democracia em vertigem

Política Democrática || Lilia Lustosa: Oscar 2020 - Cheiro de esperança no ar?

Apesar da ausência de ausência de mulheres e negros indicados nas categorias principais do Oscar 2020, Hollywood começa finalmente a abrir os olhos para o que acontece longe de seu umbigo e começa a se dar ao trabalho de ver filmes com legenda, avalia Lilia Lustosa 

De todos os Oscares a que já assisti, creio que esse foi o que me deixou mais satisfeita, apesar da “derrota” brasileira (documentário Democracia em Vertigem, de Petra Costa) e da tão falada ausência de mulheres e negros indicados nas categorias principais. Uma falha grande da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana, sem dúvida, mas que acabou surpreendendo pelo número de mulheres que subiram ao palco: Hildur Guonadóttir, trilha sonora; Jacqueline Durran, figurino; Nancy Haigh e Barbara Ling, direção de arte; Karen Rupert Toliver, curta de animação; Carol Dysinger e Elena Andreicheva, curta documentário etc. Uma prova de que a indústria cinematográfica já foi ocupada por elas. Com Oscar ou sem Oscar! O mesmo não pode ser dito, no entanto, dos negros, que tiveram participação ínfima na premiação deste ano, numa marca evidente de retrocesso em um campo já tantas vezes discutido e que, por algum tempo, tivemos a ilusão de ter avançado.

Ainda assim, diante do grande vencedor da noite – Parasita, do coreano Bong Joon-hoo –, terminei de assistir à cerimônia com a impressão de que Hollywood começa finalmente a abrir os olhos para o que acontece longe de seu umbigo… ou, como disse o próprio Joon-hoo no Globo de Ouro mês passado, começa a se dar ao trabalho de ver filmes com legenda!

A mudança vem sendo sutil. No ano passado, Roma (2018), do mexicano Alfonso Cuarón, falado em espanhol, já havia surpreendido ao ser indicado em 10 categorias, entre elas melhor filme estrangeiro e melhor filme, o que gerou certa polêmica. Spielberg chegou a se pronunciar, alegando que produções feitas para plataformas de streaming (no caso, a Netflix) não deveriam concorrer ao Oscar. Mas Roma acabou ficando com 3 prêmios importantes: melhor filme estrangeiro, melhor fotografia e melhor diretor, perdendo, porém, o prêmio maior da noite. Neste ano, a façanha se repetiu com o coreano Parasita que, indicado em 6 categorias, acabou sendo o grande vencedor, levando merecidamente 4 estatuetas – melhor roteiro original, melhor diretor, melhor filme internacional e melhor filme –, derrubando o favorito 1917, do inglês Sam Mendes, que, diga-se de passagem, é o clichê, do clichê, do clichê do filme de guerra hollywoodiano. 1917 foi premiado no que tinha de bom: diretor de fotografia, mixagem de som e efeitos visuais. Justo!

Outro sinal de mudança na Academia foi a sutil troca de nomes na categoria de filmes falados em língua estrangeira, que passou a se chamar “Melhor filme internacional”, e não mais “Melhor filme estrangeiro”. Ora, “estrangeiro”, além significar “cidadão de outra nação”, também pode ser entendido como alguém ou algo que não pertence, algo estranho àquele lugar. O que até então parecia ser de fato a norma em Hollywood. O que estaria por trás de tal mudança? Algum conluio político? Lobby empresarial? Uma mensagem para Trump em ano de eleições? Pode ser. Mas, independentemente disso, Parasita ganhou porque merecia, porque reunia todas as qualidades de uma grande obra cinematográfica (roteiro original, bela fotografia, primorosas montagem, direção, atuação, etc.). Ou seja, ganhou porque é bom, não porque é coreano! Porém, ao laurear um “estrangeiro” com seu prêmio máximo, os norte-americanos dão ares de finalmente estar entendendo que já não há mais espaço para fronteiras (nem muros) neste mundão de meu deus. Somos todos cidadãos de um mesmo planeta, com sofrimentos, angústias, alegrias e anseios semelhantes. A tendência, a meu ver, é que em breve o “internacional” saia de cena, deixando a categoria de “melhor filme” aberta a todas as nações. E quem sabe não surja a categoria “Melhor filme norte-americano” para premiar as produções locais, como já acontece em prêmios da importância de um BAFTA, maior premiação inglesa. Me parece muito mais apropriado a essa aldeia global em que vivemos.

