latina, não podemos deixar de ver as correlações entre os crimes cometidos contra as mulheres pelo fato de serem mulheres, incluindo o estupro, com altas taxas de feminicídio em âmbito nacional e regional.

Portanto, fazemos um chamado para garantir o devido acesso aos serviços de atenção e proteção às vítimas, assegurando que incorporem a devida perspectiva de gênero e preservem a segurança, a dignidade e a privacidade das vítimas, evitando expô-las novamente a situações de risco e revitimização.

Assim, convidamos para uma reflexão profunda e urgente sobre a cultura da impunidade e tolerância a essas agressões, dos valores culturais e modelos negativos de masculinidade que estão por trás desses atos, que reproduzem e garantem condutas de agressão, dominação e violência contra mulheres e meninas.


Luiza Carvalho
Diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe


O #ProgramaDiferente entrevista a senadora Marta Suplicy

A senadora Marta Suplicy (PMDB) é a entrevistada desta semana do #ProgramaDiferente, dando sequência à série com os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. Ela fala sobre a saída do PT, as razões de uma nova candidatura, a crise do país e critica muito a gestão do prefeito Fernando Haddad, comparando com a sua gestão como prefeita (2001-2004) e debatendo as suas propostas para a cidade. Assista.

O #ProgramaDiferente é exibido pela TVFAP.net e pela TVAberta / Canal Comunitário da cidade de São Paulo todos os domingos, às 21h30, e terças-feiras, à 1h30 da madrugada (Net canal 9, Vivo canal 186 e Vivo Fibra canal 8).


Brasil é escolhido para compor junta executiva da ONU Mulheres no período 2017-2019

O Brasil foi eleito para compor a junta executiva da ONU Mulheres no período 2017-2019, informou a agência das Nações Unidas nesta terça-feira (10). Com 41 membros, a junta executiva tem entre suas funções definir estratégias, gerir programas e administrar questões técnicas e financeiras, entre outras.

O Brasil foi eleito para a junta executiva da ONU Mulheres para o período 2017-2019, após seleção no âmbito do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) em abril, informou a agência das Nações Unidas nesta terça-feira (10).

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o Brasil tem compromisso “com a proteção e promoção dos direitos de todas as mulheres e meninas”.

“A plena igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres são prioridades do governo brasileiro, indispensáveis para que a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável seja implementada em sua integralidade”, disse o ministério.

Para a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, “o país tem colaborado com a comunidade internacional para a ampliação de mecanismos de garantia de direitos e estabelecido alianças estratégicas, a exemplo do que observamos com a Cooperação Sul-Sul”.

Segundo ela, o Brasil “tem atuado de maneira altamente influenciadora na defesa dos direitos das mulheres”. “Um protagonismo que se coloca na contramão da tendência global de conservadorismo e retração dos direitos das mulheres e meninas”, declarou.

A junta executiva da ONU Mulheres tem 41 membros, sendo dez de Estados africanos, dez asiáticos, quatro do Leste da Europa, seis da América Latina e Caribe, cinco da Europa Ocidental e outros Estados, e seis dos principais países contribuintes.

Em geral, a junta executiva fornece assessoria à diretora-executiva da ONU Mulheres sobre questões operacionais, garante que as atividades operacionais e estratégias sejam consistentes com a estratégia geral da agência, aprova planos, programas e atividades, e decide os planos financeiros, administrativos e o orçamento, entre outras atividades.


Fonte: nacoesunidas.org


O #ProgramaDiferente entrevista duas representantes do Partido da Mulher Brasileira: a candidata à Prefeitura de SP e a sua presidente nacional

O #ProgramaDiferente dá sequência à série com os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. A entrevistada desta semana é a advogada Denise Abreu, pré-candidata do Partido da Mulher Brasileira (PMB).

Ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Denise deixou o cargo após o acidente com o avião da TAM em Congonhas, em 2007, e ao ser fotografada fumando um charuto em meio a uma grave crise no setor aéreo. Ela responde às polêmicas e ataca frontalmente o PT e a presidente Dilma Rousseff.

Na sequência do programa, mais PMB. O que significa, afinal, este que é mais um dos 35 partidos legalizados no Brasil? E será que é mesmo necessário um Partido da Mulher? Quem explica é a presidente nacional do PMB, Suêd Haidar.

#ProgramaDiferente é exibido pela TVFAP.net e pela TVAberta / Canal Comunitário da cidade de São Paulo todos os domingos, às 21h30, e terças-feiras, à 1h30 da madrugada (Net canal 9, Vivo canal 186 e Vivo Fibra canal 8)Assista.


ONU Mulheres promove pesquisa com homens brasileiros sobre igualdade de gênero

Parceria com portal ‘PapodeHomem’ e Grupo Boticário busca entender como homens podem participar do diálogo pelo empoderamento das mulheres; saiba aqui como participar da pesquisa.

