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Nelson de Sá: EUA pressionam, Mourão e a Cruz Vermelha resistem

Segundo NPR, 'organizações de ajuda se recusam a colaborar' porque operação na Venezuela visa 'mudança de regime'

O New York Times de domingo entrevistou o almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul dos EUA, em sua visita ao Brasil nesta semana. Segundo o jornal, ele “vem elaborando planos para missões na Venezuela”, uma das quais seria “turboalimentar a entrega de ajuda humanitária”.

Nas palavras de Faller, “há uma gama de opções sobre a mesa”. Ele diz que “há muitos generais na folha de pagamentos ilícitos de Maduro através de narcotráfico e lavagem de dinheiro”. Do Brasil ele foi para a ilha holandesa de Curaçao, próxima da capital venezuelana e outra base para a operação militar de “ajuda humanitária”.

Depois que Faller deixou o país, o vice-presidente Hamilton Mourão deu entrevista à Bloomberg, sob o título “Brasil agora anda com suavidade na Venezuela”.

“É difícil para o Brasil neste momento”, argumentou o general brasileiro, “especialmente devido a problemas orçamentários, desconsiderar a energia que vem” do país vizinho. Mourão “foi adido militar na Venezuela”, registrou a Bloomberg.

Por outro lado, a NPR, rede pública de rádio dos EUA, noticiou que o Comitê Internacional da Cruz Vemelha, a Care “e outras organizações de ajuda se recusam a colaborar com os EUA” na Venezuela, porque a operação foi “planejada para fomentar mudança de regime”.

Artigo na Foreign Policy, de membro da Foundation for Defense of Democracies, que faz lobby contra o Irã em Washington, retoma a pressão contra o suposto “paraíso para terroristas” na Tríplice Fronteira, de Brasil, Argentina e Paraguai. Este último, ameaça abertamente o texto, “precisa patrulhar melhor seu sistema financeiro —ou enfrentar as consequências”.

A retomada da pressão, quase uma década depois, coincide com o lançamento do filme “Triple Frontier” (trailer abaixo), cujo projeto também começou há uma década, programado pela Netflix para 13 de março.

DIDI AVANÇA
A agência Reuters noticia em “exclusiva” que a “gigante Didi”, concorrente chinesa do americano Uber, que já vinha atuando no Brasil como 99, está contratando para lançar seu serviço também no Chile, no Peru e na Colômbia.

HUAWEI REAGE
Na manchete do Financial Times, final de domingo, “Reino Unido diz que Huawei é risco administrável para 5G”. Logo abaixo, “É um golpe no esforço dos EUA de banir a empresa chinesa das redes de telecomunicação dos aliados”.

*Nelson de Sá é jornalista, foi editor da Ilustrada.