Nos prêmios para atriz, ator e coadjuvantes, não houve muita surpresa. Joachin Phoenix e seu Coringa estavam imbatíveis; Renée Zellweger e sua Judy estavam em tão perfeita simbiose, que em nenhum momento lembrávamos de que um dia ela fora Bridget Jones… Brad Pitt também excelente no seu papel de dublê, aliás, um riquíssimo personagem criado pelo grande Tarantino. Laura Dern foi a única que não me convenceu! Achei sua interpretação exagerada, beirando o caricato, o que não combina em nada com o estilo do excelente e sensato História de um Casamento, de Noah Baumbach. Sua parceira de cena, Scarlett Johansson, duplamente indicada em 2020 (melhor atriz e melhor atriz coadjuvante), poderia ter ficado com esse prêmio por seu extraordinário desempenho no belo e original Jojo Rabbit, de Taika Waititi.

Triste foi ver O Irlandês, com tantas nomeações (10, no total), sair de mãos vazias. Dificilmente veremos um elenco de tamanho peso reunido em outro filme dirigido por um mestre do porte de Scorsese. Seria esse um outro sinal de que Hollywood está querendo se abrir para o novo? Ou seria esta não-premiação às produções Netflix uma outra mensagem da indústria do cinema para as plataformas de streaming? De toda maneira, a duração exagerada do filme (3 horas e meia) deve ter contribuído para essa derrota. Fora, claro, o excelente nível dos competidores.

Para muitos brasileiros, a grande decepção foi mesmo termos voltado para casa sem a estatueta de melhor documentário. O vencedor foi Indústria Americana, de Julia e Jeff Reichert, produzido por ninguém mais, ninguém menos do que o casal Obama. Um sobrenome de peso que certamente ajudou muito o filme a se sair vitorioso, sobretudo em ano de eleições. Sinal de enfraquecimento de Trump? Talvez. Mas, deixando outra vez a política de lado, o filme não deixa por isso de ser merecedor do prêmio recebido. Com uma produção impecável, Indústria Americana é muito bem filmado e montado, narrando um problema pra lá de atual, que afeta trabalhadores do mundo inteiro: a desumanização das empresas, a redução no número de empregos ofertados, a ambição desenfreada dos empregadores, o enfraquecimento dos sindicatos, a luta pelos direitos trabalhistas etc. Tudo isso mostrando ainda o choque cultural entre China e EUA. Um prato cheio para a OIT (Organização Internacional do Trabalho), que poderá usá-lo como inspiração para o desenvolvimento de projetos vindouros.

Nosso Democracia em Vertigem, por sua vez, apesar de tratar de um tema que também está na ordem do dia, é um filme bem mais pessoal, narrado em primeira pessoa, contando a história de nossa jovem democracia, desde o fim da ditadura militar até os dias de hoje, já na era Bolsonaro. Uma história que se confunde com a própria história de vida da diretora Petra Costa, nascida em 1983, o que não diminui em nada o valor do filme. Ao contrário, o fortalece, tornando-o mais próximo de nós e talvez, por isso mesmo, mais verdadeiro. Vide o também indicado Para Sama, documentário sírio belíssimo, extremamente duro de ver, em que a diretora Waad Al-Kateab faz uma espécie de diário para sua filha Sama, que nasceu em meio a bombas, mortes e ruínas, contando a história de sua vida em pleno cerco à cidade de Alepo. Filme de um realismo assustador, mas que tem, ao mesmo tempo, a delicadeza e a grandeza de um amor de mãe.