Uma em cada três mulheres sofre violência de algum homem ao longo da vida. Entre as 500 maiores empresas do mundo, menos de 5% possuem CEOs mulheres. Dados como estes levaram a ONU Mulheres e o portal PapodeHomem, com viabilização do Grupo Boticário, a realizar uma pesquisa nacional para entender como os homens podem participar do diálogo pela igualdade de gênero.

Com lançamento no dia 1º de março, o levantamento quer identificar também como as mulheres percebem o papel dos homens na sua vida e na sociedade hoje, apontando as principais tensões culturais que geram sofrimento e desigualdade entre os gêneros.

Realizada em dois módulos, a pesquisa começou com uma etapa qualitativa, que já passou por Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, em busca de histórias inspiradoras – e também aprofundando o tema com especialistas e pessoas comuns. A segunda etapa, lançada agora, é quantitativa, de âmbito nacional.

https://www.youtube.com/watch?v=ZJ64IPTAMSU

O resultado da pesquisa quantitativa e as entrevistas farão parte de um documentário sobre o tema, que será divulgado mundialmente ainda este ano. O trabalho faz parte do movimento global ElesPorElas (HeForShe), lançada pela ONU Mulheres em 2014 por meio de um vídeo de grande popularidade com a atriz Emma Watson. Uma das propostas centrais é investigar como se formam, se sustentam e de que modo é possível enfrentar os estereótipos masculinos nocivos, que perpetuam a desigualdade de gênero.

A representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, faz o convite para um ampla participação: “Convidamos os homens brasileiros a participar dessa pesquisa inédita sobre masculinidade. Precisamos saber o que eles pensam sobre si mesmos, a relação que têm com as mulheres, a maneira como vivem o dia a dia e como enxergam a vida e a sociedade”.

“Chegou a hora de os homens pensarem sobre o papel que eles têm na construção da igualdade de gênero, como propõe o movimento ElesPorElas, em que eles devem defender os direitos das mulheres para a fazer a mudança inclusiva que o mundo precisa”, acrescentou.

Participe da pesquisa: https://pt.surveymonkey.com/r/pesquisaelesporelas

Fonte: nacoesunidas.org


Em artigo, Tereza Vitale aborda os 20 anos da convenção que eliminou a discriminação contra a mulher

01 de fevereiro: 20 anos da ratificação pelo Brasil da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Cedaw, ONU)

A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, também chamada CEDAW (da sigla em inglês) ou Convenção da Mulher1, é o primeiro tratado internacional que dispõe amplamente sobre os direitos humanos das mulheres. São duas as frentes propostas: promover os direitos da mulher na busca da igualdade de gênero e reprimir quaisquer discriminações contra as mulheres nos Estados-parte.

A adoção da Convenção da Mulher, em vigor desde 1981, foi o fruto de décadas de esforços internacionais visando à proteção e à promoção dos direitos das mulheres em todo o mundo. Resultou de iniciativas tomadas dentro da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW, sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU), órgão criado dentro do sistema das Nações Unidas, em 1946, com o objetivo de analisar e elaborar recomendações para a formulação de políticas aos vários países signatários da Convenção, visando ao aprimoramento do status da mulher.

A conhecida Carta Magna dos direitos das mulheres avançou internacionalmente em princípios, normas e políticas demonstrando um grande esforço global de respeito à dignidade de todo e qualquer ser humano. Mas, não devemos nos iludir, por experiência sabemos que apenas um documento de direitos das mulheres não efetiva ou garante os esforços de alguns mesmo que seja um documento internacional criado e referendado pela ONU. Na tentativa de viabilizá-lo, precisou ser um compromisso firmado pelos Estados-parte com o dever de eliminar a discriminação contra a mulher por meio da adoção de medidas legais, políticas e programáticas. Esse dever se aplica a todas as áreas e a todas as pessoas, entidades governamentais ou não e ao próprio Estado. Deste dependem ações do Legislativo, na adequação da legislação nacional aos parâmetros igualitários internacionais; do Executivo, na elaboração de políticas públicas voltadas para os direitos das mulheres; e do Judiciário, na proteção dos direitos das mulheres e no uso de convenções internacionais de proteção aos direitos humanos para fundamentar suas decisões. (Instrumentos Internacionais de Direitos das Mulheres, Heloisa Frossard (org.), SPM-PR, 2006).

Para a fiscalização e colaboração permanente foram criados Comitês de Mulheres que atuam na mudança de postura dos Estados-parte com o auxílio de organizações não governamentais (ONGs) que denunciam violações de direitos das mulheres no mundo. Após investigação, o grupo atua junto ao país envolvido para exigir providências. Ações bem-sucedidas no sentido de reverter este tipo de situação contra mulheres já ocorreram no México e na Jordânia. Além desta fiscalização permanente, também formulam sugestões e recomendações a partir de relatório de prestação de contas recebido do Estado-parte.

