Relação mais confiante entre Estado e cidadãos ainda está incompleta, diz historiador Alberto Aggio

Alberto Aggio, durante lançamento de seu livro no Rio de Janeiro | Foto: Divulgação
Alberto Aggio, durante lançamento de seu livro no Rio de Janeiro | Foto: Divulgação

Professor analisa 40 anos de democratização do Brasil em livro de sua autoria que recebeu quinto lançamento no país

Comunicação FAP

O autor, historiador e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Alberto Aggio disse que a Nova República significou para a sociedade a implantação da liberdade política integral para partidos, associações e movimentos políticos.  “Por outro lado, apesar do avanço da participação política, uma nova relação, mais confiante e produtiva, entre o Estado e os cidadãos ainda ficou a meio caminho”, afirmou ele, na segunda-feira (19/5), no Rio de Janeiro, durante o quinto lançamento de seu mais recente livro, A Construção da Democracia no Brasil, 1985-2025: Mudanças, metamorfoses, transformismos (232 páginas).

Disponível para venda na internet, o livro foi editado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Cidadania 23, e pela editora Annablume.

De acordo com Aggio, é consenso que os 40 anos da democratização do Brasil apresentam avanços, mas, acrescenta, também grandes déficits na coesão social, na democratização da política e na eliminação ou mesmo diminuição das desigualdades. “Assim, o melhor modo de se reportar a esse período é vê-lo de maneira crítica, inclusive para fazer jus à luta que se travou e para valorizar os momentos-chave nos quais foram ultrapassados os impasses que poderiam bloquear o caminho de sua construção”, destacou.

“Trata-se de uma tentativa de entender a construção da democracia no Brasil como um processo inacabado, permeado por lutas, impasses e ‘incompletudes’, propondo uma reflexão crítica sobre os principais atores políticos e as escolhas que definiram a trajetória recente do Brasil”, afirmou o professor.

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O ponto de partida da interpretação que o livro carrega, segundo o autor, é o reconhecimento de que a superação do regime ditatorial de 1964 anunciou para a sociedade brasileira a possibilidade de uma “mudança de época” que poderia abandonar a política tal como ela vinha sendo praticada desde a década de 1930. “Era um desafio que se colocava a todos os atores políticos indistintamente. Nunca se discutiu tanto o Brasil, seu passado e seu destino”, asseverou.

Dessa forma, desde 1985, na avaliação de Aggio, os governos democráticos estariam desafiados a enfrentar a tarefa de reformar o Estado e colocá-lo a serviço de uma sociedade que demandava um novo tipo de representação, com mais espaços de autonomia para livremente construir estruturas de bem-estar em um ambiente democrático cada vez mais crescente.

 “Depois de 40 anos, as conclusões a que se chega é de que a grandiosa tarefa de levar essa ‘mudança epocal’ à frente, ou seja, a construção de uma sociedade democrática fundada num regime democrático não conseguiu ser apreendida em toda sua integridade por boa parte dos atores políticos que conduziram o processo de construção da democracia”, analisou.

Segundo o autor, o período de 1985 a 2025 forma um conjunto único por sua unidade significativa: (1) a conquista da democracia e o avanço da democratização, com pluralismo e a alternância no poder; (2) não há regressão ao status quo ante; (3) trata-se de um período virtuoso no qual os brasileiros construíram a democracia mais longeva da história do país. “Os últimos 40 anos da vida política brasileira merecem ser valorizados, de maneira justa, por suas conquistas, mesmo reconhecendo seus déficits, impasses e processos inconclusos”, disse.

O lançamento

No Rio de Janeiro, o lançamento foi realizado, na Livraria Argumento, na Rua Dias Ferreira, 417, Leblon. O evento contou com a presença do autor, que recepcionou o público em uma noite de autógrafos. Também participaram do evento os debatedores Daniel Aarão Reis e Aspásia Camargo, com mediação de Ricardo Rangel.

Na coordenação da mesa de debate, Ricardo Rangel lançou importante questões aos debatedores e fez comentários relevantes às intervenções feitas. Tanto para Aspásia Camargo quanto para Daniel Aarão, que enfatizaram o valor intelectual e político do livro, especialmente porque sua leitura e debate poderão abrir espaços de reflexão sobre a hora presente do país nas universidades e na opinião pública, especialmente para aqueles que se interessam pelos destinos da democracia em nosso país.

Aggio já lançou o livro em Brasília, no dia 14 de março, e em São Paulo, Recife e João Pessoa, nos dias 2, 24 e 29 de abril, respectivamente.

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