Democracia em Vertigem perde um pouco da força na hora em que toma partido pela versão do “golpe” contra a presidente Dilma, já mais para seu final. Talvez um final aberto, que deixasse ao espectador o trabalho (e o direito) de tirar suas próprias conclusões sobre a História, teria fortalecido a narrativa de Petra. Um dos grandes trunfos de Parasita, aliás! Mas, claro, não há obra de arte sem viés, sem subjetividade, afinal ela está no cerne de tudo que fazemos, dizemos ou escrevemos. No entanto, ao tomar partido, assumimos o risco da crítica dos contrários. E isso tem um preço!

Apesar de Para Sama ter-me tocado mais, torci muito para nosso cinema brasileiro sair premiado. Seria mais uma prova de nossa força criativa, como foram os prêmios dados a Bacurau A Vida Invisível de Eurídice Gusmão em Cannes no ano passado. Ao mesmo tempo, acredito que estar ali, em pé de igualdade com os gigantes da indústria cinematográfica, já seja por si só um prêmio! Um lembrar que nós fazemos parte do mapa geográfico do cinema, e não mais como os bons selvagens colonizados de outrora, mas como uma nação que luta, que acerta, que erra e sofre para erguer sua cinematografia, sua arte e para consolidar sua democracia. Sim, definitivamente há cheiro de esperança no ar…

 


Felipe Betim: Democracia em vertigem’ reacende rancores que se arrastam desde 2014

Ninguém ficou indiferente ao documentário de Petra Costa sobre o impeachment de Dilma. Governo Bolsonaro utilizou a máquina pública para difamar a cineasta

Nenhum filme ou artista brasileiro jamais ganhou um prêmio Oscar. No próximo domingo, é possível que esse feito seja alcançado por Democracia em vertigem. Lançado pela Netflix, a obra da cineasta Petra Costa concorre na categoria de melhor documentário. Em outras épocas é possível que a mera nomeação de uma produção brasileira fosse motivo de orgulho e de união na torcida pela vitória. Mas no Brasil onde rancores políticos se arrastam desde 2014, a nomeação gerou o contrário: manifestações públicas de respaldo incondicional ou de repulsa por uma obra que apresenta uma visão particular —a da cineasta— sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) entre 2015 e 2016.

 

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A imagem de dois Brasis —um vestido de verde e amarelo e outro de vermelho—que o filme exibe nas vésperas da votação do impeachment, separados por grades de contenção em Brasília, vem se repetindo nas redes sociais, colunas de jornais e outros tipos de manifestações públicas. Por um lado, artistas e figuras públicas da esquerda —sobretudo a petista— se veem representados pela narrativa da diretora sobre todo o processo: a de que o PT, depois de 13 anos no poder, durante os quais se aliou com antigos figurões da política e viu alguns de seus principiais membros envolvidos em corrupção, agora era tirado do poder por uma elite econômica que reagiu à ascensão social das camadas mais pobres nas últimas décadas com o objetivo de manter seus privilégios; e por uma elite política, encarnada sobretudo na figura do ex-todo-poderoso presidente Câmara Eduardo Cunhaainda mais corrupta que age de acordo com os interesses dos mais abastados. E tudo isso em nome do combate à corrupção.