Brasil cumpriu parcialmente recomendações da ONU sobre direitos das mulheres

Especialistas das Nações Unidas avaliam que o Governo brasileiro não tomou providências suficientes para melhorar o atendimento integral à saúde das mulheres, rediscutir a questão do aborto e deter o tráfico de mulheres e meninas.

Estas avaliações integram o documento Observações Conclusivas ao Follow-Up, em versão inédita em português que o Consórcio Nacional de Redes e Organizações da Sociedade Civil disponibiliza para consulta e download. Os dados se referem à avaliação do Brasil pelo Comitê da Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW).

As Recomendações estão disponíveis no Caderno 3 do Projeto de Monitoramento da CEDAW – Ação Permanente do Movimento de Mulheres, que está sendo lançado em fevereiro de 2015. A publicação traz ainda o texto As Recomendações como instrumento de trabalho na CEDAW, da jornalista e mestre em Ciência Política Telia Negrão, coordenadora de articulação do Projeto de Monitoramento da CEDAW. A segunda parte da publicação reproduz Recomendações Gerais da CEDAW de 1989 a 2004.

Acesse o Caderno 3 – parte 1 (contém o Follow-Up. Texto de Telia Negrão e Recomendações Gerais).

Acesse o Caderno 3 – parte 2 (contém Recomendações Gerais).

Nos explica Telia Negrão: As Recomendações Gerais inserem-se no campo das atribuições do Comitê quanto ao aprimoramento da aplicação da Convenção. A partir de 1986, o Comitê aprovou as primeiras recomendações que orientam sobre a apresentação dos Relatórios por cada país, dedicando-se posteriormente a temas que necessitavam esclarecimentos e melhor definição conceitual. Ao longo de 29 anos foram elaboradas 32 Recomendações Gerais, sendo duas conjuntas com outros Comitês.

Espécie de “complementos” aos artigos da Convenção CEDAW, resultam de discussões acerca dos Relatórios apresentados pelos Estados-partes e formam uma “jurisprudência substantiva” sobre os diferentes artigos. Visam à melhoria da qualidade dos informes nacionais, bem como auxiliam a sociedade civil a pautar seus informes alternativos, na medida em que aprofundam a compreensão sobre diversos temas”.

1. Adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 18/12/1979, entrou em vigor em 03/09/1981. Assinada pelo Brasil, com reservas, em 31/03/1981 e ratificada, com reservas, em 01/02/1984, entrou em vigor em nosso país em 02/03/1984. Em 22/06/1994 foi ratificada, sem reservas. Texto publicado no Diário do Congresso Nacional em 23/06/1994.

Tereza Vitale é integrante da Coordenação Nacional de Mulheres do PPS

Fonte: PPS


IV Congresso de Mulheres do PPS elege Comissão Executiva Nacional e conselho consultivo

O IV Congresso Nacional de Mulheres do PPS elegeu, neste último sábado (3), a Comissão Executiva Nacional, composta por cinco membros: Ana Cláudia Ledezma, de Mato Grosso do Sul, Guiomar Medeiros, do Amazonas, Elaine Otto, de Santa Catarina, Maria Angélica, de São Paulo e Raquel Dias, do Ceará.

A representação nacional das mulheres do partido estará expressa também em um conselho consultivo do qual participarão membros de todos os estados. Durante o congresso, esse colegiado já foi eleito. Os nomes foram indicados pelos estados.

Tereza Vitale, que, junto com a comissão organizou o encontro, foi homenageada ao final do evento. Sem querer se incluir no comando das instâncias diretivas, apesar da insistência das companheiras, ela recebeu o carinho de todas as participantes, sendo aplaudida de pé.

Segundo Tereza, o desenho da nova representação das mulheres do partido visa ampliar ao máximo a participação de todo o país e incentivar o surgimento de novas lideranças.

Nos estados, explicou ela, as coordenações executivas promoverão a eleição das instâncias municipais, “também com esse sentido de ampliação da participação”. Conselhos consultivos estaduais também poderão ser formados com o número de componentes que as mulheres dos entes federativos definirem.

“Precisávamos muito desse congresso”, comemorou Tereza. Representantes dos estados passaram dois dias em Brasília debatendo a problemática da mulher e as propostas que o PPS tem para resolver cada uma das questões.

“Tudo o que é discutido fica melhor”, disse Tereza ao salientar que os documentos aprovados – Tese Congressual, Estatuto da Coordenação Nacional e Plataforma Política das Mulheres do PPS – foram debatidos em grupo antes de serem submetidos à plenária para nova discussão e votação.

Fonte: Assessoria do PPS