Para além do processo de impeachment em si, o filme reforça a ideia de que a centro-direita acabou pavimentando o caminho para a eleição do ultradireitista Jair Bolsonaro, visto como uma ameaça para a democracia. “Eu nunca achei na minha vida veria tanto retrocesso. Passei minha juventude lutando contra a censura no meu país e contra uma ditadura militar brutal que me colocou na cadeia, e matou e torturou muitas pessoas. Inacreditavelmente, agora vivo em outra situação dentro de uma democracia na qual o fascismo mostra suas garras", narrou em inglês o compositor Caetano Veloso num vídeo para promover o documentário nas vésperas da cerimônia do Oscar. "O Governo brasileiro não está só travando uma guerra contra as artes e seus criadores, mas contra a Amazônia e os direitos humanos num geral. Para que isso seja compreendido, eu gostaria de chamar sua atenção para um lindo filme cinematográfico de uma jovem brasileira, Petra Costa, que acaba de ser indicada ao Oscar, Democracia em vertigem”, finalizou. Esse e outros vídeos e mensagens de apoio rodaram as redes sociais e foram compartilhados por celebridades internacionais como Queen Latifah.

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Essa visão negativa sobre o processo de impeachment, que a cineasta admite ser uma visão estritamente pessoal, baseada na forma em que ela percebeu e interpretou os acontecimentos, é o principal incômodo entre aqueles que apoiaram a destituição de Dilma Rousseff. Em suma, muitas pessoas olharam para o filme e não gostaram da imagem exibida por esse espelho.

Entre elas está o entendimento de que a cineasta se limitou a apresentar a “narrativa petista” dos acontecimentos e a colocar o partido como grande vítima de uma conspiração golpista. Entre economistas há a percepção de que Costa não abordou suficientemente a crise econômica gestada partir do Governo Dilma Rousseff como condição necessária para o derretimento de sua popularidade e de suas condições de governar. Também argumentam que ela trata as chamadas pedaladas fiscais, que juridicamente alavancaram o processo no Congresso, como mero detalhe.

Outro fator que impulsionou a campanha contrária ao filme de Petra Costa foi a adulteração de uma fotografia histórica apresentada nos primeiros minutos da produção. Trata-se da imagem de dois militantes do PCdoB —um deles Pedro Pomar, “mentor de meus pais”— que foram executados pela ditadura militar em 1976. A cineasta retirou da imagem duas armas que foram implantadas por agentes do regime para justificar os assassinato de ambos, mas não deixou isso claro em sua produção. "Há uma razão para isso, e eu estava esperando que alguém do público notasse“, disse para a revista Piauí. "Há um debate significativo sobre a veracidade das armas nesta cena, com muitos comentários. E até a própria Comissão da Verdade trouxe evidências para as alegações de que a polícia plantou as armas após a morte de Pedro e, por isso, optei por remover esse elemento e homenagear Pedro com uma imagem mais próxima à provável verdade”. Apesar de não ter negado a manipulação, e apesar de todo o debate que existe sobre esses artifícios em documentários, seus críticos se viram fortalecidos na hora de acusá-la de desonestidade e de tentar fraudar a história.

Houve mal-estar inclusive entre jornalistas e colunistas de grandes meios de comunicação, que viram suas próprias narrativas desafiadas pela repercussão internacional do documentário. “Há manipulações evidentes de narrativa para que o espectador incauto acredite que o Brasil viveu um golpe de Estado em 2016, e não um conturbado processo de impeachment de uma governante inepta”, escreveu o colunista da Folha de S. Paulo Igor Gielow, para quem a realidade traçada pelo documentário de Petra Costa e, do lado oposto, pelos bolsonaristas de hoje são duas faces de uma mesma moeda.

Na última semana, o apresentador Pedro Bial, da TV Globo, declarou em um programa da Rádio Gaúcha que o filme é “insuportável” e que “vai contando as coisas num pé com bunda danado”. Em fala vista como machista, também criticou a “narração miada, insuportável, onde ela [Petra Costa] fica choramingando" ao longo da produção. “É um filme de uma menina dizendo para a mamãe dela que fez tudo direitinho, que ela está ali cumprindo as ordens e a inspiração de mamãe, somos da esquerda, somos bons, não fizemos nada, não temos que fazer autocrítica. Foram os maus do mercado, essa gente feia, homens brancos, que nos machucaram e nos tiraram do poder, porque o PT sempre foi maravilhoso e Lula é incrível”.

SecomVc

@secomvc

Nos Estados Unidos, a cineasta Petra Costa assumiu o papel de militante anti-Brasil e está difamando a imagem do País no exterior. Mas estamos aqui para mostrar a realidade. Não acredite em ficção, acredite nos fatos.

Vídeo incorporado

12,3 mil pessoas estão falando sobre isso

Mais grave, porém, foi a reação do Governo Jair Bolsonaro, que utilizou a máquina pública, paga com os impostos de todos, para difamar a cineasta. Na última semana, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) afirmou nas redes sociais, em português e inglês, que a cineasta “assumiu o papel de militante anti-Brasil e está difamando a imagem do País no exterior”. O artigo 37 da Constituição Federal determina que a Administração Pública deverá obedecer os princípios da impessoalidade, o que significa que ela não pode ser usada para atacar qualquer cidadão com fins políticos. Assim, a interferência do Governo foi vista por especialistas como um abuso de poder que poderia configurar improbidade administrativa. Defensores da cineasta dizem que o mero uso da máquina pública para atacá-la só confirma a mensagem de sua obra.

A ação do Governo motivou a deputada Maria do Rosário (PT-RS) a protocolar no Ministério Público Federal uma representação contra Fabio Wajngarten, chefe da Secretaria, no dia 4 de fevereiro. No mesmo dia, o deputado bolsonarista Marco Feliciano (sem partido-SP) protocolou na Procuradoria uma denúncia contra a cineasta “pela prática de discriminação religiosa e de ato contra a segurança nacional”.

A cineasta Petra Costa.
A cineasta Petra Costa. ARMANDO ARORIZO / EFE

Em primeira pessoa

Petra Costa é neta de um dos fundadores da construtora Andrade Gutierrez e filha de militantes do PCdoB que lutaram contra a ditadura. Como em suas produções anteriores, a trajetória pessoal de sua família e sua história pessoal, passando pela euforia de ter ajudado a eleger o petista Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, se interliga com o momento de extrema polarização pelo qual o país passava durante o impeachment. Um processo com várias faces e marcado por inúmeras contradições, muito longe de uma luta do bem contra o mal que seus apoiadores e detratores, munidos de certezas, costumam apontar.

A cineasta teve acesso a imagens aos bastidores do PT ao longo do afastamento e exibiu cenas que ajudam a compor seu quebra-cabeças. Como os depoimentos de Dilma Rousseff, mostrando seu lado mais humano em meio ao furacão que interrompeu a sua gestão. Ou de um ex-presidente Lula informando pelo telefone celular do Palácio do Alvorada que aceitou ser ministro-chefe da Casa Civil da ex-presidenta. Há também preciosas fotografias, áudios e vídeos de arquivo, incluindo algumas gravações inéditas feitas por Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial de Lula, durante seu período na presidência.

Por outro lado, um enfoque tão amplo omitiu —propositalmente ou não― fatos relevantes. Por exemplo, a cineasta passa da explosão das ruas em Junho 2013 para o início das manifestações pelo impeachment, em 2015. Passa batido por eventos de 2014, incluindo a polarizada eleição entre Aécio Neves e Dilma Rousseff. Nesse processo, a candidata Marina Silva, que quase foi para o segundo turno, ficou pelo caminho após uma pesada campanha negativa —e por vezes também mentirosa— por parte do PT.

Com pontos a favor e pontos contra, todas as discussões mais técnicas sobre o documentário em si se tornaram secundárias diante da divisão que ele reacendeu. É esse o filme que representará o Brasil na principal cerimônia de premiação do cinema no mundo. E, independentemente do que aconteça no próximo domingo, veremos mais uma rodada de celebrações e lamentações na conturbada cena política brasileira. Nem mesmo o Oscar —quem diria— escapou de ser mais um capítulo de um período histórico extremamente polarizado do Brasil.

Adere a